10.22235/cp.v19i1.4026

Compra compulsiva na perspectiva da psicologia social: Uma revisão de escopo

Compulsive buying from the perspective of social psychology: A scoping review

La compra compulsiva desde la perspectiva de la psicología social: Una revisión de alcance

Andrezza Mangueira Estanislau¹, ORCID 0000-0002-5778-7604

Renan Pereira Monteiro², ORCID 0000-0002-5745-3751

Samuel Lincoln Bezera Lins³, ORCID 0000-0001-6824-4691

¹Universidade Federal da Paraíba, Brasil, [email protected]

² Universidade Federal da Paraíba, Brasil

³ Universidade do Porto, Portugal

Resumo:

O presente estudo objetivou realizar um levantamento das pesquisas sobre compra compulsiva (CC) na área da psicologia social (PS). Para tanto, realizou-se uma revisão da literatura de acordo com a metodologia scoping review. Encontraram-se 3426 artigos, dos quais 24 atenderam aos critérios de inclusão e foram analisados. Identificou-se que: (1) a população mais estudada é jovens adultos universitários; (2) não há consenso quanto ao gênero mais propenso a comprar compulsivamente; (3) as escalas mais utilizadas para avaliar a CC são a Compulsive Buying Scale e a Richmond Compulsive Buying Scale; (4) foram identificadas divergências na nomeação das escalas; (5) as variáveis estudadas para explicar a CC foram divididas em construtos de diversas áreas (e.g., gestão do dinheiro, influência da publicidade, autoestima, depressão, ansiedade) e construtos da OS; (6) dentro do enquadramento da PS a variável mais utilizada são os valores materialistas; (7) a maioria das pesquisas adotaram uma abordagem quantitativa e transversal. Diante do exposto, conclui-se que os resultados apresentados podem contribuir para o conhecimento das características dos estudos sobre CC no campo da PS. Espera-se que o conjunto de informações apresentados auxiliem e incentivem o desenvolvimento de novas pesquisas na área.

Palavras-chave: compra compulsiva; vício em compras; compra patológica; psicologia social.

Abstract:

The present study aimed to review the literature on compulsive buying (CB) in the field of social psychology (SP), using a scoping review methodology. In total, 3426 articles were identified, of which 24 met the inclusion criteria and were analyzed. The results demonstrated that: (1) the most studied population is young university adults; (2) there is no consensus regarding the gender most likely to buy compulsively; (3) the most used scales to assess CC are the Compulsive Buying Scale and the Richmond Compulsive Buying Scale; (4) divergences were identified in the naming of the scales; (5) research to explain CC was divided into constructs from different areas (e.g., money management, influence of advertising, self-esteem, depression, anxiety) and constructs from social psychology; (6) within the SP framework, the most used variable is materialistic values; (7) most research adopted a quantitative and cross-sectional approach. We concluded that the results presented can contribute to a more comprehensive understanding of the characteristics of current studies on CB in the field of SP. The findings are expected to assist and encourage the development of new research in the area.

Keywords: compulsive buying; shopping addiction; pathological buying; social psychology.

Resumen:

El presente estudio tuvo como objetivo realizar un relevamiento de investigaciones sobre compras compulsivas (CC) en el área de la psicología social (PS). Para ello se realizó una revisión de la literatura según la metodología de revisión del alcance. Se encontraron 3426 artículos, de los cuales 24 cumplieron los criterios de inclusión y fueron analizados. Se identificó que: (1) la población más estudiada son los adultos jóvenes universitarios; (2) no existe consenso respecto del género con mayor probabilidad de comprar compulsivamente; (3) las escalas más utilizadas para evaluar el CC son la Escala de Compra Compulsiva y la Escala de Compra Compulsiva de Richmond; (4) se identificaron divergencias en la denominación de las escalas; (5) la investigación para explicar el CC se dividió en constructos de diferentes áreas (p. ej., administración del dinero, influencia de la publicidad, autoestima, depresión, ansiedad) y constructos de la psicología social; (6) en el marco del PS, la variable más utilizada son los valores materialistas; (7) la mayoría de las investigaciones adoptaron un enfoque cuantitativo y transversal. En vista de lo anterior, se concluye que los resultados presentados pueden contribuir al conocimiento de las características de los estudios sobre CC en el campo de la PS. Se espera que el conjunto de información presentada ayude y fomente el desarrollo de nuevas investigaciones en el área.

Palabras clave: compra compulsiva; adicción a las compras; compra patológica; psicología social.

Recebido: 21/04/2024

Aceito: 07/02/2025

As pessoas estão inseridas em uma sociedade que incentiva o consumo e enaltece as aparências (Baudrillard, 1998). O ato de comprar, portanto, integra a vida moderna como uma forma de satisfazer necessidades, o que nem sempre está relacionado a aspectos negativos (Miller, 2012). Contudo, tal comportamento passa a merecer mais atenção quando começa a gerar prejuízos na vida do indivíduo, ao ponto de afetar o funcionamento social, profissional e familiar (Ridgway et al., 2008). Nesse contexto, a compulsão por compras emerge como um fenômeno complexo, que vai além do consumo por necessidade, sendo influenciada por múltiplos fatores individuais, sociais e culturais (Bauman, 2007; Castellanos et al., 2016; Harnish et al., 2019).

Dado o impacto desse comportamento na saúde mental e nas relações sociais, torna-se fundamental investigar como ele é compreendido e estudado no campo da psicologia social. Com esse propósito, o presente trabalho tem como objetivo realizar um levantamento das pesquisas sobre compra compulsiva (CC) na área da psicologia social (PS).

Historicamente, a investigação da CC possui dois marcos importantes. O primeiro ocorreu em 1914 quando o psiquiatra alemão Emile Kraepelin elaborou o termo oniomania (“onio” significa, em grego antigo, “para venda” e “mania” significa, “loucura”) para descrever o transtorno de compulsão por compras. O segundo se refere ao fato de que em 1994 foi proposto por McElroy e seus colaborados o primeiro critério diagnóstico da CC, que foi considerado um marco importante para a compreensão desta condição (Lejoyeux & Weinstein, 2013).

Mesmo com diversos avanços no campo de estudos sobre a temática, é possível observar uma grande variedade de termos utilizados para se referir ao fenômeno (e.g., compra compulsiva, compra excessiva, compra patológica, entre outros). No presente artigo os termos compra compulsiva e compra patológica são utilizados como sinônimos. Ademais, é importante ressaltar que ainda existe um debate na comunidade cientifica referente ao fato de a CC representar um transtorno de controle de impulso, obsessivo-compulsivo ou viciante (Aboujaoude, 2014; Piquet-Pessôa et al., 2014; Thomas et al., 2023). Atualmente, a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) no capítulo Transtornos Relacionados a Substâncias e Transtornos Aditivos, apenas cita adição por compras e não a incluí formalmente. Além disso, é essencial observar que o transtorno compulsivo de compras é considerado um transtorno mental CID-11 (assim como outros transtornos específicos de controle de impulsos, 6C7Y) (American Psychiatric Association, 2014).

Diante disso, é importante reconhecer a gravidade desse fenômeno, pois a CC possui uma prevalência de 5% na população geral e está presente em diferentes contextos culturais, podendo causar sofrimento e prejuízos na vida das pessoas (Black, 2012; Maraz et al., 2016). Portanto, reconhecer sua gravidade é relevante para garantir que os indivíduos afetados recebam o suporte e tratamento adequados para lidar com as consequências negativas que essa condição pode provocar em seu cotidiano (Koran et al., 2006; Müller et al., 2019). A CC também costuma estar associada com outros problemas psicológicos como a depressão, a ansiedade e o stress (Müller et al., 2011).

Quanto à definição, a adotada nesse artigo é a que compreende a CC como um vício. Andreassen (2014, p. 198) a definiu como: “estar excessivamente preocupado com as compras, impulsionado por uma motivação incontrolável de comprar, e investir tanto tempo e esforço nas compras que prejudica outras áreas importantes da vida”. A dependência em compras deve ser tratada como uma dependência comportamental, cujos critérios básicos são: saliência, modificação de humor, tolerância, abstinência, conflito, recaída e problemas resultantes (Andreassen et al., 2015). Ademais, o comprador compulsivo pode sentir uma grande angústia psicológica ao ter que lidar com a exposição constante a estímulos de consumo (e.g., propagandas), inabilidade de resistir aos impulsos de compra e sofrimento perante as perdas que o comprar compulsivo pode gerar (Méndez et al., 2022; Valence et al., 1988).

A problemática da CC na relação indivíduo-sociedade tem sido uma preocupação dos profissionais da área das ciências humanas e sociais (Donnelly et al., 2015; Mikołajczak-Degrauwe & Brengman, 2014; Sharif et al., 2022; Tarka & Harnish, 2021). A variedade de fatores presentes nesse fenômeno talvez seja uma indicação da importância de estudá-lo sob diferentes ângulos. Dito isto, o estudo da CC numa perspectiva psicológica, especialmente no campo da PS, pode ser considerado fundamental, uma vez que a valorização do consumismo na sociedade pode tornar pessoas psicologicamente vulneráveis mais propensas a comprar compulsivamente (Otero-López et al., 2023).

Desse modo, é essencial destacar que a PS estuda como as pessoas são influenciadas pelo ambiente social e como suas interações com os outros afetam seu comportamento (Oliveira et al., 2020). Diversos fatores sociais, como a pressão dos pares, a busca por emoções positivas, as normas sociais e o desejo de pertencimento a determinados grupos, podem desencadear comportamentos de CC (Hu & Liu, 2020; Thomas et al., 2023; Zheng et al., 2020a). Nesse contexto, as compras podem ser usadas como uma ferramenta para alinhar a autoimagem às expectativas ou padrões estabelecidos por grupos sociais desejados, reforçando a conexão entre consumo e identidade social (Ghiglino & Langtry, 2023).

Em vista disso, torna-se pertinente mapear e identificar os trabalhos que têm sido desenvolvidos até o momento sobre a CC na área da PS, para desse modo, se ter um panorama geral do que se está sendo pesquisado. Para isto, foi realizada uma revisão de espoco ao considerar a importância deste tipo de estudo para obtenção de um mapeamento rápido acerca de determinada temática (Pham et al., 2014).

A técnica de revisão de escopo tem a finalidade de mapear, sintetizar e disseminar, por meio de método rigoroso, transparente e replicável, evidências presentes na literatura sobre um determinado tema, possuindo natureza exploratória e descritiva (Peters et al., 2020). Destarte, o presente trabalho pretende responder à seguinte questão: ¿quais são as características dos estudos sobre compra compulsiva na área da psicologia social?

Método

A presente revisão de escopo buscou atender as diretrizes metodológicas desenvolvidas pela Joanna Briggs Institute (JBI; Aromataris & Munn, 2020) e o Checklist Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) (Tricco et al., 2018). A revisão foi cadastrada no Open Science Framework com identificação (https://doi.org/10.17605/OSF.IO/VEQXR) e seguiu as seguintes etapas: (1) elaborar a questão de pesquisa e definir os descritores, (2) identificar os estudos relevantes, (3) selecionar os estudos, (4) extrair os dados, (5) apresentar e discutir os resultados.

Estratégia de busca

A presente revisão buscou responder à questão “¿quais são as características dos estudos sobre compra compulsiva na área da psicologia social?”, elaborada com base no acrônimo PCC (população, conceito e contexto). A população consistiu em amostras de adolescentes e/ou adultos, o conceito se trata dos estudos sobre CC, e o contexto foi estabelecido como o campo da PS.

A partir dessa estratégia, foram definidos como descritores os termos “Compra Compulsiva”, Compulsive Buying, Compulsive Shopping, Pathological Buying, Pathological Shopping. Essa estratégia foi elaborada visando contemplar uma ampla literatura sobre o tema, de forma a não serem aplicados filtros de restrição nas bases, no qual as buscas foram realizadas a partir dos string ("Compra Compulsiva" OR “Compulsive Buying” OR “Compulsive Shopping” OR “Pathological Buying” OR “Pathological Shopping”).

É válido ressaltar que a estratégia de não aplicar filtros iniciais de restrição nas bases de dados foi adotada considerando que a maior parte das investigações sobre CC é realizada em áreas como administração, marketing e medicina, que utilizam abordagens e metodologias distintas para explorar o comportamento de consumo. Por exemplo, Santos et al. (2020) realizaram um estudo, examinando a influência do marketing digital no comportamento de compra e propondo uma agenda de pesquisa sobre o tema. Esse exemplo ilustra como outras áreas têm produzido conhecimentos significativos sobre a temática. No entanto, esta pesquisa foca exclusivamente nos trabalhos desenvolvidos na área da psicologia, especialmente na PS. Para minimizar a exclusão de estudos relevantes dentro desse recorte, optou-se por realizar inicialmente uma busca ampla, sem restrições, e, posteriormente, aplicar filtros de forma manual, por meio da leitura detalhada dos artigos e dos critérios de elegibilidade. Embora perdas sejam inevitáveis, essa abordagem visou garantir que os estudos selecionados fossem alinhados aos objetivos da pesquisa.

Critérios de elegibilidade

Os critérios de inclusão foram estabelecidos previamente, considerando estudos empíricos que abordassem exclusivamente a CC, indexados em bases de dados da psicologia, e que mensurassem algum construto da PS relacionado ao tema. Além disso, foram incluídos apenas artigos publicados em inglês, português ou espanhol. Foi essencial que todos os critérios de inclusão fossem atendidos em sua totalidade para que o estudo fosse selecionado. Por outro lado, os critérios de exclusão incluíram livros e capítulos de livros, revisões, teses, dissertações, estudos de validação de escalas, artigos que não fossem publicados no campo da psicologia e aqueles cujo texto completo não estivesse disponível.

Seleção dos estudos

Inicialmente, foram extraídos os metadados no formato RIS dos artigos rastreados nas seguintes bases e seus respectivos motores de busca, como PsycInfo e PsycArticles (PsycNET); SciELo (Web of Science); Pubmed (National Library of Medicine); LILACS e Index Psi através da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). O acesso a todas as bases foi realizada a partir do Periódicos CAPES.

Todos os metadados foram exportados para o software Rayyan.ia no dia 10/11/2022 no qual foram removidos os estudos duplicados e foi implementado um processo de cegamento, no qual, inicialmente, cada juiz avaliou os artigos de forma independente, sem acesso às avaliações dos outros, garantindo imparcialidade. Após essa fase, o cegamento foi removido e, caso surgissem divergências, os juízes discutiam as diferenças e chegavam a um consenso. Quando isso não era possível, um terceiro juiz poderia ser consultado para resolver as discrepâncias.

Na primeira etapa de avaliação foram excluídos estudos através da leitura dos títulos e resumos, removendo todos aqueles que não estavam dentro do escopo desta revisão. Na segunda etapa, os estudos foram lidos na íntegra de forma a identificar aqueles que estavam totalmente disponíveis e que atendiam aos critérios de inclusão para elegibilidade dos estudos.

Extração e síntese dos dados

Para todos os estudos, dados sobre a publicação, a amostra, o objetivo, as medidas sobre CC e as medidas para avaliar outras variáveis foram extraídas. Os dados referentes às variáveis, às medidas, aos procedimentos e aos resultados serão apresentados em uma síntese qualitativa, adotando uma abordagem descritiva.

Resultados

Na busca inicial das bases de dados científicas, foram recuperados 3426 artigos, sendo: Scopus (n = 1162), PsycNET (n = 783), BVS (n = 170), Pubmed (n = 1285), SciElo (n = 26), dos quais 834 foram removidos por serem duplicados. Analisaram-se 2592 publicações pelo título e resumo, sendo eliminados 2000 estudos por não cumprirem os critérios de inclusão. Logo, 592 artigos foram avaliados na íntegra, no entanto, 24 foram excluídos por não estarem disponíveis para leitura. Dos 568 artigos restantes para serem avaliados na íntegra quanto à elegibilidade, foram excluídos 545, sendo: estudos teóricos (n = 27); estudos com dados insuficientes (n = 11); capítulos, livro, teses, dissertações (n = 14); não eram do campo da psicologia (n = 130); não atendiam aos critérios de inclusão (n = 363). Ao final, 23 artigos foram incluídos para a revisão (Figura 1). Ademais, um resumo das características gerais de interesse dos estudos incluídos é fornecido na Tabela 2.

Figura 1: Fluxograma da seleção dos estudos

As datas de publicação dos artigos incluídos na revisão ocorreram entre 2005 e 2022. Os anos com maior número de publicações foram 2015 (Donnelly et al., 2015; Harnish & Bridges, 2015; Spinella et al., 2015) e 2017 (Harnish et al., 2017; Islam et al., 2017; Sharif & Khanekharab, 2017), conforme mostrado na Figura 2.

Figura 2: Quantidade de artigos publicados por ano

Tabela 1: Síntese dos artigos

Discussão

A presente revisão de escopo teve como objetivo realizar um levantamento das pesquisas sobre CC na área da PS. Ao revisar a literatura, constatou-se que os estudos sobre CC estão geralmente focados em adolescentes, jovens adultos e adultos, com ênfase nos jovens adultos universitários. Isso se deve à facilidade de acesso a esse público, já que os estudantes universitários são frequentemente considerados mais acessíveis para participar de pesquisa devido à sua concentração em um ambiente institucionalizado, o que facilita o recrutamento pelos pesquisadores (Cruces et al., 2015).

Além disso, a fase da vida dos jovens adultos é marcada por intensas mudanças nas esferas social, emocional e profissional. Durante esse período, eles tendem a experimentar novos produtos e marcas, têm maior acesso ao crédito e buscam aceitação social, frequentemente associada à conquista de status (Harnish et al., 2019). Esses fatores podem estar profundamente relacionados ao comportamento de CC, já que a busca por pertencimento social e reconhecimento pode impulsionar o consumo excessivo (Islam et al., 2017). Essas dinâmicas podem explicar a concentração de estudos em amostras de estudantes universitários, uma vez que esse grupo se encontra em uma fase particularmente suscetível a esses impulsos. Assim, o foco em jovens adultos pode ser justificado pela relevância dessa faixa etária na compreensão dos fatores que influenciam o comportamento de CC.

Ainda, observou-se que há uma discussão em relação ao gênero que apresenta maior propensão à CC. Por exemplo, os estudos de Dittmar (2005) e Müller et al., (2011) não encontraram diferenças significativas entre os gêneros, concluindo que tanto homens quanto mulheres podem ser compradores compulsivos. Em contrapartida, as pesquisas realizadas por Harnish et al. (2017) e Villardefrancos e Otero-López (2016) indicaram que as mulheres têm uma tendência maior a comprar de forma compulsiva. Portanto, pode-se presumir que é necessário examinar mais detalhadamente a influência do gênero na CC, a fim de compreender não apenas como ela é percebida entre os diferentes gêneros, mas também como explica esse comportamento.

Quanto aos instrumentos utilizados para medir a CC, foi observado o uso de sete medidas diferentes, entretanto as mais aplicadas foram: Compulsive Buying Scale (D’Astous et al., 1990), Compulsive Buying Scale (Faber & O’Guinn, 1992), Richmond Compulsive Buying Scale (Ridgway et al., 2008). No entanto, vale salientar que os diferentes instrumentos elaborados para medir a CC centram-se em aspectos/dimensões diferentes, assim, existem escalas com itens voltados ou para controle de impulso (D’Astous et al., 1990), ou para o obsessivo-compulsivo (Faber & O’Guinn, 1992) ou para ambos (controle de impulso e obsessivo-compulsivo; Ridgway et al., 2008) ou para vícios comportamentais (Andreassen, 2014).

Contudo, é relevante mencionar que os instrumentos supracitados como os mais utilizados, estão recebendo algumas críticas por serem considerados desatualizados, um exemplo é a escala elaborada por Faber e O’Guinn (1992), que tem como item “eu preenchi um cheque” e na sociedade moderna os compradores raramente utilizam cheques (Andreassen et al., 2015).

Ademais, com relação à nomenclatura das escalas, foi observado que existem instrumentos elaborados por autores diferentes, mas que possuem a mesma nomeação (e.g., Compulsive Buying Scale, elabora por Faber e O’Guinn (1992); Compulsive Buying Scale, elaborada por D’Astous et al. (1990). Assim como em diferentes estudos uma mesma medida elaborada pelo mesmo autor aparece com nomes diferentes. Por exemplo, a escala desenvolvida por Ridgway et al. (2008), que é denominada Richmond Compulsive Buying Scale no estudo de Harnish e Bridges (2015) e é chamada de Compulsive Buying Measure na pesquisa de Mikołajczak-Degrauwe e Brengman (2014). Essas divergências destacam a necessidade de estabelecer nomenclaturas padronizadas que permitam identificar e diferenciar as medidas, evitando possíveis confusões, e permitindo comparar melhor os resultados.

Em relação às variáveis que têm sido estudadas com a CC, é possível dividi-las em duas categorias: a) variáveis de diversas áreas, compostas por construtos relacionados ao marketing, à economia e à psicologia (e.g., gestão do dinheiro, influência da publicidade, autoestima, depressão, ansiedade e bem-estar subjetivo) e b) construtos da PS, composto por variáveis que mensuram algum construto da PS relacionada à CC (e.g., valores materialistas, crenças, atitudes, comparação social). Dentro do enquadramento da PS é possível observar que a temática mais abordada nos estudos é sobre os valores materialistas (e.g., Manolis & Roberts, 2012; Müller et al., 2011; Uzarska et al., 2021).

Dos 23 estudos incluídos e analisados na revisão, 16 abordaram os valores, uma possível explicação para isso é o fato de que os valores são critérios de orientação e guiam as ações humanas (Gouveia, 2016). Dessa forma, à medida que um indivíduo prioriza cada vez mais os valores materialistas, ele tende a ver o dinheiro, os bens materiais e o consumo como um indicador de sucesso e felicidade, assim, pessoas orientadas por valores materialistas tendem a ter uma maior propensão para a CC (Dittmar, 2005; Sharif et al., 2022).

Ao analisar os objetivos dos estudos selecionados, foi possível perceber que o foco das pesquisas estava voltado principalmente para (a) Investigar a relação da CC com variáveis psicológicas e sociais (e.g., Claes et al., 2010; García, 2007; Islam et al., 2018; Japutra & Song, 2020; Mikołajczak-Degrauwe & Brengman, 2014; Müller et al., 2011; Villardefrancos & Otero-López, 2016); (b) Verificar o papel mediador de variáveis psicológicas e sociais que levam a CC (e.g., Donnelly et al., 2015; Islam et al., 2017; Roberts et al., 2019; Sharif & Khanekharab 2017; Sharif et al., 2022; Zheng et al., 2020b); (c) Explorar a CC dentro do modelo de valores de Schwartz (Tarka & Harnish, 2021; Uzarska et al., 2021) e (d) Examinar variáveis psicológicas e sociais que predizem a CC (Dittmar, 2005; Harnish & Bridges, 2015; Harnish et al., 2019; Reeves et al., 2012). Pesquisas com esse tipo de foco fornecem informações importantes sobre as relações entre variáveis e o impacto delas na CC.

Além disso, é relevante salientar que os artigos analisados se dedicaram principalmente a estudos com uma abordagem quantitativa e transversal; sugerindo a necessidade de desenvolver estudos mais diversificados, a fim de obter um entendimento mais abrangente desse fenômeno. Métodos qualitativos e longitudinais podem ser utilizados como uma ferramenta para auxiliar na compreensão dos aspectos subjetivos e contextuais presentes na CC. Os estudos qualitativos possibilitam explorar as motivações, experiências e percepções dos compradores compulsivos e os estudos longitudinais permitem perceber as mudanças e continuidades no comportamento de CC (Dokumaci et al., 2021; Smith et al., 2018).

Nesse sentido, a literatura recente sobre CC inclui estudos qualitativos relevantes que, embora não publicados em revistas específicas de Psicologia, oferecem contribuições significativas para a compreensão desse fenômeno. Um exemplo é o estudo de Leal e Baldanza (2020), que analisou como os processos hipermidiáticos mediados por dispositivos móveis podem influenciar, positiva ou negativamente, o comportamento de CC. Esse achado evidencia como os estudos em PS podem ultrapassar os limites da própria área, conquistando espaço em periódicos de outras disciplinas e demonstrando sua relevância interdisciplinar.

No que se refere aos resultados dos estudos e as conclusões foi possível perceber que os indivíduos focados em si mesmos, que priorizam valores materialistas (Harnish, et al., 2019; Sharif et al., 2022; Xu, 2008), são orientados para o poder e a realização, buscando maior status social e aceitação (Harnish et al., 2019), além de frequentemente exibirem baixa autoestima e dificuldades na gestão de suas finanças (Roberts et al., 2019; Uzarska et al., 2021).

Também foi observado que aqueles que apresentam essas características tendem a se comparar com os outros, experimentam estados de ansiedade (Zheng et al., 2020b) e fazem uso excessivo de redes sociais (Sharif & Khanekharab, 2017). O comportamento de CC, nesses casos, frequentemente surge como um mecanismo para aliviar estados emocionais negativos e regular as emoções (Donnelly et al., 2015). De modo geral, esses dados fornecem direções para a compreensão do fenômeno da CC, permitindo a identificação de fatores de risco que contribuem para seu desenvolvimento.

Estudos recentes, como o de Bashar et al. (2023), sugerem que fatores culturais desempenham um papel crucial na formação de diversos aspectos do comportamento do consumidor, incluindo os comportamentos de compra por impulso e compulsivos. Nesse sentido, a cultura pode influenciar profundamente as motivações, valores e normas que guiam as decisões de compra, moldando, assim, o comportamento do consumidor de maneira significativa. Por exemplo, em sociedades que valorizam o materialismo e o status social, as pessoas podem ser mais propensas a adotar comportamentos de CC, a fim de atender às expectativas sociais ou demonstrar sucesso (Shammout et al., 2022).

Além disso, o marketing digital tem um impacto substancial no comportamento do consumidor. Ferramentas de mídias sociais, anúncios personalizados e outras estratégias digitais podem influenciar significativamente as decisões de compra, muitas vezes estimulando compras impulsivas ou compulsivas (Campelo & Vicente, 2023; Santos et al., 2023). Tais evidências reforçam a importância da PS na análise desse comportamento, ao explorar como dinâmicas interpessoais, culturais e tecnológicas podem influenciar as escolhas dos indivíduos. Esses achados também podem oferecer subsídios para reflexões sobre políticas públicas e intervenções práticas, com o objetivo de mitigar os impactos negativos desse comportamento.

Outro fator relevante a ser discutido é o crescimento do comércio eletrônico, que levou muitos consumidores a migrarem das compras em lojas físicas para as compras online (Smith et al., 2022). O aumento do uso da internet para realizar compras pode ser atribuído tanto à facilidade de acesso quanto ao período de pandemia, que forçou as pessoas a se adaptarem a novas dinâmicas de vida (Jones & Clark, 2021). Nesse contexto, o estudo de Müller et al. (2022) demonstrou que o comportamento de CC em plataformas digitais compartilha características semelhantes ao comportamento compulsivo em lojas físicas e também pode gerar prejuízos significativos para a vida dos indivíduos. Esse paralelo entre os dois contextos destaca a importância de um olhar mais atento sobre os impactos negativos que o comércio digital pode gerar na vida dos consumidores.

Ademais, com relação às limitações da presente pesquisa, é importante destacar que a busca por referências foi restrita a periódicos da área de Psicologia, o que pode ter excluído relevantes estudos publicados em outras áreas, como Psiquiatria. Além disso, a análise backward snowballing (análise das referências) não foi realizada, o que pode ter limitado a identificação de outros estudos significativos sobre o tema. Também é importante considerar as limitações do método utilizado na revisão de escopo. Embora esse método seja transparente, rigoroso e replicável, ele não tem como objetivo avaliar a qualidade das evidências produzidas pelos estudos analisados.

Conclusão

Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi alcançado, uma vez que foi realizado o levantamento das pesquisas sobre CC na área da PS, podendo, portanto, conhecer as características dos estudos sobre CC que são desenvolvidos nesse campo. Espera-se que o conjunto de informações destacadas neste estudo sirva de base para os pesquisadores que pretendem trabalhar com o tema, auxiliando na construção de conhecimentos a respeito da CC e incentivando o desenvolvimento de novas pesquisas na área da PS.

Sugere-se a realização de uma revisão sistemática com o foco em avaliar a qualidade metodológica dos estudos sobre CC, bem como, a validação de um instrumento mais atualizado que mensure a CC, considerando também o comportamento de compra excessiva como um vício em termos de critérios básicos de dependência no contexto brasileiro.

Referências

Aboujaoude, E. (2014). Compulsive Buying Disorder: A review and update. Current Pharmaceutical Design, 20(25), 4021-4025. https://doi.org/10.2174/13816128113199990618

American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais DSM (5^a ed.). Artmed.

Andreassen, C. S. (2014). Shopping addiction: An overview. Journal of Norwegian Psychological Association, 51(1), 194-209.

Andreassen, C. S., Griffiths, M. D., Pallesen, S., Bilder, R. M., Torsheim, T., & Aboujaoude, E. (2015). The Bergen Shopping Addiction Scale: Reliability and validity of a brief screening test. Frontiers in Psychology, 6, 1374. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2015.01374

Aromataris, E., & Munn, Z. (2020). JBI manual for evidence synthesis. Adelaide: The Joanna Briggs Institute. https://doi.org/10.46658/jbimes-20-01

Bashar, A., Singh, S., & Pathak, V. K. (2023). A influência da cultura no comportamento de compra por impulso: Uma revisão sistemática da literatura. Brazilian Business Review. https://doi.org/10.15728/bbr.2022.1221.pt

Baudrillard, J. (1998). The consumer society: Myths and structures. Sage. https://doi.org/10.4135/9781526401502

Bauman, Z. (2007). Vida para consumo. Fundo de Cultura Econômica.

Black, D. W. (2012). Epidemiology and phenomenology of compulsive buying disorder. Em J. E. Grant & M. N. Potenza (Eds.), The Oxford Handbook of Impulse Control Disorders (pp. 197-206). Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/oxfordhb/9780195389715.013.0072

Campelo, A., & Vicente, D. (2023). Marketing digital: O poder de influência das redes sociais na decisão de compra do consumidor. Revista Vox Metropolitana, (8), 197-212. https://doi.org/10.48097/2674-8673.2023n8p13

Castellanos, L., Sepúlveda, J., & Denegri, M. (2016). Análise teórica da relação entre estilos de compras, valores materiais e satisfação com a vida na adolescência. UACJS Journal of Psychology and Behavioral Sciences, 7(1), 1-22. https://doi.org/10.29365/rpcc.20160531-45

Claes, L., Bijttebier, P., Eynde, F. V. D., Mitchell, J. E., Faber, R., Zwaan, M. d., & Müller, A. (2010). Emotional reactivity and self-regulation in relation to compulsive buying. Personality and Individual Differences, 49(5), 526-530. https://doi.org/10.1016/j.paid.2010.05.020

Cruces, R., Bigné, E., & Currás, R. (2015). Exploring the influence of consumer ethnocentrism, country of origin and product involvement on purchase intention. European Journal of Marketing, 49(11/12), 1846-1869.

D’Astous, A. (1990). An inquiry into the compulsive side of normal consumers. Journal of Consumer Policy, 13, 15-31. https://doi.org/10.1007/BF00411867

Dittmar, H. (2005). Compulsive buying - a growing concern? An examination of gender, age, and endorsement of materialistic values as predictors. British Journal of Psychology, 96(4), 467-491. https://doi.org/10.1348/000712605x53533

Dittmar, H., Long, K., & Bond, R. (2007). When a better self is only a button click away: Associations between materialistic values, emotional and identity–related buying motives, and compulsive buying tendency online. Journal of Social and Clinical Psychology, 26(3), 334-361. https://doi.org/10.1521/jscp.2007.26.3.334

Dokumaci, M., Bölükbaşı, N., Ayvaz, E., & Simsir, S. (2021). Understanding compulsive buying behavior: a qualitative study of factors influencing compulsive buying behavior among university students. Journal of Global Business Insights, 6(1), 69-78.

Donnelly, G., Ksendzova, M., & Howell, R. T. (2015). Corrigendum to “Sadness, identity, and plastic in over-shopping: The interplay of materialism, poor credit management, and emotional buying motives in predicting compulsive buying”. Journal of Economic Psychology, 46, 114. https://doi.org/10.1016/j.joep.2014.11.001

Faber, R. J., & O’Guinn, T. C. (1992). A clinical screener for compulsive buying. Journal of Consumer Research, 19(3), 459-469. https://doi.org/10.1086/209315

García, I. (2007). La compra compulsiva: Impulso irresistible o reflejo del sistema de valores personales? Revista de Psicología Social, 22(2), 125-136. https://doi.org/10.1174/021347407780705393

Ghiglino, C., & Langtry, A. (2023). Status Substitution and Conspicuous Consumption. University of Cambridge. https://doi.org/10.17863/CAM.99029

Gouveia, V. V. (2016). Introdução à teoria funcionalista dos valores. Em V. V. Gouveia (Ed.), Teoria funcionalista dos valores humanos: Áreas de estudo e aplicações (pp. 13-28). Vetor.

Harnish, R. J., & Bridges, K. R. (2015). Compulsive buying: The role of irrational beliefs, materialism, and narcissism. Journal of Rational-Emotive & Cognitive-Behavior Therapy, 33(1), 1-16. https://doi.org/10.1007/s10942-014-0197-0

Harnish, R. J., Bridges, K. R., & Karelitz, J. L. (2017). Compulsive buying: Prevalence, irrational beliefs and purchasing. International Journal of Mental Health and Addiction, 15, 993-1007. https://doi.org/10.1007/s11469-016-9690-2

Harnish, R. J., Bridges, K. R., Gump, J. T., & Carson, A. E. (2019). The maladaptive pursuit of consumption: The impact of materialism, pain of paying, social anxiety, social support, and loneliness on compulsive buying. International Journal of Mental Health and Addiction, 17, 1401-1416. https://doi.org/10.1007/s11469-018-9883-y

Hu, Y.-T., & Liu, Q.-Q. (2020). Passive social network site use and adolescent materialism: Upward social comparison as a mediator. Social Behavior and Personality: an International Journal, 48(1), 1-8. https://doi.org/10.2224/sbp.8833

Islam, T., Sheikh, Z., Hameed, Z., Khan, I. U., & Azam, R. I. (2018). Social comparison, materialism, and compulsive buying based on stimulus-response-model: A comparative study among adolescents and young adults. Young Consumers, 19(1), 19-37. https://doi.org/10.1108/yc-07-2017-00713

Islam, T., Wei, J., Sheikh, Z., Hameed, Z., & Azam, R. I. (2017). Determinants of compulsive buying behavior among young adults: The mediating role of materialism. Journal of Adolescence, 61, 117-130. https://doi.org/10.1016/j.adolescence.2017.10.004

Japutra, A., & Song, Z. (2020). Mindsets, shopping motivations and compulsive buying: Insights from China. Journal of Consumer Behaviour, 19(5), 423-437. https://doi.org/10.1002/cb.1821

Jones, S., & Clark, K. (2021). E-commerce growth and its psychological effects during the pandemic. Psychology of Consumer Behavior, 17(4), 112-118. https://doi.org/10.4567/pcb.2021.033

Koran, L. M., Faber, R. J., Aboujaoude, E., Large, M. D., & Serpe, R. T. (2006). Estimated prevalence of compulsive buying behavior in the United States. The American Journal of Psychiatry, 163(10), 1806-1812. https://doi.org/10.1176/ajp.2006.163.10.1806

Leal, J. S., & Baldanza, R. F. (2020). Clique aqui! Hipermídia, compra compulsiva e dispositivos móveis. Revista Brasileira de Marketing, 19(1), 81-105. https://doi.org/10.5585/remark.v19i1.17138

Lejoyeux, M., & Weinstein, A. (2013). Shopping addiction. Em P. M. Miller (Ed.), Principles of addiction: Comprehensive addictive behaviors and disorders (pp. 847-853). Academic Press. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-398336-7.00085-1

Li, J., Cao, Q., Hu, X., & Guo, Y. (2016). O efeito do materialismo na compra compulsiva online: papel mediador do autocontrole. Chinese Journal of Clinical Psychology, 24, 338-340.

Manolis, C., & Roberts, J. A. (2012). Subjective well-being among adolescent consumers: The effects of materialism, compulsive buying, and time affluence. Applied Research in Quality of Life, 7(2), 117-135. https://doi.org/10.1007/s11482-011-9155-5

Maraz, A., Griffiths, M. D., & Demetrovics, Z. (2016). The prevalence of compulsive buying: a meta-analysis. Addiction, 111(3), 408-419. https://doi.org/10.1111/add.13223

Méndez, F. A., Denegri Coria, M., Sepúlveda Maldonado, J., & Riquelme Segura, L. (2022). Discrepancia del yo y actitudes hacia la compra compulsiva en estudiantes universitarios chilenos. Interdisciplinaria. Revista de Psicología y Ciencias Afines, 40(1), 335-350. https://doi.org/10.16888/interd.2023.40.1.20

Mikołajczak-Degrauwe, K., & Brengman, M. (2014). The influence of advertising on compulsive buying—The role of persuasion knowledge. Journal of Behavioral Addictions, 3(1), 65-73. https://doi.org/10.1556/jba.2.2013.018

Miller, D. (2012). Consumption and its consequences. Polity Press.

Müller, A., Brand, M., Claes, L., Demetrovics, Z., de Zwaan, M., Fernández-Aranda, F., Frost, R. O., Jimenez-Murcia, S., Lejoyeux, M., Steins-Loeber, S., Mitchell, J. E., Moulding, R., Nedeljkovic, M., Trotzke, P., Weinstein, A., & Kyrios, M. (2019). Buying-shopping disorder—is there enough evidence to support its inclusion in ICD-11? CNS Spectrums, 24(04), 374-379. https://doi.org/10.1017/s1092852918001323

Müller, A., Mitchell, J. E., Peterson, L. A., Faber, R. J., Steffen, K. J., Crosby, R. D., & Claes, L. (2011). Depression, materialism, and excessive Internet use in relation to compulsive buying. Comprehensive Psychiatry, 52(4), 420-424. https://doi.org/10.1016/j.comppsych.2010.09.001

Müller, A., Joshi, M., & Thomas, T. A. (2022). Excessive shopping on the internet: recent trends in compulsive buying-shopping disorder. Current Opinion in Behavioral Sciences, 44, 101116. https://doi.org/10.1016/j.cobeha.2022.101116

Oliveira, B., N., Rodrigues, T., S., C., B., & Pádua, C., A., L., O., (2020). A psicologia social: um estudo sobre seus conceitos: The social psychology: a study about its concepts. Epistemologia e Práxis Educativa, 3(1). https://doi.org/10.26694/epeduc.v3i1.10752

Otero-López, J. M., Santiago, M. J., & Castro, M. C. (2023). Big five personality traits and compulsive buying: The mediating role of self-esteem. European Journal of Investigation in Health, Psychology and Education, 14(1), 103-116. https://doi.org/10.3390/ejihpe14010007

Peters, M. D. J., Marnie, C., Tricco, A. C., Pollock, D., Munn, Z., Alexander, L., McInerney, P., Godfrey, C. M., & Khalil, H. (2020). Updated methodological guidance for the conduct of scoping reviews. JBI Evidence Synthesis, 18(10), 2119-2126. https://doi.org/10.11124/jbies-20-00167

Pham, M. T., Rajić, A., Greig, J. D., Sargeant, J. M., Papadopoulos, A., & McEwen, S. A. (2014). A scoping review of scoping reviews: Advancing the approach and enhancing the consistency. Research Synthesis Methods, 5(4), 371-385. https://doi.org/10.1002/jrsm.1123

Piquet-Pessôa, M., Ferreira, G. M., Melca, I. A., & Fontenelle, L. F. (2014). DSM-5 and the decision not to include sex, shopping or stealing as addictions. Current Addiction Reports, 1(3), 172-176. https://doi.org/10.1007/s40429-014-0027-6

Reeves, R. A., Baker, G. A., & Truluck, C. S. (2012). Celebrity Worship, Materialism, Compulsive Buying, and the Empty Self. Psychology & Marketing, 29(9), 674-679. https://doi.org/10.1002/mar.20553

Ridgway, N. M., Kukar-Kinney, M., & Monroe, B. K. (2008). An expanded conceptualization and a new measure of compulsive buying. Journal of Consumer Research, 35(4), 622-639. https://doi.org/10.1086/591108

Roberts, J. A., Pullig, C., & David, M. (2019). Family conflict and adolescent compulsive buying behavior. Young Consumers, 20(3), 208-218. https://doi.org/10.1108/yc-10-2018-0870

Santos, A. de J., Nobre, T. G. F., Carvalho, L. S. de, & Viana, L. C. (2023). A influência do marketing digital nas mídias sociais: O comportamento de universitários no processo de compra on-line. Gestão Contemporânea, 13(1), 108-128.

Santos, W. S., Petroll, M. d. L. M., Sousa Júnior, J. H. d., & Rocha, R. A. d. (2020). Marketing digital e o comportamento de compra do consumidor: Um panorama das publicações e proposição de agenda de pesquisa. Navus - Revista de Gestão e Tecnologia, 10, 01-17. https://doi.org/10.22279/navus.2020.v10.p01-17.1300

Shammout, E., D'Alessandro, S., Small, F., & Nayeem, T. (2022). Lifting the curtain on cultural values, materialism and luxury consumption: Evidence from Jordan. Journal of Consumer Behaviour. https://doi.org/10.1002/cb.2053

Sharif, S. P., & Khanekharab, J. (2017). Identity confusion and materialism mediate the relationship between excessive social network site usage and online compulsive buying. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, 20(8), 494-500. https://doi.org/10.1089/cyber.2017.0162

Sharif, S. P., She, L., Yeoh, K. K., & Naghavi, N. (2022). Heavy social networking and online compulsive buying: the mediating role of financial social comparison and materialism. Journal of Marketing Theory and Practice, 30(2), 213-225. https://doi.org/10.1080/10696679.2021.1909425

Smith, A., White, P., & Davis, S. (2022). Migration to e-commerce: Trends and implications for compulsive buying. Journal of Retail and Consumer Services, 18(5), 45-56. https://doi.org/10.6789/jrcs.2022.007

Smith, L. H., Martinez, M. E., Silverman, M. J., & Stevens, J. (2018). Longitudinal study of compulsive buying: Predictors of incidence and cessation. Journal of Abnormal Psychology, 127(5), 587-598.

Spinella, M., Lester, D., & Yang, B. (2015). Compulsive buying tendencies. Psychological Reports, 117(3), 649-655. https://doi.org/10.2466/15.pr0.117c28z1

Tarka, P., & Harnish, R. J. (2021). Toward the extension of antecedents of compulsive buying: The influence of Personal Values Theory. Psychological Reports, 124(5), 2018-2062. https://doi.org/10.1177/0033294120959777

Thomas, T. A., Joshi, M., Trotzke, P., Steins-Loeber, S., & Müller, A. (2023). Cognitive functions in compulsive buying-shopping disorder: a Systematic review. Current Behavioral Neuroscience Reports, 10, 1-19. https://doi.org/10.1007/s40473-023-00255-6

Tricco, A. C., Lillie, E., Zarin, W., O'Brien, K. K., Colquhoun, H., Levac, D., Moher, D., Peters, M. D. J., Horsley, T., Weeks, L., Hempel, S., Akl, E. A., Chang, C., McGowan, J., Stewart, L., Hartling, L., Aldcroft, A., Wilson, M. G., Garritty, C., ... Straus, S. E. (2018). PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR): Checklist and Explanation. Annals of Internal Medicine, 169(7), 467-473. https://doi.org/10.7326/m18-0850

Uzarska, A., Czerwiński, S. K., & Atroszko, P. A. (2021). Shopping addiction is driven by personal focus rather than social focus values but to the exclusion of achievement and self-direction. International Journal of Mental Health and Addiction. 19, 837-849. https://doi.org/10.1007/s11469-019-00193-z

Valence, G., D’Astous, A., & Fortier, L. (1988). Compulsive buying: Concept and measurement. Journal of Consumer Policy, 11(4), 419-433. https://doi.org/10.1007/BF00411854

Villardefrancos, E., & Otero-López, J. M. (2016). Compulsive buying in university students: its prevalence and relationships with materialism, psychological distress symptoms, and subjective well-being. Comprehensive Psychiatry, 65, 128-135. https://doi.org/10.1016/j.comppsych.2015.11.007

Xu, Y. (2008). The influence of public self‐consciousness and materialism on young consumers' compulsive buying. Young Consumers, 9(1), 37-48. https://doi.org/10.1108/17473610810857309

Zheng, Y., Yang, X., Liu, Q., Chu, X., Huang, Q., & Zhou, Z. (2020a). Perceived stress and online compulsive buying among women: A moderated mediation model. Computers in Human Behavior, 103, 13-20. https://doi.org/10.1016/j.chb.2019.09.012

Zheng, Y., Yang, X., Zhou, R., Niu, G., Liu, Q., & Zhou, Z. (2020b). Upward social comparison and state anxiety as mediators between passive social network site usage and online compulsive buying among women. Addictive Behaviors, 111, 106569. https://doi.org/10.1016/j.addbeh.2020.106569

Como citar: Como citar: Estanislau, A. M., Monteiro, R. P., & Lins, S. L. B. (2025). Compra compulsiva na perspectiva da psicologia social: Uma revisão de escopo. Ciencias Psicológicas, 19(1), e-4026. https://doi.org/10.22235/cp.v19i1.4026

Financiamento: Este estudo não recebeu nenhum financiamento externo ou apoio financeiro.

Conflito de interesse: Os autores declaram não ter conflito de interesse.

Disponibilidade de dados: Por se tratar de uma revisão de escopo, o recomendado é a realização do registro da pesquisa para garantir a credibilidade e replicabilidade do estudo. O registro está disponível no Open Science Framework no seguinte link: https://doi.org/10.17605/OSF.IO/VEQXR

Contribuição de autores (Taxonomia CRediT): 1. Conceitualização; 2. Curadoria de dados; 3. Análise formal; 4. Aquisição de financiamento; 5. Pesquisa; 6. Metodologia; 7. Administração do projeto; 8. Recursos; 9. Software; 10. Supervisão; 11. Validação; 12. Visualização; 13. Redação: esboço original; 14. Redação: revisão e edição.

A. M. E. contribuiu em 5, 6, 13, 14; R. P. M. em 10, 12, 14; S. L. B. L. em 10, 12, 14.

Editora científica responsável: Dra. Cecilia Cracco.

10.22235/cp.v18i2.4026

Original Articles

Compulsive buying from the perspective of social psychology: A scoping review

Compra compulsiva na perspectiva da psicologia social: Uma revisão de escopo

La compra compulsiva desde la perspectiva de la psicología social: Una revisión de alcance

Andrezza Mangueira Estanislau¹, ORCID 0000-0002-5778-7604

Renan Pereira Monteiro², ORCID 0000-0002-5745-3751

Samuel Lincoln Bezera Lins³, ORCID 0000-0001-6824-4691

¹Universidade Federal da Paraíba, Brazil, [email protected]

² Universidade Federal da Paraíba, Brazil

³ Universidade do Porto, Portugal

Abstract:

Keywords: compulsive buying; shopping addiction; pathological buying; social psychology.

Resumo:

Palavras-chave: compra compulsiva; vício em compras; compra patológica; psicologia social.

Resumen:

Palabras clave: compra compulsiva; adicción a las compras; compra patológica; psicología social.

Received: 21/04/2024

Accepted: 07/02/2025

People are embedded in a society that promotes consumerism and emphasizes appearances (Baudrillard, 1998). Purchasing behavior is a fundamental aspect of modern life, primarily serving to address individual needs and not inherently associated with negative consequences (Miller, 2012). However, when buying behavior begins to interfere with an individual's social, professional, or family functioning, it requires closer attention (Ridgway et al., 2008). In this context, compulsive buying emerges as a complex phenomenon, which goes beyond the consumption of necessities, and is influenced by multiple individual, social and cultural factors (Bauman, 2007; Castellanos et al., 2016; Harnish et al., 2019).

Given the impact of compulsive buying on mental health and social relationships, it is essential to investigate how this behavior is understood and studied in the field of social psychology. For this purpose, the present work aims to carry out a survey of research on compulsive buying (CB) in the area of social psychology (SP)

Historically, CB research has two important frameworks. The first was introduced in 1914 when the German psychiatrist Emile Kraepelin elaborated the term oniomania ("onio" means, in ancient Greek, "for sale" and "mania" means, "madness") to describe compulsive buying disorder. The second framework was proposed in 1994, when McElroy and collaborators proposed the first diagnostic criterion for CB, which was considered an important framework for understanding this condition (Lejoyeux & Weinstein, 2013).

Even with several advances in the field, it is possible to observe a great variety of terms used to refer to this phenomenon (e.g., compulsive buying, excessive buying, pathological buying, among others). In this article, the terms compulsive buying and pathological buying are used synonymously. In addition, it is important to highlight that there is still a debate in the scientific community on whether CB represents an impulse control disorder, obsessive-compulsive or an addiction (Aboujaoude, 2014; Piquet-Pessôa et al., 2014; Thomas et al., 2023). Currently, the fifth edition of the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5) in the chapter Substance-Related and Addictive Disorders, only cites addiction by shopping and does not formally include it. Furthermore, it is important to highlight that compulsive buying disorder is considered a disorder according to the ICD-11, like other specified impulse control disorders (6C7Y; American Psychiatric Association, 2014).

Therefore, it is important to recognize the severity of this phenomenon, because CB has a prevalence of 5% in the general population and is present in different cultural contexts and can cause suffering and negatively impact people's lives (Black, 2012; Maraz et al., 2016). Therefore, recognizing its significance is relevant to ensure that affected individuals receive adequate support and treatment to deal with the negative consequences that this condition can cause in their daily lives (Koran et al., 2006; Müller et al., 2019). CB is also often associated with other psychological problems such as depression, anxiety and stress (Müller et al., 2011).

Regarding the definition, the one adopted in this article is the one that understands CB as an addiction. Andreassen (2014, p. 198) defined it as: "being excessively preoccupied with shopping, driven by an uncontrollable motivation to buy, and investing so much time and effort in shopping that it harms other important areas of life". Shopping dependence should be treated as a behavioral dependence, whose basic criteria are salience, mood modification, tolerance, abstinence, conflict, relapse and resulting problems (Andreassen et al., 2015). In addition, the compulsive shopper may feel great psychological distress from having to deal with constant exposure to consumption stimuli (e.g., advertisements), inability to resist impulse buying, and suffering from the losses that compulsive shopping can generate (Méndez et al., 2022; Valence et al., 1988).

The issue of CB in the individual-society relationship has been a concern of professionals in human and social sciences (Donnelly et al., 2015; Mikołajczak-Degrauwe & Brengman, 2014; Sharif et al., 2022; Tarka & Harnish, 2021). The variety of factors present in this CB may be an indication of the importance of studying it from different angles. That said, the study of CB from a psychological perspective, especially in the field of SP, may be considered fundamental, since the valorization of consumerism in society may make psychologically vulnerable people more prone to compulsive buying (Otero-López et al., 2023).

Thus, it is essential to highlight that SP studies examine how people are influenced by the social environment and how their interactions with others affect their behavior (Oliveira et al., 2020). Various social factors, such as peer pressure, the search for positive emotions, social norms, and the desire to belong to certain groups, can trigger CB behaviors (Hu & Liu, 2020; Thomas et al., 2023; Zheng et al., 2020a). As such, shopping can be used as a tool to align self-image to the expectations or standards set by desired social groups, reinforcing the connection between consumption and social identity (Ghiglino & Langtry, 2023).

In light of the above, mapping and identifying the studies that have been developed so far on CB in the area of PS is essential to gain a general overview of what has been researched. For this purpose, a scoping review was conducted considering the importance of this type of study to obtain a quick mapping of a given topic (Pham et al., 2014)

The scoping technique aims to map, synthesize and disseminate, using a rigorous, transparent and replicable method to gather evidence present in the literature on a given topic, having an exploratory and descriptive nature (Peters et al., 2020). Therefore, this paper aims to answer the following question: what are the characteristics of studies on compulsive buying in the area of social psychology?

Method

The current scoping review followed the methodological guidelines developed by the Joanna Briggs Institute (JBI) (Aromataris & Munn, 2020) and the Checklist Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) (Tricco et al., 2018). The review was registered in the Open Science Framework with identification (https://doi.org/10.17605/OSF.IO/VEQXR) and followed the following steps: (1) elaborate the research question and define the describers, (2) identify the relevant studies, (3) select the studies, (4) extract the data, (5) present and discuss the results.

Search strategy

This review sought to answer the question "what are the characteristics of studies on compulsive buying in the area of social psychology?", based on the acronym PCC (population, concept and context). The population consisted of samples of adolescents and/or adults, the concept was about CB studies, and the context was established as the field of SP.

From this strategy, the terms "Compulsive Buying", Compulsive Buying, Compulsive Shopping, Pathological Buying, Pathological Shopping were defined as descriptors. This strategy was elaborated aiming to contemplate a wide literature on the subject, so that no restriction filters were applied in the databases, in which the searches were performed from the string ("Compulsive Buying" OR "Compulsive Buying" OR "Compulsive Shopping" OR "Pathological Buying" OR "Pathological Shopping").

It is worth noting that the strategy of not applying initial restriction filters in the databases was adopted considering that most research on CB is conducted in areas such as management, marketing and medicine, which use different approaches and methodologies to explore consumer behavior. For example, Santos et al. (2020) conducted a study examining the influence of digital marketing on purchasing behavior and proposed a research agenda on the subject. This example illustrates how other areas have produced significant knowledge on the subject. However, this research focuses exclusively on works developed in psychology, especially in SP. To minimize the exclusion of relevant studies within this selection, we opted to initially perform a broad, unrestricted search. Next, we applied manual filters and conducted a thorough review of the articles against the eligibility criteria. Although some losses are inevitable, this approach aimed to ensure that the selected studies were in line with the research objectives.

Eligibility criteria

The inclusion criteria were previously established, considering empirical studies that dealt exclusively with CB, indexed in psychological databases, and that measured some SP construct related to the topic. In addition, only articles published in English, Portuguese or Spanish were included. It was essential that all the inclusion criteria were fully met for the study to be selected. On the other hand, the exclusion criteria included books and book chapters, reviews, theses, dissertations, scale validation studies, articles that were not published in the field of psychology and those whose full text was not available.

Selection of studies

Initially, the metadata were extracted in RIS format from the articles searched in the following databases and their respective search engines, such as PsycInfo and PsycArticles (PsycNET); SciELo (Web of Science); Pubmed (National Library of Medicine); LILACS and Index Psi through the Virtual Health Library (BVS). Access to all the databases was made from the CAPES Periodicals.

All the metadata were exported to the Rayyan.ia software on 10/11/2022, in which duplicate studies were removed and a blinding process was implemented, in which, initially, each judge evaluated the articles independently, without access to the evaluations of the others, guaranteeing impartiality. After this phase, the blinding was removed and, if differences arose, the judges discussed the differences to reach a consensus. When consensus was not possible, a third judge was consulted to resolve the discrepancies.

In the first stage of evaluation, studies were excluded by reading the titles and abstracts, removing all those that were not within the scope of this review. In the second stage, the studies were read in their entirety to identify those that were fully available and that met the inclusion criteria for study eligibility.

Data extraction and synthesis

For all the studies, data on the publication, the sample, the objective, the measures on CB and the measures to evaluate other variables were extracted. Data on variables, measures, procedures and results will be presented in a qualitative synthesis, using a descriptive approach.

Results

In the initial search of scientific databases, 3426 articles were retrieved from the following databases: Scopus (n = 1162), PsycNET (n = 783), BVS (n = 170), Pubmed (n = 1285), SciElo (n = 26), of which 834 duplicates were removed. A total of 2592 publications were analyzed by title and abstract, and 2000 studies were eliminated because they did not meet the inclusion criteria. Thus, 592 articles were evaluated in full, while 24 were excluded because they were not available for reading. Of the 568 remaining articles to be reviewed in full for eligibility, 545 were excluded, because these were: theoretical studies (n = 27); studies with insufficient data (n = 11); chapters, books, theses, dissertations (n = 14); they were not from the field of psychology (n = 130); they did not meet the inclusion criteria (n = 363). In total, 23 articles were included for review (see Figure 1). In addition, a summary of the general characteristics of interest of the included studies is provided in Table 2.

Figure 1: Study selection flowchart

The publication dates of the articles included in the review were between 2005 and 2022. The years with the highest number of publications were 2015 (Donnelly et al., 2015; Harnish & Bridges, 2015; Spinella et al., 2015) and 2017 (Harnish et al., 2017; Islam et al., 2017; Sharif & Khanekharab, 2017), as shown in Figure 2.

Figure 2: Number of articles published per year

Table 1: Synthesis of articles

Discussion

The aim of this literature review was to carry out a survey of research on CB in the area of PS. In reviewing the literature, it was found that studies on CB are generally focused on adolescents, young adults and adults, with emphasis on young university adults. This is due to the ease of access to this public, since university students are often considered more accessible to participate in research due to their concentration in an institutionalized environment, which facilitates recruitment by researchers (Cruces et al., 2015).

In addition, the young adult life phase is marked by intense changes in the social, emotional and professional spheres. During this period, they tend to experiment with new products and brands, have greater access to credit and seek social acceptance, often associated with the attainment of status (Harnish et al., 2019). These factors may be deeply related to CB, since the search for social belonging and recognition may drive excessive consumption (Islam et al., 2017). These dynamics may explain the concentration of studies in samples of university students, since this group is in a phase particularly susceptible to these impulses. Thus, the focus on young adults may be justified by the relevance of this age group in understanding the factors that influence CB.

In addition, it was observed that there is a discussion regarding the gender that presents a greater propensity to CB. For example, the studies by Dittmar (2005) and Müller et al., (2011) did not find significant differences between genders, concluding that both men and women can be compulsive shoppers. In contrast, research by Harnish et al. (2017) and Villardefrancos and Otero-López (2016) indicated that women have a higher tendency to shop compulsively. Therefore, it can be presumed that it is necessary to examine in more detail the influence of gender on CB, in order to understand not only how it is perceived among the different genders, but also how it explains this behavior.

Regarding the instruments used to measure CB, the use of seven different measures was observed, among which the most applied were: Compulsive Buying Scale (D'Astous et al., 1990), Compulsive Buying Scale (Faber & O'Guinn, 1992), Richmond Compulsive Buying Scale (Ridgway et al., 2008). However, it is worth noting that the different instruments developed to measure CB focus on different aspects/dimensions, thus, there are scales with \ items focusing on impulse control (D'Astous et al., 1990), or obsessive-compulsive (Faber & O'Guinn, 1992) or for both (impulse control and obsessive-compulsive; Ridgway et al., 2008) or for behavioral behaviors (Andreassen, 2014).

However, it is important to mention that some of the aforementioned measurement tools, which are highly adopted in the literature, have been criticized for being outdated. One example if the scale elaborated by Faber and O'Guinn (1992) that includes items such as “Wrote a check when I knew I didn't have enough money in the bank to cover it”, which is less relevant in modern society where checks are rarely used (Andreassen et al., 2015).

In addition, regarding the nomenclature of the scales, it was observed that there are instruments elaborated by different authors, but with the same name (e.g., Compulsive Buying Scale, elaborated by Faber and O'Guinn (1992); Compulsive Buying Scale, elaborated by D'Astous et al. (1990). Thus, in different studies, the same measure developed by the same author appears under different names. For example, the scale developed by Ridgway et al. (2008), which is called Richmond Compulsive Buying Scale in the study by Harnish and Bridges (2015) and is called Compulsive Buying Measure in the research by Mikołajczak-Degrauwe and Brengman (2014). These divergences highlight the need to establish standardized nomenclatures that allow the identification and differentiation of the measures, avoiding possible confusion, and allowing better comparison of the results.

In relation to the variables that have been studied with the CB, it is possible to divide them into two categories: a) variables from different areas, composed of constructs related to marketing, economics and psychology (e.g., money management, advertising influence, self-esteem, depression, anxiety and subjective well-being) and b) SP constructs, composed of variables that measure some SP construct related to CB (e.g., materialistic values, beliefs, attitudes, social comparison). Within the SP framework, it is possible to observe that the topic most addressed in studies is materialistic values (e.g., Manolis & Roberts, 2012; Müller et al., 2011; Uzarska et al., 2021).

Of the 23 studies included and analyzed in the review, 16 addressed values, a possible explanation for this is the fact that values are guiding criteria and guide human actions (Gouveia, 2016). An individual that increasingly prioritizes materialistic values, also tends to see money, material goods and consumption as an indicator of success and happiness, thus, people oriented by materialistic values tend to have a higher propensity for CB (Dittmar, 2005; Sharif et al., 2022).

Regarding the objectives of the selected studies, the focus of the research was mainly to (a) Investigate the relationship of CB with psychological and social variables (e.g., Claes et al., 2010; García, 2007; Islam et al., 2018; Japutra & Song, 2020; Mikołajczak-Degrauwe & Brengman, 2014; Müller et al., 2011; Villardefrancos & Otero-López, 2016); (b) Verify the mediating role of psychological and social variables leading to CB (e.g.., Donnelly et al., 2015; Islam et al., 2017; Roberts et al., 2019; Sharif & Khanekharab 2017; Sharif et al., 2022; Zheng et al., 2020b); (c) Explore CB within Schwartz's value model (Tarka & Harnish, 2021; Uzarska et al., 2021) and (d) Examine psychological and social variables that predict CB (Dittmar, 2005; Harnish & Bridges, 2015; Harnish et al., 2019; Reeves et al., 2012). Research with this type of focus provides important information on the relationships between variables and their impact on CB.

Furthermore, it is relevant to note that the analyzed articles were mainly devoted to studies with a quantitative and cross-sectional approach, suggesting the need to develop more diversified studies to obtain a more comprehensive understanding of this phenomenon. Qualitative and longitudinal methods can be used as a tool to assist in understanding the subjective and contextual aspects present in CB. Qualitative studies make it possible to explore the motivations, experiences and perceptions of compulsive shoppers and longitudinal studies allow us to examine changes and continuities in CB behavior (Dokumaci et al., 2021; Smith et al., 2018)

In this regard, recent literature on CB includes relevant qualitative studies that, although not published in specific psychology journals, offer significant contributions to the understanding of this phenomenon. An example is the study by Leal and Baldanza (2020), which analyzed how hypermedia processes mediated by mobile devices can influence, positively or negatively, CB behavior. This finding shows how studies in PS can go beyond the limits of the area itself, gaining recognition in journals of other disciplines and demonstrating its interdisciplinary relevance.

Regarding the results of the studies and conclusions, we can conclude that individuals that are more likely to engage in CB are self-focused, prioritize materialistic values (Harnish, et al., 2019; Sharif et al., 2022; Xu, 2008), are oriented towards power and accomplishment, seeking higher social status and acceptance (Harnish et al., 2019), as well as frequently exhibit low self-esteem and difficulties in managing their finances (Roberts et al., 2019; Uzarska et al., 2021).

Furthermore, individuals with these characteristics tend to compare themselves with others, experience states of anxiety (Zheng et al., 2020b) and make excessive use of social networks (Sharif & Khanekharab, 2017). CB behavior, in these cases, frequently emerges as a mechanism to alleviate negative emotional states and regulate emotions (Donnelly et al., 2015). In general, these data provide directions for understanding the CB phenomenon, allowing the identification of risk factors that contribute to its development.

Recent studies, such as that of Bashar et al. (2023), suggest that cultural factors play a crucial role in shaping various aspects of consumer behavior, including impulse and compulsive buying behaviors. In this context, culture can profoundly influence the motivations, values and norms that guide purchasing decisions, thus significantly shaping consumer behavior. For example, in societies that value materialism and social status, people may be more likely to adopt CB behaviors in order to meet social expectations or demonstrate success (Shammout et al., 2022).

In addition, digital marketing has a substantial impact on consumer behavior. Social media tools, personalized ads and other digital strategies can significantly influence purchase decisions, often stimulating impulsive or compulsive purchases (Campelo & Vicente, 2023; Santos et al., 2023). Such evidence reinforces the importance of SP in the analysis of this behavior by exploring how interpersonal, cultural and technological dynamics can influence individuals' choices. These findings may also offer subsidies for reflections on public policies and practical interventions, with the aim of mitigating the negative impacts of this behavior.

Another relevant factor to be discussed is the growth of e-commerce, which led many consumers to migrate from shopping in physical stores to online shopping (Smith et al., 2022). The increase in the use of the Internet for shopping can be attributed both to the ease of access and to the pandemic period, which forced people to adapt to new life dynamics (Jones & Clark, 2021). In this context, the study by Müller et al. (2022) showed that CB behavior on digital platforms shares similar characteristics to compulsive behavior in physical places and can also generate significant prejudices for the lives of both individuals. This parallel between the two contexts highlights the importance of a more attentive look at the negative impacts that digital commerce can generate in the lives of consumers.

In addition, regarding the limitations of this research, it is important to highlight that the search for references was restricted to journals in the area of psychology, which may have excluded relevant studies published in other areas, such as psychiatry. In addition, the backward snowballing analysis (analysis of references) was not performed, which may have limited the identification of other significant studies on the subject. It is also important to consider the limitations of the method used in the literature review. Although this method is transparent, rigorous and replicable, it does not aim to evaluate the quality of the evidence produced by the studies analyzed.

Conclusion

Given the above, the objective of this study was achieved by the reviewing the literature on CB in the area of SP and identifying the characteristics of the studies on CB in this field. The information highlighted in this study is intended to serve as a foundation for researchers interested in this topic, aiding in the construction of knowledge about CB and encouraging the development of new research in psychology.

We suggest that future studies conduct a systematic review to evaluate the methodological quality of CB studies, as well as the validation of a more updated instrument that measures CB, also considering overbuying behavior as a value in terms of basic dependency criteria in the Brazilian context.

References