Ciencias Psicológicas 19(1)

janeiro-junho 2025

10.22235/cp.v19i1.4030

Artigos Originais

Programa ABA para pais e o desenvolvimento verbal de crianças com TEA

ABA program for parents and verbal development in children with ASD

Programa ABA para padres y el desarrollo verbal de niños con TEA

 

Tahena da Silva Ferreira¹, ORCID 0000-0002-6089-9498

Taís Chiodelli², ORCID 0000-0002-8586-1111

Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues³, ORCID 0000-0002-5332-256X

 

¹ Universidade Estadual Paulista, Brasil

² Universidade Estadual Paulista, Brasil, [email protected]

³ Universidade Estadual Paulista, Brasil

 

Resumo:

Intervenções em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) devem ser sistematizadas, intensivas e com orientações para pais. Este estudo objetivou descrever e avaliar os efeitos de um programa para pais, baseado em ABA, sobre o desenvolvimento verbal de crianças com TEA. Com delineamento experimental, a amostra incluiu 12 mães, cinco pais e seus filhos com TEA, de um a quatro anos, distribuídas em grupo experimental (GE) e controle (GC). O repertório verbal das crianças foi avaliado com o VB-MAPP antes e depois dos pais participarem do programa durante 12 semanas. Os resultados apontaram que, após a intervenção com pais, o GE apresentou significativamente mais comportamentos verbais (31%) do que o GC (6 %), em comparações intragrupos. Não foram observadas diferenças entre os grupos no pós-teste. Intervenções com pais alteraram positivamente o repertório verbal de crianças com TEA, sugerindo a necessidade de estudos com amostras maiores.

Palavras-chave: programa para pais; análise do comportamento aplicada; transtorno do espectro autista; comportamento verbal; VB-MAPP.

 

Abstract:

Applied Behavior Analysis (ABA) interventions for children with autism spectrum disorder (ASD) must be systematized and intensive, with guidance for parents. This study aimed to describe and evaluate the effects of a parenting program, based on ABA, on the verbal development of children with ASD. Using an experimental design, the sample included 12 mothers, five fathers, and their children with ASD, aged one to four years, divided into an experimental group (EG) and control group (CG). The children’s verbal repertoire was assessed using the VB-MAPP before and after the parents participated in the 12-week program. The results showed that, after the intervention with parents, the EG exhibited a significantly greater increase in verbal behaviors (31 %) compared to the CG (6 %) in intragroup comparisons. No differences were observed between the groups in the post-test. The interventions with parents positively influenced the verbal repertoire of children with ASD, indicating the need for studies with larger samples.

Keywords: program for parents; applied behavior analysis; autism spectrum disorder; verbal behavior; VB-MAPP.

 

Resumen:

Las intervenciones del Análisis Aplicado de la Conducta (ABA) para niños con trastorno del espectro autista (TEA) deben ser sistematizadas e intensivas, con orientación para los padres. Este estudio tuvo como objetivo describir y evaluar los efectos de un programa parental, basado en ABA, sobre el desarrollo verbal de niños con TEA. Con un diseño experimental, la muestra estuvo compuesta por 12 madres, cinco padres y sus niños con TEA, de uno a cuatro años de edad, divididos en grupo experimental (GE) y control (GC). El repertorio verbal de los niños se evaluó con el VB-MAPP antes y después de que los padres participaran en el programa durante 12 semanas. Los resultados mostraron que, después de la intervención con los padres, el GE mostró significativamente más conductas verbales (31 %) que el GC (6 %), en las comparaciones intragrupo. No se observaron diferencias entre los grupos en el postest. Las intervenciones con los padres alteraron positivamente el repertorio verbal de los niños con TEA, lo que sugiere la necesidad de estudios con muestras más grandes.

Palabras clave: programa para padres; análisis aplicado de la conducta; trastorno del espectro autista; conducta verbal; VB-MAPP.

 

Recebido: 24/04/2024

Aceito: 15/05/2025

 

 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Transtorno do Espectro do Autismo, é uma condição neurodesenvolvimental crônica, presente desde o início da infância, caracterizado pelas dificuldades de comunicação e interação social e, também, pela presença de interesses restritos e comportamentos repetitivos (American Psychiatric Association (APA), 2022). Segundo o DSM-5-TR (APA, 2022), devem ser identificadas as seguintes defasagens no repertório de comunicação social, em múltiplos contextos: pouco uso da linguagem para se comunicar com outras pessoas, raramente responde quando é chamado, não costuma compartilhar interesses ou conquistas com pais e familiares, tem dificuldade de compreender a linguagem não verbal, não desenvolve as expressões faciais, apresentando expressões limitadas para se comunicar, tem pouco interesse em interagir com outras crianças, apresenta limitação para participar de brincadeiras criativas ou que exigem imaginação, como os jogos simbólicos. Também podem apresentar comportamentos repetitivos ao brincar ou realizar alguma atividade, apresenta verbalizações de forma repetitiva, tem interesses peculiares ou intensos por determinados assuntos, precisam que as coisas aconteçam sempre da mesma maneira, com rotinas rígidas, apresentam problemas sensoriais, como sensibilidade a sons, luz ou determinados ambientes (APA, 2022). A partir dos prejuízos observados na comunicação social e nos padrões de comportamento restritos e repetitivos, é possível identificar níveis de necessidade de suporte: nível 1 – exigindo apoio, nível 2 – exigindo apoio substancial e nível 3 – exigindo apoio muito substancial.

Estimativas recentes apontaram o TEA como um dos transtornos de neurodesenvolvimento com maior prevalência mundial, estimada em 1 para cada 31 crianças (Shaw et al., 2025). Um estudo de Li et al. (2022) alertou que essa prevalência pode chegar a 1/30. No Brasil, ainda são poucos os estudos relacionados à prevalência deste transtorno (Nogueira et al., 2022), todavia, estima-se que pelo menos dois milhões de brasileiros tenham o diagnóstico de TEA (Araujo et al., 2019).

Dentre as diversas intervenções terapêuticas e educacionais direcionadas às pessoas com TEA, a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), destaca-se por ser uma das mais influentes e crescentes nos Estados Unidos da América, especialmente, por ser considerada uma prática baseada em evidências científicas (Deochand & Fuqua, 2016; Fernandes & Amato, 2013). A ABA refere-se a uma subárea da Análise do Comportamento, que não pode existir de forma autônoma a outras duas: a Análise Experimental do Comportamento (uma ciência básica) e ao Behaviorismo Radical (filosofia que embasa esta ciência) (Tourinho, 1999).

Uma intervenção ABA envolve a identificação de comportamentos e habilidades que precisam ser desenvolvidos ou aprimorados a partir da seleção e da descrição dos objetivos de ensino e do delineamento de um plano de ensino individualizado com estratégias comprovadamente efetivas para a modificação do comportamento em ambientes naturais da pessoa. As programações de ensino são sistematicamente analisadas com base em seus resultados. Ao serem alcançados os objetivos de ensino, busca-se que as condutas aprendidas ou refinadas sejam generalizadas para diversas pessoas e áreas cotidianas do indivíduo (Cartagenes et al., 2016).

Embora seja crescente o número de estudos que comprovam a eficácia das intervenções em ABA para o TEA, não há uma sistematização em português conhecida até o momento sobre essa temática (Sella & Ribeiro, 2018). Todavia, diversos autores (Boyd et al., 2012; Cook & Odom, 2013; Foxx, 2008; Odom et al., 2010; Wong et al., 2015) tem se empenhado em revisar os resultados da literatura científica, analisando-os com rigor científico e sumarizando seus achados acerca de quais procedimentos e resultados têm sido mais efetivos na modificação e no desenvolvimento de determinados comportamentos de pessoas com TEA. Destaca-se, ainda, que a alta prevalência do TEA e a natureza duradoura desta condição representam uma grande demanda não só para os serviços que apoiam esses indivíduos (setores de saúde, educação e assistência social) (Ferguson et al., 2019), mas também impõem uma sobrecarga aos pais dessas crianças (Vilanova et al., 2022).

A defasagem na comunicação verbal é uma característica presente no repertório de crianças com TEA. Entre os instrumentos utilizados para avaliá-lo está o Verbal Behavior Milestones Assesment and Placement Program (VB-MAPP) que tem como objetivo mapear o repertório comportamental e as barreiras de aprendizagem de crianças até quatro anos, tendo como base os pressupostos do comportamento verbal propostos por Skinner (1957). Para Skinner (1957), o comportamento verbal é um comportamento operante, selecionado e mantido pelas suas consequências. O que o diferencia dos demais comportamentos operantes é a mediação de suas consequências por um ouvinte, membro de uma comunidade verbal.

Nesse sentido, Lotfizadeh et al. (2018), conduziram um estudo com o objetivo de avaliar os efeitos de uma intervenção ABA de baixa intensidade, a partir da replicação de estudos anteriores, incluindo medidas de observação direta propostas no VB-MAPP. Uma análise de regressão foi conduzida a partir dos dados de 171 autistas com idades entre um ano e sete meses e 30 anos e quatro meses, o que resultou em uma idade média amostral de cinco anos e dez meses. A variável independente deste estudo foi a intervenção ABA, que consistiu em terapia 1:1 e supervisão. Os participantes foram divididos em dois grupos, de modo que, 98 participantes foram alocados no grupo de tratamento e receberam entre oito e 14,5 horas semanais de intervenção, enquanto os 73 participantes do grupo controle receberam entre 1,4 e 8 horas semanais de intervenção. O VB-MAPP foi utilizado como a principal medida de resultado. No entanto, um subgrupo amostral foi construído considerando aqueles participantes cujos dados do Vineland Adaptive Behavior Scale (VABS II) estavam disponíveis. Assim, foram analisadas medidas de resultados de 17 pessoas autistas do grupo de tratamento em comparação à 11 do grupo controle para esse instrumento. Os resultados indicaram que os participantes do grupo de tratamento tiveram maiores ganhos em relação a pontuação no VB-MAPP, com diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Quanto aos resultados do VABS II, identificou-se maiores ganhos no grupo de tratamento, porém, sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos.

Saaybi et al. (2019) conduziram um estudo piloto com o objetivo de identificar anormalidades do trato da substância branca em crianças e pré-escolares com TEA por imagem de tensor de difusão e correlacionar os achados de imagem com as melhoras clínicas a partir de uma intervenção ABA. Para tanto, 25 crianças, com idade entre 18 meses e quatro anos, foram divididas em grupo tratamento (n = 17) e controle (n = 8). Foram coletadas imagens por ressonância magnética antes da intervenção e 12 meses após a intervenção para ambos os grupos e, em três momentos do estudo as crianças foram avaliadas por meio do VB-MAPP: antes, seis meses e um ano após a intervenção. O grupo tratamento, passou por uma intervenção ABA, com frequência de cinco dias por semana e uma carga horária de seis a 10 horas semanais, além de uma hora semanal de fonoaudiologia e de terapia ocupacional. A Estatística Espacial baseada em Trato (TBSS) foi usada para medir variáveis médicas como a anisotropia fracionada, difusividade média, difusividade axial e difusividade radial, tornando possível a comparação entre os dados de imagem dos participantes com TEA em comparação aos participantes neurotípicos. Assim, duas comparações foram feitas neste estudo: (1) efeito da terapia ABA sobre os escores do VB-MAPP para a amostra com TEA, ou seja, essa variável foi analisada intragrupo e a (2) comparação entre os tratos de substância branca nas imagens da amostra com TEA em relação a amostra com neurodesenvolvimento típico. Os resultados do VB-MAPP indicaram melhora em relação à linha de base para os dados intragrupo da amostra com TEA, tanto na avaliação conduzida ao sexto mês, quanto na avaliação conduzida no décimo segundo mês após a intervenção. Adicionalmente, os achados de imagem por tensor de difusão indicaram anormalidades de trato de substância branca nos pacientes com TEA em comparação aos controles no início da intervenção e confirmaram os benefícios da intervenção precoce e da terapia ABA nos resultados clínicos e de neuroimagem, evidenciadas pelo aumento na anisotropia fracionada em 21 tratos dos pacientes com TEA após o tratamento.

Tão importante quanto intervenções eficientes e aplicadas precocemente com crianças com TEA, está o envolvimento de pais e de cuidadores a fim de torná-los parceiros efetivos das práticas conduzidas com seus filhos. Gomes et al. (2021) utilizaram Tecnologia de Informação e Comunicação para capacitar cuidadores de crianças com TEA a conduzirem intervenções comportamentais intensivas. Os resultados apontaram alterações positivas em todas as áreas de desenvolvimento avaliadas pelo Inventário Portage Operacionalizado e o PEP-R (Psychoeducational Profile Revised). Stone-Heaberlin et al. (2023), considerando a importância da intervenção precoce, envolveram pais no programa Bridge Skill Development enquanto as crianças esperavam o início das intervenções intensivas. Utilizando técnicas de ensino da Análise do Comportamento (ABA) e o ensino por tentativas discretas (DTT) foi possível observar avanços em habilidades alvo ensinadas a todos os participantes (manter contato visual, imitar, parear objetos e seguir instruções). Tabatabaei et al. (2022) realizaram uma revisão sistemática da literatura visando analisar as características e resultados de intervenções e treinamento junto a pais de crianças com TEA. Foram analisados 53 artigos. Dos estudos 92 % aconteceram em países de alta renda, sendo 36 % em casa, 47 % em instituições e o restante, misto. Das intervenções, 57 % foram individuais. Os resultados apontaram para efeitos favoráveis tanto para os pais como para as crianças. A literatura confirma a necessidade de intervenções precoces com crianças com TEA, com o objetivo de promover seu desenvolvimento geral e verbal, aumentando sua probabilidade de independência futura assim como de intervenções junto aos pais preparando-os para serem parceiros efetivos nessa jornada.

Nesse contexto, evidencia-se a necessidade de intervenções precoces, que sejam baseadas em evidências empíricas e que busquem amparar os pais de crianças com TEA. Essas intervenções devem focar tanto no manejo comportamental de seus filhos, favorecendo o desenvolvimento das habilidades que lhes são deficitárias, diminuindo os comportamentos interferentes que apresentam e, ao mesmo tempo, contribuir para o bem-estar físico e emocional destes pais, permitindo uma atuação mais qualitativa em relação ao desenvolvimento de seu filho e ampliando as possibilidades de intervenções com essa população. O presente estudo teve como objetivo descrever e avaliar os efeitos de um programa de orientação para pais, baseado na ABA sobre o comportamento verbal de seus filhos com TEA. Tinha-se como hipótese que a participação dos pais no programa de orientação parental associado as intervenções ABA realizadas com a criança aumentaria a frequência dos comportamentos verbais emitidos por seus filhos com TEA e uma diminuição nas barreiras de aprendizagem avaliadas pelo VB-MAPP.

 

 

Materiais e método

 

 

Aspectos éticos da pesquisa

 

 

O presente estudo fez parte de um estudo maior, intitulado: “Efeitos de um programa de ensino em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) sobre o desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista e a saúde emocional de seus pais”, aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências da UNESP-Bauru, Processo nº 4.769.162, atendendo a todas as normas previstas na Resolução nº 466/2012 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Os participantes foram convidados e informados sobre o objetivo do estudo e, aqueles que aceitaram participar, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que explicitava os objetivos do estudo, além de resguardar os direitos dos participantes quanto ao sigilo das suas informações pessoais, enfatizando sua participação voluntária e a possibilidade de desistência a qualquer momento. Cabe ressaltar que ao final das participações dos pais no projeto, foram realizadas sessões individuais de devolutivas dos dados, realizando orientações e encaminhamentos apropriados a cada caso.

 

 

Delineamento da pesquisa

 

 

O presente estudo configura-se como um estudo experimental, com grupos definidos randomicamente (Cozby, 2003). Inicialmente os dois grupos foram submetidos às avaliações de pré-teste. Em seguida, as crianças dos dois grupos foram submetidas as intervenções ABA e os pais do Grupo Experimental passaram pelas orientações do programa em ABA, acrescidas de informações sobre o TEA. Ao final da intervenção, os dois grupos (infantis e parentais) foram submetidos às mesmas avaliações do pré-teste. O desempenho do comportamento verbal das crianças avaliado a partir da pontuação nos marcos do desenvolvimento e nas barreiras de aprendizagem no protocolo VB-MAPP foi considerada como a variável dependente do estudo. A participação dos pais no programa de orientação foi a variável independente.

 

 

Participantes

 

 

Foram convidados a participar deste estudo 34 famílias brasileiras. Aceitaram e responderam os instrumentos pré-teste, 17 mães e 10 pais. Todavia, a amostra total, que participou de todas as etapas do estudo, foi composta por 12 mães e cinco pais e seus filhos, sendo distribuídos randomicamente em grupo experimental (seis mães e três pais) e grupo controle (seis mães e dois pais). Ainda, considerando os pais e mães participantes, cinco eram casais, dos quais, três participaram do Grupo Experimental (GE) e dois compuseram o Grupo Controle (GC). Dentre as mães, sete participaram individualmente, sendo três no GE e quatro no GC. Todos eram pais e mães de crianças diagnosticadas ou em investigação diagnóstica para o Transtorno do Espectro Autista, com idade entre um e quatro anos.

Critérios de inclusão: 1) Os pais deveriam ter faixa etária igual ou superior a 18 anos e, 2) As crianças deveriam possuir diagnóstico de TEA por meio de laudo emitido por neuropediatra ou psiquiatra infantil ou estar em processo de avaliação diagnóstica. Critérios de exclusão: 1) Pais que apresentassem histórico ou que estivessem em tratamento de transtornos psicóticos e, 2) Crianças e seus pais que tivessem recebido intervenção ABA anteriormente. Destaca-se que o critério 2 foi estabelecido enquanto uma possibilidade de controlar possíveis efeitos de uma intervenção anterior.

As características sociodemográficas dos participantes estão apresentadas na Tabela 1. De modo geral, mães e pais dos grupos experimental e controle apresentaram perfis semelhantes quanto à faixa etária, estado civil, atividade remunerada e número de filhos. Observou-se maior variabilidade entre os grupos no que se refere à escolaridade e ao nível socioeconômico, especialmente entre os pais.

 

Tabela 1: Características sociodemográficas das mães e pais do GC e GE

 

 

Nota: GE: grupo experimental; GC: grupo controle.

 

Quanto às características sociodemográficas das crianças que compuseram a amostra, conforme observado na Tabela 2, seis fizeram parte do GE e seis do GC. De forma geral, os grupos apresentaram distribuição semelhante quanto à idade e a frequência escolar. A maioria das crianças era do sexo masculino e ocupava a posição de primeiro filho na família. No grupo experimental, todas tinham o diagnóstico de TEA, enquanto no grupo controle parte ainda estava em investigação diagnóstica. Observou-se uma diversidade nos modos de comunicação, com maior predominância de dificuldades tanto vocais quanto gestuais no grupo controle.

 

Tabela 2: Caracterização das crianças do GE e GC

 

 

Nota: GE: grupo experimental; GC: grupo controle.

 

 

Local

 

 

Os dados foram coletados em salas específicas para atendimentos psicoterapêuticos em uma clínica particular que atendia crianças com TEA, no município de Londrina/PR, Brasil. Todos os tipos de ruídos ou outros estímulos que poderiam interferir na privacidade dos pais ou nas intervenções propostas para as crianças foram controlados da melhor forma possível na tentativa de minimizar possíveis impactos no preenchimento dos instrumentos ou durante a intervenção.

 

 

Instrumentos

 

 

Para identificação das questões sociodemográficas, foi elaborado um questionário contendo perguntas direcionadas aos pais/mães (idade, estado civil, escolaridade, tipo de parto e número de filhos), à criança (idade, sexo, condições de nascimento, idade em que o diagnóstico ocorreu, tipos de intervenção que ela possa ter passado e tempo de duração da mesma) e à família (configuração familiar, número de moradores na casa). Para os dados socioeconômicos, foi utilizada a escala organizada pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2019) que contém perguntas sobre condições de moradia (utensílios domésticos, quantidade de cômodos etc.) e serviços públicos (água encanada, rua pavimentada).

Para avaliação do repertório verbal foi utilizado o Verbal Behavior Milestones Assesment and Placement Program (VB-MAPP), desenvolvido por Sundberg (2008), e que tem como pressupostos os conceitos de comportamento verbal de Skinner (1957). Foi traduzido e adaptado para o português por Martone (2017) e tem sido amplamente utilizado para o mapeamento, o planejamento e a implementação de intervenções acerca do repertório comportamental de crianças com TEA. Os marcos de desenvolvimento avaliados são divididos em três níveis: 1) de zero a 18 meses, com nove áreas: mando, tato, ouvinte, habilidades de VP/MTS (percepção visual e emparelhamento com o modelo), brincar, social, imitação, ecoico e vocal; 2) de 18 a 30 meses, com 12 áreas: mando, tato, ouvinte, VP/MTS, brincar, social, imitação, ecoico, LRFFC (ouvinte respondendo por função, classe e característica), intraverbal, atividades em grupo e estruturas linguísticas e 3) de 30 a 48 meses, com 13 áreas, sendo: mando, tato, ouvinte, VP/MTS, brincar, social, imitação, ecoico, LRFFC, intraverbal, atividades em grupo, estruturas linguísticas e habilidades matemáticas iniciais. Em cada eixo avaliativo a criança pode obter de zero a cinco pontos. O protocolo apresenta cinco componentes para avaliação: 1) marcos do desenvolvimento; 2) barreiras de avaliação; 3) transição; 4) análise de tarefas e 5) interpretação e elaboração de Programa de Ensino Individualizado (PEI). É importante destacar que, para o presente estudo, como o objetivo foi o mapeamento do repertório comportamental da criança, foi realizada a investigação sobre os marcos do desenvolvimento e de barreiras de aprendizagem propostos no protocolo.

 

 

Procedimentos

 

 

Os pais e mães de crianças com TEA foram identificados em uma clínica particular da cidade de Londrina/PR, Brasil, em que buscaram atendimento para seus filhos e foram convidados a participar do presente estudo. Nos casos de aceite, por ordem de chegada, os pais foram distribuídos nos GE e GC. Foi utilizado o método de randomização simples por blocos fixos de dois participantes como forma de reduzir o viés e alocar os participantes nos grupos de forma equilibrada (Efird, 2010). Individualmente, foi marcada uma reunião para apresentação dos objetivos da pesquisa e de suas etapas. Esclarecidas as possíveis dúvidas, os pais e mães assinaram o TCLE. Em data e horário previamente agendados, as crianças foram avaliadas com o VB-MAPP.

Independente da randomização dos grupos, com base nos dados do VB-MAPP, foi elaborado um PEI trimestral para cada criança, que incluiu objetivos de curto, médio e longo prazo visando o desenvolvimento das habilidades infantis por meio da aplicação de programas de ensino ABA. Tais programas foram aplicados e mensurados em cada sessão realizada com a criança tendo sido, portanto, constantemente revisados e sistematicamente alterados com base nos resultados apresentados por ela ao longo das 12 semanas de intervenção. Deste modo, como a intervenção foi realizada com as crianças dos dois grupos, ela foi tratada como uma variável constante no delineamento do estudo.

Simultaneamente a intervenção ABA infantil, os pais do GE participam do Programa de Orientação e Ensino para Pais (PROEP), elaborado para o presente estudo, baseado em princípios Analítico Comportamentais (ABA) e aplicado pela primeira autora. As orientações foram realizadas de forma individual e presencial. O PROEP não foi controlado por um juiz externo, mas eram realizadas supervisões externas semanais. O PROEP teve 12 encontros semanais, com duração média de 90 minutos e abordou conteúdos como: acolhimento das demandas dos pais frente ao diagnóstico dos filhos. A descrição do PROEP encontra-se na Tabela 3.

 

 

Tabela 3: Descrição do PROEP

 

 

 

Em cada encontro os conteúdos foram descritos e abordados de forma explicativa e dialogada com os pais, incluindo observações programadas nas sessões da criança e pequenas tarefas de casa (relatos, registros ou vídeos sobre assuntos pertinentes à temática trabalhada no encontro e relacionada aos itens do PEI da criança). Também foram resolvidas dúvidas acerca dos desafios vividos durante a semana com a criança e das tarefas solicitadas no encontro anterior (Ferreira, 2023).

Por se tratar de um programa ABA que abarca mães, pais e seus filhos com TEA, em algumas sessões clínicas foram gravados vídeos de manejos comportamentais que eles poderiam treinar em casa (videomodelação) e, em outras, eles puderam participar in loco da sessão, recebendo orientações e feedbacks. Destaca-se que o que determinou o tipo de conduta adotada (videomodelação ou feedbacks in loco) foram os objetivos em curto, médio e longo prazo descritos no PEI da criança e os resultados apresentados por ela em cada sessão. Ao final do trimestre, as crianças foram novamente avaliadas com o VB-MAPP.

 

 

Análise dos dados

 

 

Os dados coletados com o VB-MAPP foram analisados e categorizados de acordo com o seu manual. Para as análises estatísticas utilizou-se o software da IBM: Statistical Package Social Science (SPSS), versão 23. Todos os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, calculando-se a média e o desvio padrão dos dados quantitativos e a frequência relativa e absoluta dos dados qualitativos. Os dados não apresentaram distribuição normal, deste modo, para as comparações inter e intragrupos relacionadas ao comportamento verbal e as barreiras de aprendizagem, foram utilizados os Testes de Mann-Whitney e Wilcoxon.

 

 

Resultados

 

 

A Tabela 4 apresenta as comparações do repertório verbal das crianças do GE em relação as do GC a partir do VB-MAPP nas fases pré e pós-teste. Com relação ao pré-teste, as crianças do GE apresentaram médias superiores do que o GC em nove das 15 dimensões avaliadas, a saber: mando, tato, ouvinte, brincar, imitação, ecoico, LRFFC, intraverbal e linguagem, todavia, sem diferenças estatísticas entre os grupos. A dimensão grupo não foi avaliada em nenhum dos grupos em decorrência dos cuidados referentes à pandemia da Covid-19, vivenciada na ocasião da coleta dos dados.

No pós-teste as comparações do repertório verbal das crianças do GE em relação as do GC a partir do VB-MAPP mostraram que as crianças do GE tiveram desempenho superior em todos os repertórios avaliados. Todavia, as diferenças não foram significativas (Tabela 4).

 

Tabela 4: Comparações entre o repertório verbal das crianças do GE e GC no pré e pós-teste

 

 

Notas: M: média; DP: desvio padrão; GE: grupo experimental; GC: grupo controle; Pré: pré-teste; Pós: pós-teste; VB-MAPP: Verbal Behavior Milestones Assesment and Placement Program; VB-MAPP*: Foram apresentadas apenas as categorias que foram pontuadas em marcos do desenvolvimento no instrumento; Nível de significância: p < 0,05; Teste Mann-Whitney.

 

A Tabela 5 apresenta as comparações intragrupo do repertório verbal das crianças do GE e GC a partir do VB-MAPP no pré-teste e no pós-teste. Observou-se que em todas as dimensões avaliadas no GE as médias foram superiores no pós-teste, sendo que em cinco dimensões essa diferença foi estatisticamente significativa: ouvinte (p = 0,041), VP/MTS (p = 0,042), brincar (p = 0,027), social (p = 0,042) e imitação (p = 0,027). Enquanto, no GC a diferença foi significativa no brincar (p = 0,026). Para o GC também foram observadas médias superiores no pós-teste nas dimensões avaliadas, com exceção do repertório vocal.

Foram feitas comparações entre as barreiras de aprendizagens das crianças do GE em relação ao GC no momento pré-teste a partir do VB-MAPP. O GE apresentou pontuação maior em sete das 18 barreiras avaliadas e o GC em sete delas. Em cinco das barreiras o desempenho foi igual para os dois grupos. Observou-se diferenças significativas apenas em contato visual, sendo superior para o GC (p = 0,003), conforme mostra a Tabela 6.

Considerando o pós-teste das comparações entre as barreiras de aprendizagens pelas crianças do GE em relação ao GC a partir do VB-MAPP, observa-se o GE apresentou médias maiores em sete barreiras, enquanto o GC apresentou em nove delas. Apenas em duas o resultado foi o mesmo para os dois grupos. Todavia, a diferença foi significativa apenas para contato visual, com desempenho inferior para o GC (p = 0,013). Os dados estão apresentados na Tabela 6.

 

Tabela 5: Comparações intragrupo entre o repertório verbal das crianças de GE e GC no pré-teste e no pós-teste

 

 

Notas: M: média; DP: desvio padrão; GE: grupo experimental; GC: grupo controle; VB-MAPP: Verbal Behavior Milestones Assesment and Placement Program; VB-MAPP*: Foram apresentadas apenas as categorias que foram pontuadas em marcos do desenvolvimento no instrumento; Nível de significância: p < 0,05; Teste Wilcoxon.

 

Tabela 6: Comparações entre as barreiras de aprendizagens das crianças do GE e do GC no pré e pós-teste

 

 

Notas: M: média; DP: desvio padrão; GE: grupo experimental; GC: grupo controle; Pré:pré-teste; Pós: pós-teste; VB-MAPP: Verbal Behavior Milestones Assesment and Placement Program; VB-MAPP*: Foram apresentadas apenas as categorias que foram pontuadas em barreiras de aprendizagem do desenvolvimento no instrumento; Nível de significância: p < 0,05; Teste Wilcoxon.

 

A Tabela 7 demonstra as comparações entre as barreiras de aprendizagens das crianças do GE nos momentos de pré e pós-teste a partir do VB-MAPP. Observa-se que as crianças do GE apresentaram, no pós-teste, uma redução na média em treze das dezoito barreiras de aprendizagem avaliadas, todavia, essa diferença não foi significativa.

A Tabela 7 também apresenta os dados do pré e pós-teste do GC na comparação das barreiras de aprendizagens. Observa-se que houve uma diminuição na média em dezesseis das dimensões avaliadas, sendo que esta diferença foi significativa na dificuldade em fazer contato visual (p = 0,046).

 

Tabela 7: Comparações intragrupos entre as barreiras de aprendizagens das crianças do GE e GC no pré e pós-teste

 

 

Notas: M: média; DP: desvio padrão; GE: grupo experimental; GC: grupo controle; Pré:pré-teste; Pós: pós-teste; VB-MAPP: Verbal Behavior Milestones Assesment and Placement Program; VB-MAPP*: Foram apresentadas apenas as categorias que foram pontuadas em barreiras de aprendizagem do desenvolvimento no instrumento; Nível de significância: p < 0,05; Teste Wilcoxon.

 

 

Discussão

 

 

A aplicação da ciência ABA para crianças com TEA prevê um atendimento direto com a criança que se inicia em uma avaliação do repertório comportamental infantil. A partir destes dados, é elaborado um currículo de ensino individualizado que tem como objetivo o desenvolvimento de habilidades motoras, sociais, comunicacionais, acadêmicas e de vida diária, além da diminuição de comportamentos considerados disfuncionais (Farias & Elias, 2020). Esse processo deve ser monitorado por avaliações contínuas acerca da eficácia dos procedimentos de ensino praticados para que, se necessário, sejam feitos ajustes e novos arranjos das contingências de ensino propostas (Barcelos et al., 2020). Por ser considerada uma terapia intensiva, os períodos de intervenção podem variar de quatro até 40 horas semanais, definidas de acordo com a necessidade da criança e a disponibilidade, até mesmo financeira, dos pais. Sendo assim, por conta do alto custo gerado pela intensidade requerida em intervenções ABA e pela escassez de profissionais qualificados para aplicá-las, a formação parental tem sido considerada uma alternativa viável para intensificar as aprendizagens infantis e para generalizar para a convivência familiar os repertórios desenvolvidos nas terapias (Romano & Bagaiolo, 2022).

Orientações parentais que propiciem informações sobre o TEA, reforçando a importância da participação dos pais no desenvolvimento infantil, podem contribuir para uma rede de apoio mais consistente, resultando em pais mais compromissados com os atendimentos (Ang & Loh, 2019; Crowell et al., 2019). O presente estudo avaliou os efeitos de um programa de orientação para pais, baseado na ABA, sobre o comportamento verbal de crianças com TEA. Para isso foram feitas comparações entre GE e GC. A hipótese inicial era de que o programa para pais, associado as intervenções ABA realizadas com a criança, resultaria em um desempenho superior no comportamento verbal para o GE e uma diminuição nas barreiras de aprendizagem avaliadas pelo VB-MAPP.

As comparações referentes ao repertório verbal infantil demonstraram que, no pré-teste, os grupos eram equivalentes, ainda que o GE tenha apresentado médias superiores em um número maior de marcos de desenvolvimento avaliados, todavia, as diferenças não foram significativas. Comparando os dois grupos no pós-teste foi verificado um desempenho superior do GE em todos os constructos investigados, apontando para uma possível relação com o programa de pais, ainda que as diferenças não tenham sido significativas. Na revisão sistemática e meta-análise realizada por Deb et al. (2020) todos os estudos incluídos na revisão apresentaram efeito positivo de intervenções realizadas com os pais nos comportamentos das crianças com TEA, todavia, nem sempre a diferença encontrada pelos estudos foi significativa. A ausência de significância estatística nas comparações entre os grupos pode relacionar-se ao reduzido tamanho da amostra e às intervenções ABA individuais que as crianças dos dois grupos estavam realizando, o que também pode ter limitado a identificação das diferenças produzidas pela intervenção com os pais. Entre as dimensões avaliadas pelo VB-MAPP que apresentaram aumento no pós-teste para GE em comparação ao GC, destacam-se os operantes verbais: tato, ecoico e intraverbal, bem como as habilidades de ouvinte e LRFFC. Embora sem diferenças estatísticas, esses resultados apontam a importância da participação dos pais nas intervenções, que podem aumentar a probabilidade de resultados bem-sucedidos (Burrell & Borrego Jr, 2012).

Ao considerar os resultados das comparações intragrupo, essa hipótese pode ser retomada, uma vez que as cinco dimensões em que os resultados do GE foram estatisticamente significativos (ouvinte; VP/MTS; brincar; social e imitação) são consideradas pré-requisitos para operantes verbais vocais. Considerando que o encontro quatro do PROEP abordava o ensino de habilidades para a criança, os pais participantes do PROEP começaram a estimular a generalização das aprendizagens da criança em casa, o que pode sugerir a influência do programa na otimização das habilidades-alvo citadas. Além disso, sabe-se que com a aquisição de novas habilidades os comportamentos interferentes tendem a diminuir sua frequência e intensidade o que também pode ter sido um fator que contribuiu para o resultado, visto que no sexto encontro os pais foram ensinados a analisar funcionalmente respostas comportamentais de seus filhos. Estudos como o de Andrade et al. (2024) e de Bradshaw et al. (2022) reforçam a importância do envolvimento parental para promoção do desenvolvimento, das habilidades sociais e de comunicação em crianças com TEA.

Andrade et al. (2024) revisaram estudos sobre programas educativos à distância para pais de crianças com TEA e encontraram resultados positivos nas rotinas diárias, flexibilidade comportamental e comunicação das crianças. No presente estudo, os ganhos observados no repertório comportamental das crianças do GE nas comparações intragrupo podem evidenciar maior compreensão de instruções, melhora na participação em atividades coletivas e escolares e ampliar as interações com os pais, irmãos, professores, pares e outros adultos significativos, contribuindo para o desenvolvimento dessas crianças, sua inclusão escolar e melhora do seu cotidiano e de sua família. Ainda que os resultados não tenham alcançado significância estatística entre grupos, os avanços obtidos pelas crianças do GE podem contribuir para os relacionamentos familiares e a qualidade de vida das crianças e de suas famílias, apresentando um impacto clínico significativo.

O’Donovan et al. (2019) apontaram que as intervenções individuais de treinamento parental melhoram o repertório infantil e o manejo de comportamentos disfuncionais, todavia, para que sejam eficazes, devem durar, em média, de 10 a 12 semanas. Embora sejam intervenções demoradas e trabalhosas tanto para os profissionais de saúde quanto para os pais, o PROEP seguiu esta recomendação e foram realizadas 12 sessões semanais com os pais.

Anjos e Morais (2021) apontaram que o estabelecimento do vínculo entre a equipe terapêutica, a criança e os pais, pode refletir positivamente nos desafios vivenciados a partir do diagnóstico. Esse relacionamento permite a compreensão dos profissionais sobre como ocorrem as interações familiares frente a nova condição vivenciada e a elaboração de estratégias que podem contribuir para o alívio de dificuldades que os pais possam apresentar durante esse processo. Para as autoras, a estratégia focada no problema é a mais adotada por pais de crianças com TEA, que consiste em compartilhar com os profissionais de saúde e com as pessoas de seu convívio os medos e as dúvidas relacionados ao diagnóstico, trocando experiências e somando esforços conjuntos entre os pais. As autoras ainda destacaram que pais com níveis de escolaridade e socioeconômico mais elevados são mais propensos a crenças mais favoráveis sobre as dificuldades desenvolvimentais infantis, a partir das possibilidades terapêuticas que podem oferecer a eles, mesmo reconhecendo que a condição do TEA seja vitalícia. Considerando que as famílias que compuseram a amostra do presente estudo eram atendidas em uma clínica particular e com classe socioeconômica predominantemente AB entre mães e pais, esse pode ter sido um fator que influenciou os resultados obtidos.

Os resultados apresentados na comparação intragrupos apontaram para médias superiores em todos os marcos de desenvolvimento no pós-teste para os dois grupos, sendo estas significativas em cinco dimensões para o GE e em uma para o GC. Esse resultado indica uma efetividade maior entre uma aplicação da ciência ABA que associe a intervenção infantil e o treino parental na aquisição de novas habilidades, sobretudo aquelas que são pré-requisitos de comportamentos vocais, em comparação a uma intervenção baseada na ciência ABA que foque apenas na criança. Cavalcante et al. (2023) apresentaram, em sua revisão de literatura, diversos estudos que têm se ocupado em demonstrar os benefícios de uma intervenção precoce baseada nos princípios da Análise do Comportamento Aplicada para o TEA. Mais especificamente, Farias e Elias (2020), apontaram a efetividade de uma intervenção ABA, utilizando o VB-MAPP, para o ensino de múltiplos operantes verbais para trigêmeos de três anos e seis meses com TEA. Porém, no presente estudo os desempenhos superiores das crianças do GE indicam a importância da intervenção sistemática com pais.

Avaliar as barreiras de aprendizagem permite a identificação de repertórios comportamentais que possam influenciar negativamente ou, até mesmo, impedir às aprendizagens infantis (Montallana et al., 2019). Considerando as 24 barreiras de aprendizagem investigadas, 18 foram apresentadas pelas crianças deste estudo.

Em uma comparação entre os dois grupos, no pré-teste, houve uma equivalência nas barreiras que tiveram médias superiores, sete para cada grupo, sendo a dificuldade em fazer contato visual significativa no GC. Essa significância se manteve inalterada no pós-teste, todavia, houve um aumento nas dimensões em que foram observadas médias superiores no GC e uma redução no número de barreiras com médias superiores no GE.

Comparando a pontuação média de cada grupo, antes e depois da intervenção, observa-se que o GE apresentou médias menores em mais constructos avaliados, todavia, essa diferença não foi significativa. Embora a diminuição do GC tenha ocorrido em menos barreiras de aprendizagem, houve uma redução significativa na dificuldade de fazer contato visual. Esse dado sugere que PROEP realizado com os pais pode ter facilitado o manejo de comportamentos desafiadores e que prejudicavam as aprendizagens infantis. Bagaiolo et al. (2019) avaliaram o impacto de um treinamento de pais sobre o manejo de comportamentos desafiadores de seus filhos com TEA e verificaram uma redução de mais de 70 % desse repertório nas duas últimas semanas da intervenção.

 

 

Considerações finais

 

 

Este estudo possibilitou avaliar os efeitos de um programa ABA associado a um programa de orientação específico para pais sobre o repertório verbal de seus filhos com TEA. Os resultados concordaram com a literatura quanto a efetividade de práticas baseadas em evidências científicas, sobretudo a ABA, para o desenvolvimento do repertório verbal de crianças com TEA. Os ganhos do GE foram maiores do que os do GC no desempenho verbal, avaliado pelo VB-MAPP. Este resultado sugere impacto positivo sobre 31 % dos comportamentos avaliados para o GE. Para o GC a melhora foi para 6 % dos comportamentos avaliados pelo VB-MAPP. Todavia, a intervenção com ABA e com os pais não resultou em melhora significativa nas barreiras de aprendizagem. Embora não tenham sido observadas diferenças estatísticas significativas entre os grupos, os avanços obtidos pelas crianças do GE sugerem ganhos clinicamente relevantes, especialmente em habilidades relacionadas à comunicação funcional e à interação social. Tais avanços podem produzir melhorias na rotina das famílias e na inclusão das crianças com TEA.

Algumas limitações do estudo podem ter influenciado esses achados, entre elas, a dificuldade de adesão ao programa pelos pais, sobretudo, pelas faltas excessivas aos encontros, a não realização das tarefas propostas, a dificuldade de engajamento nas vivências sugeridas com a criança e a sobrecarga de trabalho para custear as intervenções infantis, o que resultou em uma amostra limitada. A intervenção ter encontros relacionados às características do TEA, conceitos e procedimentos da ABA voltados exclusivamente ao desenvolvimento infantil pode ter contribuído para uma sobrecarga parental, evidenciando a necessidade de um espaço para escuta mais direcionada a eles.

O fato de a amostra ser composta predominantemente por pais e mães com classe socioeconômica A e B, também pode ser considerada uma limitação para o estudo, inviabilizando a generalização dos resultados, visto que não é uma amostra representativa da população brasileira e que são pessoas, principalmente do GE, com maiores possibilidades de acesso a informações, as terapias e a rede de apoio. Além disso, as crianças dos dois grupos estavam em intervenção e os objetivos eram individualizados e estabelecidos a partir de uma avaliação prévia que considerava suas reservas, excessos e déficits comportamentais. Deste modo, também é possível que esse aspecto tenha interferido nos resultados obtidos a partir da intervenção com os pais.

Outras limitações encontradas pelo estudo referem-se a uma das pesquisadoras ter realizado as intervenções e à fidelidade da intervenção não ter sido monitorada por juízes externos. Novos estudos podem contar com aplicadores distintos e independentes ao objetivo da pesquisa, e de instrumentos de monitoramento da fidelidade, bem como de estratégias para aumentar a adesão parental. Além disso, não há estudos amplamente reconhecidos e publicados em periódicos científicos de alto impacto que apresentem propriedades psicométricas da versão em português do VB-MAPP (traduzida por Martone, 2017). O instrumento original de Sundberg (2008) também não foi desenvolvido com base em critérios psicométricos tradicionais, mas sim como uma ferramenta funcional da Análise do Comportamento para avaliação de repertórios verbais. Apesar de amplamente utilizado na prática clínica, o VB-MAPP não possui evidências formais de validade ou confiabilidade nos moldes da psicometria clássica o que pode se apresentar como uma limitação do presente estudo.

Ainda que os resultados tenham sido promissores, é evidente a necessidade de investigações mais robustas, com uma população maior, com avaliação de follow up e com programas voltados exclusivamente aos cuidados com a criança, com práticas baseadas em evidências científicas, mas que incluam vivências relacionadas ao resgate de outros papéis que esses indivíduos têm no mundo, para além da parentalidade da criança com TEA. Apesar das limitações, este estudo contribui com evidências sobre intervenções realizadas com os pais e avanços no repertório verbal de seus filhos com TEA, reforçando a importância de que os pais sejam incluídos no processo terapêutico de seus filhos.

 

 

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Disponibilidade de dados: O conjunto de dados que embasa os resultados deste estudo não está disponível.

 

Financiamento: Este estudo não recebeu nenhum financiamento externo ou apoio financeiro.

 

Conflito de interesse: Os autores declaram não ter conflito de interesse.

 

Como citar: Ferreira, T. da S., Chiodelli, T., & Rodrigues, O. M. P. R. (2025). Programa ABA para pais e o desenvolvimento verbal de crianças com TEA. Ciencias Psicológicas, 19(1), e-4030. https://doi.org/10.22235/cp.v19i1.4030

 

Contribuição de autores (Taxonomia CRediT): 1. Conceitualização; 2. Curadoria de dados; 3. Análise formal; 4. Aquisição de financiamento; 5. Pesquisa; 6. Metodologia; 7. Administração do projeto; 8. Recursos; 9. Software; 10. Supervisão; 11. Validação; 12. Visualização; 13. Redação: esboço original; 14. Redação: revisão e edição.

T. da S. F. contribuiu em 1, 2, 3, 5, 6, 7, 13, 14; T. C. em 3, 13, 14; O. M. P. R. R. em 1, 2, 3, 6, 10, 11, 13, 14.

 

Editora científica responsável: Dra. Cecilia Cracco.

 

 

Ciencias Psicológicas 19(1)

January-June 2025

10.22235/cp.v18i2.4030

Original Articles

ABA program for parents and verbal development in children with ASD

Programa ABA para pais e o desenvolvimento verbal de crianças com TEA

Programa ABA para padres y el desarrollo verbal de niños con TEA

 

Tahena da Silva Ferreira¹, ORCID 0000-0002-6089-9498

Taís Chiodelli², ORCID 0000-0002-8586-1111

Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues³, ORCID 0000-0002-5332-256X

 

¹ Universidade Estadual Paulista, Brazil

² Universidade Estadual Paulista, Brazil, [email protected]

³ Universidade Estadual Paulista, Brazil

 

Abstract:

Applied Behavior Analysis (ABA) interventions for children with autism spectrum disorder (ASD) must be systematized and intensive, with guidance for parents. This study aimed to describe and evaluate the effects of a parenting program, based on ABA, on the verbal development of children with ASD. Using an experimental design, the sample included 12 mothers, five fathers, and their children with ASD, aged one to four years, divided into an experimental group (EG) and control group (CG). The children’s verbal repertoire was assessed using the VB-MAPP before and after the parents participated in the 12-week program. The results showed that, after the intervention with parents, the EG exhibited a significantly greater increase in verbal behaviors (31 %) compared to the CG (6 %) in intragroup comparisons. No differences were observed between the groups in the post-test. The interventions with parents positively influenced the verbal repertoire of children with ASD, indicating the need for studies with larger samples.

Keywords: program for parents; applied behavior analysis; autism spectrum disorder; verbal behavior; VB-MAPP.

 

Resumo:

Intervenções em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) devem ser sistematizadas, intensivas e com orientações para pais. Este estudo objetivou descrever e avaliar os efeitos de um programa para pais, baseado em ABA, sobre o desenvolvimento verbal de crianças com TEA. Com delineamento experimental, a amostra incluiu 12 mães, cinco pais e seus filhos com TEA, de um a quatro anos, distribuídas em grupo experimental (GE) e controle (GC). O repertório verbal das crianças foi avaliado com o VB-MAPP antes e depois dos pais participarem do programa durante 12 semanas. Os resultados apontaram que, após a intervenção com pais, o GE apresentou significativamente mais comportamentos verbais (31%) do que o GC (6 %), em comparações intragrupos. Não foram observadas diferenças entre os grupos no pós-teste. Intervenções com pais alteraram positivamente o repertório verbal de crianças com TEA, sugerindo a necessidade de estudos com amostras maiores.

Palavras-chave: programa para pais; análise do comportamento aplicada; transtorno do espectro autista; comportamento verbal; VB-MAPP.

 

Resumen:

Las intervenciones del Análisis Aplicado de la Conducta (ABA) para niños con trastorno del espectro autista (TEA) deben ser sistematizadas e intensivas, con orientación para los padres. Este estudio tuvo como objetivo describir y evaluar los efectos de un programa parental, basado en ABA, sobre el desarrollo verbal de niños con TEA. Con un diseño experimental, la muestra estuvo compuesta por 12 madres, cinco padres y sus niños con TEA, de uno a cuatro años de edad, divididos en grupo experimental (GE) y control (GC). El repertorio verbal de los niños se evaluó con el VB-MAPP antes y después de que los padres participaran en el programa durante 12 semanas. Los resultados mostraron que, después de la intervención con los padres, el GE mostró significativamente más conductas verbales (31 %) que el GC (6 %), en las comparaciones intragrupo. No se observaron diferencias entre los grupos en el postest. Las intervenciones con los padres alteraron positivamente el repertorio verbal de los niños con TEA, lo que sugiere la necesidad de estudios con muestras más grandes.

Palabras clave: programa para padres; análisis aplicado de la conducta; trastorno del espectro autista; conducta verbal; VB-MAPP.

 

Received: 24/04/2024

Accepted: 15/05/2025

 

 

Autism Spectrum Disorder (ASD) is a chronic neurodevelopmental condition present from early childhood, characterized by difficulties in communication and social interaction, as well as the presence of restricted interests and repetitive behaviors (American Psychiatric Association (APA), 2022). According to the DSM-5-TR (APA, 2022), the following deficits in the repertoire of social communication must be identified, across multiple contexts: limited use of language to communicate with other people, rarely responds when called, does not usually share interests or achievements with parents and family members, has difficulty understanding nonverbal language, does not develop facial expressions, exhibiting limited expressions to communicate, has little interest in interacting with other children, and shows limitations in engaging in creative play or activities requiring imagination, such as symbolic play. They may also exhibit repetitive behaviors during play or while performing an activity, engage in repetitive verbalizations, have peculiar or intense interests in certain subjects, require things to always happen in the same way, with rigid routines, and display sensory issues such as sensitivity to sounds, light, or certain environments (APA, 2022). Based on the impairments observed in social communication and in restricted and repetitive behavior patterns, it is possible to identify levels of support needs: level 1 – requiring support, level 2 – requiring substantial support, and level 3 – requiring very substantial support.

Recent estimates have identified ASD as one of the most prevalent neurodevelopmental disorders worldwide, estimated at 1 in every 31 children (Shaw et al., 2025). A study by Li et al. (2022) warned that this prevalence may reach 1 in 30. In Brazil, there are still few studies related to the prevalence of this disorder (Nogueira et al., 2022), however, it is estimated that at least two million Brazilians have been diagnosed with ASD (Araujo et al., 2019).

Among the various therapeutic and educational interventions directed at individuals with ASD, Applied Behavior Analysis (ABA) stands out as one of the most influential and growing approaches in the United States of America, particularly because it is considered a practice based on scientific evidence (Deochand & Fuqua, 2016; Fernandes & Amato, 2013). Applied Behavior Analysis refers to a subfield of Behavior Analysis, which cannot exist independently of two other areas: Experimental Analysis of Behavior (a basic science) and Radical Behaviorism (the philosophy that underpins this science) (Tourinho, 1999).

An ABA intervention involves identifying behaviors and skills that need to be developed or improved through the selection and description of teaching objectives and the design of an individualized teaching plan with strategies that have been proven effective for behavior modification in the individual’s natural environments. The teaching programs are systematically analyzed based on their outcomes. Once the teaching objectives are achieved, the goal is for the learned or refined behaviors to be generalized across various people and daily contexts in the individual’s life (Cartagenes et al., 2016).

Although there is a growing number of studies demonstrating the effectiveness of ABA interventions for ASD, there is no known systematization in Portuguese on this topic to date (Sella & Ribeiro, 2018). However, several authors (Boyd et al., 2012; Cook & Odom, 2013; Foxx, 2008; Odom et al., 2010; Wong et al., 2015) have reviewed the results in the scientific literature, analyzing them with scientific rigor, and summarizing their findings on which procedures and outcomes have been most effective in modifying and developing specific behaviors in individuals with ASD. It should also be highlighted that the high prevalence of ASD and the enduring nature of this condition represent a significant demand not only for the services that support these individuals (healthcare, education, and social assistance sectors) (Ferguson et al., 2019), but also place a burden on the parents of these children (Vilanova et al., 2022).

The deficit in verbal communication is a characteristic present in the repertoire of children with ASD. Among the instruments used to assess it is the Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program (VB-MAPP), which aims to map the behavioral repertoire and learning barriers of children up to four years of age, based on the assumptions of verbal behavior proposed by Skinner (1957). According to Skinner (1957), verbal behavior is an operant behavior, selected and maintained by its consequences. What differentiates it from other operant behaviors is the mediation of its consequences by a listener, a member of a verbal community.

In this context, Lotfizadeh et al. (2018) conducted a study aimed at evaluating the effects of a low-intensity ABA intervention, based on the replication of previous studies, including direct observation measures proposed in the VB-MAPP. A regression analysis was conducted using data from 171 individuals with autism between one year and seven months and 30 years and four months of age, resulting in a mean sample age of five years and ten months. The independent variable in this study was the ABA intervention, which consisted of 1:1 therapy and supervision. Participants were divided into two groups, with 98 participants allocated to the treatment group and receiving between eight and 14.5 hours per week of intervention, while the 73 participants in the control group received between 1.4 and 8 hours per week of intervention. The VB-MAPP was used as the primary outcome measure. However, a subsample was constructed based on participants for whom data from the Vineland Adaptive Behavior Scale (VABS II) were available. Consequently, outcome measures from 17 individuals with autism in the treatment group were analyzed in comparison to 11 from the control group for this instrument. The results indicated that participants in the treatment group achieved greater gains in VB-MAPP scores, with a statistically significant difference between the groups. Regarding the VABS II results, greater gains were identified in the treatment group, although the difference between the groups was not statistically significant.

Saaybi et al. (2019) conducted a pilot study aimed at identifying white matter tract abnormalities in children and preschoolers with ASD using diffusion tensor imaging and correlating the imaging findings with clinical improvements following an ABA intervention. For this, 25 children, aged between 18 months and four years, were divided into a treatment group (n = 17) and a control group (n = 8). Magnetic resonance images were collected before and 12 months after the intervention for both groups, and at three time points in the study, the children were assessed using the VB-MAPP: before, six months after, and one year after the intervention. The treatment group underwent an ABA intervention five days per week, for six to 10 hours per week, in addition to one hour per week of speech therapy and occupational therapy. Tract-Based Spatial Statistics (TBSS) were used to measure medical variables such as fractional anisotropy, mean diffusivity, axial diffusivity, and radial diffusivity, allowing for comparison of imaging data from participants with ASD in relation to neurotypical participants. Consequently, two comparisons were made in this study: (1) the effect of ABA therapy on VB-MAPP scores for the ASD sample, that is, this variable was analyzed within-group, and (2) the comparison of white matter tracts in the images of the ASD sample in relation to the sample with typical neurodevelopment. The VB-MAPP results indicated improvement from baseline for the within-group data of the ASD sample, both in the assessment conducted at six months and the one conducted at twelve months after the intervention. Additionally, the diffusion tensor imaging findings indicated white matter tract abnormalities in patients with ASD compared to controls at the beginning of the intervention and confirmed the benefits of early intervention and ABA therapy in clinical and neuroimaging outcomes, as evidenced by the increase in fractional anisotropy in 21 tracts of the patients with ASD after treatment.

Involving parents and caregivers is just as important as providing early and effective interventions for children with ASD, as their participation makes them effective partners in the practices with their children. Gomes et al. (2021) used Information and Communication Technology to train caregivers of children with ASD to conduct intensive behavioral interventions. The results indicated positive changes in all areas of development assessed by the Operationalized Portage Inventory and the PEP-R (Psychoeducational Profile Revised). Stone-Heaberlin et al. (2023), considering the importance of early intervention, involved parents in the Bridge Skill Development program while the children awaited the start of intensive interventions. Using teaching techniques from Behavior Analysis (ABA) and discrete trial training (DTT), it was possible to observe improvements in target skills taught to all participants (maintaining eye contact, imitating, matching objects, and following instructions). Tabatabaei et al. (2022) conducted a systematic literature review aimed at analyzing the characteristics and outcomes of interventions and training involving parents of children with ASD. A total of 53 articles were analyzed. Of the studies, 92% took place in high-income countries, with 36% conducted at home, 47% in institutions, and the remainder in mixed settings. Of the interventions, 57% were individual. The results indicated favorable effects for both parents and children. The literature confirms the need for early interventions with children with ASD, with the aim of promoting their overall and verbal development, increasing their likelihood of future independence, as well as interventions with parents to prepare them to be effective partners in this journey.

In this context, the need for early interventions is evident, which must be based on empirical evidence and aim to support the parents of children with ASD. These interventions should focus both on the behavioral management of their children, promoting the development of skills in which they show deficits, reducing interfering behaviors they present, and at the same time contributing to the physical and emotional well-being of these parents, enabling a more qualitative involvement in their child’s development and expanding the possibilities of interventions with this population. The present study aimed to describe and assess the effects of a parent training program based on ABA on the verbal behavior of their children with ASD. The hypothesis was that parents’ participation in the parent training program, combined with ABA interventions conducted with the child, would increase the frequency of verbal behaviors emitted by their children with ASD and lead to a decrease in the learning barriers assessed by the VB-MAPP.

 

 

Materials and methods

 

 

Ethical aspects of the research

 

 

The present study was part of a larger study entitled: “Effects of a teaching program in Applied Behavior Analysis (ABA) on the development of children with autism spectrum disorder and the emotional health of their parents,” approved by the Ethics Committee of the School of Sciences at UNESP-Bauru, Protocol No. 4.769.162, which complied with all the standards presented in Resolution No. 466/2012 of the National Research Ethics Commission. The participants were invited and informed about the objective of the study, and those who agreed to participate signed the consent form, which outlined the objectives of the study and safeguarded the participants’ rights regarding the confidentiality of their personal information, emphasizing the voluntary nature of their participation and the possibility of withdrawing at any time. At the end of the parents’ participation in the project, individual feedback sessions were conducted, providing guidance and appropriate referrals for each case.

 

 

Research design

 

 

The present study is characterized as an experimental study, with groups randomly assigned (Cozby, 2003). Initially, both groups underwent pre-test assessments. Subsequently, the children in both groups received ABA interventions, and the parents in the Experimental Group participated in the ABA-based orientation program, which also included information on ASD. At the end of the intervention, both groups (children and parents) underwent the same pre-test assessments. The performance of the children’s verbal behavior, assessed based on scores in the developmental milestones and learning barriers in the VB-MAPP protocol, was considered the dependent variable of the study. The participation of the parents in the orientation program was the independent variable.

 

 

Participants

 

 

A total of 34 Brazilian families were invited to participate in this study. Seventeen mothers and ten fathers agreed and responded to the pre-test instruments. However, the total sample that participated in all stages of the study consisted of 12 mothers and five fathers and their children, who were randomly assigned to the experimental group (six mothers and three fathers) and the control group (six mothers and two fathers). Furthermore, among the participating parents, five were couples, of whom three were in the Experimental Group (EG) and two in the Control Group (CG). Among the mothers, seven participated individually, three in the EG and four in the CG. All participants were parents of children diagnosed or undergoing diagnostic evaluation for autism spectrum disorder, aged between one and four years.

Inclusion criteria: 1) Parents had to be at least 18 years of age, and 2) Children had to have a diagnosis of ASD through a report issued by a pediatric neurologist or child psychiatrist or be undergoing diagnostic evaluation. Exclusion criteria: 1) Parents with a history of or undergoing treatment for psychotic disorders, and 2) Children and their parents who had previously received ABA intervention. Criterion 2 was established as a means of controlling for possible effects of a previous intervention.

The sociodemographic characteristics of the participants are presented in Table 1. In general, mothers and fathers in both the experimental and control groups had similar profiles in terms of age range, marital status, paid employment, and number of children. Greater variability between the groups was observed in terms of educational level and socioeconomic status, particularly among the fathers.

 

Table 1: Sociodemographic characteristics of the mothers and fathers in the CG and EG

 

 

Note: EG: experimental group; CG: control group.

 

Regarding the sociodemographic characteristics of the children who comprised the sample, as shown in Table 2, six were part of the EG and six of the CG. Overall, the groups exhibited a similar distribution in terms of age and school attendance. Most of the children were male and were the firstborn in their families. In the experimental group, all had a diagnosis of ASD, while in the control group, some were still undergoing diagnostic evaluation. A diversity of communication modes was observed, with a greater predominance of both vocal and gestural difficulties in the control group.

 

Table 2: Characterization of the children in the EG and CG

 

 

Note: EG: experimental group; CG: control group.

 

 

Setting

 

 

Data were collected in rooms specifically designated for psychotherapeutic services at a private clinic serving children with ASD, located in the municipality of Londrina/PR, Brazil. All types of noise or other stimuli that could interfere with the parents’ privacy or with the proposed interventions for the children were controlled to the greatest extent possible in an attempt to minimize potential impacts on the completion of the instruments or during the intervention.

 

 

Instruments

 

 

To identify sociodemographic issues, a questionnaire was developed containing questions directed to the parents (age, marital status, educational level, type of delivery, and number of children), to the child (age, sex, birth conditions, age at which the diagnosis was made, types of interventions the child may have undergone, and their duration), and to the family (family configuration, number of residents in the household). For socioeconomic data, the scale organized by the Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2019) was used, which contains questions about housing conditions (household appliances, number of rooms, etc.) and public services (running water, paved street).

To assess the verbal repertoire, the Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program (VB-MAPP), developed by Sundberg (2008), was used. It is based on Skinner’s (1957) concepts of verbal behavior, was translated and adapted into Portuguese by Martone (2017), and has been widely used for mapping, planning, and implementing interventions related to the behavioral repertoire of children with ASD. The assessed developmental milestones are divided into three levels: 1) from zero to 18 months, with nine areas: mand, tact, listener, VP/MTS (visual perception and matching-to-sample), play, social, imitation, echoic, and vocal; 2) from 18 to 30 months, with 12 areas: mand, tact, listener, VP/MTS, play, social, imitation, echoic, listener responding by function, feature, and class (LRFFC), intraverbal, group activities, and linguistic structures; and 3) from 30 to 48 months, with 13 areas: mand, tact, listener, VP/MTS, play, social, imitation, echoic, LRFFC, intraverbal, group activities, linguistic structures, and early math skills. In each evaluative domain, the child can score from zero to five points. The protocol presents five components for assessment: 1) developmental milestones; 2) barriers assessment; 3) transition; 4) task analysis; and 5) interpretation and development of the Individualized Education Program (IEP). It is important to highlight that, for the present study, since the objective was to map the child’s behavioral repertoire, only the developmental milestones and learning barriers proposed in the protocol were investigated.

 

 

Procedures

 

 

The parents of children with ASD were identified at a private clinic in the city of Londrina/PR, Brazil, where they had sought care for their children, and were invited to participate in the present study. In cases of acceptance, participants were allocated to the EG and CG in order of arrival. The method of simple randomization by fixed blocks of two participants was used as a way to reduce bias and allocate participants into the groups in a balanced manner (Efird, 2010). An individual meeting was scheduled to present the objectives and phases of the research. After clarifying any doubts, the parents signed the consent form. On a previously scheduled date and time, the children were assessed using the VB-MAPP.

Regardless of the group randomization, based on the VB-MAPP data, a quarterly IEP was developed for each child. It included short-term, medium-term, and long-term goals aimed at developing the child’s skills through the application of ABA teaching programs. These programs were applied and measured in each session conducted with the child, and were therefore continuously reviewed and systematically adjusted based on the child’s performance throughout the 12 weeks of intervention. Consequently, as the intervention was conducted with children from both groups, it was treated as a constant variable in the study design.

Simultaneously with the ABA intervention for the children, the parents in the GE participated in the Parent Orientation and Teaching Program (Programa de Orientação e Ensino para Pais - PROEP), developed for this study, based on Analytic-Behavioral (ABA) principles and implemented by the first author. The guidance was provided individually and in person. The PROEP was not monitored by an external judge, but weekly external supervision sessions were conducted. The PROEP consisted of 12 weekly meetings, each lasting approximately 90 minutes, and addressed topics such as welcoming the parents’ concerns regarding their child’s diagnosis. The description of the PROEP is presented in Table 3.

 

Table 3: Description of the PROEP

 

 

In each meeting, the content was described and addressed in an explanatory and dialogical manner with the parents, including scheduled observations during the child’s sessions and small homework tasks (reports, records, or videos on topics relevant to the theme worked on in the meeting and related to the items in the child’s IEP). Doubts regarding the challenges experienced during the week with the child and the tasks requested in the previous meeting were also resolved (Ferreira, 2023).

Since it is an ABA program involving mothers, fathers, and their children with ASD, in some clinical sessions, behavioral management videos that they could practice at home (video modeling) were recorded, and in others, they were able to participate in the session in person, receiving guidance and feedback. The type of conduct adopted (video modeling or in-person feedback) was determined by the short-term, medium-term, and long-term goals described in the child’s IEP and the results presented by the child in each session. At the end of the trimester, the children were reassessed using the VB-MAPP.

 

 

Data análisis

 

 

Data collected with the VB-MAPP were analyzed and categorized according to its manual. For statistical analyses, the IBM SPSS version 23 software was used. All data were analyzed using descriptive statistics, calculating the mean and standard deviation for quantitative data and relative and absolute frequencies for qualitative data. The data did not present a normal distribution; therefore, for inter- and intragroup comparisons related to verbal behavior and learning barriers, the Mann-Whitney and Wilcoxon tests were used.

 

 

Results

 

 

Table 4 presents the comparisons of the verbal repertoire of the children in the EG in relation to those in the CG based on the VB-MAPP in the pre- and post-test phases. In the pre-test, the children in the EG presented higher means than those in the CG in nine of the 15 evaluated dimensions, namely: mand, tact, listener, play, imitation, echoic, LRFFC, intraverbal, and language; however, there were no statistically significant differences between the groups. The group dimension was not evaluated in either group due to precautions related to the COVID-19 pandemic, which was ongoing at the time of data collection.

In the post-test, the comparisons of the verbal repertoire of the children in the EG in relation to those in the CG based on the VB-MAPP showed that the children in the EG performed better in all evaluated repertoires. However, the differences were not significant (Table 4).

 

Table 4: Comparisons between the verbal repertoires of the children in the EG and CG in the pre- and post-test

 

Notes: M: mean; SD: standard deviation; EG: experimental group; CG: control group; Pre: pre-test; Post: post-test; VB-MAPP: Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program; VB-MAPP*: Only the categories that were scored in developmental milestones in the instrument were presented; Significance level: p < .05; Mann-Whitney test.

 

Table 5 presents the intragroup comparisons of the verbal repertoire of the children in the EG and CG based on the VB-MAPP in the pre-test and post-test. It was observed that in all dimensions evaluated in the EG, the means were higher in the post-test, with five dimensions showing statistically significant differences: listener (p = .041), VP/MTS (p = .042), play (p = .027), social (p = .042), and imitation (p = .027). In the CG, the difference was significant for play (p = .026). For the CG, higher means were also observed in the post-test for the evaluated dimensions, except for the vocal repertoire.

Comparisons were made between the learning barriers of the children in the EG in relation to the CG at the pre-test moment based on the VB-MAPP. The EG presented higher scores in seven of the 18 evaluated barriers, and the CG in seven of them. In five of the barriers, performance was equal for both groups. Significant differences were observed only in eye contact, which was higher for the CG (p = .003), as shown in Table 6.

Considering the post-test of the comparisons between the learning barriers of the children in the EG in relation to the CG based on the VB-MAPP, it can be seen that the EG presented higher means in seven barriers, while the CG presented higher means in nine of them. In only two, the result was the same for both groups. However, the difference was significant only for eye contact, with lower performance for the CG (p = .013). The data are presented in Table 6.

 

Table 5: Intragroup comparisons between the verbal repertoires of the children in the EG and CG in the pre-test and post-test

 

 

Notes: M: mean; SD: standard deviation; EG: experimental group; CG: control group; VB-MAPP: Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program; VB-MAPP*: Only the categories that were scored in developmental milestones in the instrument were presented; Significance level: p < .05; Wilcoxon test.

 

Table 6: Comparisons between the learning barriers of the children in the EG and CG in the pre- and post-test

 

 

Notes: M: mean; SD: standard deviation; EG: experimental group; CG: control group; Pre: pre-test; Post: post-test; VB-MAPP: Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program; VB-MAPP*: Only the categories that were scored in developmental learning barriers in the instrument were presented; Significance level: p < .05; Mann-Whitney test.

 

Table 7 demonstrates the comparisons between the learning barriers of the children in the EG at the pre- and post-test moments based on the VB-MAPP. It can be observed that the children in the EG presented a reduction in the mean in thirteen of the eighteen evaluated learning barriers in the post-test; however, this difference was not significant.

Table 7 also presents the pre- and post-test data of the CG in the comparison of learning barriers. It can be seen that there was a decrease in the mean in sixteen of the evaluated dimensions, with this difference being significant in difficulties making eye contact (p = .046).

 

Table 7: Intragroup comparisons between the learning barriers of the children in the EG and CG in the pre- and post-test

 

 

Note: M: mean; SD: standard deviation; EG: experimental group; CG: control group; Pre: pre-test; Post: post-test; VB-MAPP: Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program; VB-MAPP*: Only the categories that were scored in developmental learning barriers in the instrument were presented; Significance level: p < .05; Wilcoxon test.

 

 

Discussion

 

 

The application of ABA science for children with ASD involves direct work with the child, beginning with an assessment of the child’s behavioral repertoire. Based on this data, an individualized teaching curriculum is developed with the objective of promoting the development of motor, social, communicational, academic, and daily living skills, in addition to reducing behaviors considered dysfunctional (Farias & Elias, 2020). This process must be monitored through continuous evaluations regarding the effectiveness of the teaching procedures employed, so that, if necessary, the proposed teaching contingencies can be adjusted and rearranged (Barcelos et al., 2020). Being considered an intensive therapy, intervention periods may vary from four to 40 hours weekly, defined according to the child’s needs and the availability, including financial, of the parents. Accordingly, due to the high cost generated by the intensity required in ABA interventions and the scarcity of qualified professionals to apply them, parental training has been considered a viable alternative to intensify children’s learning and to generalize the repertoires developed in therapy to family life (Romano & Bagaiolo, 2022).

Parental guidance that provides information about ASD, reinforcing the importance of parental involvement in child development, can contribute to a more consistent support network, resulting in parents who are more committed to the interventions (Ang & Loh, 2019; Crowell et al., 2019). The present study evaluated the effects of a parent guidance program, based on ABA, on the verbal behavior of children with ASD. For this purpose, comparisons were made between the EG and CG. The initial hypothesis was that the parent program, combined with ABA interventions conducted with the child, would result in superior verbal behavior performance for the EG and a decrease in learning barriers evaluated by the VB-MAPP.

Comparisons regarding children’s verbal repertoire showed that, at pre-test, the groups were equivalent, although the EG presented higher means in a larger number of developmental milestones assessed; however, the differences were not significant. Comparing the two groups at post-test, superior performance was observed in the EG across all constructs investigated, suggesting a possible relation to the parent program, although the differences were not significant. In the systematic review and meta-analysis conducted by Deb et al. (2020), all studies included showed a positive effect of interventions performed with parents on behaviors of children with ASD, although not all studies found significant differences. The lack of statistical significance in between-group comparisons may be related to the small sample size and the individual ABA interventions that children in both groups were undergoing, which may also have limited the identification of differences produced by the parent intervention. Among the VB-MAPP dimensions showing increase at post-test for the EG compared to the CG, notable were the verbal operants: tact, echoic, and intraverbal, as well as listener skills and LRFFC. Although without statistical differences, these results highlight the importance of parental involvement in interventions, which can increase the likelihood of successful outcomes (Burrell & Borrego Jr, 2012).

Considering the intragroup comparison results, this hypothesis can be reconsidered, since the five dimensions in which the EG showed statistically significant results (listener; VP/MTS; play; social; and imitation) are considered prerequisites for vocal verbal operants. Given that the fourth session of the PROEP addressed teaching skills to the child, parents participating in the PROEP began to encourage generalization of the child’s learning at home, which may suggest the program’s influence on optimizing the target skills mentioned. Furthermore, it is known that with the acquisition of new skills, interfering behaviors tend to decrease in frequency and intensity, which may also have contributed to the result, since in the sixth session parents were taught to functionally analyze their children’s behavioral responses. Studies such as Andrade et al. (2024) and Bradshaw et al. (2022) reinforce the importance of parental involvement to promote development, social skills, and communication in children with ASD.

Andrade et al. (2024) reviewed studies on distance educational programs for parents of children with ASD and found positive results in daily routines, behavioral flexibility, and children’s communication. In the present study, the gains observed in the behavioral repertoire of the children in the EG in intragroup comparisons may indicate greater comprehension of instructions, improved participation in group and school activities, and expanded interactions with parents, siblings, teachers, peers, and other significant adults. These improvements contribute to the children’s development, support their school inclusion, and enhance their daily lives and those of their families. Although the results did not achieve statistical significance between groups, the advances obtained by the children in the EG may contribute to family relationships and quality of life for children and their families, presenting a clinically significant impact.

O’Donovan et al. (2019) highlighted that individual parental training interventions improve the child’s repertoire and management of dysfunctional behaviors; however, for these to be effective, they should last an average of 10 to 12 weeks. Although time-consuming and demanding for both healthcare providers and parents, the PROEP adhered to this recommendation by offering 12 weekly sessions conducted with parents.

Anjos and Morais (2021) noted that establishing a bond between the therapeutic team, the child, and the parents can positively influence challenges faced from the diagnosis onward. This relationship allows professionals to understand how family interactions occur in response to the new condition and to develop strategies that may alleviate difficulties parents face during this process. According to the authors, the problem-focused strategy is the most adopted by parents of children with ASD, which consists of sharing fears and doubts related to the diagnosis with healthcare providers and people in their environment, exchanging experiences, and combining efforts. The authors also highlighted that parents with higher educational and socioeconomic levels tend to hold more favorable beliefs about developmental difficulties based on therapeutic possibilities available to them, even acknowledging that ASD is a lifelong condition. Considering that families in this study’s sample were attended in a private clinic and predominantly belonged to socioeconomic class AB among mothers and fathers, this may have influenced the results obtained.

The intragroup comparison results indicated higher means in all developmental milestones at post-test for both groups, with statistical significance in five dimensions for the EG and one for the CG. This result suggests greater effectiveness for an ABA science application associating child intervention and parental training in acquiring new skills, especially those considered prerequisites for vocal behaviors, compared to an ABA intervention focused only on the child. Cavalcante et al. (2023), in their literature review, presented several studies demonstrating benefits of early intervention based on Applied Behavior Analysis principles for ASD. More specifically, Farias and Elias (2020) reported the effectiveness of an ABA intervention, using the VB-MAPP, for teaching multiple verbal operants to triplets, three years and six months of age, with ASD. However, in the present study, the superior performances of the children in the EG indicate the importance of systematic intervention with parents.

Evaluating learning barriers allows identification of behavioral repertoires that may negatively influence or even prevent children’s learning (Montallana et al., 2019). Considering the 24 learning barriers investigated, 18 were presented by children in this study.

In a comparison between the two groups at pre-test, equivalence was observed in the barriers with higher means, seven for each group, with difficulty making eye contact being significantly greater in the CG. This significance remained unchanged at post-test; however, there was an increase in the dimensions where higher means were observed in the CG and a reduction in the number of barriers with higher means in the EG.

Comparing the mean score of each group before and after intervention, the EG showed lower means in more constructs assessed, although this difference was not significant. Although the CG’s decrease occurred in fewer learning barriers, there was a significant reduction in difficulty making eye contact. This finding suggests that the PROEP carried out with parents may have facilitated the management of challenging behaviors that impaired the children’s learning. Bagaiolo et al. (2019) assessed the impact of parent training on the management of challenging behaviors of their children with ASD and found a reduction of more than 70 % of this repertoire in the final two weeks of the intervention.

 

 

Final Considerations

 

 

This study made it possible to evaluate the effects of an ABA program combined with a specific parental guidance program on the verbal repertoire of their children with ASD. The results were consistent with the literature regarding the effectiveness of evidence-based practices, particularly ABA, for the development of the verbal repertoire of children with ASD. The gains of the EG were greater than those of the CG in verbal performance, as assessed by the VB-MAPP. This result suggests a positive impact on 31% of the behaviors evaluated for the EG. For the CG, improvement occurred in 6% of the behaviors evaluated by the VB-MAPP. However, the intervention with ABA and parents did not result in significant improvement in learning barriers. Although no statistically significant differences were observed between the groups, the advances obtained by the children in the EG suggest clinically relevant gains, especially in skills related to functional communication and social interaction. Such advances may produce improvements in family routines and the inclusion of children with ASD.

Some limitations of the study may have influenced these findings, among them, the difficulty of adherence to the program by the parents, especially due to excessive absences from the sessions, the failure to complete the proposed tasks, the difficulty in engaging in the suggested activities with the child, and the work overload to cover the costs of the child’s interventions, which resulted in a limited sample. The intervention having sessions related to the characteristics of ASD, ABA concepts, and procedures exclusively focused on child development may have contributed to parental overload, highlighting the need for a space for more directed listening to the parents.

The fact that the sample was predominantly composed of parents with socioeconomic classes A and B may also be considered a limitation for the study, making the generalization of the results unfeasible, since it is not a representative sample of the Brazilian population and consists mainly, especially in the EG, of individuals with greater access to information, therapies, and support networks. Furthermore, the children in both groups were in intervention, and the objectives were individualized and established based on a prior evaluation that considered their behavioral reserves, excesses, and deficits. Consequently, it is also possible that this aspect interfered with the results obtained from the intervention with the parents.

Other limitations found in the study refer to one of the researchers having conducted the interventions and the intervention fidelity not being monitored by external judges. Future studies could include distinct and independent implementers unrelated to the research objectives, instruments for monitoring fidelity, as well as strategies to increase parental adherence. Additionally, there are no widely recognized studies published in high-impact scientific journals presenting psychometric properties of the Portuguese version of the VB-MAPP (translated by Martone, 2017). The original instrument by Sundberg (2008) was also not developed based on traditional psychometric criteria but rather as a functional tool from Behavior Analysis for the assessment of verbal repertoires. Despite its widespread clinical use, the VB-MAPP lacks formal evidence of validity or reliability in the classical psychometric sense, which may constitute a limitation of the present study.

Although the results were promising, there is a clear need for more robust investigations with larger populations, follow-up assessments, and programs exclusively focused on child care, with evidence-based practices that also include experiences related to the recovery of other roles these individuals have in the world beyond parenting a child with ASD. Despite the limitations, this study contributes evidence regarding interventions performed with parents and advances in the verbal repertoire of their children with ASD, reinforcing the importance of including parents in their children’s therapeutic process.

 

 

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Data Availability: The data set supporting the results of this study is not available.

 

Funding: This study did not receive any external funding or financial support.

 

Conflict of interest: The authors declare that they have no conflicts of interest.

 

How to cite: Ferreira, T. da S., Chiodelli, T., & Rodrigues, O. M. P. R. (2025). ABA program for parents and verbal development in children with ASD. Ciencias Psicológicas, 19(1), e-4030. https://doi.org/10.22235/cp.v19i1.4030

 

Authors’ contribution (CRediT Taxonomy): 1. Conceptualization; 2. Data curation; 3. Formal Analysis; 4. Funding acquisition; 5. Investigation; 6. Methodology; 7. Project administration; 8. Resources; 9. Software; 10. Supervision; 11. Validation; 12. Visualization; 13. Writing: original draft; 14. Writing: review & editing.

T. da S. F. has contributed in 1, 2, 3, 5, 6, 7, 13, 14; T. C. in 3, 13, 14; O. M. P. R. R. in 1, 2, 3, 6, 10, 11, 13, 14.

 

Scientific editor in-charge: Dra. Cecilia Cracco.

 

Ciencias Psicológicas 19(1)

janeiro-junho 2025

10.22235/cp.v19i1.4030