10.22235/ech.v13i1.3799

Artigos originais

 

Práticas de cuidar realizadas por enfermeiros da atenção básica no território: um estudo em Boa Vista, Roraima

Care Practices Produced by Primary Care Nurses in the Territory: A Study in Boa Vista, Roraima

Prácticas asistenciales realizadas por las enfermeras de atención primaria en el territorio: un estudio en Boa Vista, Roraima

 

Áurea de Souza Coutinho Marinho1, ORCID 0000-0003-1573-9863

Paulo Sérgio da Silva2, ORCID 0000-0003-2746-2531

 

1 Universidade Federal de Roraima, Brasil

2 Universidade Federal de Roraima, Brasil, pssilva2008@gmail.com

 

Resumo:

Objetivo: Identificar as práticas de cuidar realizadas por enfermeiros da atenção básica no território.
Método: Estudo exploratório-descritivo com abordagem qualitativa realizado em dez unidades básicas de saúde situadas na cidade de Boa Vista, Roraima, Brasil. O grupo social foi constituído por oito enfermeiros do quadro efetivo do funcionalismo municipal. A produção dos dados ocorreu durante dezembro de 2022 a fevereiro de 2023 mediada por entrevistas semiestruturadas. Os arquivos em áudio totalizaram aproximadamente uma hora, foram transcritos manualmente e analisados segundo o referencial teórico de Bardin.
Resultados: As práticas de cuidar foram organizadas em duas categorias temáticas centrais, a saber: práticas de educação em saúde realizadas por enfermeiros no território e vacinação como prática de cuidar realizada por enfermeiros no território.
Conclusão: A educação em saúde foi decodificada como prática de cuidar pelos enfermeiros a partir de ações com grupos prioritários presentes no território orientada por rodas de conversas, palestras educativas e campanhas educacionais sobre infecções sexualmente transmissíveis, saúde mental e uso de drogas. A vacinação foi decodificada a partir da busca ativa de crianças no território, campanhas nas escolas e aplicação de vacinas contra a COVID-19 no território.

Palavras-chave: enfermagem de atenção primária; enfermagem domiciliar; cuidados de enfermagem; atenção primária à saúde; território sociocultural.

 

Abstract:
Objective: Identify care practices produced by primary care nurses in the territory.
Method: Exploratory-descriptive study with a qualitative approach carried out in ten basic health units located in the city of Boa Vista, Roraima, Brazil. The social group was made up of eight nurses from the municipal workforce. Data production took place between December 2022 and February 2023, mediated by semi-structured interviews. The audio files totaled approximately one hour, were transcribed manually and analyzed according to Bardin’s theoretical framework.
Results: The care practices were organized in two central thematic categories, named: health education practices produced by nurses in the territory and vaccination as a care practice carried out by nurses in the territory.
Conclusion: Health education was decoded as a care practice by nurses based on actions with priority groups present in the territory guided by conversation circles, educational lectures and educational campaigns on sexually transmitted infections, mental health and drug use. Vaccination was decoded based on the active search for children in the territory, campaigns in schools and the application of vaccines against COVID-19 in the territory.

Keywords: primary care nursing; home health nursing; nursing care; primary health care; sociocultural territory.

 

Resumen:
Objetivo:
Identificar las prácticas asistenciales realizadas por enfermeras de atención primaria en el territorio.
Método: Estudio exploratorio-descriptivo con énfasis cualitativo realizado en diez unidades básicas de salud localizadas en la ciudad de Boa Vista, Roraima, Brasil. El grupo social estuvo formado por ocho enfermeras de la administración pública municipal. La producción de datos se realizó entre diciembre de 2022 y febrero de 2023, mediada por entrevistas semiestructuradas. Los archivos de audio totalizaron aproximadamente una hora y veinte minutos, fueron transcritos manualmente y analizados según el marco teórico de Bardin.
Resultados: Las prácticas de cuidados se organizaron en dos categorías temáticas centrales, concretamente: prácticas de educación en salud producidos por enfermeras en el territorio y la vacunación como práctica de cuidado realizada por enfermeros en el territorio.
Conclusión: La educación en salud fue decodificada como una práctica de cuidado por parte de las enfermeras a partir de acciones con grupos prioritarios presentes en el territorio guiadas por mesas redondas, charlas educativas y campañas educativas sobre infecciones de transmisión sexual, salud mental y consumo de drogas. La vacunación fue decodificada a través de la búsqueda activa de niños en el territorio, campañas en escuelas y la vacunación contra el COVID-19 en el territorio.

Palabras clave: enfermería de atención primaria; cuidados de enfermería en el hogar; atención de enfermería; atención primaria de salud; territorio sociocultural.

 

 

Recebido: 06/12/2023

Aceito: 02/05/2024

 

 

Introdução

 

 

A opção em investigar o território na perspectiva dos enfermeiros atuantes na Atenção Básica (AB), invariavelmente, convoca a identificação de práticas no campo da saúde pública. Isso porque cotidianamente estes profissionais são atravessados por necessidades individuais de saúde, convocados a pensarem em estratégias coletivas de cuidar, realizam análises técnicas das áreas sob sua responsabilidade, enfrentam dilemas éticos, humanos e existenciais nos territórios que atuam.

A palavra de ordem território carrega consigo significados que transcendem os limites geográficos de um dado lugar e pode ser ampliado para compreensões sobre as pessoas. Nesse sentido, o processo de territorialização possibilita não só o entendimento dos modos de viver dos grupos sociais, mas também a percepção de suas necessidades em saúde, sendo também considerada uma técnica de gestão que designa propor intervenções a partir de experiências reais vivenciadas por enfermeiros nos territórios do cuidado.(1)

Por apresentar um importante caráter social, a territorialização fortalece a inserção dos enfermeiros nos espaços comunitários, de tal forma a possibilitar leituras epidemiológicas dos contextos das pessoas e construir com elas ações em saúde nos territórios em que habitam. Logo, observa-se a importância de discutir no âmbito da AB o território e a territorialização como lugar de valorização da vida e instrumento de organização das práticas assistenciais.(2)

Diante destas contextualizações, o território emerge como elemento fundamental para a saúde, pois nele estão contidas dinâmicas específicas de viver, perfis epidemiológicos, demográficos e movimentos políticos. O território significa natureza e sociedade; economia e cultura; ideia e matéria; identidades e representações; apropriação, dominação e controle; descontinuidades; conexões e redes; domínio e subordinação; degradação e proteção ambiental; terra, formas espaciais, relações de poder, diversidade e unidade.(3)

Orientados por estes conceitos que estabelecem relações existentes entre território e territorialização; é importante destacar as características regionais e o valor destes fenômenos (trans)culturais circulantes na cidade de Boa Vista, capital do Estado de Roraima, situada no extremo Norte do Brasil. Esta região em particular, tem como divisas nacionais os Estados do Amazonas e Pará, e internacionais as fronteiras da República Cooperativa da Guiana e República Bolivariana da Venezuela.(4)

Aqui, cabe sublinhar as situações de natureza social e cultural contidos no território que impactam subjetivamente as ações de cuidar produzidas por enfermeiros atuantes na AB. Nesse sentido, é preciso pensar nas memórias históricas que dizem respeito a um estado novo, implantado por diversos miscigenados, dos quais oitenta por cento das pessoas que estiveram desde a sua criação migraram da região Sul, Sudeste, Norte e Nordeste do Brasil, o que (re)afirma a presença de enfermeiros formados em vários lugares do Brasil. Além disso, coloca-se em relevo o atual e permanente processo de migração dos países circunvizinhos, que está a desenhar novos territórios existenciais e uma nova geografia da saúde na região.(5)

Com estes debates, coloca-se em relevo as dimensões políticas que posicionam os enfermeiros brasileiros, sobretudo na região de Roraima como potentes protagonistas nos territórios adscritos as unidades básicas de saúde (UBS). Dentre suas atribuições de valor específico destacam-se a elaboração de plano de cuidados interprofissionais e colaborativos com a equipe de saúde, centrado nas singularidades das pessoas presentes no território; realização do acolhimento com escuta qualificada, continuidade das ações de saúde orientado por rotinas, protocolos e fluxos assistenciais relacionados a sua área de competência na UBS.(6,7)

De outra forma, a atuação do enfermeiro no território também perpassa pelas práticas de busca ativa, consultas domiciliares, coordenação de equipe multiprofissional e agentes comunitários de saúde, registros de ações e atividades vinculadas a educação e promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, proteção e recuperação, além de criar estratégias de abordagem familiar e social.(8) Isso porque ao encontrar com as pessoas, famílias e as comunidades o enfermeiro da UBS, atua como administrador, produtor de práticas preventivas, promocionais, assistenciais e controlador social, o que contribui para o bom funcionamento da dinâmica de saúde no território.(9)

A estas importantes contextualizações temáticas, cabe a inclusão da ideia do território adscrito a UBS como lugar de efetivação de práticas de cuidar orientados por uma dimensão epidemiológica. Neste ponto, o Relatório Anual de Vigilância Epidemiológica publicado em 2023 pela Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde do Estado de Roraima, aponta que a capital Boa Vista teve a maior taxa de detecção do HIV em gestantes equivalente a 11,97 (por 1000/nascidos vivos) no ano de 2021 e de 14,89 (por 1000/nascidos vivos) no ano de 2022. Quanto a sífilis em gestante, foram notificados 448 casos no ano de 2021 e 466 casos no ano de 2022, representando um aumento de 4 % no número de notificações de um ano para outro. Os casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), totalizaram 2.255 casos em 2021 e 2.193 em 2022. Os agravos mais expressivos foram a síndrome do corrimento cervical em mulheres, Candidíase e afeções inflamatórias da vagina e da vulva.(10)

Com base nas acepções socioculturais e epidemiológicos que influenciam as práticas do cuidar no território, é reconhecido aqui a necessidade de enfermeiros capazes de integrar múltiplos papéis no âmbito da AB. Dentre eles destacam-se a gestão, assistência, controle social e educação em saúde como pilares elementares da produção de cuidado em saúde resolutiva no território.(11) Face aos temas postos, emerge a seguinte questão norteadora deste estudo: quais são as práticas de cuidar produzidas no território por enfermeiros da atenção básica? Nas linhas deste questionamento, apresenta-se o seguinte objetivo: identificar as práticas de cuidar produzidas por enfermeiros da atenção básica no território.

 

 

Método

 

 

Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com abordagem qualitativa. Do ponto de vista paradigmático esta perspectiva metodológica pode ser definida como uma abordagem sistemática e subjetiva para descrever ou compreender experiências de vida e dar-lhes sentido. É utilizada para diversos fins: obter uma compreensão global de um fenómeno ou situação; estudar a profundidade, riqueza e complexidade dos fenômenos; compreender experiências humanas, processos ou cultura de grupo e como estes são vivenciados pelas pessoas que os moldam.(12)

O estudo foi desenvolvido na rede básica do município de Boa Vista, capital do estado de Roraima, localizado no extremo norte do Brasil. A rede básica é composta por oito macro áreas que possuem um total de trinta e quatro UBS. Desta totalidade, o estudo selecionou por conveniência dez unidades geograficamente acessíveis situadas na macro área cinco e seis. O total de serviços foi definido pela saturação dos dados fornecidos pelos participantes selecionados para as entrevistas.

O grupo social envolvido neste estudo foi constituído por quinze enfermeiros atuantes na AB dos quais oito aceitaram participar da produção dos dados. A seleção dos participantes obedeceu aos seguintes critérios de inclusão: enfermeiro(a) atuante na UBS há no mínimo seis meses, realizar visitas domiciliares mensais no território da sua unidade atestado por relatório de atividades da unidade e compor o quadro efetivo do funcionalismo municipal de Boa Vista. Foram excluídos enfermeiros(as) estrangeiros(as), profissionais afastados das atividades laborais por motivos médicos e férias. Tais critérios são justificados para garantir a seleção de participantes conhecedores das realidades regionais, territoriais e micro territoriais em que atuam, sobretudo na programação de ações de acordo com a necessidade da comunidade cuidada e alinhadas com os princípios e diretrizes do sistema de saúde brasileiro.

A coleta de dados foi realizada por uma entrevistadora, credenciada como estudante de enfermagem, gênero feminino e que foi treinada de forma teórica e prática quanto ao manejo de entrevistas qualitativas do tipo semiestruturada. Especificamente, a produção dos dados ocorreu durante os meses de dezembro de 2022 a fevereiro de 2023.

Primeiramente, foi feito um convite pessoal aos participantes da pesquisa e esclarecimento de emergentes dúvidas sobre a investigação. Em seguida, a entrevista foi agendada para data adequada ao entrevistado-entrevistadora em locais reservados da UBS o que incluiu consultórios de enfermagem, salas médicas e espaços de reuniões. Vencida esta etapa, os participantes foram informados quanto aos objetivos do estudo e posteriormente assinaram o termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Autorização de Gravação de Voz (TAGV), demonstrando anuência em participar das entrevistas.

Ao longo das entrevistas não houve interrupções durante o processo de produção de dados registrados por meio do aplicativo “Gravador” disponível no aparelho celular do tipo smartphone. Os arquivos em áudio totalizaram aproximadamente uma hora e foram disponibilizados em formato .mp3 para transcrição e análise.

Os dados produzidos foram analisados manualmente por um enfermeiro, doutor, responsável pela investigação e com expertise no referencial teórico-analítico de Bardin. Este tipo de análise é dividido em três etapas cronológica, a saber: pré-análise, tratamento dos dados obtidos e interpretação. Percorrido todos os três polos cronológicos da análise de conteúdo nas entrevistas transcritas, os depoimentos ilustrativos foram apresentados de forma descritiva em duas categorias. No conjunto das técnicas de análise de conteúdo, a análise por categorias é amplamente utilizada. Funciona por operações de desmembramento do texto em unidades, em categorias segundo reagrupamentos analógicos.(13) Orientados pela questão e o objetivo do estudo foram identificadas especificamente duas categorias temáticas, intituladas: “Práticas de educação em saúde produzidas por enfermeiros no território” e “Vacinação como prática de cuidar realizada por enfermeiros no território”.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética mediante o número de Certificado de Apresentação e Apreciação Ética 45126221.4.0000.5302. Toda pesquisa cumpriu as normas e diretrizes das Resoluções do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012 e n° 510/2016. Por fim, o anonimato nos depoimentos ilustrativos dos enfermeiros foi mantido a partir do uso de siglas correspondentes ao grupo profissional que atuam (E), seguida de um número ordinal crescente de acordo com a realização das entrevistas.

 

 

Resultados

 

 

As práticas de cuidar produzidas por enfermeiros da AB foram organizadas em duas categorias temáticas analíticas que versam sobre o protagonismo do enfermeiro na educação em saúde e a vacinação no território. No que diz respeito a primeira categoria temática emergente, voltada especificamente para educação em saúde, foram identificadas unidades de registros que versam sobre a compreensão do território como área de abrangência da unidade de saúde onde são implementadas ações de educação em saúde, orientada por rodas de conversa, encontros com os grupos prioritários, palestras, campanhas educacionais sobre IST, saúde mental e uso de drogas. Tudo isso pode ser evidenciado nos depoimentos ilustrativos dispostos na primeira categoria a seguir:

 

 

Categoria 1: Práticas de educação em saúde realizadas por enfermeiros no território

 

 

O território é a área de abrangência pela qual eu sou responsável, lá fazemos muitas palestras, a gente faz educação em saúde de acordo com o tipo de população que se encontra nele (E1).

Na minha concepção o território é a área em que eu atuo, levando em consideração a relação educacional com a população. Daí, fazemos palestras para levar informações à população e campanhas educacionais (E2).

O território é uma área delimitada para o qual são atribuídas as nossas atividades, tem uma comunidade sob a nossa responsabilidade que merece informação em saúde. Por isso, temos campanhas todo mês que abordam assuntos como saúde mental, saúde da mulher, álcool e drogas (E3).

O território é um lugar que utilizamos para organizar os serviços de saúde, principalmente a educação em saúde no cuidado com as mulheres. Assim, nós conseguimos realizar as palestras, rodas de conversa, orientações individuais com as gestantes (E4).

A nossa unidade tem seu território de atuação pré-determinado, tudo o que acontece dentro dessa área, todos os cuidados, assim como as escolas que estão dentro, a gente responde por ela. Então, fazemos campanhas educacionais todos os meses de acordo com o tema proposto, como o janeiro branco (conscientização da saúde mental), por exemplo, aí fazemos palestras abordando os temas (E5).

O território serve para gente saber onde vamos atuar. A questão do território também ajuda muito para que eu não invada uma outra área e nem deixe que pessoas que sejam da minha área estejam indo para outra área; hoje fazemos muita educação em saúde com campanhas e palestras educativas (E6).

As nossas práticas no território, no meu ponto de vista, são educacionais desenvolvidas na área de abrangência onde eu, como enfermeiro, sou responsável, os temas são abordados em cada mês juntamente com as campanhas, onde damos suporte e acompanhamento as famílias (E7).

O território é uma ferramenta utilizada para definir a abrangência de atuação e essa é a nossa área de responsabilidade sanitária. Nele fazemos campanhas na escola para prevenção de ISTs, (...) palestras educativas de acordo com os grupos prioritários, rodas de conversa com temas específicos (E8).

Na segunda categoria temática emergente os enfermeiros atuantes na AB identificaram a imunização como uma prática de cuidar estratégica destinada à vigilância, promoção da saúde e prevenção de doenças no território. As unidades de registros sinalizam ações estratégicas de imunização no território, campanhas de vacinação nas escolas presentes no território e busca ativa de crianças para vacinação. Esses achados podem ser evidenciados nos depoimentos representativos apresentados na segunda categoria disposta a seguir:

 

 

Categoria 2: Vacinação como prática de cuidar realizada por enfermeiros no território

 

 

Não temos demanda na unidade, daí vamos para o território, as necessidades maiores são para vacina. Faço as orientações necessárias para as famílias e imunização de manhã e de tarde com todas as vacinas, incluindo a de COVID-19 (E1).

Temos uma certa resistência para vacinação aqui na unidade. Por isso, fazemos busca ativa, principalmente a oferta de vacinação nas escolas do território (E2).

A vacinação é primordial, aqui fazemos campanhas periódicas nas escolas do nosso território, próximas a nossa unidade. Isso é promoção da saúde e prevenção de doenças (E3).

Fazemos a busca ativa de pessoas não vacinadas na área, vacinação, preenchimento da caderneta vacinal das crianças e orientações gerais (E4).

O cuidado que temos que ter é com o estado vacinal das famílias do nosso território, saber quantas pessoas residem na mesma casa, se tem pessoa em situação de atraso vacinal, se estão vacinadas, em caso positivo, lembrar das próximas vacinas (E5).

Faço busca ativas de crianças para vacinação no território. Cuidado no território também é isso prevenir doenças a partir da avaliação vacinação dos membros da família, vacinação é fundamental (E6).

Temos muitas crianças menores de 2 anos, em que o nosso foco é o acompanhamento das vacinas, estar ali cobrando os pais. Temos escolas para fazer ação de vacinação e alguns atendimentos de educação em saúde (E7).

Hoje uma prática que fazemos no território é a vacinação. Imunização da gripe, da COVID-19, campanhas de vacinação e verificação do cartão vacinal das crianças (E8).

 

 

Discussão

 

 

As discussões dos achados apontaram para diálogos práticos sobre o protagonismo do enfermeiro no território compreendido como uma área delimitada onde são realizadas ações de cuidar com a comunidade sob a responsabilidade da UBS. Problematiza-se a ênfase no processo de territorialização do cuidado em seus termos estritamente interventivos sustentados em duas dimensões centrais: educação em saúde e vacinação. Tal ponderação é trazida à baila, pois o Sistema Único de Saúde, ao valorizar processos sociais e os diversificados modos que a população concebe o processo saúde-doença, estabelece uma espécie de distanciamento das dimensões estritamente biofisiológicas e intervencionistas a serem realizadas no território.

O desafio, portanto, de identificar práticas de cuidado no território, sobretudo na ótica de enfermeiros permanece, não discordando, evidentemente, de que a díade educar-vacinar são estratégias importantes do ponto de vista da saúde pública para as pessoas e os territórios em que residem. Especificamente sobre a educação em saúde, salienta-se que os enfermeiros devem estar atentos para uma comunicação de qualidade durante os atendimentos, garantindo que o usuário compreenda os cuidados necessários e possa segui-los em casa. Para isso, é preciso utilizar uma linguagem clara e compreensível.(14)

Na perspectiva da educação em saúde implementada por enfermeiros da AB no território as práticas e conteúdos temáticos identificados foram palestras, campanhas educacionais e rodas de conversa com temas direcionados para o controle de ISTs, saúde mental e uso de drogas. A expansão das análises da primeira categoria proporciona uma discussão detalhada de como as ações educativas protagonizadas no território pelos enfermeiros, majoritariamente reproduzem uma representação antiga de educar em saúde, alicerçados em métodos tradicionais, tecnicistas e reduzidos ao simples repasse de informações por meio de palestras e campanhas.(15)

Destaca-se que as palestras educativas foram frequentemente utilizadas na AB, essa prática fornece informações relevantes sobre cuidados de saúde, sendo necessário um planejamento prévio, preparação de roteiro e material, aprofundamento dos temas.(16) Outro aspecto, diz respeito as campanhas promovidas pelo Ministério da Saúde que consiste em uma prática muito comum, onde são utilizadas para educação em saúde meios de comunicação para o incentivo e conscientização do autocuidado pela população no território.(17)

Em contraste com estes achados, observa-se a ênfase no papel educador do enfermeiro no território mediado por rodas de conversas, compreendida como uma abordagem ampliada para melhorar o comportamento de busca de cuidados, sobretudo em mulheres.(18) Por assim dizer, essa prática concebe a educação (popular) em saúde interativa que tem potencial transformador, o que permite ao indivíduo cuidar de sua saúde de forma crítica e reflexiva. Nesta modalidade, as práticas educativas adotadas pelos enfermeiros baseiam-se na construção de conhecimentos individuais e coletivos, levando em consideração o território de trabalho e a situação de saúde dos indivíduos. Isso incentiva a reflexão dos usuários, enfatizando que eles também têm responsabilidade sobre sua saúde.(9, 19)

As rodas de conversa são compreendidos como métodos educativos integrativos que permitem potentes encontros dialógicos e a ressignificação de sentido, saberes, explorando as experiências dos participantes. Essa metodologia se baseia na horizontalização das relações de poder, transformando os sujeitos em atores históricos e sociais críticos e reflexivos.(19)

Em suma, é crucial reconhecer a necessidade de ir além das estratégias tradicionais de educação em saúde na AB, representado nos achados pela predileção por palestras; rumo a abordagens educacionais com aderência sociopolítica as peculiaridades de cada território. Embora a adoção por palestras pelos enfermeiros seja importante, é preciso ampliar o leque de possibilidades e explorar métodos inovadores, dialógicos, colaborativos, integradores e participativos, tais como as rodas de conversa, presentes em dois depoimentos.

A educação em saúde é enriquecida com a incorporação de grupos de discussão, oficinas práticas e atividades de educação popular em saúde; de tal modo que estas práticas abram passagem para debates no campo da saúde coletiva sobre territórios sustentáveis e saudáveis. Dessa forma, há que se considerar a incorporação nas práticas de educação popular em saúde de temas, bem como o aumento de atividades, capazes de fortalecer a promoção da saúde no território.

Outro aspecto identificado nesta investigação diz respeito a imunização como prática de cuidar realizadas pelo enfermeiro no território circunscrito a UBS. A imunização no contexto da AB é considerada a principal estratégia para prevenir doenças, promover e proteger a saúde da população. Nas UBS e no território, a vacinação de rotina deve ser realizada seguindo as normas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e o calendário estabelecido pelo Ministério da Saúde. É crucial que profissionais de saúde, gestores municipais e estaduais das áreas de AB e Vigilância em Saúde estejam integrados e desenvolvam estratégias adequadas às necessidades do território.(20)

De acordo com um levantamento situacional nos dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), foi observada uma baixa adesão às vacinas, especialmente aquelas incluídas no calendário vacinal infantil, mesmo com sua ampla disponibilidade nas UBS.(21, 22, 23)

No Brasil há a disponibilização gratuita de 15 vacinas para serem administradas antes dos dez anos de idade. No entanto, muitas mães têm dúvidas, resistem à vacinação, são influenciadas por mitos em relação à vacinação e a falta de conhecimento dificulta a adesão de algumas vacinas. É crucial garantir que as crianças estejam com seu calendário de vacinação em dia, o que depende inteiramente dos pais e responsáveis e, para isso, é fundamental mantê-los informados e conscientes sobre a importância e os benefícios da imunização infantil.(24) Para isso, os enfermeiros entrevistados realizam orientações sobre vacinas para as famílias, análises de cartão vacinal, busca ativa de pessoas não vacinadas ou com vacinas em atraso, campanhas periódicas de vacinação no território.

Diante dessa situação, foi necessário implementar estratégias já comprovadas nos serviços da AB, como a busca ativa, ação vacinal em escolas do território, orientações sobre imunização e a vacinação domiciliar, a fim de aumentar a cobertura vacinal e garantir a imunização para todos, conforme diretrizes do Ministério da Saúde.(21, 22, 23) Baseado nisso, é reconhecido a atuação do enfermeiro da AB no interior das casas e das escolas onde são realizadas orientações sobre os benefícios da imunização e promoção da saúde por meio de ações de vacinação.

Por fim, é fundamental destacar o papel da enfermagem na pandemia de COVID-19, destacando-se especialmente pelo envolvimento de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem na implementação da imunização em larga escala nos diversos territórios de Boa Vista, Roraima. Essa equipe foi e é responsável por impulsionar os mecanismos de vacinação da AB, contribuindo para estabelecer uma conexão sólida entre os usuários e a imunização contra a COVID-19 nos territórios.(25)

Assim, a imunização desempenha um papel de extrema importância na AB, especialmente em um contexto pós-COVID-19. Ao garantir altas taxas de cobertura vacinal e um acesso equitativo às vacinas, é fortalecida a proteção coletiva, redução da mortalidade e prevenção de uma ampla gama de doenças infecciosas. Sim, a vacinação é uma poderosa estratégia de cuidar que contribui para a promoção da saúde pública e produção de territórios saudáveis.

 

 

Limitação de estudo 

 

 

À luz do texto, há que se considerar como limitações de natureza metodológica a produção dos achados qualitativos em duas macroáreas e a participação por conveniência de oito enfermeiros. Entretanto, há que se considerar dentro de um conjunto de relações estabelecidas entre coletadora-participantes, sujeito e objeto, um nexo sobre concepções de cuidar que possibilitou emergir e captar aquilo que é realizado como práticas no território em dois pilares: educação em saúde e vacinação.

Do ponto de vista analítico social, esses achados fazem emergir problemas investigativos que perpassam por compreensões do território adscrito a UBS em que atua os enfermeiros da atenção básica. Nesse sentido, como se explicaria, por exemplo, as práticas de cuidar direcionadas aos migrantes presentes nos territórios? Como se explicaria, ainda, a coexistência no território do cuidado de diferentes culturas?

 

 

Conclusão

 

 

Com a certeza de que existem muitas outras indagações sobre as práticas protagonizadas por enfermeiros da AB no território que merecem ser investigadas, realiza-se aqui uma breve pausa científica com dois achados centrais: educar e vacinar fazem parte do cotidiano do cuidar no extremo norte do Brasil. A educação em saúde como prática de cuidar foi decodificada a partir de ações com grupos prioritários presentes no território orientado por rodas de conversas, palestras educativas, e campanhas educacionais sobre os seguintes temas IST’s, saúde mental e uso de drogas. Do ponto de vista da vacinação, foi identificado ações de vacinação no território para a COVID-19, campanhas de vacinação nas escolas e busca ativa de crianças para vacinação.

A busca de fundamentos para investigar o cuidado no território protagonizado pelo enfermeiro da AB junto as pessoas, famílias, grupos sociais e comunidades; careceu neste estudo de uma ampliação para dimensões existenciais, subjetivas, singulares, ecológicas, e multidimensionais que atravessam o processo de adoecimento. O território foi objetivamente identificado como área programática de atuação profissional e execução de ações intervencionistas convocando emergentes reflexões e estudos mais arejados e ampliados do ponto de vista social.

Este estudo apresenta contribuições para área da Enfermagem ao se debruçar sobre o território da AB como lugar de enfermeiros protagonizarem o seu saber-fazer. Deste modo, as evidências qualitativas aqui postas entrelaçam educação em saúde e vacinação como práticas fundamentais a serem consideradas no território e no processo de territorialização. Portanto, é esperado que este estudo auxilie enfermeiros, gestores e conselheiros de saúde implicados com modos e modelos de atenção e gestão em saúde na melhoria da qualidade das ações realizadas nos territórios. Além disso, os achados sobre as práticas de cuidar realizadas por enfermeiros no território indiretamente toca em elementos políticos de saúde, sobretudo por mobilizar nos serviços primários, na própria rede básica e nos documentos orientadores de práticas ações que acontecem na realidade social do extremo norte do Brasil.

Com base nessas acepções, as identificações postas abrem passagem para emergentes investigações sobre o território, territorialização e práticas de cuidar-cuidado protagonizado por enfermeiros que considerem dimensões teóricas, filosóficas e epistemológicas das ciências sociais. Assim, espera-se que este estudo suscite emergentes possibilidades sobre as práticas de cuidar e o cotidiano de assistir-gerir-educar-investigar o território na AB. 

 

 

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Disponiblidade de dados: O conjunto de dados que embasa os resultados deste estudo não está disponível.

 

Como citar: Marinho A de SC, Silva OS da. Práticas de cuidar realizadas por enfermeiros da atenção básica no território: um estudo em Boa Vista, Roraima. Enfermería: Cuidados Humanizados. 2024;13(1):e3799. doi: 10.22235/ech.v13i1.3799

 

Contribuição de autores (Taxonomia CRediT): 1. Conceitualização; 2. Curadoria de dados; 3. Análise formal; 4. Aquisição de financiamento; 5. Pesquisa; 6. Metodologia; 7. Administração do projeto; 8. Recursos; 9. Software; 10. Supervisão; 11. Validação; 12. Visualização; 13. Redação: esboço original; 14. Redação: revisão e edição.

A. D. S. C. M. contribuiu em 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 12, 13, 14; P. S. D. S. em 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 14.

 

Editora científica responsável: Dra. Natalie Figueredo.

 

 

10.22235/ech.v13i1.3799

Original Articles

 

Care Practices Produced by Primary Care Nurses in the Territory: A Study in Boa Vista, Roraima

Práticas de cuidar realizadas por enfermeiros da atenção básica no território: um estudo em Boa Vista, Roraima

Prácticas asistenciales realizadas por las enfermeras de atención primaria en el territorio: un estudio en Boa Vista, Roraima

 

Áurea de Souza Coutinho Marinho1, ORCID 0000-0003-1573-9863

Paulo Sérgio da Silva2, ORCID 0000-0003-2746-2531

 

1 Universidade Federal de Roraima, Brazil

2 Universidade Federal de Roraima, Brazil, pssilva2008@gmail.com

 

Abstract:
Objective: Identify care practices produced by primary care nurses in the territory.
Method: Exploratory-descriptive study with a qualitative approach carried out in ten basic health units located in the city of Boa Vista, Roraima, Brazil. The social group was made up of eight nurses from the municipal workforce. Data production took place between December 2022 and February 2023, mediated by semi-structured interviews. The audio files totaled approximately one hour, were transcribed manually and analyzed according to Bardin’s theoretical framework.
Results: The care practices were organized in two central thematic categories, named: health education practices produced by nurses in the territory and vaccination as a care practice carried out by nurses in the territory.
Conclusion: Health education was decoded as a care practice by nurses based on actions with priority groups present in the territory guided by conversation circles, educational lectures and educational campaigns on sexually transmitted infections, mental health and drug use. Vaccination was decoded based on the active search for children in the territory, campaigns in schools and the application of vaccines against COVID-19 in the territory.

Keywords: primary care nursing; home health nursing; nursing care; primary health care; sociocultural territory.

 

Resumo:

Objetivo: Identificar as práticas de cuidar realizadas por enfermeiros da atenção básica no território.
Método: Estudo exploratório-descritivo com abordagem qualitativa realizado em dez unidades básicas de saúde situadas na cidade de Boa Vista, Roraima, Brasil. O grupo social foi constituído por oito enfermeiros do quadro efetivo do funcionalismo municipal. A produção dos dados ocorreu durante dezembro de 2022 a fevereiro de 2023 mediada por entrevistas semiestruturadas. Os arquivos em áudio totalizaram aproximadamente uma hora, foram transcritos manualmente e analisados segundo o referencial teórico de Bardin.
Resultados: As práticas de cuidar foram organizadas em duas categorias temáticas centrais, a saber: práticas de educação em saúde realizadas por enfermeiros no território e vacinação como prática de cuidar realizada por enfermeiros no território.
Conclusão: A educação em saúde foi decodificada como prática de cuidar pelos enfermeiros a partir de ações com grupos prioritários presentes no território orientada por rodas de conversas, palestras educativas e campanhas educacionais sobre infecções sexualmente transmissíveis, saúde mental e uso de drogas. A vacinação foi decodificada a partir da busca ativa de crianças no território, campanhas nas escolas e aplicação de vacinas contra a COVID-19 no território.

Palavras-chave: enfermagem de atenção primária; enfermagem domiciliar; cuidados de enfermagem; atenção primária à saúde; território sociocultural.

 

Resumen:
Objetivo:
Identificar las prácticas asistenciales realizadas por enfermeras de atención primaria en el territorio.
Método: Estudio exploratorio-descriptivo con énfasis cualitativo realizado en diez unidades básicas de salud localizadas en la ciudad de Boa Vista, Roraima, Brasil. El grupo social estuvo formado por ocho enfermeras de la administración pública municipal. La producción de datos se realizó entre diciembre de 2022 y febrero de 2023, mediada por entrevistas semiestructuradas. Los archivos de audio totalizaron aproximadamente una hora y veinte minutos, fueron transcritos manualmente y analizados según el marco teórico de Bardin.
Resultados: Las prácticas de cuidados se organizaron en dos categorías temáticas centrales, concretamente: prácticas de educación en salud producidos por enfermeras en el territorio y la vacunación como práctica de cuidado realizada por enfermeros en el territorio.
Conclusión: La educación en salud fue decodificada como una práctica de cuidado por parte de las enfermeras a partir de acciones con grupos prioritarios presentes en el territorio guiadas por mesas redondas, charlas educativas y campañas educativas sobre infecciones de transmisión sexual, salud mental y consumo de drogas. La vacunación fue decodificada a través de la búsqueda activa de niños en el territorio, campañas en escuelas y la vacunación contra el COVID-19 en el territorio.

Palabras clave: enfermería de atención primaria; cuidados de enfermería en el hogar; atención de enfermería; atención primaria de salud; territorio sociocultural.

 

 

Received: 06/12/2023

Accepted: 02/05/2024

 

 

Introduction

 

 

The choice to investigate the territory from the perspective of nurses working in Primary Health Care (PHC) invariably calls for the identification of practices in the field of public health. This is because these professionals are daily confronted with individual health needs, called upon to think about collective care strategies, perform technical analyses of the areas under their responsibility, and face ethical, human, and existential dilemmas in the territories where they work.

The watchword territory carries meanings that transcend the geographical boundaries of a given place and can be expanded to understandings about people. In this sense, the process of territorialization not only allows for an understanding of the ways of life of social groups but also the perception of their health needs, being also considered a management technique that aims to propose interventions based on real experiences lived by nurses in the care territories.(1)

Due to its important social character, territorialization strengthens the insertion of nurses in community spaces, in such a way as to enable epidemiological readings of people's contexts and to build health actions with them in the territories where they live. Therefore, the importance of discussing territory and territorialization in the context of PHC as a place of valuing life and as a tool for organizing care practices is observed.(2)

In light of these contextualizations, the territory emerges as a fundamental element for health, as it contains specific dynamics of living, epidemiological and demographic profiles, and political movements. Territory signifies nature and society; economy and culture; idea and matter; identities and representations; appropriation, domination, and control; discontinuities; connections and networks; domination and subordination; environmental degradation and protection; land, spatial forms, power relations, diversity, and unity.(3)

Guided by these concepts that establish existing relationships between territory and territorialization, it is important to highlight the regional characteristics and the value of these (trans)cultural phenomena circulating in the city of Boa Vista, capital of the State of Roraima, located in the far North of Brazil. This particular region shares national borders with the States of Amazonas and Pará, and international borders with the Cooperative Republic of Guyana and the Bolivarian Republic of Venezuela.(4)

Here, it is pertinent to underline the social and cultural aspects contained in the territory that subjectively impact the caregiving actions produced by nurses working in PHC. In this sense, it is necessary to consider the historical memories related to a new state, established by various mixed-race individuals, of which eighty percent of the people who have been there since its creation migrated from the regions of South, Southeast, North, and Northeast Brazil, reaffirming the presence of nurses trained in various parts of Brazil. Additionally, it highlights the current and ongoing migration process from neighboring countries, which is shaping new existential territories and a new geography of health in the region.(5)

These debates highlight the political dimensions that position Brazilian nurses, especially in the region of Roraima, as powerful protagonists in the territories assigned to Basic Health Units (BHU). Among their specific valuable tasks are the development of interprofessional and collaborative care plans with the health team, focused on the singularities of the people present in the territory; carrying out welcoming with qualified listening, continuity of health actions guided by routines, protocols, and care flows related to their area of competence in the BHU.(6,7)

Alternatively, the nurse's role in the territory also involves active search practices, home visits, coordination of multiprofessional teams and community health agents, recording of actions and activities linked to health education and promotion, disease prevention and control, protection, and recovery, as well as creating strategies for family and social approach.(8) This is because when encountering individuals, families, and communities, the BHU nurse acts as an administrator, producer of preventive, promotional, care practices, and social controller, contributing to the smooth functioning of health dynamics in the territory.(9)

To these important thematic contextualizations, the inclusion of the idea of the territory assigned to BHU as a place for the implementation of caring practices guided by an epidemiological dimension is pertinent. At this point, the Annual Epidemiological Surveillance Report published in 2023 by the General Coordination of Health Surveillance of the State of Roraima, indicates that the capital Boa Vista had the highest HIV detection rate in pregnant women equivalent to 11.97 (per 1000/live births) in 2021 and 14.89 (per 1000/live births) in 2022. Regarding syphilis in pregnant women, 448 cases were reported in 2021 and 466 cases in 2022, representing a 4% increase in the number of notifications from one year to another. Cases of Sexually Transmitted Infections (STIs) totaled 2,255 in 2021 and 2,193 in 2022. The most significant conditions were cervical discharge syndrome in women, Candidiasis, and inflammatory conditions of the vagina and vulva.(10)

Based on the sociocultural and epidemiological implications that influence caring practices in the territory, the need for nurses capable of integrating multiple roles in the scope of PHC is acknowledged here. Among them, management, assistance, social control, and health education stand out as fundamental pillars of the production of effective health care in the territory. Given the issues raised, the following guiding question emerges in this study: What are the caring practices produced in the territory by primary care nurses? In line with this question, the following objective is presented: to identify the caring practices produced by primary care nurses in the territory.

 

 

Method

 

 

This is an exploratory-descriptive study with a qualitative approach. From a paradigmatic perspective, this methodological approach can be defined as a systematic and subjective approach to describing or understanding life experiences and giving them meaning. It is used for various purposes: to gain a comprehensive understanding of a phenomenon or situation; to study the depth, richness, and complexity of phenomena; to understand human experiences, processes, or group culture and how these are experienced by the people who shape them.(12)

The study was conducted in the primary healthcare network of the municipality of Boa Vista, the capital of the state of Roraima, located in the far north of Brazil. The primary healthcare network consists of eight macro areas with a total of thirty-four BHU. Out of this total, the study selected ten units conveniently located in macro areas five and six. The total number of services was defined by data saturation provided by the selected participants for interviews.

The social group involved in this study comprised fifteen nurses working in PHC, of which eight agreed to participate in data production. The selection of participants was based on these inclusion criteria: nurses actively working at the BHU for at least six months, conducting monthly home visits in the territory of their unit as evidenced by the unit's activity report, and being part of the municipal workforce of Boa Vista. Foreign nurses, professionals on medical leave, and vacation were excluded. These criteria were justified to ensure the selection of participants knowledgeable about the regional, territorial, and micro-territorial realities in which they work, especially in planning actions according to the needs of the community cared for and aligned with the principles and guidelines of the Brazilian health system.

Data collection was conducted by an interviewer, a female nursing student accredited and trained theoretically and practically in handling semi-structured qualitative interviews. Specifically, data production occurred from December 2022 to February 2023.

Firstly, a personal invitation was extended to the research participants, and any emerging doubts about the investigation were clarified. Subsequently, the interviews were scheduled for a date suitable for the interviewee-interviewer in reserved locations within the BHU, including nursing offices, medical rooms, and meeting spaces. Once this stage was completed, the participants were informed about the study's objectives and then signed the Informed Consent Form (ICF) and the Voice Recording Authorization Form (VRAF), demonstrating their willingness to participate in the interviews.

Throughout the interviews, there were no interruptions during the data production process recorded using the "Recorder" application available on a smartphone. The audio files totaled approximately one hour and were made available in MP3 format for transcription and analysis.

The data produced were manually analyzed by a nursing PhD researcher responsible for the investigation and with expertise in the theoretical-analytical framework of Bardin. This type of analysis is divided into three chronological stages, namely: pre-analysis, data treatment, and interpretation. After going through all three chronological stages of content analysis in the transcribed interviews, illustrative statements were presented descriptively in two categories. Among the set of content analysis techniques, category analysis is widely used. It operates by breaking down the text into units, into categories according to analogical regroupings.(13) Guided by the research question and objective, two thematic categories were specifically identified, titled: "Health education practices produced by nurses in the territory" and "Vaccination as a caring practice performed by nurses in the territory."

This study was approved by the Ethics Committee under Certificate of Presentation and Ethical Appreciation number 45126221.4.0000.5302. All research complied with the norms and guidelines of the National Health Council Resolutions No. 466/2012 and No. 510/2016. Finally, anonymity in the illustrative testimonies of the nurses was maintained through the use of initials corresponding to the professional group they belong to (N), followed by a sequentially increasing ordinal number according to the conduct of the interviews.

 

 

Results

 

 

The caring practices produced by nurses in the PHC were organized into two analytical thematic categories that focus on the nurse's role in health education and vaccination in the territory. Regarding the first emerging thematic category, specifically focused on health education, units of records were identified that address the understanding of the territory as the catchment area of the health unit where health education actions are implemented. These actions are guided by group discussions, meetings with priority groups, lectures, and educational campaigns on STIs, mental health, and subtance use. All of this can be evidenced in the illustrative testimonies presented in the following first category:

 

 

Category 1: Health education practices conducted by nurses in the territory

 

 

The territory is the catchment area for which I am responsible, and there we conduct many lectures. We provide health education according to the type of population found in it (N1).

In my view, the territory is the area where I work, taking into account the educational relationship with the population. Therefore, we give lectures to provide information to the population and conduct educational campaigns (N2).

The territory is a delimited area for which our activities are assigned. There is a community under our responsibility that deserves health information. Therefore, we have campaigns every month addressing topics such as mental health, women's health, alcohol, and drugs (N3).

The territory is a place we use to organize health services, especially health education in the care of women. Thus, we can conduct lectures, group discussions, and individual guidance with pregnant women (...) (N4).

Our unit has its predetermined area of action, and everything that happens within this area, all care, as well as the schools within it, we are responsible for. So, we conduct educational campaigns every month according to the proposed theme, such as 'White January' (mental health awareness), for example, then we conduct lectures addressing the topics (...) (N5).

The territory serves for us to know where we will operate. The issue of territory also helps a lot so that I do not invade another area and neither do I allow people from my area to go to another area; today we do a lot of health education with campaigns and educational lectures (N6).

Our practices in the territory, in my opinion, are educational activities developed in the catchment area where I, as a nurse, am responsible. The topics are addressed each month along with the campaigns, where we provide support and follow-up to families (N7).

The territory is a tool used to define the scope of action, and this is our area of ​​sanitary responsibility. In it, we conduct school campaigns for STI prevention, (...) educational lectures according to priority groups, group discussions on specific topics (...) (N8).

 

In the second emergent thematic category, nurses working in primary care identified immunization as a strategic caring practice aimed at surveillance, health promotion, and disease prevention in the territory. The records indicate strategic immunization actions in the territory, vaccination campaigns in schools within the territory, and active searching for children for vaccination. These findings are reflected in the representative statements presented in the following second category:

 

 

Category 2: Vaccination as a caring practice performed by nurses in the territory

 

 

We don't have demand at the unit, so we go to the territory, the greatest needs are for vaccines. I provide the necessary guidance to families and immunization in the morning and afternoon with all vaccines, including COVID-19 (N1).

We have some resistance to vaccination here at the unit. Therefore, we conduct active searches, mainly offering vaccination in schools in the territory (...) (N2).

Vaccination is essential, here we conduct periodic campaigns in schools in our territory, close to our unit. This is health promotion and disease prevention (N3).

We actively search for unvaccinated individuals in the area, vaccination, filling out children's vaccination cards, and providing general guidance (N4).

We need to take care of the vaccination status of families in our territory, knowing how many people live in the same house, if there are people with delayed vaccinations, if they are vaccinated, in case they are, remind them of the next vaccines (N5).

I actively search for children for vaccination in the territory. Taking care in the territory is also about preventing diseases by assessing the vaccination status of family members, vaccination is fundamental (N6).

We have many children under 2 years old, where our focus is on monitoring vaccines, being there to remind the parents. We have schools to conduct vaccination campaigns and some health education sessions (N7).

Today, a practice we carry out in the territory is vaccination. Influenza immunization, COVID-19, vaccination campaigns, and checking children's vaccination cards (N8).

 

 

Discussion

 

 

The discussions of the findings pointed to practical dialogues regarding the nurse's role in the territory, understood as a delimited area where caring actions are carried out with the community under the responsibility of the BHU. There is a problematization of the emphasis on the territorialization process of care in its strictly interventional terms, supported by two central dimensions: health education and vaccination. This consideration is brought to light because the Brazilian Public Health System (Sistema Único de Saúde - SUS), by valuing social processes and the diverse ways in which the population conceives the health-disease process, establishes a kind of distancing from strictly biophysiological and interventionist dimensions to be performed in the territory.

The challenge, therefore, of identifying care practices in the territory, especially from the perspective of nurses, remains, without disagreeing, of course, that the educate-vaccinate dyad is an important strategy from the public health point of view for the people and the territories in which they reside. Specifically regarding health education, it is emphasized that nurses must be attentive to quality communication during consultations, ensuring that the user understands the necessary care and can follow it at home. For this, it is necessary to use clear and understandable language.(14)

From the perspective of health education implemented by nurses in the PHC setting within the territory, the identified practices and thematic contents included lectures, educational campaigns, and group discussions focusing on the control of  STIs, mental health, and substance abuse. Expanding the analysis of the first category provides a detailed discussion of how the educational actions led by nurses in the territory largely reproduce an outdated representation of health education, based on traditional, technicist methods, and reduced to simply conveying information through lectures and campaigns.(15)

It is noteworthy that educational lectures were frequently utilized in the PHC setting. This practice provides relevant information about healthcare, requiring advance planning, script preparation, and material development, as well as in-depth exploration of the topics.(16) Another aspect concerns the campaigns promoted by the Ministry of Health, which are very common practices. These campaigns utilize various communication channels for health education, aiming to encourage and raise awareness about self-care among the population within the territory.(17)

In contrast to these findings, there is an emphasis on the nurse's educational role in the territory facilitated by group discussions, understood as an expanded approach to improving healthcare-seeking behavior, especially among women.(18) This practice conceives interactive (popular) health education as having transformative potential, enabling individuals to critically and reflectively take care of their health. In this modality, the educational practices adopted by nurses are based on the construction of individual and collective knowledge, taking into account the work territory and the health situation of individuals. This encourages users to reflect, emphasizing that they also have responsibility for their health.(9, 19)

Group discussions are understood as integrative educational methods that allow for powerful dialogical encounters and the reframing of meaning, knowledge, and the exploration of participants' experiences. This methodology is based on the horizontalization of power relations, transforming individuals into critical and reflective historical and social actors.(19)

In summary, it is crucial to recognize the need to go beyond traditional health education strategies in PHC, as represented in the findings by the preference for lectures,  towards educational approaches with sociopolitical adherence to the peculiarities of each territory. Although the adoption of lectures by nurses is important, it is necessary to expand the range of possibilities and explore innovative, dialogical, collaborative, integrative, and participatory methods, such as group discussions, as evidenced in two testimonials.

Health education is enriched by the incorporation of discussion groups, practical workshops, and activities of popular health education; such that these practices pave the way for debates in the field of public health about sustainable and healthy territories. Thus, the incorporation of themes into popular health education practices, as well as the increase in activities capable of strengthening health promotion in the territory, must be considered.

Another aspect identified in this investigation concerns immunization as a caring practice carried out by nurses in the territory circumscribed to the BHU. Immunization in the context of PHC is considered the main strategy for preventing diseases, promoting, and protecting the health of the population. In BHU and in the territory, routine vaccination should be performed following the guidelines of the National Immunization Program (Programa Nacional de Imunização - PNI) and the schedule established by the Ministry of Health. It is crucial that health professionals, municipal and state managers in the areas of PHC and Health Surveillance, are integrated and develop strategies appropriate to the needs of the territory.(20)

According to a situational assessment based on data from the National Immunization Program Information System (SI-PNI), low adherence to vaccines was observed, especially those included in the childhood vaccination schedule, despite their widespread availability in BHU.(21, 22, 23)

In Brazil, 15 vaccines are available free of charge to be administered before the age of ten. However, many mothers have doubts, resist vaccination, are influenced by myths regarding vaccination, and lack of knowledge hinders the adherence to some vaccines. It is crucial to ensure that children are up to date with their vaccination schedule, which depends entirely on parents and guardians. Therefore, it is essential to keep them informed and aware of the importance and benefits of childhood immunization. To achieve this, the interviewed nurses provide vaccine guidance to families, analyze vaccination cards, actively search for unvaccinated or overdue individuals, and conduct periodic vaccination campaigns in the territory.

Given this situation, it was necessary to implement proven strategies in PHC services, such as active search, vaccination campaigns in schools within the territory, immunization guidance, and home vaccination, in order to increase vaccine coverage and ensure immunization for all, in accordance with the guidelines of the Ministry of Health.(21, 22, 23) Based on this, the role of the PHC nurse is recognized within homes and schools, where they provide guidance on the benefits of immunization and health promotion through vaccination actions.

Finally, it is crucial to highlight the role of nursing in the COVID-19 pandemic, especially emphasizing the involvement of nurses, nursing technicians, and nursing assistants in the large-scale implementation of immunization across various territories in Boa Vista, Roraima. This team has been and continues to be responsible for driving the vaccination mechanisms of PHC, contributing to establishing a strong connection between users and COVID-19 immunization in the territories.(25)

Indeed, immunization plays an extremely important role in PHC, especially in a post-COVID-19 context. By ensuring high vaccination coverage rates and equitable access to vaccines, collective protection is strengthened, mortality is reduced, and a wide range of infectious diseases are prevented. Yes, vaccination is a powerful caring strategy that contributes to the promotion of public health and the creation of healthy territories.

 

 

Limitations of the study

 

 

In light of the text, it is necessary to consider methodological limitations such as the production of qualitative findings in two macro-areas and the convenience participation of eight nurses. However, within a set of relationships established between the collector-participants, subject, and object, there is a nexus about conceptions of care that allowed for the emergence and capture of what is carried out as practices in the territory in two pillars: health education and vaccination.

From a social analytical standpoint, these findings bring forth investigative issues that revolve around understanding the territory assigned to the BHU where primary care nurses work. In this sense, how would one explain, for example, the caring practices directed at migrants present in the territories? Furthermore, how could the coexistence of different cultures in the care territory be explained?

 

 

Conclusion

 

 

With the certainty that there are many other inquiries about the practices carried out by primary care nurses in the territory that deserve to be investigated, here we take a brief scientific pause with two central findings: educating and vaccinating are part of the daily caregiving routine in the far north of Brazil. Health education as a caregiving practice has been decoded from actions with priority groups present in the territory, guided by group discussions, educational lectures, and educational campaigns on the following topics: STIs, mental health, and drug use. From the vaccination perspective, vaccination actions in the territory for COVID-19 have been identified, along with vaccination campaigns in schools and active search for children for vaccination.

The search for foundations to investigate caregiving in the territory led by primary care nurses alongside individuals, families, social groups, and communities; lacked in this study an expansion to existential, subjective, singular, ecological, and multidimensional dimensions that permeate the process of illness. The territory was objectively identified as a programmatic area of professional action and execution of interventionist actions, calling for emerging reflections and more open and expanded studies from a social perspective.

This study contributes to the field of Nursing by delving into the territory of Primary Care as a place for nurses to showcase their expertise. Thus, the qualitative evidence presented here intertwines health education and vaccination as fundamental practices to be considered in the territory and in the process of territorialization. Therefore, it is expected that this study will assist nurses, managers, and health advisors involved in modes and models of health care and management in improving the quality of actions carried out in the territories. Additionally, the findings on the caregiving practices performed by nurses in the territory indirectly touch on political elements of health, especially by mobilizing actions in primary services, in the basic network itself, and in guiding documents of practices that occur in the social reality of the extreme north of Brazil.

Based on these understandings, the identifications presented pave the way for emerging research on territory, territorialization, and caregiving practices led by nurses that consider theoretical, philosophical, and epistemological dimensions of social sciences. Thus, it is expected that this study will raise emerging possibilities regarding caregiving practices and the daily activities of assisting, managing, educating, and investigating the territory in Primary Care. 

 

 

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Data availability: The dataset supporting the results of this study is not available.

 

How to cite: Marinho A de SC, Silva OS da. Care Practices Produced by Primary Care Nurses in the Territory: A Study in Boa Vista, Roraima. Enfermería: Cuidados Humanizados. 2024;13(1):e3799. doi: 10.22235/ech.v13i1.3799

 

Authors’ contribution (CRediT Taxonomy): 1. Conceptualization; 2. Data curation; 3.  Formal Analysis; 4. Funding acquisition; 5. Investigation; 6. Methodology; 7. Project administration; 8. Resources; 9. Software; 10. Supervision; 11. Validation; 12. Visualization; 13. Writing: original draft; 14. Writing: review & editing.

A. D. S. C. M. has contributed in 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 12, 13, 14; P. S. D. S. in 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 14.

 

Scientific editor in charge: Dr. Natalie Figueredo.