10.22235/cp.v17i2.2844

Artigos Originais

Conflito familiar e envolvimento parental: percepções de filhos adolescentes

Family conflict and parental engagement: perceptions of teenage children

Conflicto familiar e involucramiento de los padres: percepciones de los hijos adolescentes

 

Clarisse Pereira Mosmann1, ORCID 0000-0002-9275-1105

Crístofer Batista da Costa2, ORCID 0000-0002-1307-1436

Jeferson Rodrigo Schaefer3, ORCID 0000-0002-7613-2902

Franciele Cristiane Peloso4, ORCID 0000-0002-4663-9569

 

1 Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil, clarissepm@unisinos.br

2 Centro de Estudos da Família e do Indivíduo, Brasil

3 Núcleo de Apoio ao Superendividado do PROCON, Brasil

4 Centro de Estudos da Família e do Indivíduo, Brasil

 

Resumo:

Os conflitos familiares e o baixo envolvimento parental podem ter repercussões no desenvolvimento dos filhos. Por isso, o objetivo deste estudo foi investigar as percepções de adolescentes, membros de famílias nucleares e separadas sobre o envolvimento parental e os conflitos familiares, assim como suas possíveis repercussões em sintomas internalizantes e externalizantes. Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada em três escolas públicas, através de grupos focais e que envolveu dezenove adolescentes que responderam também um questionário sociodemográfico e o Youth Self-Report. Através de análises estatísticas descritivas verificou-se que parte da amostra apresentou sintomas clínicos. As conversações nos grupos focais foram submetidas à análise de conteúdo e originaram as categorias: conflitos familiares, envolvimento parental, sintomas internalizantes e sintomas externalizantes. Os resultados possibilitaram compreender como as interrelações familiares são percebidas pelos filhos e impactam sua forma de pensar, sentir e agir sugerindo a necessidade de espaços de acolhimento e escuta aos jovens.

Palavras-chave: relações pais e filhos; adolescência; conflito familiar; sintomas psicológicos.

 

Abstract:

Family conflicts and low parental involvement can have repercussions on children's development. For this reason, the aim of this study was to investigate teenage members of nuclear and separated families' perceptions of parental involvement and family conflicts, as well as their possible repercussions on internalizing and externalizing symptoms. This is a qualitative study carried out in three public schools, through focus groups and involving nineteen adolescents who also answered a sociodemographic questionnaire and the Youth Self-Report. Descriptive statistical analysis showed that part of the sample had clinical symptoms. The conversations in the focus groups were subjected to content analysis and gave rise to the following categories: family conflicts, parental involvement, internalizing symptoms, and externalizing symptoms. The results made it possible to understand how family interrelationships are perceived by children and impact their way of thinking, feeling, and acting, suggesting the need for spaces to welcome and listen to young people.

Keywords: parent-child relationships; adolescence; family conflict; psychological symptoms.

 

Resumen:

Los conflictos familiares y el escaso involucramiento de los padres pueden tener un impacto en el desarrollo de los niños. El objetivo de este estudio fue investigar las percepciones de los adolescentes, miembros de familias nucleares y separadas, sobre el involucramiento de los padres y los conflictos familiares, así como sus posibles repercusiones en los síntomas internalizantes y externalizantes. Se trata de una investigación cualitativa realizada en tres escuelas públicas a través de grupos focales, que involucró a diecinueve adolescentes, quienes también respondieron un cuestionario sociodemográfico y el Youth Self-Report. Mediante análisis estadístico descriptivo se encontró que una parte de la muestra presentaba síntomas clínicos. Las conversaciones en los grupos focales fueron sometidas a análisis de contenido y originaron las categorías: conflicto familiar, participación de los padres, síntomas internalizantes y síntomas externalizantes. Los resultados permiten comprender cómo las interrelaciones familiares son percibidas por los adolescentes e impactan en su forma de pensar, sentir y actuar, y sugieren la necesidad de espacios de acogida y escucha de los jóvenes.

Palabras clave: relaciones entre padres e hijos; adolescencia; conflicto familiar; síntomas psicológicos.

 

Recebido: 31/01/2022

Aceito: 10/10/2023

 

 

O eminente aumento de problemas emocionais e comportamentais em adolescentes e o impacto socioeducacional negativo que provocam nessa fase do desenvolvimento tem despertado preocupação entre os profissionais de saúde (Borba & Marin, 2017; Mosmann et al., 2017; Zou & Wu, 2020). Um levantamento mundial realizado há mais de uma década por Patel et al. (2007), concluiu que um a cada cinco adolescentes apresenta alguma sintomatologia característica de transtorno psiquiátrico, estima-se que atualmente esse número seja ainda maior.

Uma pesquisa de revisão sistemática da literatura científica nacional realizada em 2014 analisou 27 estudos com o objetivo de levantar a prevalência de transtornos mentais na infância e adolescência e possíveis fatores associados. O estudo constatou que os transtornos mais comuns em crianças e adolescentes foram ansiedade, depressão, conduta, déficit de atenção com hiperatividade e abuso de drogas. A configuração familiar e os conflitos conjugais foram os principais fatores associados à sintomatologia em crianças e adolescentes. Filhos de pais separados e que presenciavam brigas conjugais, por exemplo, poderiam apresentar mais riscos de desenvolver as psicopatologias (Thiengo et al., 2014).

O modelo de classificação dos sintomas infanto juvenis sugere a divisão em dois grupos: internalizantes e externalizantes. De acordo a definição proposta pela American Psychiatric Association (APA, 2013), os sintomas internalizantes envolvem expressões introspectivas, tais como ansiedade, isolamento, tristeza, baixa autoestima e depressão. Os sintomas externalizantes se caracterizam por serem mais facilmente observáveis, expressando-se através da hostilidade, agressividade física ou verbal e hiperatividade (Achenbach et al., 2014; Lopes et al., 2016).

Há consenso entre os pesquisadores da área de que os sintomas internalizantes e externalizantes causam prejuízos sociais e desenvolvimentais aos adolescentes pois interferem no rendimento escolar, nas relações de amizade e familiares (Borba & Marin, 2017; Mosmann et al., 2017; Zou & Wu, 2020). Ainda, estudos apontam a relação entre problemas parentais e coparentais, conflitos conjugais e o desencadeamento de sintomas psicopatológicos na prole (Goulart et al., 2016; Mosmann et al., 2017; Mosmann et al., 2018; Rosencrans & McIntyre, 2020). Assim, a interdependência entre os subsistemas familiares pode fazer com que os conflitos conjugais reverberem negativamente na saúde mental dos filhos.

Outra variável apontada pela literatura como relevante para a saúde mental dos filhos é o envolvimento parental. Este pode ocorrer de forma direta, quando existe interação entre pais e filhos através do brincar e do tempo livre compartilhado, ou de forma indireta, através das responsabilidades e do bem-estar da prole suprida pelos pais, como o envolvimento com a escola, saúde e subsistência (Grzybowski & Wagner, 2010). Estudos indicam que o envolvimento parental na infância se associa ao melhor desempenho escolar (Ma et al., 2016; Warmuth et al., 2019), e menor risco de desenvolvimento de sintomas depressivos em adultos jovens (Cong et al., 2020).

Ademais, o envolvimento parental é fator protetivo em relação aos comportamentos de risco aumentados na fase da adolescência, como envolvendo em práticas sexuais desprotegidas, uso de drogas, entre outros comportamentos (Savioja et al., 2017). Trata-se, ainda, de um fator importante no tratamento de crianças e adolescentes com diferentes sintomatologias (Dardas et al., 2018; Iniesta-Sepúlveda et al., 2017; Kreuze et al., 2018).

Em um estudo realizado no ano de 2019 foram explorados os aspectos referentes ao dia a dia de três adolescentes do sexo feminino sobre a separação dos pais e as vivências de guarda compartilhada em relação ao envolvimento parental. O estudo identificou que as mães assumem os cuidados dos filhos principalmente em relação à escola, saúde e tomada de decisões, enquanto os pais ocupam esses papéis somente se as mães não podem estar presentes e, principalmente, no que se refere às questões financeiras. Segundo as adolescentes, a separação dos pais não levou ao afastamento entre elas e os seus progenitores, porém, o envolvimento passou a ocorrer a partir das funções que cada um desempenha, ou seja, a partir dos papeis de gênero que tradicionalmente são atribuídos ao pai e à mãe (Kostulski et al., 2019).

Em Portugal, uma pesquisa com treze famílias investigadas através de grupos focais analisou a percepção de pais e filhos acerca das concepções sobre adolescência, dificuldades, desafios, preocupações e estratégias para manejo das dificuldades. Os participantes referiram que a adolescência é um período de experimentação e afirmação e de desafios na relação entre pais e filhos, estes que envolvem principalmente os processos de independização e os papeis de gênero – concepções de que as garotas são frágeis e sensíveis, porém, maduras, e garotos livres para sair com os pares e com menos exigências quanto ao comportamento e às primeiras experiências amorosas e sexuais. As estratégias mais citadas por pais e filhos frente aos dilemas foram promoção da autonomia, respeito à individualidade, discussão acerca de limites e regras, proximidade pais-filhos com base na confiança, diálogo, abertura e advertências, proteção, dedicação, atenção e acompanhamento pelos pais (Santos, 2013).

Além do subsistema parental, especificamente, das características do envolvimento entre pais e filhos, a dinâmica relacional no subsistema conjugal é considerada importante para a compreensão do que ocorre com a prole, já que a qualidade da relação conjugal provoca reflexos no exercício da parentalidade (Costa et al., 2015; Mosmann et al., 2018). O conflito conjugal é um fenômeno que se expressa frequentemente nas relações amorosas diádicas e se relaciona com outros fatores, como satisfação, coesão, intimidade e estabilidade conjugal (Costa et al., 2016).

Diante de conflitos frequentes, intensos e manejados de forma destrutiva pelo casal, os filhos tendem a ser impactados negativamente (Mosmann et al., 2017; Mosmann et al., 2018). Tal impacto pode ser direto, se os filhos se engajam no conflito e são levados a se posicionar em favor de um progenitor contra o outro, ou indireto, se os filhos presenciam e/ou observam os conflitos a relativa distância (Margolin et al., 2001; Minuchin et al., 2009; Rosencrans & McIntyre, 2020; Thiengo et al., 2014). O processo pelo qual os conflitos existentes em um subsistema familiar reverberam em outros subsistemas é denominado spillover ou transbordamento (Erel & Burman, 1995; Hameister et al., 2015).

Segundo estudo brasileiro com 149 casais os filhos são um dos principais motivos de conflito entre o casal (Mosmann & Falcke, 2011). Por isso, as autoras referem que o fenômeno pode ser bidirecional e interdependente entre os subsistemas conjugal e parental. Ainda, Machado e Mosmann (2020), apontam que adolescentes que percebem tensão no ambiente familiar tendem a apresentar dificuldades para regular suas emoções, comportamentos reativos, falta de controle de impulsos, agressividade e reações defensivas, o que contribui para o desencadeamento de sintomas externalizantes principalmente se os pais exigem que os filhos se posicionem frente ao conflito.

Conforme exposto, analisar a sintomatologia em adolescentes e os possíveis fatores desencadeadores são um desafio para a área da pesquisa já que a incidência de psicopatologias nessa faixa etária é elevada e envolve múltiplos fatores biológicos, psicológicos, contextuais/ambientais, entre outros (Papália & Feldman, 2013; Thiengo et al., 2014). É consenso entre os estudos que a presença de envolvimento parental e o manejo construtivo dos conflitos familiares são considerados fatores de proteção pois diminuem os riscos para o desenvolvimento de sintomas internalizantes e externalizantes nos filhos (Cong et al., 2020; Thiengo et al., 2014; Warmuth et al., 2019). Entretanto, a maior parte dos estudos encontrados abordam o fenômeno sob a perspectiva de pais, outros cuidadores e professores (Cong et al., 2020; Mosmann et al., 2017; Rosencrans & McIntyre, 2020). Por esse motivo, o presente estudo investigou a percepção de adolescentes, membros de famílias nucleares e separadas, sobre o envolvimento parental e os conflitos familiares, assim como, suas possíveis repercussões em sintomas internalizantes e externalizantes.

 

 

Materiais e Método

 

 

Delineamento

 

 

A presente pesquisa é de natureza qualitativa e transversal e delineamento exploratório e descritivo.

 

 

Participantes

 

 

Os participantes do estudo foram dezenove adolescentes, sendo quinze meninas e quatro meninos, que constituíram três grupos focais mistos - participantes do sexo feminino e masculino, provenientes de três cidades do interior do estado do Rio Grande do Sul. Todos os participantes cursavam o ensino fundamental em escolas da rede pública de ensino, dez eram membros de famílias de primeira união e nove de famílias com pais separados. Do primeiro grupo participaram nove adolescentes, do segundo grupo participaram quatro e do terceiro grupo seis. A idade mínima dos participantes foi 12 e a máxima 15 anos (M = 13,79; DP = 0,97). Na Tabela 1 são apresentadas detalhadamente as informações descritas.

Os critérios de inclusão para a participação no estudo foram estar na fase da adolescência, ser filho de pais de famílias de primeira união ou de pais separados cujos progenitores se mantivessem envolvidos com os cuidados e responsabilidades relacionadas ao adolescente participante do estudo. Os participantes precisavam ser indicados por um profissional da escola, psicólogo, professor ou pedagogo, por estar em atendimento ou em fila de espera para atendimento psicológico na escola ou outro centro de atendimento em saúde mental por apresentar comportamentos sintomáticos caracterizados como internalizante e/ou externalizante. Não poderiam participar do estudo adolescentes cujo padrasto ou madrasta participassem dos cuidados por substituição do pai ou mãe ausentes de sua função parental, indivíduos menores de doze ou maiores de dezoito anos e sem sintomas clínicos, critério observado por meio do encaminhamento da escola e verificado no ato da pesquisa por meio de instrumentos específicos.

 

Tabela 1: Características descritivas dos participantes do estudo

 

 

 

Instrumentos

 

 

Questionário sociodemográfico, constituído por perguntas sobre sexo, idade, escolaridade, cidade de residência, número e idade dos irmãos e configuração familiar, esta última que verificava se o exercício da coparentalidade em díades separadas ocorria de fato pelos progenitores.

Grupo Focal, técnica em que ocorre um debate de ideias entre participantes que possuem algo em comum. São geralmente pequenos e homogêneos e ocorrem em ambiente não diretivo onde temas relacionados com os objetivos da pesquisa são discutidos (Minayo et al., 2008). A técnica possibilita analisar as interações que acontecem dentro do grupo e a influência mútua entre os participantes que os estimula espontaneamente a participar da conversação por se identificarem com o tema do debate, propiciando a emersão de questões individuais e coletivas (Flick, 2009; Minayo et al., 2008). Quanto à condução do grupo focal, indica-se um moderador principal para introduzir, encerrar e fazer a transição de um tópico para outro e encorajar os participantes a exporem suas opiniões, e um moderador assistente que observa e registra questões principais auxiliando o moderador principal (Flick, 2009).

Os grupos focais, no presente estudo, foram estruturados da seguinte forma: (a) Acolhimento: recepção dos participantes pelos moderadores e auxiliares de pesquisa; (b) Abertura: apresentação dos moderadores, preenchimento do instrumento de pesquisa, informações gerais sobre os objetivos do encontro, expectativas, e sobre como ele ocorreria; (c) Aquecimento: apresentação dos participantes e da equipe de pesquisa; (d) Discussões temáticas sobre cinco aspectos da coparentalidade a partir de teses provocativas, ou seja, estímulos para iniciar a discussão no grupo. Os temas e as teses provocativas serão descritos a seguir.

(1) Prática Coparental Conjunta-estímulo: “Maria, uma adolescente de 15 anos, foi convidada para um acampamento com as amigas no final de semana, mas para poder ir, precisava conversar com os pais. Pensando a partir dessa situação, como seria isso na sua família?”.

(2) Prática Coparental Paterna-estímulo: “Na família de Vinícius seu pai é o responsável por levá-lo à escola, participar das reuniões de pais, mas prefere não se envolver em cobranças ou decisões importantes. Essas são as atribuições do pai de Vinícius, como isso acontece na família de vocês?”.

(3) Prática Coparental Materna-estímulo: “Já a mãe de Vinícius é responsável por tomar as decisões sobre as tarefas da casa, autorizações para que Vinícius possa sair e monitorar/cobrar suas notas na escola. Essas são as atribuições da mãe de Vinícius, como isso acontece na família de vocês?”.

(4) Percepções dos Adolescentes sobre o próprio Envolvimento no Conflito Coparental-estímulo: “Pedro, um adolescente de 14 anos, foi convidado a passar as férias na casa dos avós paternos. Sua mãe, no entanto, não concorda com a viagem e os pais acabam discutindo. Pedro, em situações assim, fica confuso sobre quem apoiar. Como isso funciona na família de vocês?”.

(5) Sentimentos dos Adolescentes decorrentes do Envolvimento no Conflito Coparental-estímulo: “Em todas as histórias que contamos os personagens tem um tipo de sentimento sobre o que acontece com eles e os seus pais. Como vocês se sentem nessas situações?”.

Youth Self-Report, YSR, desenvolvido por Achenbach et al. (2001) e validado para uso no Brasil por Bordin et al. (2013). Trata-se de um inventário para autoavaliação de jovens de 11 a 18 anos composto por 112 itens com uma escala de resposta que varia de 0 (Não é verdade) a 2 (Muito verdade), e oito dimensões de problemas de comportamento. Neste estudo, a classificação dos problemas foi feita considerando duas categorias principais: problemas internalizantes, que incluem as dimensões de Ansiedade/Depressão (por exemplo: “Sou medroso ou ansioso”), Retraimento (por exemplo: “Choro muito”), e Queixas somáticas (por exemplo: “Tenho sintomas físicos sem causa biológica”), e problemas externalizantes, compostos pelas dimensões de Problemas sociais (por exemplo: “Prefiro estar sozinho do que na companhia de outros”), Comportamento delinquente (por exemplo: “Roubo as coisas em casa”), e Comportamento agressivo (por exemplo: “Meto-me em muitas brigas”). As escalas de problemas de pensamento e problemas de atenção não foram consideradas para este estudo (Achenbach, 2001).

 

 

Coleta de dados

 

 

O primeiro contato para a formação dos grupos focais foi realizado em escolas de três cidades do interior do estado do Rio Grande do Sul. As escolas que concordaram em participar do estudo foram selecionadas a partir da demanda, ou seja, se tinham alunos que atendiam os critérios para participar do estudo. Após o primeiro contato foi realizada uma visita ao local para apresentar os materiais de pesquisa, quais sejam, o instrumento de pesquisa, o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) que deveria ser levado pelos adolescentes para os pais lerem e assinarem caso concordassem com a participação do(a) filho(a) na pesquisa, e o termo de assentimento (TA) para apreciação e assinatura dos próprios adolescentes informando que concordavam em participar.

Aproximadamente uma semana após a visita, novamente foi realizado contato com a escola para verificar o retorno dos termos (TCLE e TA) e para o agendamento dos grupos focais, estes que ocorreriam em horário de aula no espaço cedido pela instituição de ensino. No dia e horário agendado em cada escola, quatro membros do grupo de pesquisa estiveram presentes, dois moderadores e dois auxiliares de pesquisa, funções que se mantiveram iguais na execução dos três grupos. Os participantes foram recepcionados pela equipe, receberam crachá para facilitar o tratamento pessoalizado e prancheta com o instrumento de pesquisa a ser preenchido. Após o preenchimento e com os adolescentes posicionados em um semicírculo com os moderados à frente, um gravador no centro do semicírculo e uma câmera atrás dos moderadores, deu-se início às conversações, conforme estrutura que consta na descrição do grupo focal. Cada encontro durou aproximadamente 1 hora e 30 minutos, considerando o preenchimento do instrumento e o debate.

 

 

Análise dos dados

 

 

Incialmente foram realizadas análises descritivas para obter o perfil descritivo dos participantes, cálculo de médias e desvios-padrão. Por meio de análises descritivas avaliamos também a sintomatologia nos adolescentes. As conversações nos grupos focais foram transcritas na íntegra e submetidas ao procedimento de análise de conteúdo pelos mesmos membros da equipe de pesquisa. O processo de análise de conteúdo envolveu as etapas propostas por Bauer (2008), são elas: a) Leitura do material transcrito de modo a alcançar familiaridade e apropriação satisfatória do texto; b) Identificação de unidades de significado capazes de formar padrões reconhecíveis; c) Organização das unidades de significado agrupando-as em categorias; d) Seleção dos conteúdos manifestos dentro de cada categoria que pudessem ser representativos para a discussão.

 

 

Questões éticas

 

 

O estudo atendeu as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, conforme a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, parecer nº 3.452.422, CAAE nº 88282318.3.0000.5344. O TCLE e o TA, lido e assinado, respectivamente, pelos pais e os próprios adolescentes informou sobre a gravação do grupo focal em áudio e vídeo e sobre a preservação da identidade dos participantes. Os riscos decorrentes da pesquisa, embora mínimos, envolviam possível comoção emocional ao conversar e recordar situações difíceis vivenciadas na família. Nestes casos, realizar-se-ia o devido encaminhamento para atendimento psicológico junto à clínica escola da Instituição responsável pela pesquisa.

 

Resultados e Discussão

 

 

A análise descritiva para avaliação de sintomatologia nos adolescentes considerou a classificação do manual Achenbach et al. (2014). Segundo os critérios, percentil superior a 90 indica perfil clínico, percentil entre 84 e 90 indica perfil limítrofe e percentil inferior a 84 indica perfil normal. Para os sintomas internalizantes, quatorze adolescentes pontuaram para classificação normal, quatro para classificação de perfil limítrofe e um para perfil clínico. Para os sintomas externalizantes, dezessete adolescentes pontuaram para classificação normal e dois para classificação de perfil limítrofe. O resultado chama atenção porque a escola considerou em sua indicação somente alunos aguardando em fila de espera ou em acompanhamento psicológico. Portanto, esse dado levanta questionamentos acerca da avaliação feita na instituição de ensino que justifique encaminhar determinado aluno para a realização de psicoterapia ou acompanhamento psicopedagógico, ainda que essa indicação seja uma forma de prevenir o agravamento de determinado comportamento identificado por um(a) professor(a). Uma hipótese que pode ser levantada é a de que os docentes não dispõem de tempo para realizar um acompanhamento mais próximo dos adolescentes devido à sobrecarga de trabalho em sala de aula, levando aos encaminhamentos para manejo de questões típicas da fase adolescente, como baixa tolerância à frustração, vergonha, agressividade, entre outros comportamentos.

A análise de conteúdo da conversação entre os adolescentes nos grupos focais constituiu quatro categorias construídas a posteriori. A primeira, refere-se à percepção dos adolescentes sobre os conflitos entre os pais, foi denominada “Conflito familiar” e se divide nas subcategorias “conflito interparental” e “conflito conjugal”. Os relatos sobre a participação ou não dos pais nas condutas envolvendo cuidados, divisão de tarefas e responsabilidades formam a categoria “Aspectos favoráveis e desfavoráveis do envolvimento parental”. Na terceira categoria, denominada “Sintomas internalizantes”, são apresentados os relatos acerca dos sintomas físicos, tais como dor de cabeça e no corpo, e sintomas psicológicos, tais como, medo, tristeza e ansiedade. Finalmente, a quarta categoria refere-se aos problemas comportamentais que caracterizam os “Sintomas externalizantes”.

 

 

Conflito familiar

 

 

A percepção dos adolescentes acerca dos conflitos entre os pais ficou bastante evidente no debate nos grupos focais e caracterizou dois tipos diferentes de conflitos, aqueles sobre questões interparentais, ou seja, conflitos relacionados ao pagamento da pensão e ao manejo pelos pais do próprio adolescente e aqueles conflitos envolvendo questões conjugais. Na primeira subcategoria, acerca dos conflitos interparentais, as participantes revelam que “Normalmente eu olho e ignoro as discussões deles. Eu penso ‘não vou me meter’, vou ficar quieta no meu canto, porque se não sobra pra mim” (Carla); “Mas eu não lembro de ter feito nada de errado ou ‘báh, eles tão brigando por causa de mim’” (Olívia).

Na maioria das vezes, daí eles (pai e mãe) vão pro quarto, daí eles ficam, começam a falar mais alto. Daí eu já me toco que eles tão brigando. (...) Eu acho que o ideal seria eles me chamar. Porque como eles estão falando de mim eu também gostaria de saber. Até porque o que eles decidirem vai valer pra mim (Quiara).

Além disso, a participante Inês explica como ocorrem os conflitos entre os pais separados e como é envolvida pelos cuidadores na situação:

Ah, porque tipo assim, não é que meus pais discutem várias vezes, mas agora até que tá mais tranquilo, até o início do ano eles estavam se quebrando aí por telefone. Porque minha mãe sempre fala ‘ai sei lá o que, se teu pai pisar aqui na frente do meu portão eu vou arrebentar a cara dele’ (risos). O meu pai fica falando tipo pra minha mãe ‘ai não sei o que, quando tu vai depositar a pensão e tal?’. Aí às vezes ela fica braba com ele e fala que quando der na telha ela deposita, mas aí ele fica brabo e aí ele vem em mim e fala ‘tem que falar pra tua mãe que ela tem que depositar a pensão’. Aí eu fico sobrecarregada sobre isso e aí a maioria das vezes eu acabo, tipo ficando brava com ele e aí ele me xinga, a opinião não vale (Inês).

A literatura aponta que crianças e adolescentes submetidos a contextos de elevada tensão em decorrência dos conflitos familiares têm propensão aumentada ao desencadeamento de sintomas externalizantes, entre outros problemas, como baixo rendimento escolar, problemas de habilidades sociais e nos relacionamentos interpessoais (Goulart et al., 2016; Thiengo et al., 2014). O que foi relatado pelas adolescentes Carla, Olívia e Quiara demonstram também como ocorre o efeito spillover em que divergências e dificuldades persistentes entre a díade parental transbordam para outras áreas – subsistemas, da vida familiar, impactando direta ou indiretamente a prole (Goulart et al., 2016).

Quanto à segunda subcategoria que aborda os conflitos conjugais, as adolescentes Paula e Quiara, revelam: "Porque uma hora ou outra eles vão parar de brigar. Meu pai uma vez brigou com a minha mãe, sabe? Brigar de brigar mesmo, de sair de casa, porque ele voltou tarde pra casa" (Paula).

Eu sempre tive muito mais medo dele (pai) do que da minha mãe, assim eu quase nunca me meto na briga deles, porque eu sempre sei que vai acabar que eu vou ficar de castigo se eu der a minha opinião. Vão acabar brigando, então eu sempre fico na minha (Quiara).

Os relatos corroboram evidências relativamente consolidadas na literatura científica de que os conflitos interparentais e conjugais podem extrapolar para outros subsistemas, como o parental, interferindo negativamente na relação pais-filhos e impactando principalmente a prole (Costa et al., 2015; Mosmann & Falcke, 2011; Mosmann et al., 2018). O impacto negativo na parentalidade pode ocorrer através do enrijecimento de regras, supervisão e controle excessivos e punições severas (Goulart et al., 2016), e/ou no afastamento do adolescente de um ou ambos os progenitores. Neste último caso, pode ocorrer também a triangulação (Margolin et al., 2001; Mosmann et al., 2018), fenômeno em que um filho é induzido pelos pais a estabelecer aliança a um progenitor contra o outro, levando à denominada coalizão que provoca efeitos significativamente deletérios à prole (Minuchin et al., 2009).

 

 

Aspectos favoráveis e desfavoráveis do envolvimento parental

 

 

Na categoria acerca das características favoráveis e desfavoráveis do envolvimento parental, as percepções das adolescentes demonstram interações entre pais e filhos, ora positivas, ora negativas. As participantes Inês, Rita e Quiara relatam o seguinte: “Meu pai não me traz pra escola, eu venho a pé e ele também não vem nas reuniões” (Inês).

Meu pai sempre esteve muito ausente assim sabe, então eu acho que tá bom assim. Eu acho que a meu pai tá fazendo bastante esforço, só que tipo, a minha mãe tá de boa sabe?! Porque ela não tá se esforçando muito, eu não vejo muito ela, ela não fala muito comigo (Rita).

E tipo assim meu pai não é muito de levantar o tom de voz pra minha mãe, ele nunca levantou uma mão, nunca quis bater nela, nunca gritou assim com ela. Já comigo sim, ele já levantou a mão, já gritou, ele é mais agressivo comigo (Quiara).

Além disso, as participantes revelaram características da interação com os progenitores que indicam baixo envolvimento parental, aspecto que se evidencia quando os pais são permissivos e/ou negligentes nos cuidados aos filhos. A participante Eliana revela sentir falta do apoio emocional dos pais:

Em questão emocional sempre fui eu. Eu tenho que me virar sozinha. Teve uma época em que minha mãe me ajudou com a psicóloga, porque ela viu que tava uma situação mais difícil, mas tipo, ela mesmo não. Ela mesma não tem tempo, porque ela trabalha e aí ela sustenta a casa, acaba que ela não tem tempo de cuidar nem do nosso emocional e nem do dela, porque né (Eliana).

Na mesma direção, a participante Beatriz relata: “Então, eu acabo fazendo quase tudo, levo a minha irmã, venho pra escola sozinha e tal” (Beatriz).

As conversações que formaram essa categoria confirmam as evidências científicas de que as fragilidades no envolvimento parental podem contribuir para o desencadeamento de sintomas nos filhos (Dardas et al., 2018; Iniesta-Sepúlveda et al., 2017; Kostulski et al., 2019; Kreuze et al., 2018; Savioja et al., 2017). A adolescência é, sem dúvida, uma fase desafiadora para os pais que precisam flexibilizar determinadas regras para que os adolescentes desenvolvam autonomia para tomar decisões, adquiram independência relativa e assumam mais responsabilidades (Papália & Feldman, 2013). Nesse estágio, os filhos carecem também do acompanhamento atento dos pais que serão suporte nos momentos de crise e, principalmente, uma referência segura com quem poderão se “atritar” para fortalecer o processo de individuação.

Portanto, os resultados indicam que os adolescentes percebem e nomeiam as ausências e falhas no envolvimento parental paterno e materno e, consequentemente, desenvolveram estratégias disfuncionais para lidar com os problemas, tais como resignação, autossuficiência e isolamento. Além disso, a percepção de um clima familiar marcado por conflitos, seja conjugal e/ou coparental, e pelo baixo envolvimento parental pode repercutir em sentimento de culpa e tristeza em algumas adolescentes e comportamentos de agressividade em outros.

 

 

Sintomas internalizantes

 

 

Emergiram nos grupos focais com os adolescentes relatos que caracterizaram sintomas físicos e sintomas denominados internalizantes (Achenbach et al., 2001; Achenbach et al., 2014), ou seja, sintomas psicológicos como ansiedade, tristeza, depressão e estados psicológicos como baixa autoestima e isolamento, conforme descrito também na APA (2013). Os adolescentes relatam, por exemplo, que:

É muito difícil (referindo-se a conversar com os pais ao mesmo tempo), porque eu tenho medo da resposta da minha mãe, eu me sinto travada. Eu pensava: ‘do que será que eles estão falando? Eu também tenho medo do meu pai né, como ele já é muito agressivo (Olívia).

Além de Olivia, outra participante descreve o medo e a culpa como sentimentos decorrentes de determinadas interações com os pais:

Também existe um nó aqui, como um sentimento de culpa. Se sentir culpada porque eles tão brigando por nossa causa. (...) Eu fiquei com medo de ser alguma coisa que eu fiz muito errado, mas eu não tinha me lembrado de nada que eu tinha feito de errado (Quiara).

Além disso, uma adolescente relatou como se sentiu ao ser impedida de participar da discussão entre os pais, apesar de suas investidas para expor suas ideias. Rita relata o seguinte:

Eu fico com medo, raiva (quando os pais brigaram). Eu não gostei nada daquilo, porque daí eles não deixaram eu nem falar, eles só me deixaram lá escutando o que eles estavam falando, só que eu não pude falar nada. Toda vez que eu ia falar eles me atrapalhavam e não me deixavam falar, que aquilo é assunto deles, que criança não pode se intrometer (Rita).

A participante Paula relata também que “sentia dores físicas” ao presenciar as brigas dos pais, principalmente, se suspeitava que fossem por sua causa. De forma similar, Quiara refere sentir dores de cabeça depois de discutir com os pais:

É, daí eu saí pra caminhar porque tipo assim ajudou bastante, sabe eu já tava com dor de cabeça e não conseguia mais escutar. Assim eu já tava cansada. Daí eu saí pra caminhar, assim fui na casa da minha amiga desabafei com ela (Quiara).

Os relatos de Olívia e Quiara sobre o medo e a culpa associados ao cometimento por elas de algum comportamento inapropriado, o de Rita, sobre medo, raiva e frustração, e os relatos de Paula e Quiara sobre os sintomas físicos, evidenciam o quanto os filhos são impactados pelo que observam na dinâmica relacional familiar. Em alguns casos, envolve a preocupação dos adolescentes de serem os responsáveis pelo que ocorre na relação dos pais, noutros, a tentativa de auxiliar os adultos a resolverem os problemas e conflitos. Tais achados corroboram a literatura acerca das reverberações que a dinâmica familiar disfuncional provoca aos filhos (Costa et al., 2015; Mosmann et al., 2017; Mosmann et al., 2018; Rosencrans & McIntyre, 2020; Thiengo et al., 2014) clarificando a natureza do fenômeno e como ocorre nas interrelações familiares.

Além de não preservarem os filhos das situações de conflito, os relatos podem evidenciar que os pais desconhecem o que ocorre com a prole nas referidas circunstâncias. Considerando os casos que formam um padrão interacional conflitivo fixo entre os pais, os adolescentes podem isolar-se ainda mais e afastar-se do contexto familiar para preservar a própria identidade. Esse movimento pode configurar um fator de risco para o uso de drogas, envolvimento em relacionamentos interpessoais problemáticos na vida adulta e condutas indisciplinadas que podem ser confundidas com comportamentos típicos da adolescência, desviando a atenção da origem dos problemas.

 

 

Sintomas externalizantes

 

 

Nas discussões que ocorreram nos grupos focais um conjunto de relatos evidenciam descrições que caracterizam sintomas externalizantes, mais facilmente observáveis por se expressarem por meio de hostilidade, agressividade física ou verbal e hiperatividade (Achenbach et al., 2014). O relato de Olívia elucida a sintomatologia externalizante:

Ó, mãe, briguei com fulano na escola, tô com raiva, uma hora eu vou descer o pau ai na pessoa e não tem mais. E daí eu ia ali no posto ali, nas quintas-feiras, acho que eu fui uma vez, não só três vezes ali com a psicóloga conversar e fui duas vezes no conselho tutelar conversar que tem uma psicóloga lá também, pra ver por que eu tinha muito problemas na escola. Até hoje eu tenho, mas não tenho como antes que eu brigava muito. E meus pais já pensaram que eu era muito revoltada, essas coisas (Olívia).

Além disso, no relato de Paula, o comportamento de brigar parece uma estratégia para ser ouvida pelos pais ou, ainda, uma forma aprendida de lidar com as situações. A participante revela:

Eu concordo muito com isso, deles terem mais confiança na gente e não cair na conversa de qualquer um que tá passando na rua. Tipo, chegar em casa e falar, ‘áh, fulano falou isso de tu, é verdade?’ Ai, não sei o que, eu começo a brigar com a minha mãe. Daí assim, eles nem perguntam, já começam logo a brigar também (Paula).

Finalmente, ao ser impedida pelos pais de fazer algo, como ver o namorado, Olívia faz o que chamou de “choratéu”:

Eu acho que com drama você consegue tudo, né. E daí eu fiz um choratéu pra minha mãe deixar eu ir e daí ela viu que eu queria muito ir, já fazia tempo que a gente tava namorando e coisa e tal. Daí eu resmungava e bufava pra ela, só que eu tentava engolir o ar, pra ficar quieta entendeu? Pra não falar nada, porque senão eu acabava brigando com a minha mãe (Olívia).

Ao perceber que os pais não estabeleceram consenso acerca de uma decisão sobre ela, Olívia acrescenta também: “Aí, geralmente sempre eu acabo brigando quando a situação é de que um deixa e o outro não. No final das contas daí eu não vou".

Os sintomas externalizantes tendem a chamar mais a atenção dos pais e da escola porque interferem nas relações interpessoais além de impactar negativamente o próprio indivíduo (Lopes et al., 2016), conforme o relato de Olívia acerca dos problemas na escola, dos encaminhamentos para acompanhamento psicológico e da percepção dos pais de que era “revoltada”. Além disso, o relato demonstra o quanto é desafiador diferenciar comportamentos característicos da adolescência daqueles que são reflexos de um contexto familiar disfuncional (Dardas et al., 2018; Iniesta-Sepúlveda et al., 2017; Kreuze et al., 2018). Neste último caso, os adolescentes podem apreender formas destrutivas de resolver os problemas e de regular as emoções diante das situações de conflito, tensão e estresse (Machado & Mosmann, 2020), questões que se somam às transições que ocorrem durante o período da adolescência (Thiengo et al., 2014).

 

 

Considerações finais

 

 

O objetivo deste estudo foi investigar a percepção de adolescentes, membros de famílias nucleares e separadas, sobre o envolvimento parental e os conflitos familiares, assim como, suas possíveis repercussões em sintomas internalizantes e externalizantes. Quanto à sintomatologia, os resultados sugerem que os grupos focais são um método eficaz de coleta de dados mesmo se os participantes constituem grupos heterogêneos, neste caso, adolescentes com e sem sintomas clínicos. Ressalta-se, inclusive, que os participantes que mais se envolveram nos debates foram aqueles que pontuaram para sintomas externalizantes e internalizantes, dado que indica nesses participantes uma tendência a expressar como se sentem.

Embora a existência de sintomas e a participação nos debates possa decorrer de outros aspectos, os resultados possibilitam refletir acerca da dinâmica familiar desses jovens que estão mais “acostumados” a lidar com as situações de conflito no ambiente familiar e com o baixo envolvimento parental. Nessa perspectiva, pode ser que os adolescentes sem sintomas permaneceram nos grupos em uma posição de observadores já que as “teses provocativas” e a conversação não suscitaram a necessidade de apresentar seus pontos de vista e experiências. 

Além disso, foi possível observar que muitos adolescentes, sentindo-se representados através da experiência/fala do outro membro do grupo, apenas faziam gestos de afirmação com a cabeça ou riam ao identificar as semelhanças na vivência relatada pelo outro membro do grupo. Portanto, a condução dos grupos focais por dois moderadores foi essencial para que um estivesse atento ao debate e o outro à comunicação não verbal que ocorria paralelamente. Essa reflexão pode se estender também para a ausência de participação verbal dos meninos, resultado que chamou a atenção dos autores deste estudo. Por outro lado, esse aspecto pode indicar que os adolescentes do sexo masculino demonstram mais dificuldades para expressar ideias e sentimentos, especificamente aquelas relacionadas à dinâmica familiar, se comparados às meninas. Esse resultado pode apontar questões relacionadas aos papéis tradicionalmente atribuídos ao gênero, reflexo do funcionamento e das estruturas familiares, sociais e culturais em que meninos ainda são estimulados a serem fortes, corajosos e potentes e desestimulados a serem sensíveis às relações e a expressarem sentimentos como empatia, contrariamente ao que ocorre com as meninas.

Finalmente, foi possível demonstrar por meio deste estudo como as interrelações familiares são percebidas pelos filhos adolescentes e, principalmente, como impactam sua forma de pensar, sentir e agir. Esse resultado sugere que espaços de escuta e acolhimento individuais e/ou coletivos são recursos oportunos à identificação de sintomatologia para a realização dos encaminhamentos necessários. Ideias equivocadas de que adolescentes tendem a se expressar menos podem indicar problemas de manejo de pais, professores e profissionais e, portanto, precisam ser superadas.

Ademais, por se tratar de um estudo exploratório e com grupos bastante heterogêneos, ou seja, adolescentes de famílias nucleares e separadas, com e sem sintomas clínicos, do sexo masculino e feminino, os debates podem ter diminuído a possibilidade de comunicações e expressões mais enriquecidas em detalhes e outros conteúdos. Consideramos, também, a possibilidade de alguns adolescentes adotarem uma postura característica de desejabilidade social, obstruindo comunicações e expressões mais sinceras e representativas do que ocorre no contexto familiar por estarem em um espaço de pesquisa/avaliação e terem medo de serem rotulados e julgados.

Compreendemos que os aspectos citados podem ser aprimorados em futuros estudos qualitativos, além de ser imprescindível que outras pesquisas investiguem mais especificamente a população adolescente, visto que os estudos científicos com indivíduos nessa fase do ciclo vital/desenvolvimental se mostram escassos, sobretudo, no Brasil. A realização de outras pesquisas, com amostras clínicas e não clínicas de adolescentes, pode contribuir, principalmente, para que um conjunto robusto de evidências científicas seja constituído a partir do contexto brasileiro e forneça indicações para o melhor manejo com adolescentes e seus pais e com as instituições de ensino, seja numa perspectiva de prevenção, promoção de saúde e/ou intervenção.

 

 

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Financiamento: Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, chamada nº 12/2017.

 

Disponibilidade de dados: O conjunto de dados que embasa os resultados deste estudo não está disponível.

 

Como citar: Mosmann, C. P., Costa, C. B., Schaefer, J. R., & Peloso, F. C. (2023). Conflito familiar e envolvimento parental: percepções de filhos adolescentes. Ciencias Psicológicas, 17(2), e-2844. https://doi.org/10.22235/cp.v17i2.2844

 

Participação dos autores: a) Planejamento e concepção do trabalho; b) Coleta de dados; c) Análise e interpretação de dados; d) Redação do manuscrito; e) Revisão crítica do manuscrito.

C. P. M. contribuiu em a, b, c, d, e; C. B. C. em a, b, c, d, e; J. R. S. em a, b, c, d; F. C. P. em a, b, c, d.

 

Editora científica responsável: Dra. Cecilia Cracco.

 

 

10.22235/cp.v17i2.2844

Original Articles

Family conflict and parental engagement: perceptions of teenage children

Conflito familiar e envolvimento parental: percepções de filhos adolescentes

Conflicto familiar e involucramiento de los padres: percepciones de los hijos adolescentes

 

Clarisse Pereira Mosmann1, ORCID 0000-0002-9275-1105

Crístofer Batista da Costa2, ORCID 0000-0002-1307-1436

Jeferson Rodrigo Schaefer3, ORCID 0000-0002-7613-2902

Franciele Cristiane Peloso4, ORCID 0000-0002-4663-9569

 

1 Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brazil, clarissepm@unisinos.br

2 Centro de Estudos da Família e do Indivíduo, Brazil

3 Núcleo de Apoio ao Superendividado do PROCON, Brazil

4 Centro de Estudos da Família e do Indivíduo, Brazil

 

Abstract:

Family conflicts and low parental involvement can have repercussions on children's development. For this reason, the aim of this study was to investigate teenage members of nuclear and separated families' perceptions of parental involvement and family conflicts, as well as their possible repercussions on internalizing and externalizing symptoms. This is a qualitative study carried out in three public schools, through focus groups and involving nineteen adolescents who also answered a sociodemographic questionnaire and the Youth Self-Report. Descriptive statistical analysis showed that part of the sample had clinical symptoms. The conversations in the focus groups were subjected to content analysis and gave rise to the following categories: family conflicts, parental involvement, internalizing symptoms, and externalizing symptoms. The results made it possible to understand how family interrelationships are perceived by children and impact their way of thinking, feeling, and acting, suggesting the need for spaces to welcome and listen to young people.

Keywords: parent-child relationships; adolescence; family conflict; psychological symptoms.

 

Resumo:

Os conflitos familiares e o baixo envolvimento parental podem ter repercussões no desenvolvimento dos filhos. Por isso, o objetivo deste estudo foi investigar as percepções de adolescentes, membros de famílias nucleares e separadas sobre o envolvimento parental e os conflitos familiares, assim como suas possíveis repercussões em sintomas internalizantes e externalizantes. Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada em três escolas públicas, através de grupos focais e que envolveu dezenove adolescentes que responderam também um questionário sociodemográfico e o Youth Self-Report. Através de análises estatísticas descritivas verificou-se que parte da amostra apresentou sintomas clínicos. As conversações nos grupos focais foram submetidas à análise de conteúdo e originaram as categorias: conflitos familiares, envolvimento parental, sintomas internalizantes e sintomas externalizantes. Os resultados possibilitaram compreender como as interrelações familiares são percebidas pelos filhos e impactam sua forma de pensar, sentir e agir sugerindo a necessidade de espaços de acolhimento e escuta aos jovens.

Palavras-chave: relações pais e filhos; adolescência; conflito familiar; sintomas psicológicos.

 

Resumen:

Los conflictos familiares y el escaso involucramiento de los padres pueden tener un impacto en el desarrollo de los niños. El objetivo de este estudio fue investigar las percepciones de los adolescentes, miembros de familias nucleares y separadas, sobre el involucramiento de los padres y los conflictos familiares, así como sus posibles repercusiones en los síntomas internalizantes y externalizantes. Se trata de una investigación cualitativa realizada en tres escuelas públicas a través de grupos focales, que involucró a diecinueve adolescentes, quienes también respondieron un cuestionario sociodemográfico y el Youth Self-Report. Mediante análisis estadístico descriptivo se encontró que una parte de la muestra presentaba síntomas clínicos. Las conversaciones en los grupos focales fueron sometidas a análisis de contenido y originaron las categorías: conflicto familiar, participación de los padres, síntomas internalizantes y síntomas externalizantes. Los resultados permiten comprender cómo las interrelaciones familiares son percibidas por los adolescentes e impactan en su forma de pensar, sentir y actuar, y sugieren la necesidad de espacios de acogida y escucha de los jóvenes.

Palabras clave: relaciones entre padres e hijos; adolescencia; conflicto familiar; síntomas psicológicos.

 

Received: 31/01/2022

Accepted: 10/10/2023

 

 

The eminent increase in emotional and behavioral problems in adolescents and the negative socio-educational impact they cause at this stage of development has aroused concern among health professionals (Borba & Marin, 2017; Mosmann et al., 2017; Zou & Wu, 2020). A worldwide survey carried out more than a decade ago by Patel et al. (2007) concluded that one in five adolescents has some symptomatology characteristic of a psychiatric disorder, and it is estimated that this number is even higher today.

A systematic review of the national scientific literature carried out in 2014 analyzed 27 studies to survey the prevalence of mental disorders in childhood and adolescence and possible associated factors. The study found that the most common disorders in children and adolescents were anxiety, depression, conduct, attention deficit hyperactivity disorder, and drug abuse. Family configuration and marital conflicts were the main factors associated with symptoms in children and adolescents. Children of divorced parents who witnessed marital fights, for example, could be more at risk of developing psychopathologies (Thiengo et al., 2014).

The model for classifying child and adolescent symptoms suggests dividing them into two groups: internalizing and externalizing. According to the definition proposed by the American Psychiatric Association (APA, 2013), internalizing symptoms involve introspective expressions such as anxiety, isolation, sadness, low self-esteem, and depression. Externalizing symptoms are characterized by being more easily observable, expressing themselves through hostility, physical or verbal aggression, and hyperactivity (Achenbach et al., 2014; Lopes et al., 2016).

There is a consensus among researchers in the field that internalizing and externalizing symptoms cause social and developmental damage to adolescents, as they interfere with school performance, friendship, and family relationships (Borba & Marin, 2017; Mosmann et al., 2017; Zou & Wu, 2020). In addition, studies point to the relationship between parental and co-parental problems, marital conflicts, and the triggering of psychopathological symptoms in offspring (Goulart et al., 2016; Mosmann et al., 2017; Mosmann et al., 2018; Rosencrans & McIntyre, 2020). Thus, the interdependence between family subsystems can cause marital conflicts to have a negative impact on children's mental health.

Another variable identified in the literature as relevant to children's mental health is parental involvement. This can occur directly, when there is interaction between parents and children through play and shared free time, or indirectly, through the responsibilities and well-being of the offspring provided by the parents, such as involvement with school, health, and subsistence (Grzybowski & Wagner, 2010). Studies indicate that parental involvement in childhood is associated with better school performance (Ma et al., 2016; Warmuth et al., 2019), and a lower risk of developing depressive symptoms in young adults (Cong et al., 2020).

In addition, parental involvement is a protective factor concerning increased risk behaviors in adolescence, such as engaging in unprotected sexual practices, and drug use, among other behaviors (Savioja et al., 2017). It is also an important factor in the treatment of children and adolescents with different symptoms (Dardas et al., 2018; Iniesta-Sepúlveda et al., 2017; Kreuze et al., 2018).

A study carried out in 2019 explored aspects of the daily lives of three female adolescents about parental separation and the experiences of shared custody concerning parental involvement. The study found that mothers take on the care of their children mainly about school, health, and decision-making, while fathers take on these roles only if mothers cannot be present and mainly concerning financial matters. According to the adolescents, the separation of their parents did not lead to them becoming distant from them, but involvement began to take place based on the roles that each one plays, in other words, based on the gender roles that are traditionally attributed to fathers and mothers (Kostulski et al., 2019).

In Portugal, a survey of thirteen families investigated through focus groups analyzed the perception of parents and children about their conceptions of adolescence, difficulties, challenges, concerns, and strategies for managing difficulties. The participants said that adolescence is a period of experimentation and affirmation and of challenges in the relationship between parents and children, which mainly involve the processes of independence and gender roles - conceptions that girls are fragile and sensitive, but mature, and boys are free to go out with their peers and with fewer demands on their behavior and their first love and sexual experiences. The strategies most often cited by parents and children in the face of dilemmas were promoting autonomy, respecting individuality, discussing limits and rules, parent-child closeness based on trust, dialog, openness and warnings, protection, dedication, attention, and monitoring by parents (Santos, 2013).

In addition to the parental subsystem, specifically the characteristics of the involvement between parents and children, the relational dynamics in the marital subsystem are considered important for understanding what happens to the offspring, since the quality of the marital relationship has an impact on parenting (Costa et al., 2015; Mosmann et al., 2018). Marital conflict is a phenomenon that is often expressed in dyadic love relationships and is related to other factors such as satisfaction, cohesion, intimacy, and marital stability (Costa et al., 2016).

In the face of frequent, intense, and destructively managed conflicts between couples, children tend to be negatively impacted (Mosmann et al., 2017; Mosmann et al., 2018). This impact can be direct if the children become involved in the conflict and are led to position themselves in favor of one parent against the other, or indirect, if the children witness and/or observe the conflicts from a relative distance (Margolin et al., 2001; Minuchin et al., 2009; Rosencrans & McIntyre, 2020; Thiengo et al., 2014). The process by which conflicts in one family subsystem reverberate in other subsystems is called spillover (Erel & Burman, 1995; Hameister et al., 2015).

According to a Brazilian study of 149 couples, children are one of the main reasons for conflict between the couple (Mosmann & Falcke, 2011). For this reason, the authors state that the phenomenon can be bidirectional and interdependent between the marital and parental subsystems. Machado and Mosmann (2020) also point out that adolescents who perceive tension in the family environment tend to have difficulties regulating their emotions, reactive behaviors, lack of impulse control, aggressiveness, and defensive reactions, which contributes to the triggering of externalizing symptoms, especially if parents demand that their children take a stand in the face of conflict.

As explained above, analyzing symptoms in adolescents and the possible triggering factors is a challenge for the research field since the incidence of psychopathologies in this age group is high and involves multiple biological, psychological, contextual/environmental factors, among others (Papália & Feldman, 2013; Thiengo et al., 2014). There is a consensus among studies that the presence of parental involvement and constructive management of family conflicts are considered protective factors as they reduce the risks of developing internalizing and externalizing symptoms in children (Cong et al., 2020; Thiengo et al., 2014; Warmuth et al., 2019). However, most of the studies address the phenomenon from the perspective of parents, other caregivers, and teachers (Cong et al., 2020; Mosmann et al., 2017; Rosencrans & McIntyre, 2020). For this reason, the present study investigated the perception of adolescents, members of nuclear and separated families, about parental involvement and family conflicts, as well as their possible repercussions on internalizing and externalizing symptoms.

 

 

Materials and Methods

 

 

Design

 

 

This is a qualitative, cross-sectional study with an exploratory and descriptive design.

 

 

Participants

 

 

The participants in the study were nineteen adolescents, fifteen girls and four boys, who made up three mixed focus groups - female and male participants from three cities in the inner state of Rio Grande do Sul. All the participants were attending elementary school in public schools, ten were members of first-marriage families, and nine of families with separated parents. Nine adolescents took part in the first group, four in the second, and six in the third. The participants' minimum age was 12 and their maximum age was 15 (M = 13.79; SD = 0.97). Table 1 shows the information described in detail.

The inclusion criteria for taking part in the study were being in the adolescence stage, being the child of parents from first-marriage families, or being separated parents whose parents remained involved in the care and responsibilities related to the adolescent taking part in the study. Participants had to be referred by a school professional, psychologist, teacher, or educator, as they were in care or on a waiting list for psychological care at school or another mental health care center for presenting symptomatic behaviors characterized as internalizing and/or externalizing. Adolescents whose stepfather or stepmother participated in their care as a substitute for the parent who was absent from their parental role, individuals under the age of twelve or over the age of eighteen and without clinical symptoms could not take part in the study, a criterion observed through a referral from the school and verified at the time of the research using specific instruments.

 

Table 1: Descriptive characteristics of the study participants

 

 

 

Instruments

 

 

A socio-demographic questionnaire, made up of questions about sex, age, schooling, city of residence, number and age of siblings, and family configuration, the latter checking whether co-parenting in separated dyads was actually practiced by the parents.

A focus group, is a technique in which a debate takes place between participants who have something in common. They are generally small and homogeneous and take place in a non-directive environment where topics related to the research objectives are discussed (Minayo et al., 2008). The technique makes it possible to analyze the interactions that take place within the group and the mutual influence between the participants, which spontaneously encourages them to take part in the conversation because they identify with the subject of the debate, allowing individual and collective issues to emerge (Flick, 2009; Minayo et al., 2008). As for conducting the focus group, a main moderator is appointed to introduce, close, and make the transition from one topic to another and encourage participants to express their opinions and an assistant moderator observes and records the main issues, assisting the main moderator (Flick, 2009).

The focus groups in this study were structured as follows: (a) Welcoming: the participants were welcomed by the moderators and research assistants; (b) Opening: the moderators were introduced, the research instrument was filled in, general information was given about the objectives of the meeting, expectations and how it would take place; (c) Warming up: the participants and the research team were introduced; (d) Thematic discussions on five aspects of co-parenting based on provocative theses, i.e. stimuli to start the discussion in the group. The themes and provocative theses are described below.

(1) Joint Coparenting-stimulus: “Maria, a 15-year-old teenager, was invited to go camping with her friends at the weekend, but in order to go, she needed to talk to her parents. Thinking about this situation, what would it be like in your family?”.

(2) Paternal Coparenting Practice-encouragement: “In Vinícius' family, his father is responsible for taking him to school, and taking part in parents' meetings, but prefers not to get involved in important demands or decisions. These are the duties of Vinícius' father, how does this happen in your family?”.

(3) Maternal Coparenting-encouragement: “Vinicius' mother is responsible for making decisions about household chores, authorizing Vinicius to go out, and monitoring/enforcing his grades at school. These are Vinicius' mother's duties, how does this happen in your family?”.

(4) Adolescents' Perceptions of Their Involvement in Coparental Conflict-stimulus: “Pedro, a 14-year-old adolescent, has been invited to spend vacations at his paternal grandparents' house. His mother, however, doesn't agree to the trip and the parents end up arguing. In situations like this, Pedro is confused about who to support. How does this work in your family?”.

(5) Adolescents' Feelings as a Result of Involvement in Coparental Conflict-stimulus: “In all the stories we tell, the characters have some kind of feeling about what happens to them and their parents. How do you feel in these situations?”.

The Youth Self-Report, YSR, was developed by Achenbach et al. (2001) and validated for use in Brazil by Bordin et al. (2013). It is a self-assessment inventory for young people aged between 11 and 18 consisting of 112 items with a response scale ranging from 0 (Not True) to 2 (Very True), and eight dimensions of behavioral problems. In this study, the classification of problems was made considering two main categories: internalizing problems, which include the dimensions of Anxiety/Depression (for example: “I am fearful or anxious”), Withdrawal (for example: “I cry a lot”), and Somatic Complaints (for example: “I have physical symptoms with no biological cause”), and externalizing problems, made up of the dimensions of Social problems (e.g.: “I prefer to be alone than in the company of others”), Delinquent behavior (e.g.: “I steal things at home”), and Aggressive behavior (e.g.: “I get into a lot of fights”). The thinking problems and attention problems scales were not considered for this study (Achenbach, 2001).

 

 

Data collection

 

 

The first contact for the focus groups was made in schools in three cities in inner-state Rio Grande do Sul. The schools that agreed to take part in the study were selected on the basis of demand, i.e. whether they had students who met the criteria to take part in the study. After the first meeting, a visit was made to the site to present the research materials, namely the research instrument, the Free and Informed Consent Term (FICT) which should be taken by the adolescents for their parents to read and sign if they agreed to their child's participation in the research, and the Term of Assent (TA) for the adolescents themselves to read and sign, informing them that they agreed to take part.

About a week after the visit, the school was contacted again to check that the forms had been returned (FICT and TA) and to schedule the focus groups, which would take place during class time in the space provided by the educational institution. On the day and time scheduled at each school, four members of the research group were present, two moderators and two research assistants, roles that remained the same throughout the three groups. The participants were welcomed by the team, and given a badge to facilitate personal treatment and a clipboard with the survey instrument to be filled in. Once they had filled it in, and with the adolescents positioned in a semicircle with the moderators at the front, a tape recorder in the center of the semicircle, and a camera behind the moderators, the conversations began, according to the structure described in the focus group description. Each meeting lasted approximately 1 hour and 30 minutes, taking into account the completion of the instrument and the discussion.

 

 

Data analysis

 

 

Initially, descriptive analyses were carried out to obtain a descriptive profile of the participants, calculating means and standard deviations. Descriptive analyses were also used to assess the adolescents' symptoms. The conversations in the focus groups were transcribed in full and subjected to the content analysis procedure by the same members of the research team. The content analysis process involved the stages proposed by Bauer (2008), which are: a) Reading the transcribed material in order to achieve familiarity and satisfactory appropriation of the text; b) Identifying units of meaning capable of forming recognizable patterns; c) Organizing the units of meaning by grouping them into categories; d) Selecting the content manifested within each category that could be representative for discussion.

 

 

Ethical issues

 

 

The study complied with the guidelines and regulatory standards for research involving human beings, in accordance with Resolution 466/2012 of the National Health Council, and was approved by the Research Ethics Committee of the University of Vale do Rio dos Sinos, opinion no. 3.452.422, CAAE no. 88282318.3.0000.5344. The FICT and the TA, read and signed by the parents and the teenagers themselves respectively, informed about the audio and video recording of the focus group and the preservation of the participants' identities. The risks arising from the research, although minimal, involved possible emotional commotion when talking and recalling difficult situations experienced in the family. In these cases, a referral would be made for psychological care at the school clinic of the institution responsible for the research.

 

 

Results and Discussion

 

 

The descriptive analysis for assessing symptomatology in adolescents used the classification in the Achenbach et al. manual (2014). According to the criteria, a percentage above 90 indicates a clinical profile, a percentage between 84 and 90 indicates a borderline profile and a percentage below 84 indicates a normal profile. For internalizing symptoms, fourteen adolescents scored normal, four scored borderline and one scored clinical. For externalizing symptoms, seventeen adolescents scored normal and two scored borderline. This result is noteworthy because the school only considered students waiting on a waiting list or undergoing psychological counseling. Therefore, this data raises questions about the assessment made by the educational institution that justifies referring a particular student for psychotherapy or psycho-pedagogical follow-up, even if this referral is a way of preventing the worsening of a particular behavior identified by a teacher. One hypothesis that can be raised is that teachers don't have the time to monitor adolescents more closely due to the overload of work in the classroom, leading to referrals to manage issues that are typical of the teenage phase, such as low tolerance for frustration, shame, aggression, among other behaviors.

The content analysis of the conversations between the adolescents in the focus groups formed four categories and built a posteriori. The first refers to the adolescents' perception of conflicts between their parents. It is called family conflict and is divided into the subcategories interparental conflict and marital conflict. The reports on whether or not parents participate in caregiving activities, and the division of tasks and responsibilities form the category favorable and unfavorable aspects of parental involvement. The third category, called internalizing symptoms, presents reports on physical symptoms, such as headaches and body aches, and psychological symptoms, such as fear, sadness, and anxiety. Finally, the fourth category refers to the behavioral problems that characterize externalizing symptoms.

 

 

Family conflict

 

 

The adolescents' perception of conflicts between their parents was very evident in the focus group discussions and characterized two different types of conflicts: those over interparental issues, i.e. conflicts related to the payment of alimony and the parents' management of the adolescent themselves, and those involving marital issues. In the first subcategory, about interparental conflicts, the participants revealed that “I usually watch and ignore their arguments. I think 'I'm not going to get involved', I'm going to stay quiet in my own place because if I don't it's all on me” (Carla); “But I don't remember doing anything wrong or ‘oh, they're fighting about me’” (Olívia).

Most of the time, they (father and mother) go to their room, then they stay there and start talking louder. Then I realize they're fighting. (...) I think the ideal thing would be for them to call me. Because since they're talking about me, I'd like to know too. Especially because whatever they decide will affect me (Quiara).

In addition, participant Inês explains how conflicts between separated parents occur and how she is involved by the caregivers in the situation:

Oh, because, like, it's not that my parents argue all the time, but now things are calmer, until the beginning of the year they were snapping at each other over the phone. Because my mother always says ‘Oh like, if your father steps in front of my gate I'm going to smash his face in’ (laughs). My father kept saying to my mother, “Like, when are you going to pay your alimony?”. Then sometimes she gets angry with him and says she'll pay it when she feels like it, but then he gets angry and then he comes to me and says ‘You have to tell your mother that she has to pay the alimony’. Then I get overwhelmed about it and most of the time I end up, like, getting angry with him, and then he swears at me, my opinion doesn't count (Inês).

The literature shows that children and adolescents subjected to contexts of high tension as a result of family conflicts are more likely to trigger externalizing symptoms, among other problems, such as low school performance, problems with social skills and interpersonal relationships (Goulart et al., 2016; Thiengo et al., 2014). What was reported by the participants Carla, Olívia and Quiara also demonstrates how the spillover effect occurs in which persistent disagreements and difficulties between the parental dyad spill over into other domains - subsystems - of family life, directly or indirectly impacting the offspring (Goulart et al., 2016).

As for the second subcategory, which addresses marital conflicts, the participants Paula and Quiara said: “Because one day or another they will stop fighting. My father once fought with my mother, you know? Really fighting, leaving the house, because he came home late” (Paula).

I've always been much more afraid of him (father) than my mother, so I hardly ever get involved in their arguments, because I know I'll end up being grounded if I give my opinion. They'll end up fighting, so I always keep it to myself (Quiara).

The reports corroborate relatively consolidated evidence in the scientific literature that interparental and marital conflicts can extrapolate to other subsystems, such as parenting, negatively interfering in the parent-child relationship and mainly impacting the offspring (Costa et al., 2015; Mosmann & Falcke, 2011; Mosmann et al., 2018). The negative impact on parenting can occur through the tightening of rules, excessive supervision and control, harsh punishments (Goulart et al., 2016), and/or the distancing of the adolescent from one or both parents. In the latter case, triangulation can also occur (Margolin et al., 2001; Mosmann et al., 2018), a phenomenon in which a child is induced by the parents to establish an alliance with one parent against the other, leading to a so-called coalition that causes significantly deleterious effects on the offspring (Minuchin et al., 2009).

 

 

Favorable and unfavorable aspects of parental involvement

 

 

Concerning the favorable and unfavorable characteristics of parental involvement, the adolescents' perceptions show interactions between parents and children that are sometimes positive and sometimes negative. Participants Inês, Rita, and Quiara reported: “My father doesn't take me to school, I walk and he doesn't come to meetings either” (Inês).

My father has always been very absent, you know, so I think it's good. I think my father is making a lot of effort, but my mother is fine, you know? Because she's not making much of an effort, I hardly see her, she doesn't talk to me much (Rita).

And my father doesn't really raise his voice to my mother, he's never raised a hand, he's never wanted to hit her, he's never shouted at her like that. As for me, yes, he's raised his hand, he's shouted, he's more aggressive towards me (Quiara).

In addition, the participants revealed characteristics of the interaction with their parents that indicate low parental involvement, an aspect that is evident when parents are permissive and/or negligent in caring for their children. Participant Eliana revealed that she missed her parents' emotional support:

Emotionally, it's always been me. I have to cope with everything on my own. There was a time when my mother helped me get help from a psychologist because she saw that the situation was getting more difficult, but, like, she herself didn't (seek help from a psychologist). She doesn't even have time, because she works and then she provides for the house, so she doesn't have time to take care of our emotional life or hers, you know (Eliana).

In a similar direction, participant Beatriz said: “So, I end up doing almost everything, I take my sister, I come to school on my own and so on” (Beatriz).

The conversations that formed this category confirm the scientific evidence that weaknesses in parental involvement can contribute to triggering symptoms in children (Dardas et al., 2018; Iniesta-Sepúlveda et al., 2017; Kostulski et al., 2019; Kreuze et al., 2018; Savioja et al., 2017). Adolescence is undoubtedly a challenging phase for parents who need to relax certain rules so that adolescents develop autonomy to make decisions, acquire relative independence, and take on more responsibility (Papália & Feldman, 2013). At this stage, children also need close monitoring from their parents, who will provide support in times of crisis and, above all, a safe reference with whom they can "clash" in order to strengthen the process of individualization.

Therefore, the results indicate that adolescents perceive and name the absences and failures in paternal and maternal parental involvement and, consequently, have developed dysfunctional strategies to deal with their problems, such as resignation, self-sufficiency, and isolation. In addition, the perception of a family environment affected by conflicts, whether marital and/or co-parental and by low parental involvement can have repercussions in terms of feelings of guilt and sadness in some adolescents and aggressive behavior in others.

 

 

Internalizing symptoms

 

 

In the focus groups with the adolescents, reports emerged that characterized physical symptoms and symptoms called internalizing (Achenbach et al., 2001; Achenbach et al., 2014), that is, psychological symptoms such as anxiety, sadness, depression, and psychological states such as low self-esteem and isolation, as also described in the APA (2013). Adolescents report, for example, that:

It's very difficult (referring to talking to parents at the same time), because I'm afraid of my mother's response, I feel trapped. I used to think: 'I wonder what they're talking about? I'm also afraid of my father, because he's already very aggressive (Olívia).

In addition to Olivia, another participant describes fear and guilt as feelings arising from certain interactions with parents:

There's also a knot here, like a feeling of guilt. Feeling guilty because they're fighting over us. (...) I was afraid it was something I'd done wrong, but I couldn't think of anything I'd done wrong (Quiara).

In addition, one teenager reported how she felt when she was prevented from taking part in a debate between her parents, despite her attempts to put forward her ideas. Rita says the following:

I got scared, and angry (when her parents fought). I didn't like it at all, because they didn't even let me speak, they just left me there listening to what they were saying, but I couldn't say anything. Every time I tried to speak, they interrupted me and wouldn't let me speak, saying that it was their business, and that children shouldn't interfere (Rita).

Participant Paula also reports that she “felt physical pain” when she witnessed her parents fighting, especially if she suspected it was because of her. Similarly, Quiara said she felt headaches after arguing with her parents:

Yeah, then I went for a walk because it helped a lot, you know, I already had a headache and I couldn't listen anymore. I was already tired. Then I went for a walk, so I went to my friend's house and got it off my chest (Quiara).

Olivia's and Quiara's accounts of the fear and guilt associated with them committing some inappropriate behavior, Rita's accounts of fear, anger, and frustration, and Paula's and Quiara's accounts of physical symptoms, show how much their children are impacted by what they observe in the family relationship dynamic. In some cases, it involves the adolescents' concern that they are responsible for what happens in their parents' relationship, and in others, the attempt to help the adults resolve problems and conflicts. These findings corroborate the literature on the reverberations that dysfunctional family dynamics have on children (Costa et al., 2015; Mosmann et al., 2017; Mosmann et al., 2018; Rosencrans & McIntyre, 2020; Thiengo et al., 2014), clarifying the nature of the phenomenon and how it occurs in family interrelationships.

In addition to not preserving their children from conflict situations, the reports may show that parents are unaware of what happens to their offspring in these circumstances. In cases where there is a fixed conflictual interaction pattern between parents, adolescents may isolate themselves even more and move away from the family context in order to preserve their own identity. This can be a risk factor for drug use, involvement in problematic interpersonal relationships in adulthood, and unruly behavior that can be mistaken for typical adolescent behavior, diverting attention from the source of the problems.

 

 

Externalizing symptoms

 

 

During the discussions that took place in the focus groups, a number of stories show descriptions that characterize externalizing symptoms, which are more easily observed as they are expressed through hostility, physical or verbal aggression, and hyperactivity (Achenbach et al., 2014). Olivia's narrative elucidates the externalizing symptomatology:

Mom, I had a fight with someone at school, I'm angry, and one day I'm going to hit them and that's it. So I used to go to the health center on Thursdays, I think I went once, not just three times, to talk to the psychologist and I went twice to the guardianship council to talk to the psychologist there too, to find out why I had a lot of problems at school. I still have problems today, but I don't have the same problems as before when I used to fight a lot. And my parents already thought that I was very angry, these kind of things (Olívia).

Furthermore, in Paula's story, the fighting behavior seems to be a strategy to get her parents to listen to her or even a learned way of dealing with situations. The participant reveals:

I really agree with this, that they should have more trust in us and not buy into the chatter of anyone passing by on the street. Like, coming home and saying, 'oh, so-and-so said that about you, is it true?' Then, I don't know why, I start arguing with my mother. Then they don't even ask, they start fighting too (Paula).

Finally, when her parents prevent her from doing something, like seeing her boyfriend, Olivia does what she calls a "whine":

I think you can achieve anything with drama, right? And so I whined to my mother to let me go and then she saw that I really wanted to go, it had been a long time since we'd been dating and stuff. So I grumbled and huffed at her, but I tried to swallow the air, to keep quiet, you know? To prevent me from saying anything, because otherwise I'd end up arguing with my mother (Olívia).

When she realized that her parents hadn't reached a consensus on a decision about her, Olivia also added: "Then, I usually end up fighting when the situation ends up being that one parent says yes and the other doesn't. In the end, I don't go".

Externalizing symptoms tend to attract more attention from parents and school since they interfere with interpersonal relationships as well as have a negative impact on the individual themselves (Lopes et al., 2016), according to Olivia's description of problems at school, referrals for psychological care and her parents' perception that she was "rebellious". In addition, the report shows how challenging it is to differentiate behaviors characteristic of adolescence from those that are a reflection of a dysfunctional family context (Dardas et al., 2018; Iniesta-Sepúlveda et al., 2017; Kreuze et al., 2018). In the latter case, adolescents can learn destructive ways of solving problems and regulating emotions in situations of conflict, tension, and stress (Machado & Mosmann, 2020), issues that are added to the transitions that occur during adolescence (Thiengo et al., 2014).

 

 

Final considerations

 

 

The aim of this study was to investigate the perception of adolescents, members of nuclear and separated families, about parental involvement and family conflicts, as well as their possible repercussions on internalizing and externalizing symptoms. With regard to symptoms, the results suggest that focus groups are an effective method of collecting data even if the participants are heterogeneous groups, in this case, adolescents with and without clinical symptoms. It should also be noted that the participants who were most involved in the discussions were those who scored externalizing and internalizing symptoms, which indicates a tendency in these participants to express how they feel.

Although the existence of symptoms and participation in debates may be due to other aspects, the results make it possible to reflect on the family dynamics of these young people who are more "used" to dealing with conflict situations in the family environment and low parental involvement. From this perspective, it may be the case that the symptom-free adolescents remained in the groups as observers, since the "provocative theses" and the conversation did not prompt the need to present their points of view and experiences. 

In addition, it was possible to observe that many teenagers, feeling represented by the experience/speech of the other group member, only made affirmative gestures with their heads or laughed when they identified the similarities in the experience reported by the other group member. Therefore, the fact that the focus groups were conducted by two moderators was essential to ensure that one was attentive to the debate and the other to the non-verbal communication that was taking place in parallel. This reflection can also be extended to the lack of verbal participation by the boys, a result that caught the attention of the study's authors. On the other hand, this aspect may indicate that male adolescents find it more difficult to express ideas and feelings, specifically those related to family dynamics, when compared to girls. This result may point to issues related to traditional gender roles, a reflection of family, social and cultural functioning, and structures in which boys are still encouraged to be strong, courageous, and powerful and discouraged from being sensitive to relationships and expressing feelings such as empathy, unlike girls.

Finally, this study has shown how family relationships are perceived by adolescent children and, above all, how they impact their way of thinking, feeling, and acting. This result suggests that individual and/or collective listening and welcoming spaces are opportune resources for identifying symptoms and making the necessary referrals. Misconceptions that adolescents tend to express themselves less may indicate management problems for parents, teachers, and professionals and therefore need to be overcome.

Furthermore, as this was an exploratory study with very heterogeneous groups, i.e. adolescents from nuclear and separated families, with and without clinical symptoms, male and female, the debates may have reduced the possibility of communications and expressions that were richer in detail and other content. Another possibility is that some teenagers adopt a characteristic posture of social desirability, obstructing more sincere communications and expressions that are representative of what happens in the family context due to the fact that they are in a research/evaluation space and are afraid of being labeled and judged.

It is also essential that other studies investigate the teenage population more specifically, since scientific studies with individuals at this stage of the vital/developmental cycle are scarce, especially in Brazil. Further research, with clinical and non-clinical samples of adolescents, could help to build up a robust body of scientific evidence from the Brazilian context and provide indications for better management with adolescents and their parents and with educational institutions, whether from a perspective of prevention, health prmotion and/or intervention.

 

 

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Funding: Research funded by the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq), call no. 12/2017.

 

Data availability: The dataset supporting the results of this study is not available.

 

How to cite: Mosmann, C. P., Costa, C. B., Schaefer, J. R., & Peloso, F. C. (2023). Family conflict and parental engagement: perceptions of teenage children. Ciencias Psicológicas, 17(2), e-2844. https://doi.org/10.22235/cp.v17i2.2844

 

Authors’ participation: a) Conception and design of the work; b) Data acquisition; c) Analysis and interpretation of data; d) Writing of the manuscript; e) Critical review of the manuscript.

C. P. M. has contributed in a, b, c, d, e; C. B. C. in a, b, c, d, e; J. R. S. in a, b, c, d; F. C. P. in a, b, c, d.

 

Scientific editor in-charge: Dra. Cecilia Cracco.