10.22235/ech.v13i1.3665
Artigos originais
Experiências de estudantes do curso de licenciatura em enfermagem sobre supervisão clínica em uma universidade de Moçambique
Undergraduate Nursing Students’ Experiences of Clinical Supervision at a University in Mozambique
Experiencias de estudiantes de licenciatura en enfermería sobre la supervisión clínica
en una universidad de Mozambique
Cristina Simão Nota1, ORCID 0000-0002-0441-9816
Francisca Márquez-Doren2, ORCID 0000-0001-8093-4687
Camila Lucchini-Raies3, ORCID 0000-0001-5704-9778
1 Pontificia Universidad Católica de Chile, Chile
2 Pontificia Universidad Católica de Chile, Chile
3 Pontificia Universidad Católica de Chile, Chile, clucchin@uc.cl
Resumo:
Objetivo: Descrever as experiências dos
estudantes do último ano do Curso de Enfermagem da Universidade Católica de
Moçambique sobre a supervisão clínica prestada pelos técnicos de enfermagem.
Método: Estudo qualitativo-fenomenológico, realizado com estudantes do
último ano do Curso de Enfermagem da Universidade Católica de Moçambique. A
entrevista em profundidade foi a técnica utilizada para recolha de dados,
analisados através da análise de conteúdo.
Resultados: Os resultados foram divididos em quatro categorias
principais que emergiram da análise das entrevistas e dizem respeito 1) à
percepção dos alunos sobre o supervisor acadêmico, destacada pela presença e
ausência de docentes no ambiente clínico; 2) ao supervisor clínico explicitado
pelos supervisores técnicos de enfermagem, com subcategorias sobre o aluno de
nível superior como ameaça ao enfermeiro técnico, tensão na relação entre
supervisores clínicos e alunos, disposição e reação dos supervisores clínicos;
3) ao contexto, representado pela falta de recursos materiais e humanos,
diversidade cultural e pandemia de COVID-19; e 4) à percepção de si mesmos como
alunos, dividida em falta de orientação no ambiente clínico, vivência da
prática clínica como um pesadelo e esperança durante a experiência. Também são
apresentadas algumas propostas de melhorias.
Conclusão: Os resultados deste estudo permitiram descrever o fenômeno em
estudo, revelando a percepção dos estudantes sobre a supervisão clínica e o
efeito do contexto em que esta relação se desenvolve. Estes resultados servirão
para avaliar a forma de melhorar a supervisão clínica através da identificação
de um modelo inovador a seguir. Esta medida é essencial para o desenvolvimento
profissional dos estudantes de enfermagem.
Palavras-chave: educação em enfermagem; preceptoria; estudantes de enfermagem; enfermagem.
Abstract:
Objective: To describe the experiences of final year nursing students at
the Catholic University of Mozambique regarding the clinical supervision done
by nursing technicians.
Method: A qualitative-phenomenological study carried out with final year
nursing students at the Catholic University of Mozambique. The in-depth
interview was the technique used to collect data, which was analyzed using
Content Analysis.
Results: The results were divided into four main categories that emerged
from the analysis of the interviews and are related to 1) the students'
perception of the academic supervisor, highlighted by the presence and absence
of teaching staff in the clinical setting; 2) the clinical supervisor made
explicit by the nursing technical supervisors, with subcategories on the higher
level student as a threat to the technical nurse, tension in the relationship
between clinical supervisors and students, disposition and reaction of clinical
supervisors; 3) the context, represented by the lack of material and human
resources, cultural diversity and the COVID-19 pandemic; and 4) the perception
about themselves as students, divided into lack of orientation in the clinical
setting, living the clinical practice as a nightmare and hope during the
experience. Some proposals for improvement are also presented.
Conclusion: The results of this study have helped to describe the
phenomenon studied, revealing the students’ perception about clinical
supervision and the effect of the context that this relationship develops.
These results will help to evaluate how to improve clinical supervision by
identifying an innovative model to follow. This action is essential for the
professional development of nursing students.
Keywords: nursing education; preceptorship; nursing students; nursing.
Resumen:
Objetivo: Describir las experiencias de los
estudiantes de último año de enfermería de la Universidad Católica de
Mozambique en relación con la supervisión clínica realizada por los técnicos de
enfermería.
Método: Estudio cualitativo-fenomenológico realizado con estudiantes de
último año de enfermería de la Universidad Católica de Mozambique. La
entrevista en profundidad fue la técnica utilizada para la recolección de
datos, que fueron analizados a través del análisis de contenido.
Resultados: Los resultados se dividieron en cuatro categorías
principales que surgieron del análisis de las entrevistas y están relacionadas
con 1) la percepción de los estudiantes sobre el supervisor académico,
destacada por la presencia y ausencia de personal docente en el entorno
clínico; 2) el supervisor clínico explicitado por los supervisores técnicos de
enfermería, con subcategorías sobre el estudiante de nivel superior como
amenaza para el enfermero técnico, tensión en la relación entre supervisores
clínicos y estudiantes, disposición y reacción de los supervisores clínicos; 3)
al contexto, representado por la falta de recursos materiales y humanos, la
diversidad cultural y la pandemia COVID-19; y 4) a la percepción sobre ellos
mismos como estudiantes, dividido en la falta de orientación en el entorno
clínico, el vivir las prácticas clínicas como una pesadilla y la esperanza
durante la experiencia. También se presentan algunas propuestas de mejora.
Conclusión: Los resultados de este estudio han permitido describir el
fenómeno estudiado, revelando la percepción de los estudiantes sobre la
supervisión clínica y el efecto del contexto en el que se desarrolla esta
relación. Estos resultados servirán para evaluar cómo mejorar la supervisión
clínica, identificando un modelo innovador a seguir. Esta medida es esencial
para el desarrollo profesional de los estudiantes de enfermería.
Palabras clave: educación en enfermería; preceptoría; estudiantes de enfermería; enfermería.
Recebido: 06/09/2023
Aceito: 16/03/2024
Introdução
A nível mundial, diversos países têm-se interessado pelo tema de supervisão clínica em enfermagem, que é um apoio profissional aos estudantes. O seu objetivo é de ajudar os estagiários no desenvolvimento de habilidades e confiança profissional, socializá-los no ambiente clínico e, por conseguinte, fomentar a transferência de conhecimentos teóricos para a prática, assegurando assim mais bem cuidados aos pacientes. (1, 2) Afinal, “para que os formandos estejam devidamente preparados, necessitam de ser orientados e supervisionados”. (3) Os enfermeiros desempenham um papel importante nesse processo para o desenvolvimento da competência dos estudantes de enfermagem, atuando como fonte de apoio no contexto da prática clínica para reforçar o seu profissionalismo. (2, 3)
A maior parte das investigações sobre a supervisão clínica em enfermagem a nível internacional tem-se centrado nas experiências dos estudantes e supervisores clínicos, foram encontradas experiências positivas como resultado, por exemplo, o apoio dado aos estudantes pelos supervisores. E também experiências negativas, que funcionam como barreiras à educação e aprendizagem dos estudantes. Estas incluem um ambiente clínico inadequado; abuso de poder (experiências relacionadas com comportamentos abusivos); incompetência dos supervisores; falta de formação continua dos supervisores em competências formativas; falta de implementação de ferramentas estratégicas para facilitar a supervisão clínica (modelos inovadores de supervisão clínica); ausência de supervisores clínicos (falta de disponibilidade de supervisores que ainda não apoiam a aprendizagem); procedimentos de avaliação formativa curtos; e falta de reconhecimento formal dos papéis dos supervisores. A necessidade de implementação de modelos inovadores de supervisão clínica que permitam um processo estruturado e formal é uma preocupação em vários países do mundo. (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9)
A nível mundial, estão a ser elaborados modelos inovadores de supervisão clínica para estudantes de enfermagem e parteiras que consistem na colaboração entre as instituições envolvidas nesse processo (universidade e campo clínico) e a participação da tríade supervisor acadêmico, supervisor clínico e estudante, com a finalidade de promover a aprendizagem bem-sucedida nos estudantes, um ambiente clínico eficaz e compensador para a tríade e melhorar a saúde pública. (1, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16) De entre estes, o Modelo de Participação em Associação (PEM) é o mais experimentado e utilizado em vários países do mundo. Que consiste em cada membro da parceria, a tríade (supervisor acadêmico, supervisor clínico e estudante) ser responsável pela qualidade e eficácia das atividades de aprendizagem clínica, com um compromisso contínuo desde a planificação até à avaliação (15,16). As pesquisas mostram que a utilização dos modelos melhora o ambiente de aprendizagem clínica e a competência do supervisor. (11, 14, 15, 16)
Vários países africanos têm-se preocupado com a questão da supervisão clínica em enfermagem, como Gana, Quénia, Malawi, Uganda e África do Sul, que exploraram a experiência dos estudantes de enfermagem e dos supervisores clínicos em matéria de supervisão clínica. Estes estudos encontraram experiências positivas e negativas que influem na supervisão clínica. As experiências negativas mais frequentemente relatadas nos países africanos não diferem muito de outros países do mundo. No entanto, há questões que, em alguns países africanos, continuam a ser fatores que influenciam negativamente a supervisão clínica, tais como: falta de recursos humanos e falta de remuneração para os supervisores. Tendo em conta o que precede, é necessário procurar estratégias para melhorar a supervisão clínica e o apoio aos estudantes. E os enfermeiros educadores têm de receber formação contínua, planificar a supervisão clínica e o apoio de forma eficaz para promover graduados de enfermagem competente. (2, 3, 17, 18, 19, 20) Há evidências de que a supervisão clínica é uma perspectiva educacional complexa e dinâmica que pode ter tanto aspectos positivos como negativos. (1, 3, 21) Por isso, a experiência do estudante no campo clínico é deveras importante, uma vez que pode ter um impacto significativo na sua aprendizagem.
Moçambique é um país da África Oriental e Austral que se tornou independente em 1975, e em seguida foi devastado por uma guerra civil que terminou em 1992. (22) Depois destes longos períodos de guerras, a maioria dos principais técnicos de saúde deixou o país, resultando numa grave escassez de pessoal para satisfazer as necessidades neste campo. O governo moçambicano definiu como novas estratégias a formação de enfermeiros de níveis elementar e básico. Essas formações duraram por muitos anos. Em 1980, surgiu a necessidade de promoção de cursos complementares e de especialização em diferentes áreas da enfermagem. Ao mesmo tempo, foram estabelecidas carreiras técnico-profissionais de saúde, divididas em quatro níveis: elementar, básico, médio e médio especializado. (23) Em 2003, foi aprovada em Maputo a criação do primeiro Instituto Superior de Ciências de Saúde (ISCISA), com ensino superior em várias áreas de saúde, incluindo enfermagem. (23) Na atualidade, o país conta com três níveis de formação em enfermagem: médio, médio especializado e licenciatura. Para o técnico de enfermagem geral (médio), a duração é de 2 anos e para o técnico especializado (médio especializado) é de 1 ano e 6 meses, ambos com formação baseada em competências (FBC) “saber fazer”. Concentra-se no conhecimento específico, nas atitudes e nas habilidades necessárias para realizar o procedimento ou atividade. E para o grau de enfermeiro licenciado “enfermeiro A”, a formação tem duração de 4 anos e enfatiza a competência no desenvolvimento humano do aluno para o cuidado humanizado; o pensamento crítico do futuro profissional e a capacidade de intervir prontamente com conhecimento científico. (24) Em 2008, a Universidade Católica de Moçambique (UCM) iniciou a formação de enfermeiros de nível superior. O curso tem um período de duração de 4 anos, usando o método de ensino PBL (Problem Based Learning). (24) A supervisão clínica, todavia, é um processo informal, em que a Universidade contacta um técnico de enfermagem de nível médio ou médio especializado, consoante a área de práticas, sem formação contínua em matéria de supervisão e encarrega-o de supervisionar um grupo de estudantes. (24) Os docentes e a direção da Faculdade de Ciências de Saúde (FCS), da UCM, atuam como mentores para controlar o processo. (24) Ademais, em Moçambique há escassez de recursos humanos. Os profissionais de saúde existentes não podem cobrir o grande número dos estudantes que entram no campo clínico. Atualmente, um enfermeiro está para cada 2000 habitantes, (22) e a maioria é técnico.
Como referido no parágrafo anterior, nesta fase embrionária, os estudantes do ensino superior são supervisionados por enfermeiros técnicos. (24) De acordo com a teoria de Patricia Benner “de novato a experto”, a supervisão clínica é necessária para cada fase na formação do enfermeiro, e recomenda-se que os estudantes sejam orientados por enfermeiros competentes, mas não expertos, e guiados por programas de supervisão formal, para melhorar a satisfação dos estudantes e dos pacientes, bem como a qualidade organizacional. (25, 26) Não se encontraram antecedentes de estudos relacionados a este tema em Moçambique. Portanto, é relevante um estudo que explore as experiências dos estudantes de enfermagem em matéria de supervisão clínica no contexto local. O estudo tem como objetivo compreender as experiências dos estudantes do último ano do Curso de Enfermagem da UCM sobre a supervisão clínica prestada pelos técnicos de enfermagem, a fim de melhorar a educação e aprendizagem em enfermagem (supervisão clínica).
Metodología
Tipo de estudo
Neste estudo, utilizou-se o paradigma construtivista-qualitativo, (27) segundo o qual cada participante tem uma percepção subjetiva e um discurso sobre o fenômeno. Como desenho da pesquisa foi utilizada a fenomenologia, que é um método filosófico desenvolvido por Edmund Husserl (1859-1938), (28) que se preocupa com a forma como a coisa ou o fenômeno é vivenciado na perspectiva da primeira pessoa e descreve o significado comum, com o propósito de explicar a estrutura ou a essência da experiência vivida de um fenómeno na perspectiva da unidade de significado que é a identificação da essência de um fenómeno e a sua descrição precisa através da experiência vivida no quotidiano. (27, 29) Trata-se de uma fenomenologia descritiva, que consiste em explorar, analisar e descrever diretamente fenómenos particulares da forma mais livre possível. Os três passos da fenomenologia descritiva foram seguidos: (1) intuir; (2) analisar; e (3) descrever. Quando na primeira etapa, intuir, se imergiu totalmente no fenómeno em estudo, começou-se a conhecer o fenómeno descrito pelos participantes. Evitou-se qualquer crítica, avaliação ou opinião e prestou-se uma atenção rigorosa ao fenómeno em estudo tal como foi descrito; a segunda fase consiste numa análise fenomenológica, que consistiu em identificar a essência do fenómeno em estudo a partir dos dados obtidos e da forma como foram apresentados, à medida que as descrições foram sendo escutadas, começaram a surgir temas ou essências comuns; a terceira fase é a descrição fenomenológica, em que as descrições escritas e verbais do fenómeno foram recolhidas, classificadas e agrupadas. (29) Esta abordagem ajudou a responder à pergunta: quais são as experiências dos estudantes do último ano do Curso de Enfermagem da Universidade Católica de Moçambique sobre a supervisão clínica prestada pelos técnicos de enfermagem? E ao objetivo da pesquisa.
Amostra
Os participantes da pesquisa foram os estudantes do 4.º ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem, já que eles iniciam as práticas clínicas no 2.° semestre do 1.° ano, nos setores de Medicina (Fundamentos de Enfermagem) no Hospital Central da Beira (HCB), para colocar em prática as habilidades básicas de enfermagem. E aumenta progressivamente, no 2.º ano os alunos têm estágio durante todo o ano, Primeiro semestre, estágio médico cirúrgico no HCB; segundo semestre, estágio em obstetrícia nos centros de saúde de Macurungo, Manga Mascarenha e Munhava (Beira-Sofala-Moçambique), o que significa que as horas de estágio são mais extensas. No 3.º ano primeiro semestre estágio de pediatria, urgência e psiquiatria no HCB; e no segundo semestre, estágio de saúde comunitária com famílias vulneráveis (que ocorre em um bairro suburbano) e no 4.º ano: o tempo de estágio é maior em um sistema pré-profissional: ou seja, 8 horas por dia e com turnos à noite, também estágio de supervisão onde os estudantes do 4.º ano acompanham os alunos do 1.º ano no estágio de fundamentos de enfermagem. E, portanto, os estudantes do 4.º ano têm mais experiências em supervisão clínica prestada por técnicos de enfermagem. Setenta e cinco por cento (75 %) das práticas é realizado no HCB, que é o segundo maior hospital do país e também está localizado no segundo maior centro populacional do país. (24) Os participantes foram selecionados por amostra intencional ou de conveniência, uma vez que o objetivo era escolher pessoas que vivenciaram o fenômeno em estudo. Já que a investigadora principal não se encontrava em Moçambique, mas teve, a dada altura, contacto com alguns estudantes, a mobilização foi feita por um assistente da investigação, um médico graduado pela UCM que não pertencia ao departamento de enfermagem e não tinha contacto com os estudantes do último ano, o papel do assistente de investigação consistiu apenas em aplicar conhecimentos informados e não tinha competência para compreender o contexto de formação do futuro profissional de enfermagem, tratando-se de um médico de clínica geral. Foram 104 estudantes, dos quais 36 eram do sexo masculino e os restantes do sexo feminino. Desta forma, garantiu-se a voluntariedade e a liberdade de participar no projeto.
A investigadora principal preparou uma apresentação em vídeo na qual relatou em pormenor o objetivo do estudo e as condições de participação totalmente voluntária, incluindo informações sobre o assistente e a investigadora responsável, e enviou para o assistente que de seguida encaminhou para o grupo de WhatsApp da turma. Seguiu a fase de recrutamento que culminou com 14 assinaturas de Consentimentos Informados (CI), aplicados presencialmente pelo assistente. O estudo contou com os seguintes critérios de inclusão: ser estudante do último ano de enfermagem da UCM- FCS; ter concluído o estágio final (estágio integral) e manifestar vontade de participar no estudo, formalizada pela assinatura do consentimento informado. O critério de exclusão consistia em não ter concluído o estágio final (estágio integral). Não se considerou o critério de exclusão, devido à pandemia de COVID-19, houve atraso no programa, todo o grupo, todavia se encontrava no estágio integral, 2.º semestre do 4.º ano, e a sua participação foi voluntária. Sem embargo, foram obtidas 10 entrevistas com saturação de informação. (27)
A recolha de dados foi através de entrevistas em profundidade, entre outubro de 2021 e fevereiro de 2022, com uma única pergunta: (27) Qual tem sido a sua experiência sobre a supervisão clínica prestada pelos técnicos de enfermagem durante a sua formação profissional? A entrevista foi feita em português e conduzida de forma online pela investigadora principal via plataforma Zoom. A conexão dos estudantes na plataforma aconteceu nos estabelecimentos da UCM- FCS, onde havia um tablet com acesso à internet. O assistente conectava o participante na plataforma e deixava-o na sala. Já que não foi a investigadora principal quem aplicou os CI, no início das entrevistas cada participante era solicitado a revisar os termos do formulário de CI assinado para o esclarecimento no caso de dúvidas. A duração das entrevistas variou aproximadamente 40 minutos a 3 horas.
Análise de dados
As 10 entrevistas foram analisadas utilizando as cinco etapas descritas por Colaizzi. Ei-las: 1) para se familiarizar com a informação, as transcrições foram lidas e as gravações foram ouvidas, repetidamente, para se obter uma compreensão profunda da experiência; 2) devolveu-se as transcrições originais, e as declarações significativas foram extraídas; 3) interpretou-se o significado de cada afirmação significativa; 4) significados foram organizados em conjuntos de categorias e subcategorias; e 5) uma descrição abrangente foi escrita. Fez-se bracketing, que segundo Husserl significa suspender ou colocar entre parênteses todo o julgamento do real (experiência do investigador), a fim de se concentrar na experiência descrita pelo participante, para chegar à essência do fenômeno. (27)Adicionalmente, o software Dedoose versão 9.0.46 foi utilizado para esta análise, a fim de garantir a utilização eficiente e rigorosa de toda a informação obtida neste estudo. (29)
Confiabilidade dos dados
Como se trata de um estudo qualitativo, quatro critérios de rigor foram assegurados: credibilidade, fiabilidade, confirmabilidade e transferibilidade. (29) Nesta pesquisa assegurou-se a credibilidade dos resultados do estudo da seguinte forma: após completar a análise e os resultados do discurso, a investigadora principal preparou uma apresentação, compartiu-a com o assistente e em seguida ele encaminhou-a para 9 participantes, e eles sentiram-se identificados com a dinâmica social exposta. (27, 29) Relativamente à fiabilidade, as entrevistas foram gravadas em áudio e vídeo e foram transcritas logo após a sua realização. As categorias e subcategorias emergiram da análise de conteúdo, confirmando assim que os resultados do estudo foram determinados pelas experiências dos entrevistados e não da investigadora. Para este fim, também foram tomadas notas de campo quando fosse necessário ao longo de todo o percurso de recolha de dados. Por último, se os resultados são apropriados ou transferíveis depende de os resultados serem aplicáveis a outro contexto. Por conseguinte, para dar a conhecer a outros autores se os resultados são aplicáveis ao seu contexto, esta investigação fornece descrições pormenorizadas dos participantes e do processo de recolha e análise de dados. (29)
Aspectos éticos
O estudo é uma resposta a uma situação real que atualmente afeta a formação de enfermeiros licenciados da UCM-FCS, daí o seu valor científico e social. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê Ético-científico da Pontificia Universidad Católica de Chile, ID: 210715007, 2021. Foi solicitada e concedida a autorização do Reitor da UCM, do Director da FCS e da Coordenadora do Departamento de Enfermagem, de onde os participantes provêm. Os estudantes deram o seu CI para a participação voluntária na gravação em áudio e vídeo das entrevistas. Durante as entrevistas, o bem-estar dos participantes foi cuidadosamente monitorizado e acompanhado. Ninguém, exceto a investigadora e as suas supervisoras, teve acesso aos dados, para garantir a confidencialidade. Cada entrevistado foi identificado pela letra “P” (participante) e com um número.
Resultados
Características dos participantes
Os participantes do estudo foram 10 estudantes do último ano do Curso de Enfermagem, com idade entre 22 e 25 anos, todos sem filhos. Sete eram do sexo masculino, 9 eram solteiros, e também 7 eram da região centro do país e dominavam as línguas locais mais faladas no território que são Sena e Ndau, (30) e os outros 3 eram do norte de Moçambique. Nove deles não trabalhavam antes de ingressar na Universidade, e mais da metade não estavam empregados. Por fim, 9 deles não tinham atraso curricular.
Surgiram da análise das entrevistas quatro grandes categorias, suas respectivas subcategorias e propostas de melhorias, relacionadas com a percepção dos estudantes sobre a supervisão clínica, como se pode observar de forma detalhada na Tabela 1.
Tabela 1: Categorias, subcategorias e propostas melhorias
A percepção dos estudantes em relação ao supervisor acadêmico
O supervisor acadêmico neste estudo, refere-se ao docente empregado na instituição de ensino (Universidade), escolhido para supervisionar e facilitar a aprendizagem dos estagiários na prática clínica. A maioria dos participantes relatou boas experiências sobre o acompanhamento dos supervisores acadêmicos nos primeiros dois anos de formação. A presença dos supervisores acadêmicos foi tida como algo positivo por os supervisores e estudantes serem do mesmo nível, por haver respeito dos profissionais para com os estudantes e por existir enquadramento de conhecimento teórico à prática. Tal como mencionou um dos participantes:
Graças a Deus que no 1º e 2º ano tivemos supervisão (…), independentemente de serem estudantes ou profissionais da UCM, mas ajudou muito porque com as mesmas pessoas falávamos a mesma língua (P5).
Por outro lado, alguns participantes relataram que, a partir do 3° ano, havia ausência dos supervisores acadêmicos e às vezes se faziam presentes somente como mentores. Os entrevistados referiram que a ausência se devia ao menor número de docentes que, como consequência, não conseguia suprir o número cada vez mais elevado de estudantes. No momento do estágio, os estudantes referem sentir-se sozinhos, sem orientação sobre o que vão fazer no terreno, o que significa que não alcançam os objectivos do estágio e, consequentemente, sentem que a qualidade da sua formação é prejudicada pela supervisão. Um dos participantes fez saber que:
A partir do 2.° ou 3.° ano (…) a supervisão por parte dos docentes tem sido um pouco escassa, é normal uma semana só duas vezes (…) e não tem sido a tempo inteiro (…) somente para controlar as presenças, perguntar aos chefes ou enfermeiros que são nossos supervisores, sobre como que vai o estágio (P9).
A percepção dos estudantes em relação ao supervisor clínico
O supervisor clínico técnico de enfermagem de nível superior (TENS) neste estudo, é um enfermeiro técnico profissional empregado na instituição hospitalar (campo clínico), com uma duração de formação de 2 anos para o nível médio e de 1 ano e 6 meses para o médio especializado, que supervisiona o estudante de Licenciatura em Enfermagem num ambiente clínico. Entretanto, há que se destacar que a maioria dos entrevistados disse que porque os supervisores clínicos são TENS, mostraram algumas dificuldades na supervisão dos estudantes de nível superior, tais como a falta de esclarecimento de dúvidas, e sentiam-se ameaçados por os estudantes serem do ensino superior. Um dos participantes disse:
Isto dificultava um pouco, porque é sabido que um técnico para supervisionar um superior tem limitações, por mais experiência que a pessoa tenha na prática, mas tem certa teoria como um superior tem e ele não viu (…) e também eles pensam no sentido de que vocês não sabem nada, agora que estamos a vos supervisionar como básicos depois (…) virão aqui para serem nossos chefes e com o salário mais alto (…) então eu não tenho aquela tendência de poder vos supervisionar (P5).
Isto gerava tensão na relação entre supervisores clínicos e estudantes.
Os participantes relataram ainda que os supervisores clínicos, em retaliação à ameaça, contradiziam o conhecimento teórico que os estudantes traziam da Universidade para aplicar no campo clínico. Ademais, a falta de remuneração dos supervisores clínicos tornava-os desmotivados para acompanhar os estudantes. Os entrevistados também notaram que a má orientação por parte de alguns dos supervisores clínicos se devia à falta de formação contínua em supervisão de estudantes. Como foi referido por um dos participantes:
Eu estava a inserir catéter venoso, falhei (…), mas o meu supervisor não teve a colaboração, paciência de dizer (…), veja como eu vou pegar o catéter e como vou inserir para que, da próxima, faça o mesmo (…) ele ficou zangado comigo e disse que esses estudantes não sabem nada, que vêm aqui passear (P1).
Os entrevistados salientaram que, ainda em resposta à ameaça e à falta de remuneração, os supervisores clínicos mostravam má disposição e reação no ambiente de prática, isto é, comportamentos agressivos e abusivos, como a falta de respeito, exclusão da equipe de trabalho e resistência às iniciativas dos estudantes por serem do ensino superior. Conforme foi mencionado por um dos participantes:
Você um mês num setor obviamente (…) passa um maltrato perigoso, porque conversam entre eles (os supervisores clínicos), então quando não vai com a sua cara conversam com outros colegas (P6).
A percepção dos estudantes em relação ao contexto
O contexto neste estudo, refere-se ao ambiente clínico onde os estudantes podem aprender e desenvolver habilidades clínicas de enfermagem numa situação da vida real, sob a orientação de um profissional experiente (31). Alguns participantes ao relatarem a sua experiência mencionaram a falta de material como uma das razões para o mal atendimento aos pacientes. Notaram também, com desagrado, que os profissionais de saúde já não seguiam as regras de assepsia. Um dos entrevistados revelou:
Em alguns setores, devido à falta de material, as mães tinham de comprar (…), e às vezes compartilhavam seringas, e por falta de condições, catéteres duravam mais de 2 ou 3 semanas, isso pode causar infecção na criança (…), e a pandemia da COVID-19 afetou (…), houve tempo que paramos por mais de 5 meses, ano 2020, quando voltamos no 3°, 4° ano foi tudo às pressas, até estágio. Talvez poderíamos ter a supervisão dos docentes, mas não tinham como (…) há módulos que fazíamos em uma semana (P10).
Outrossim, alguns entrevistados mencionaram a falta de recursos humanos. Há menor número de enfermeiros licenciados e TENS no campo de estágio, que acabam sobrecarregados e, portanto, dando muito trabalho aos estudantes do 3º e 4º anos sob justificativa de que já deveriam ser experientes em alguns procedimentos. Um dos participantes atestou:
Os profissionais próprios de enfermagem são poucos para suprir todos os alunos que entram (…), e acabam por nos pressionar muito, dando-nos toda a carga (…), tipo temos que fazer todas as atividades (P2).
Os participantes relataram tanto experiências positivas como negativas sobre a diversidade cultural no ambiente de prática. Alguns afirmaram que os supervisores clínicos de alguns setores mantinham as suas culturas em reserva, sendo neutros, enquanto outros utilizavam a sua língua materna para criticar os estudantes. Para estudantes poliglotas, foi uma boa experiência. Para outros, não foi fácil estagiar num hospital com profissionais de culturas diferentes e que interagiam melhor e prestavam mais atenção ao estudante que era do mesmo grupo étnico. Alguns entrevistados disseram:
A minha cultura ajudou e ajuda-me muito (…), porque eu entendo, Ndau, Sena, há profissionais que conversam comigo, eu respondo-lhes e depois, se a conversa não é relevante, não é prolongada, eles percebem que eu entendo (P6).
Os supervisores se interessam mais e ficam muito mais próximos daqueles estudantes que são do mesmo grupo étnico, por exemplo falo Guitonga com um paciente, supervisor que é de Inhambane percebe que é conterrâneo, aproxima-se, tornam-se amigos e dão-lhe mais tempo de atenção em comparação com os colegas que são de um grupo étnico diferente (P9).
Por fim, alguns participantes relataram que a pandemia da COVID-19 foi um impacto positivo no seu estágio porque os supervisores clínicos estiveram mais próximos e atenciosos aos estudantes. Por outro lado, alguns relataram experiências negativas porque tiveram pouco tempo nas práticas clínicas. Alguns dos entrevistados asseveraram:
A pandemia da COVID-19 afetou de maneira positiva, porque temos que prestar muita atenção na realização de qualquer atividade (…) e os profissionais supervisores ficaram um pouco mais atenciosos e próximos dos estudantes, (…) esclarecendo as dúvidas, pensavam que talvez poderia chegar a inspeção e os estagiários a realizarem procedimentos sem a presença deles (P9).
Alguns participantes referiram ainda que a forma como os pacientes portadores de VIH são tratados é muito diferente dos outros e que existe muita estigmatização, os procedimentos são malfeitos a estes pacientes, são maltratados e o que pode até levar à morte. Por outro lado, dependendo do seu estatuto social, os pacientes de baixo estatuto são menos respeitados e maltratados, como relataram os entrevistados:
Eu vi uma senhora que tinha 33 anos e que era soropositiva há 5 anos e já estava a fazer TARV (tratamento antirretroviral), (...) e fez uma histerectomia, (...), a sutura em si, é lamentável, e os outros profissionais de saúde acabaram comentando (...), sutura mal feita, abriram demasiado o abdómen, foi desde a sínfise púbica até à região hipogástrica, que é o processo xifoide, abriram o abdómen todo (...). Isso mostra que um paciente soropositivo (...) é tratado de forma muito diferente (P5).
Também me lembro da parte das visitas, (...) quando chega alguém com calças e casaco (classe alta), até às 10 horas pode entrar para visitar o familiar doente, mas quando é qualquer outra pessoa não pode entrar (P7).
A percepção dos estudantes sobre si mesmos
Os estudantes neste estudo, refere-se aos formandos do curso de Licenciatura em Enfermagem da UCM-FCS no campo clínico. Os participantes relataram que se sentiram muito desorientados durante as práticas clínicas, devido à falta de acompanhamento dos supervisores acadêmicos, o que contribui para o não cumprimento dos objetivos do estágio. Para os entrevistados, isso coloca em causa a qualidade da formação dos futuros enfermeiros licenciados graduados pela UCM, bem como por outras instituições. Como alguns dos participantes referiram:
Às vezes os supervisores dos hospitais dão-nos tarefas que não têm haver com enfermagem, enquanto nós estaríamos a aprender técnicas que eles sabem e que poderiam nos ensinar, mas (…) quando não está agente de serviço, estudantes vão limpar chão, carregar água, caixas, onde fazemos tudo isso podem passar duas horas (P10).
Ouvimos dizer que no próximo ano vão introduzir o método clássico, vai ser o pior (...) para a UCM, mesmo com o PBL agora não estão a conseguir controlar os estudantes, a qualidade não é como de antes, mesmo metade de nós, estamos a sair com um pouco daquela qualidade, devido à supervisão que temos, mas a partir do 3.º ano para baixo nada (P6).
Ademais, os estudantes consideraram os momentos de prática clínica como um pesadelo, devido ao tratamento dado pelos supervisores clínicos, que os desmotivava e não os fez usufruir da aprendizagem tanto quanto deveriam. Tal como referido por um dos participantes:
Cada situação no ambiente de estágio é triste, você só fica querendo horas de saída deste setor (…), porque você chega, os enfermeiros entendem te insultam (P6).
Os participantes afirmaram que mesmo que sejam desmotivados e experimentem as práticas clínicas como momentos desagradáveis, eles têm a esperança de um dia se formarem, por isso se dedicavam muito no estágio e, como consequência, ganhavam mais experiência e habilidades nas práticas. Um dos entrevistados revelou:
Temos suportado muito desde o 1.° ano, não é hoje que já estamos no fim, apesar de que dizem que a bagagem pesa muito no final, para descarregá-la é difícil, não há coisas fáceis, por isso às vezes seguramos o coração, vamos ao vestiário choramos e passa (...) é para contar no futuro (P6).
Propostas de melhorias
Algumas propostas de melhorias surgiram dos participantes com vista uma supervisão clínica de qualidade e aprendizagem bem-sucedida dos estudantes de enfermagem. Os participantes sugeriram que tem de haver a presença de supervisores acadêmicos no ambiente de estágio porque eles ensinam a teoria e sabem como acompanhar cada estudante. Um dos participantes afirmou:
Para mim, deveríamos ter um acompanhamento desde o 1.º até ao 4.º ano, os docentes que nos dão as aulas teóricas deveriam ser os mesmos até no nosso campo prático, (...) eles já nos conhecem desde a sala de aula que tal aluno requer muita atenção (P8).
Os participantes propuseram ainda a implementação de algumas estratégias para melhorar o processo de supervisão clínica, como um programa de formação para supervisores clínicos TENS. Além disso, profissionais de saúde e estudantes deveriam informar-se sobre a cultura da comunidade em que irão trabalhar, de modo a ter informação fundamental. Alguns dos entrevistados atestaram:
Dizem que quem educa deve ser um exemplo para motivar o aluno (P7).
Os supervisores deveriam ter formação contínua em termos de supervisão, porque nem todos sabem como supervisionar. Poderiam aprender a ser mais pacientes em relação a esse processo (…) e procurar saber exatamente qual é a língua que lá se fala. Pelo menos para conhecer coisas básicas, isso pode ajudar na relação com os pacientes (P8).
Por fim, as entrevistas permitiram que os participantes desabafassem com relação às suas experiências cotidianas sobre a supervisão durante as práticas clínicas, conforme um dos entrevistados revela:
Depois dessa conversa me sinto um pouco mais aliviado porque ninguém agora aparece para perguntar, (…) como foi o estágio? Desde o início até aqui, tem muita coisa que nós precisamos tirar (…) e você acabou de fazer isso (…) por me escutar (P9).
Discussão
A supervisão clínica é deveras importante na carreira de enfermagem. (1, 2) Existem alguns estudos internacionais que abordam a questão a partir das experiências dos estudantes, bem como dos supervisores clínicos, a nível universitário. (1, 3, 5, 7, 8, 32) Neste estudo, procuramos o diferente, explorando as experiências dos estudantes de nível de licenciatura sobre a supervisão clínica prestada pelos TENS.
A nível mundial há poucas pesquisas sobre as experiências dos enfermeiros auxiliares, em Moçambique conhecidos como técnicos de enfermagem, em supervisão clínica, dado que eles exercem alguma função no processo. Na Austrália, o papel do enfermeiro auxiliar é pertinente, quando o supervisor clínico nomeado pela universidade/campo clínico não faz parte da enfermaria ou quando pacientes são designados aos estagiários. (33) Ambos são continuamente capacitados para tal. Mesmo assim, o enfermeiro auxiliar é considerado educador clínico informal. (33) Solicita-se-lhe feedback formativo sobre o desempenho dos estudantes ao longo do seu turno, mas não participa na avaliação formal deles. (33) Diferente da Austrália, em Moçambique os técnicos de enfermagem desempenham um papel importante nas práticas clínicas dos estudantes, acompanhando-os durante o processo, mas não tem uma formação contínua para tal, o que faz com que o acompanhamento seja insatisfatório para os estudantes. Em Uganda, os enfermeiros não licenciados também participam na supervisão clínica dos estudantes de licenciatura. Um estudo realizado num hospital regional de Uganda sobre as percepções dos enfermeiros em exercício (TENS) acerca da sua preparação para a supervisão clínica de estudantes de licenciatura em enfermagem, mostra que os TENS se sentem preparados para a supervisão clínica de estudantes de licenciatura em enfermagem, sem embargo necessitam de apoio para desempenhar o papel de supervisor clínico de estudantes de licenciatura em enfermagem. (34)
Relativamente à supervisão clínica prestada por enfermeiros licenciados, foi encontrada uma referência a descrever como uma experiência positiva o apoio dos supervisores clínicos aos estudantes, que os ajuda a aliviar o medo por ser o seu primeiro contacto com pacientes. (1) Uma outra referência foi identificada e descrevia a insegurança laboral como a razão da supervisão clínica inadequada, ou seja, os supervisores clínicos sentiam-se ameaçados por serem do mesmo nível dos estudantes e ressentidos pela falta de remuneração. (3) Contudo, neste estudo, a ameaça era o facto de os estudantes serem universitários.
Um estudo constatou uma tensão na relação entre os supervisores clínicos e os estudantes (confusão educativa), em que os supervisores clínicos forçavam os estudantes a cumprir com as suas exigências e, por falta de clareza nos deveres dos estudantes, não clarificavam as dúvidas sobre as práticas clínicas a ser realizadas, ignorando por completo as suas preocupações. (7) É importante referir que, neste estudo, também se obtiveram respostas idênticas, no entanto, por razões diferentes: falta de remuneração e limitações na supervisão de estudantes do ensino superior. No mais, não havia programas de formação contínua em matéria de supervisão clínica.
Um estudo realizado na África do Sul, com o objetivo de “explorar as experiências dos estudantes de licenciatura em enfermagem no âmbito de supervisão clínica” também foram encontradas experiências negativas, tais como comportamentos abusivos, isto é, “abuso de poder” no campo clínico. (1) Outrossim, um estudo realizado no Irão com o objetivo de “explicar as experiências dos estudantes de enfermagem iranianos em relação ao seu ambiente de aprendizagem clínica” também se referiu às dificuldades durante o estágio clínico, como a exclusão dos estudantes da equipa de trabalho. (7) Assim como a resistência às iniciativas dos estudantes, que era um empecilho para o empoderamento dos estudantes nas práticas clínicas.
Também foram encontrados estudos que revelam a comunicação e a coordenação inadequadas entre as Universidades e as instituições de prática, (6) bem como a ausência dos supervisores académicos no ambiente clínico devido ao número inadequado de pessoal. (32) Os relatos apresentados neste estudo demonstraram que, esses aspetos dificultavam o processo de aprendizagem dos estudantes.
Os recursos materiais são importantes para a educação e aprendizagem em enfermagem, porque ajudam os estudantes a tornar-se competentes. A falta destes materiais pode fazer com que os estudantes se sintam perdidos, sem auxílio. (32) Um estudo sobre o ambiente clínico revelou que na falta de recursos materiais, os estudantes sentiram-se desamparados, sem apoio. (18) Ademais, os supervisores clínicos executavam as técnicas de assepsia inadequadamente. Alguns estudos internacionais mostram ainda que existe escassez de recursos humanos no contexto clínico, (3, 32) todavia, há maior número de estagiários, o que pode levar a um acompanhamento menos abrangente e, desta maneira, afetando a aprendizagem dos estudantes. (32, 35, 36)
Na mesma senda, um estudo australiano sobre “fatores que afetam a aprendizagem clínica de estudantes de diferentes origens culturais e linguísticas” (37) revelou que existia discriminação de supervisores contra estudantes. Os supervisores conversavam entre eles na sua língua materna enquanto supervisionavam os estudantes, o que acabava sendo experiências negativas de aprendizagem para os estudantes. (37) O presente estudo revelou que havia boas relações entre supervisores clínicos e estudantes do mesmo grupo étnico, o que configurava exclusão dos estagiários de outras etnias.
A pandemia da COVID-19 teve um impacto notável em todo o mundo, especialmente no setor da saúde. Já que se trata de um tema novo, não há muitos estudos a respeito. Um estudo da Bélgica revelou que a maioria dos participantes se sentia apoiado pelos supervisores acadêmicos e clínicos devido à pandemia. (38) No entanto, neste estudo, a atenção centra-se nos supervisores clínicos TENS em relação aos estudantes. Por outro lado, os estudantes reclamaram do curto tempo da prática clínica causado pela pandemia, o que também contribuiu de forma negativa na sua aprendizagem. De referir, porém, encontrou-se um artigo de discussão que aborda a relevância da colaboração entre ambas as instituições (clínica e educativa) para uma melhor supervisão clínica dos estudantes durante a pandemia da COVID-19. (39)
A falta de acompanhamento dos supervisores acadêmicos durante o estágio pode levar os estudantes a aprender procedimentos inadequadamente e a perder o interesse pela profissão. (3) Um estudo feito em Malawi revelou que alguns estudantes eram obrigados a realizar atividades rotineiras não relacionadas com a enfermagem durante o estágio, o que dificultava o seu processo de aprendizagem. (32) No presente estudo, tais comportamentos fazem com que os estudantes não alcancem as metas desejadas. Fazem-nos também acreditar que a qualidade de formação de enfermeiros licenciados está a diminuir.
O presente estudo também trouxe novos resultados: os estudantes consideraram as práticas clínicas um tormento devido ao ambiente clínico inadequado. Ainda assim, eles tinham a esperança de um dia se formar, por isso se focavam no estágio e em ganhar mais habilidades. Ademais, com este estudo, os entrevistados ficaram esperançosos nas mudanças para estudantes vindouros. Acharam este estudo extremamente importante para o ensino e aprendizagem em enfermagem em Moçambique e sugeriram que os supervisores acadêmicos acompanhassem os estudantes durante os estágios e que os supervisores clínicos TENS fossem capacitados em matéria de supervisão clínica.
Constituiu limitação para esta pesquisa a falta dos pareceres dos supervisores clínicos, dado que a investigadora principal não se encontrava em Moçambique. Portanto, espera-se que as investigações futuras explorem os pontos de vista dos supervisores acadêmicos e clínicos. Ainda neste estudo, os entrevistados relataram que havia discriminação contra pacientes soropositivos com base na classe social no contexto clínico. Os pacientes de classe baixa eram menos respeitados e mal atendidos. Por conseguinte, sugere-se também uma pesquisa futura sobre este tema no âmbito hospitalar.
Conclusão
O objetivo do presente estudo consistiu em: descrever as experiências dos estudantes do último ano do Curso de Enfermagem da Universidade Católica de Moçambique sobre a supervisão clínica prestada pelos técnicos de enfermagem, os resultados revelaram que apesar dos estudantes terem tido uma experiência positiva com a presença de supervisores acadêmicos nos primeiros dois anos de formação e com o apoio de supervisores clínicos durante o estágio, eles passaram por muitos desafios no campo clínico, que a dada altura afetaram negativamente a sua aprendizagem, como a ausência de supervisores acadêmicos durante os últimos dois anos de formação, a má relação com os supervisores clínicos, a falta de recursos humanos e materiais, a diversidade cultural no ambiente de prática e a pandemia da COVID-19. O que demonstra que muitos aspetos no ambiente de aprendizagem clínica têm de ser melhorados. A Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade Católica de Moçambique, especialmente o Departamento de Enfermagem, precisa de ter um modelo inovador de supervisão clínica dos estudantes, que implica mais participação dos supervisores acadêmicos no ambiente das práticas clínicas e formação contínua dos supervisores clínicos em matéria de supervisão dos estudantes, apesar da sua enorme experiência no campo.
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Disponiblidade de dados: O conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo está disponível mediante solicitação ao autor correspondente.
Contribuição de autores (Taxonomia CRediT): 1. Conceitualização; 2. Curadoria de dados; 3. Análise formal; 4. Aquisição de financiamento; 5. Pesquisa; 6. Metodologia; 7. Administração do projeto; 8. Recursos; 9. Software; 10. Supervisão; 11. Validação; 12. Visualização; 13. Redação: esboço original; 14. Redação: revisão e edição.
C. S. N. contribuiu em 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14; F. M. D. em 1, 6, 7, 10, 11, 12, 13, 14; C. L. R. em 1, 6, 10, 11, 12, 13, 14.
Editora científica responsável: Dra. Natalie Figueredo.
10.22235/ech.v13i1.3665
Original Articles
Undergraduate Nursing Students’ Experiences of Clinical Supervision at a University in Mozambique
Experiências de estudantes do curso de licenciatura em enfermagem sobre supervisão clínica em uma universidade de Moçambique
Experiencias de estudiantes de licenciatura en enfermería sobre la supervisión clínica
en una universidad de Mozambique
Cristina Simão Nota1, ORCID 0000-0002-0441-9816
Francisca Márquez-Doren2, ORCID 0000-0001-8093-4687
Camila Lucchini-Raies3, ORCID 0000-0001-5704-9778
1 Pontificia Universidad Católica de Chile, Chile
2 Pontificia Universidad Católica de Chile, Chile
3 Pontificia Universidad Católica de Chile, Chile, clucchin@uc.cl
Abstract:
Objective: To describe the experiences of final year nursing students at
the Catholic University of Mozambique regarding the clinical supervision done
by nursing technicians.
Method: A qualitative-phenomenological study carried out with final year
nursing students at the Catholic University of Mozambique. The in-depth
interview was the technique used to collect data, which was analyzed using
Content Analysis.
Results: The results were divided into four main categories that emerged
from the analysis of the interviews and are related to 1) the students'
perception of the academic supervisor, highlighted by the presence and absence
of teaching staff in the clinical setting; 2) the clinical supervisor made
explicit by the nursing technical supervisors, with subcategories on the higher
level student as a threat to the technical nurse, tension in the relationship
between clinical supervisors and students, disposition and reaction of clinical
supervisors; 3) the context, represented by the lack of material and human
resources, cultural diversity and the COVID-19 pandemic; and 4) the perception
about themselves as students, divided into lack of orientation in the clinical
setting, living the clinical practice as a nightmare and hope during the
experience. Some proposals for improvement are also presented.
Conclusion: The results of this study have helped to describe the
phenomenon studied, revealing the students’ perception about clinical supervision
and the effect of the context that this relationship develops. These results
will help to evaluate how to improve clinical supervision by identifying an
innovative model to follow. This action is essential for the professional
development of nursing students.
Keywords: nursing education; preceptorship; nursing students; nursing.
Resumo:
Objetivo: Descrever as experiências dos
estudantes do último ano do Curso de Enfermagem da Universidade Católica de
Moçambique sobre a supervisão clínica prestada pelos técnicos de enfermagem.
Método: Estudo qualitativo-fenomenológico, realizado com estudantes do último
ano do Curso de Enfermagem da Universidade Católica de Moçambique. A entrevista
em profundidade foi a técnica utilizada para recolha de dados, analisados
através da análise de conteúdo.
Resultados: Os resultados foram divididos em quatro categorias
principais que emergiram da análise das entrevistas e dizem respeito 1) à
percepção dos alunos sobre o supervisor acadêmico, destacada pela presença e
ausência de docentes no ambiente clínico; 2) ao supervisor clínico explicitado
pelos supervisores técnicos de enfermagem, com subcategorias sobre o aluno de
nível superior como ameaça ao enfermeiro técnico, tensão na relação entre
supervisores clínicos e alunos, disposição e reação dos supervisores clínicos;
3) ao contexto, representado pela falta de recursos materiais e humanos,
diversidade cultural e pandemia de COVID-19; e 4) à percepção de si mesmos como
alunos, dividida em falta de orientação no ambiente clínico, vivência da
prática clínica como um pesadelo e esperança durante a experiência. Também são
apresentadas algumas propostas de melhorias.
Conclusão: Os resultados deste estudo permitiram descrever o fenômeno em
estudo, revelando a percepção dos estudantes sobre a supervisão clínica e o
efeito do contexto em que esta relação se desenvolve. Estes resultados servirão
para avaliar a forma de melhorar a supervisão clínica através da identificação
de um modelo inovador a seguir. Esta medida é essencial para o desenvolvimento
profissional dos estudantes de enfermagem.
Palavras-chave: educação em enfermagem; preceptoria; estudantes de enfermagem; enfermagem.
Resumen:
Objetivo: Describir las experiencias de los
estudiantes de último año de enfermería de la Universidad Católica de
Mozambique en relación con la supervisión clínica realizada por los técnicos de
enfermería.
Método: Estudio cualitativo-fenomenológico realizado con estudiantes de
último año de enfermería de la Universidad Católica de Mozambique. La
entrevista en profundidad fue la técnica utilizada para la recolección de
datos, que fueron analizados a través del análisis de contenido.
Resultados: Los resultados se dividieron en cuatro categorías
principales que surgieron del análisis de las entrevistas y están relacionadas
con 1) la percepción de los estudiantes sobre el supervisor académico, destacada
por la presencia y ausencia de personal docente en el entorno clínico; 2) el
supervisor clínico explicitado por los supervisores técnicos de enfermería, con
subcategorías sobre el estudiante de nivel superior como amenaza para el
enfermero técnico, tensión en la relación entre supervisores clínicos y
estudiantes, disposición y reacción de los supervisores clínicos; 3) al
contexto, representado por la falta de recursos materiales y humanos, la
diversidad cultural y la pandemia COVID-19; y 4) a la percepción sobre ellos
mismos como estudiantes, dividido en la falta de orientación en el entorno
clínico, el vivir las prácticas clínicas como una pesadilla y la esperanza
durante la experiencia. También se presentan algunas propuestas de mejora.
Conclusión: Los resultados de este estudio han permitido describir el
fenómeno estudiado, revelando la percepción de los estudiantes sobre la
supervisión clínica y el efecto del contexto en el que se desarrolla esta
relación. Estos resultados servirán para evaluar cómo mejorar la supervisión
clínica, identificando un modelo innovador a seguir. Esta medida es esencial
para el desarrollo profesional de los estudiantes de enfermería.
Palabras clave: educación en enfermería; preceptoría; estudiantes de enfermería; enfermería.
Received: 06/09/2023
Accepted: 16/03/2024
Introduction
Several countries around the world have taken an interest in the subject of clinical supervision in nursing, which is professional support for students. Its aim is to help trainees develop professional skills and confidence, integrate them in the clinical setting and therefore foster the transfer of theoretical knowledge into practice, thus ensuring better patient care. (1, 2) After all, “for trainees to be properly prepared, they need to be guided and supervised”. (3) Nurses play an important role in this process for the development of nursing students’ competence, acting as a source of support in the context of clinical practice to fortify nursing students’ professionalism. (2, 3)
Most research on clinical supervision in nursing has focused on the experiences of students and clinical supervisors, with positive experiences being found as a result, for example, the support given to students by supervisors. There are also negative experiences, which serve as barriers to students’ education and learning. These include an inadequate clinical setting; abuse of power (experiences related to abusive behaviour); supervisors’ incompetence; supervisors’ lack of continuous training in formative skills; lack of implementation of strategic tools to facilitate clinical supervision (innovative models of clinical supervision); clinical supervisors’ absence (lack of availability of supervisors who do not yet support learning); short formative evaluation procedures; and lack of formal recognition of supervisors’ roles. The need to implement innovative models of clinical supervision that allow for a structured and formal process is a concern in several countries around the world. (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9)
Innovative models of clinical supervision for nursing students and midwives are being developed worldwide, consisting of collaboration between the institutions involved in this process (university and clinical field) and the participation of the triad academic supervisor, clinical supervisor and student, with the aim of promoting successful learning in students, an effective and rewarding clinical environment for the triad and improving public health. (1, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16) Among these, the Partnership Participation Model (PEM, acronym in Portuguese) is the most tried and used in several countries around the world and it consists of each member of the partnership, the triad (academic supervisor, clinical supervisor and student), being responsible for the quality and effectiveness of the clinical learning activities, with a continuous commitment from planning to evaluation. (15,16) Studies conducted show that the use of such models improves the clinical learning setting and the supervisor’s competence. (11, 14, 15, 16)
Several African countries, including Ghana, Kenya, Malawi, Uganda, and South Africa, have shown concern regarding clinical supervision in nursing. Studies conducted in these countries have explored the experiences of nursing students and clinical supervisors in terms of clinical supervision, revealing both positive and negative influences on the process. Negative experiences reported in African countries often align with those observed globally. However, there are issues that, in some African countries, continue to be factors that negatively influence clinical supervision, such as lack of human resources and supervisors’ lack of remuneration. In view of this, it is necessary to look for strategies to improve clinical supervision and support for students. Additionally, nurse educators need to receive continuous training, plan clinical supervision and support effectively in order to promote competent nursing students. (2, 3, 17, 18, 19, 20) There is evidence that clinical supervision is a complex and dynamic educational perspective that can have both positive and negative aspects. (1, 3, 21) Therefore, the student’s experience in the clinical field is very important, as it can have a significant impact on their learning.
Mozambique is a country in Eastern and Southern Africa that became independent in 1975, and was then devastated by a civil war that ended in 1992. (22) After these long periods of war, most of the main health technicians left the country, resulting in a serious shortage of personnel to meet the needs in this field. The Mozambican government set out new strategies to train nurses at elementary and basic levels. This training lasted for many years. In 1980, the need arose to promote complementary and specialisation courses in different areas of nursing. At the same time, technical-professional health careers were established, divided into four levels: elementary, basic, middle-level and specialised middle-level. (23) In 2003, Maputo approved the creation of Instituto Superior de Ciências de Saúde (ISCISA), the first higher institute of health sciences, with higher education in various areas of health, including nursing. (23) Currently, the country has three levels of nursing training: middle-level, specialised middle-level and Bachelor’s Degree. For the general nursing technician (middle-level), the duration is 2 years and for the specialised technician (specialised middle level) it is 1 year and 6 months, both with competency-based training (CBT) “knowing how to do”. It focuses on the specific knowledge, attitudes and skills needed to carry out the procedure or activity. And as for the Bachelor’s Degree in Nursing, “nurse A”, the training lasts 4 years and emphasises competence in the student’s human development for humanised care and the future professional’s critical thinking and ability to intervene promptly with scientific knowledge. (24) In 2008, Universidade Católica de Moçambique (Catholic University of Mozambique), UCM in short, began offering Bachelor’s Degree in Nursing. The course lasts four years and uses the PBL (Problem-Based Learning) teaching method. (24) Clinical supervision, however, is an informal process, in which the university contacts a middle-level or middle-skilled nursing technician, depending on the area of practice, with no ongoing training in supervision and assigns them to supervise a group of students. (24) The lecturers and management of the Faculty of Health Sciences (FCS, acronym in Portuguese) at UCM act as mentors to control the process (24). Furthermore, in Mozambique there is a shortage of human resources. Existing health professionals cannot cover the large number of students entering the clinical field. Currently, there is one nurse for every 2,000 inhabitants, (22) and the majority are technicians.
As mentioned in the previous paragraph, at this embryonic stage, university students are supervised by nursing technicians. (24) According to Patricia Benner’s “from novice to expert” theory, clinical supervision is necessary for each stage in nurse training, and it is recommended that students be mentored by competent but not expert nurses, and guided by formal supervision programmes, to improve student and patient satisfaction, as well as organisational quality. (25, 26) No previous studies related to this topic were found in Mozambique. Therefore, a study exploring nursing students’ experiences of clinical supervision in the local context is relevant. The study aims to understand the experiences of final-year nursing students at UCM regarding clinical supervision provided by nursing technicians, in order to improve nursing education and learning (clinical supervision).
Methodology
Type of study
This study used the constructivist-qualitative paradigm, (27) according to which each participant has a subjective perception and discourse about the phenomenon. The research design used phenomenology, which is a philosophical method developed by Edmund Husserl (1859-1938), (28) it is concerned with how things or phenomena are experienced from a first-person perspective and describes common meaning, with the purpose of explaining the structure or essence of the lived experience of a phenomenon from the perspective of the unity of meaning, which is the identification of the essence of a phenomenon and its precise description through everyday lived experience. (27, 29) This is descriptive phenomenology, which consists of directly exploring, analysing and describing particular phenomena as freely as possible. The three steps of descriptive phenomenology were followed: (1) intuit; (2) analyse; and (3) describe. When in the first stage, intuiting, one became totally immersed in the phenomenon under study, one began to get to know the phenomenon described by the participants. Any criticism, evaluation or opinion was avoided and rigorous attention was paid to the phenomenon under study as it was described; the second stage consists of phenomenological analysis, which consisted of identifying the essence of the phenomenon under study from the data obtained and the way it was presented, as the descriptions were listened to, common themes or essences began to emerge; the third stage is phenomenological description, in which the written and verbal descriptions of the phenomenon were collected, classified and grouped. (29) This methodological approach was instrumental in addressing the research question: What are the experiences of final-year nursing students at Universidade Católica de Moçambique regarding the clinical supervision provided by nursing technicians? Additionally, it facilitated the achievement of the research aim.
Sample
The research participants were students in the 4th year of the bachelor’s degree in Nursing, as they begin clinical practice in the 2nd semester of the 1st year, in the Medicine sectors (Fundamentals of Nursing) at Hospital Central da Beira (Beira Central Hospital), HCB in short, to put basic nursing skills into practice. In the 2nd year, students have internships throughout the year. First semester, medical surgical internship at HCB; second semester, obstetrics internship at the health centres of Macurungo, Manga Mascarenha and Munhava (Beira-Sofala-Mozambique), which means that the internship hours are more extensive. In the 3rd year, the first semester is a paediatrics, emergency and psychiatry internship at HCB; and in the second semester, a community health internship with vulnerable families (which takes place in a suburban neighbourhood); and in the 4th year, the internship time is longer in a pre-professional system, that is, 8 hours a day and with night shifts, as well as a supervision internship where the 4th year students accompany the 1st year students in the fundamentals of nursing internship. Therefore, 4th year students have more experience of clinical supervision by nursing technicians. Seventy-five percent (75 %) of the practicals are carried out at HCB, which is the second largest hospital in the country and is also located in the country’s second largest population centre. (24) The participants were selected by purposive or convenience sampling, since the aim was to choose people who had experienced the phenomenon under study. Since the principal investigator was not in Mozambique, but had contact with some of the students at some point, the mobilisation was carried out by a research assistant, a doctor who is UCM alumnus and was not part of the faculty’s nursing department and had no contact with the final-year students. The role of the research assistant consisted only of applying informed knowledge and was not competent to understand the training context of the future nursing professional, as he was a general practitioner. There were 104 students, of whom 36 were male and the rest female. In this way, they were guaranteed voluntary participation and freedom to take part in the project.
The principal investigator prepared a video presentation detailing the purpose of the study and the conditions of completely voluntary participation, including information about the assistant and the researcher in charge, and sent it to the assistant who then forwarded it to the class WhatsApp group. This was followed by the recruitment phase, which culminated in 14 signed Informed Consents (ICs), applied in person by the assistant. The study had the following inclusion criteria: being a final-year nursing student at UCM-FCS; having completed their final internship (full internship) and expressing their willingness to take part in the study, formalised by signing the informed consent form. The exclusion criterion was not having completed the final internship (full internship). The exclusion criterion was not considered because of the COVID-19 pandemic, there was a delay in the programme, the entire group was still in the full internship, 2nd semester of the 4th year, and their participation was voluntary. Ten interviews were obtained with information saturation. (27)
Data was collected through in-depth interviews, between October 2021 and February 2022, with a single question: (27) What has been your experience of the clinical supervision provided by nursing technicians during your professional training? The interview was conducted in Portuguese language and online by the principal investigator via the Zoom platform. The students were connected to the platform at UCM-FCS establishments, where there was a tablet with Internet access. The assistant connected the participant to the platform and left them in the room. Since it was not the principal investigator who applied the ICs, at the beginning of the interviews each participant was asked to review the terms of the signed IC form for clarification in case of doubts. The duration of the interviews varied from approximately 40 minutes to 3 hours.
Data análisis
The ten interviews were analysed using the five steps described by Colaizzi, namely: 1) to become familiar with the information, the transcripts were read and the recordings were listened to, repeatedly, in order to gain a deep understanding of the experience; 2) the original transcripts were returned, and the significant statements were extracted; 3) the meaning of each significant statement was interpreted; 4) meanings were organised into sets of categories and subcategories; and 5) a comprehensive description was written. Bracketing was done, which according to Husserl means suspending or bracketing all judgment of the real (the researcher’s experience) in order to focus on the experience described by the participant, to get to the essence of the phenomenon. (27) In addition, the software Dedoose version 9.0.46 was used for this analysis to ensure the efficient and rigorous use of all the information obtained in this study. (29)
Data reliability
As this is a qualitative study, four rigor criteria were ensured: credibility, reliability, confirmability and transferability. (29) In this research, the credibility of the study results was ensured in the following way: after completing the discourse analysis and results, the principal investigator prepared a presentation, shared it with the assistant and then he forwarded it to nine participants, and they felt identified with the social dynamics exposed. (27, 29) In terms of reliability, the interviews were audio and video recorded and transcribed immediately afterwards. The categories and subcategories emerged from the content analysis, thus confirming that the results of the study were determined by the interviewees’ experiences and not the researchers. To this end, field notes were also taken when necessary, throughout the data collection process. Finally, whether the results are appropriate or transferable depends on whether the results are applicable to another context. Therefore, in order to let other authors know whether the results are applicable to their context, this research provides detailed descriptions of the participants and the data collection and analysis process. (29)
Ethical aspects
The research is a response to a real situation that currently affects the training of nursing students at UCM-FCS, hence its scientific and social value. The research project was approved by Ethical-Scientific Committee of Pontificia Universidad Católica de Chile, ID: 210715007, 2021. Permission was sought and granted from the Rector of UCM, the Director of FCS and the Coordinator of the Nursing Department, from which the participants come. The students gave their consent to voluntarily participate in the audio and video recording of the interviews. During the interviews, the participants’ well-being was carefully monitored and followed up. No one except the researcher and her supervisors had access to the data, to ensure confidentiality. Each interviewee was identified by the letter “P” (participant) and a number.
Results
Characteristics of the participants
The research participants were ten final-year nursing students aged between 22 and 25, all without children. Seven were male, nine were single, and also seven were from the central region of the country and mastered the most widely spoken local languages in the territory, which are Sena and Ndau, (30) and the other three were from the north of Mozambique. Nine of them did not work before entering university, and more than half were not employed. Finally, nine were not academically delayed.
The analysis of the interviews unveiled four main categories, along with their respective subcategories and proposals for improvement concerning the students’ perception of clinical supervision, as detailed in Table 1.
Table 1: Categories, subcategories, and proposed improvements
Students’ perception of the academic supervisor
The academic supervisor in this study refers to the teacher employed at the teaching institution (university), chosen to supervise and facilitate the trainees’ learning in clinical practice. Most of the participants reported good experiences of being accompanied by academic supervisors in the first two years of their training. The presence of academic supervisors was seen as positive because the supervisors and students were of the same level, the professionals respected the students and theoretical knowledge was integrated into practice. As one of the participants mentioned:
Thanks God we had supervision in the first and second year (...), regardless of whether they were UCM students or professionals, but it helped a lot because we spoke the same language with the same people (P5).
However, some participants noted a decline in academic supervision from the 3rd year onwards, with supervisors being absent or merely present as mentors. This absence was attributed to the limited number of lecturers unable to accommodate the increasing student population. Consequently, during internships, students felt unsupported, lacking guidance on their tasks, thus hindering their achievement of internship objectives and undermining the quality of their training. One of the participants said that:
From the 2nd or 3rd year onwards (...) supervision by lecturers has been a bit scarce, it’s normal for a week only twice (...) and it hasn’t been full time (...) just to check attendance, ask the heads or nurses who are our supervisors about how the internship is going (P9).
Students’ perception of the clinical supervisor
The nursing technician (NT) clinical supervisor in this study is a professional nursing technician employed in the hospital institution (clinical field), with a training duration of 2 years for the middle-level and 1 year and 6 months for the specialised middle-level, who supervises the university nursing student in a clinical setting. However, it should be noted that most of the interviewees said that because the clinical supervisors are NT, they showed some difficulties in supervising university students, such as the lack of clarification of doubts, and they felt threatened because the students were from higher education. One of the participants said:
This made it a bit difficult, because it's well known that a technician supervising a higher education student has limitations, no matter how much experience the person has in practice, but a higher education student has have a certain theory that they haven't seen it (...) and they also think that you don't know anything, now that we're supervising you, how basic will you be afterwards (...) they'll come here to be our bosses and with the highest salary (...) so I don't have that tendency to be able to supervise you (P5).
This created tension in the relationship between clinical supervisors and students.
The participants also reported that the clinical supervisors, in retaliation for the threat, contradicted the theoretical knowledge that the students brought from university to apply in the clinical field. In addition, the lack of remuneration for clinical supervisors made them unmotivated to accompany the students. The interviewees also noted that the poor guidance provided by some of the clinical supervisors was due to a lack of ongoing training in student supervision. As one of the participants pointed out:
I was inserting a venous catheter, I failed (...), but my supervisor didn't have the cooperation, the patience to say (...), look how I'm going to get the catheter and how I'm going to insert it so that next time you can do the same (...) he got angry with me and said that these students don't know anything, that they come here for a walk (P1).
The interviewees also pointed out that, in response to the threat and lack of pay, the clinical supervisors showed a bad disposition and reaction in the practice environment, i.e., aggressive and abusive behaviour, such as a lack of respect, exclusion from the work team and resistance to the students' initiatives because they were from university. As one of the participants mentioned:
You spend a month in a sector, obviously (...) you're treated dangerously badly, because they talk to each other (the clinical supervisors), so when they don't like you, they talk to other colleagues (P6).
The students' perception of the context
The context in this study refers to the clinical setting where students can learn and develop clinical nursing skills in a real-life situation, under the guidance of an experienced professional (31). When reporting on their experience, some participants mentioned the lack of materials as one of the reasons for poor patient care. They also noted with displeasure that health professionals no longer followed the rules of asepsis. One of the interviewees revealed:
In some sectors, due to lack of material, mothers had to buy (...), and sometimes they shared syringes, and due to lack of conditions, catheters lasted more than 2 or 3 weeks, this can cause infection in the child (...), and the COVID-19 pandemic affected (...), there was a time when we stopped for more than 5 months, year 2020, when we came back in the 3rd, 4th year everything was rushed, even internships. Maybe we could have had lecturers supervising us, but they couldn't (...) some modules we did in a week (P10).
In addition, some interviewees mentioned the lack of human resources. There are fewer nurses with bachelor’s degree and NT in the internship field, who end up overloaded and, therefore, giving 3rd- and 4th-year students a lot of work on the grounds that they should already be experienced in some procedures. One of the participants said:
There are too few nursing professionals to supply all the students coming in (...), and they end up putting a lot of pressure on us, giving us the full load (...), like we have to do all the activities (P2).
Participants reported both positive and negative experiences of cultural diversity in the practice environment. Some said that clinical supervisors in some sectors kept their cultures in reserve, being neutral, while others used their mother tongue to criticise students. For polyglot students, it was a good experience. For others, it wasn't easy to do an internship in a hospital with professionals from different cultures who interacted better and paid more attention to students from the same ethnic group. Some interviewees said:
My culture helped and helps me a lot (...), because I understand Ndau and Sena, there are professionals who talk to me, I answer them and then, if the conversation isn't relevant, it's not prolonged, they realise that I understand (P6).
Supervisors take a greater interest in and become much closer to those students who are from the same ethnic group, for example I speak Guitonga to a patient, a supervisor who is from Inhambane realises that he is from Inhambane, he becomes closer, they become friends and they give him more attention compared to colleagues who are from a different ethnic group (P9).
Finally, some participants reported that the COVID-19 pandemic was a positive impact on their internship because the clinical supervisors were closer and more attentive to the students. On the other hand, some reported negative experiences because they had little time in clinical practice. Some of the interviewees said:
The COVID-19 pandemic has had a positive impact, because we have to pay a lot of attention when carrying out any activity (...) and the supervising professionals have become a little more attentive and closer to the students, (...) clarifying doubts, thinking that perhaps the inspection could come and the trainees could carry out procedures without their presence (P9).
Some participants also said that the way HIV-positive patients are treated is very different from others and that there is a lot of stigmatisation, procedures are done badly to these patients, they are mistreated and this can even lead to death. On the other hand, depending on their social status, low-status patients are less respected and mistreated, as the interviewees reported:
I saw a lady who was 33 and had been HIV-positive for 5 years and was already on ART (antiretroviral treatment), (...) and she had a hysterectomy (...), the suture itself is regrettable, and the other health professionals ended up commenting (...), poorly done suture, they opened the abdomen too much, it went from the pubic symphysis to the hypogastric region, which is the xiphoid process, they opened the whole abdomen (...). This shows that an HIV-positive patient (...) is treated very differently (P5).
I also remember the visiting part, (...) when someone comes in wearing pants and a coat (upper class), they can come in until 10 o'clock to visit their sick relative, but when it's anyone else they can't come in (P7).
Students’ perception of themselves
The students in this study refer to those attending bachelor’s degree in Nursing at UCM-FCS in the clinical field. The participants reported that they felt very disoriented during the clinical practices, due to the lack of follow-up from the academic supervisors, which contributed to the internship's objectives not being met. For the interviewees, this calls into question the quality of the training of future UCM’s nursing students, as well as from other institutions. As some of the participants pointed out:
Sometimes the hospital supervisors give us tasks that have nothing to do with nursing, while we would be learning techniques that they know and could teach us, but (...) when there's no agent on duty, students go to clean floors, carry water, bins, where we do all this they can spend two hours (P10).
We've heard that next year they're going to introduce the classic method, it's going to be the worst (...) for UCM, even with PBL now they're not managing to control the students, the quality isn't what it was before, even half of us, we're leaving with a bit of that quality, due to the supervision we have, but from the 3rd year downwards nothing (P6).
In addition, the students considered the moments of clinical practice as a nightmare, due to the treatment given by the clinical supervisors, which demotivated them and did not make them enjoy learning as much as they should. As one of the participants put it:
Every situation in the internship setting is sad, you just want hours to leave this sector (...), because you arrive, the nurses understand, they insult you (P6).
The participants said that even though they are demotivated and experience clinical practice as an unpleasant time, they hope to complete the course one day, so they dedicate themselves a lot to the internship and, as a result, gain more experience and skills in practice. One of the interviewees revealed:
We’ve endured a lot since the first year, it's not today that we're already at the end, although they say that the baggage weighs a lot at the end, to unload it is difficult, there are no easy things, so sometimes we hold our hearts, we go to the locker room, we cry and it passes (...) it's to be reckoned with in the future (P6).
Proposals for improvement
Some proposals for improvement emerged from the participants with a view to quality clinical supervision and the successful learning of nursing students. Participants suggested that there should be academic supervisors in the internship setting because they teach theory and know how to accompany each student. One of the participants said:
For me, we should have supervision from the 1st to the 4th year, the lecturers who give us theoretical lessons should be the same even in our practical field, (...) they already know us from the classroom that this student needs a lot of attention (P8).
The participants also proposed implementing some strategies to improve the clinical supervision process, such as a training programme for NT clinical supervisors. In addition, health professionals and students should find out about the culture of the community in which they will be working, in order to have fundamental information. Some of the interviewees attested to this:
They say that those who educate should set an example to motivate the student (P7).
Supervisors should have ongoing training in terms of supervision, because not everyone knows how to supervise. They could learn to be more patient with this process (...) and try to know exactly what language is spoken there. At least to know the basics, this can help in the relationship with patients (P8).
Finally, the interviews allowed the participants to vent about their day-to-day experiences of supervision during clinical practice, as one of the interviewees revealed:
After this conversation I feel a bit more relieved because no one now comes up to ask, (...) how was the internship? From the beginning to now, there's a lot we need to get out of the way (...) and you've just done that (...) by listening to me (P9).
Discussion
A Clinical supervision is very important in a nursing career. (1, 2) There have been a number of international studies looking at the experiences of students and clinical supervisors at university level. (1, 3, 5, 7, 8, 32) In this study, we sought to do something different by exploring the experiences of undergraduate students regarding the clinical supervision provided by NT.
There is little research into the experiences of auxiliary nurses, known in Mozambique as nursing technicians, in clinical supervision, given that they play some role in the process. In Australia, the role of the auxiliary nurse is pertinent when the clinical supervisor appointed by the university/clinical field is not part of the ward or when patients are assigned to trainees. (33) Both are continuously trained. Even so, the auxiliary nurse is considered an informal clinical educator. (33) They are asked for formative feedback on the students' performance throughout their shift, but do not take part in their formal evaluation. (33) Unlike Australia, in Mozambique the nursing technicians play an important role in the students' clinical practices, accompanying them during the process, but they do not have continuous training for this, which makes the accompaniment unsatisfactory for the students. In Uganda, nurses with no bachelor’s degree also participate in the clinical supervision of undergraduate students. A study carried out in a regional hospital in Uganda on the perceptions of practicing nurses (NT) about their preparedness for the clinical supervision of undergraduate nursing students shows that NT feel prepared for the clinical supervision of undergraduate nursing students, but that they need support to perform the role of clinical supervisor of undergraduate nursing students. (34)
Regarding the clinical supervision provided by nurses who attended a bachelor’s degree, a reference was found describing the support provided by clinical supervisors to students as a positive experience, helping them to alleviate the fear of having to deal with patients for the first time. (1) Another reference was identified which described job insecurity as the reason for inadequate clinical supervision, in other words, clinical supervisors felt threatened by being at the same level as students and resented the lack of remuneration. (3) However, in this research, the threat was the fact that the students were university students.
One study found tension in the relationship between clinical supervisors and students (educational confusion), in which clinical supervisors forced students to comply with their demands and, due to a lack of clarity in the students' duties, did not clarify doubts about the clinical practices to be carried out, completely ignoring their concerns. (7) It is important to note that in this study, identical answers were also obtained, but for different reasons: lack of remuneration and limitations in the supervision of university students. Furthermore, there were no ongoing training programmes for clinical supervision.
A study conducted in South Africa with the aim of “exploring the experiences of undergraduate nursing students in the context of clinical supervision” also found negative experiences, such as abusive behaviour, i.e., “abuse of power” in the clinical field. (1) Furthermore, a study carried out in Iran with the aim of “explaining the experiences of Iranian nursing students in relation to their clinical learning setting” also referred to difficulties during the clinical internship, such as the exclusion of students from the work team, (7) as well as resistance to student initiatives, which was an obstacle to student empowerment in clinical practice.
Studies have also been found that reveal inadequate communication and coordination between universities and practice institutions, (6) as well as the absence of academic supervisors in the clinical setting due to inadequate numbers of lecturers’ staff. (32) The reports presented in this study showed that these aspects hindered the students' learning process.
Material resources are important for nursing education and learning because they help students to become competent. The lack of these materials can make students feel lost, without help. (32) A study on the clinical setting revealed that in the absence of material resources, students felt helpless, without support. (18) In addition, clinical supervisors performed asepsis techniques inadequately. Some international studies also show that there is a shortage of human resources in the clinical setting, (3, 32) however, there are a greater number of trainees, which can lead to less comprehensive monitoring and thus affect student learning. (32, 35, 36)
In the same vein, an Australian study on “factors affecting the clinical learning of students from different cultural and linguistic backgrounds” (37) revealed that supervisors discriminated against students. Supervisors talked to each other in their mother tongue while supervising students, which ended up being negative learning experiences for the students. (37) This study revealed that there were good relations between clinical supervisors and students from the same ethnic group, which meant that trainees from other ethnic groups were excluded.
The COVID-19 pandemic has had a remarkable impact worldwide, especially in the health sector. Since this is a new topic, there are not many studies on it. A study from Belgium revealed that the majority of participants felt supported by academic and clinical supervisors due to the pandemic. (38) However, in this study, the focus is on NT clinical supervisors in relation to students. On the other hand, students complained about the short clinical practice time caused by the pandemic, which also contributed negatively to their learning. It should be noted, however, that a discussion article was found that addresses the relevance of collaboration between both institutions (clinical and educational) for better clinical supervision of students during the COVID-19 pandemic. (39)
The lack of supervision from academic supervisors during the internship can lead to students learning procedures inappropriately and losing interest in the profession. (3) A study conducted in Malawi revealed that some students were forced to carry out routine activities unrelated to nursing during their internship, which hindered their learning process. (32) In the present study, such behaviours mean that students do not achieve the desired goals. They also lead us to believe that the quality of training for undergraduate nursing students is declining. The present study also brought new results: students found clinical practice a torment due to the unsuitable clinical setting. Nevertheless, they hoped to complete the course one day, so they focused on the internship and gaining more skills. Furthermore, with this study, the interviewees were hopeful about changes for future students. They thought this study was extremely important for nursing teaching and learning in Mozambique and suggested that academic supervisors accompany students during their internships and that NT clinical supervisors be trained in clinical supervision.
A limitation of this research was the lack of opinions from clinical supervisors, as the principal investigator was not in Mozambique. It is therefore hoped that future research will explore the views of academic and clinical supervisors. Also in this study, interviewees reported that there was discrimination against HIV-positive patients based on social class in the clinical setting. Lower-class patients were less respected and poorly cared for. Future research on this topic in the hospital setting is therefore also suggested.
Conclusion
The aim of this research was to describe the experiences of final-year nursing students at UCM on the clinical supervision provided by nursing technicians. The results revealed that although the students had a positive experience with the presence of academic supervisors in the first two (2) years of their training and with the support of clinical supervisors during their internship, they experienced many challenges in the clinical field, which at some point negatively affected their learning, such as the absence of academic supervisors during the last two (2) years of training, the poor relationship with clinical supervisors, the lack of human and material resources, the cultural diversity in the practice setting and the COVID-19 pandemic. This shows that many aspects of the clinical learning setting need to be improved. The Faculty of Health Sciences of UCM, especially the Department of Nursing, needs to have an innovative model of clinical supervision of students, which implies more participation of academic supervisors in the clinical practice setting and continuous training of clinical supervisors in student supervision, despite their enormous experience in the field.
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Data availability: The data set supporting the results of this study is available upon request from the corresponding author.
How to cite: Nota CS, Márquez-Doren F, Lucchini-Raies C. Undergraduate Nursing Students’ Experiences of Clinical Supervision at a University in Mozambique. Enfermería: Cuidados Humanizados. 2024;13(1):e3665. doi: 10.22235/ech.v13i1.3665
Authors’ contribution (CRediT Taxonomy): 1. Conceptualization; 2. Data curation; 3. Formal Analysis; 4. Funding acquisition; 5. Investigation; 6. Methodology; 7. Project administration; 8. Resources; 9. Software; 10. Supervision; 11. Validation; 12. Visualization; 13. Writing: original draft; 14. Writing: review & editing.
C. S. N. has contributed in 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14; F. M. D. in 1, 6, 7, 10, 11, 12, 13, 14; C. L. R. in 1, 6, 10, 11, 12, 13, 14.
Scientific editor in charge: Dr. Natalie Figueredo.