10.22235/cp.v17i2.2823

Artigos Originais

Promoção da empatia, autoconceito e valores básicos: uma intervenção no cárcere feminino

Promotion of empathy, self-concept and basic values: an intervention in a female prison

Promoción de la empatía, el autoconcepto y los valores básicos: una intervención en una cárcel femenina

 

Elias Fernandes Mascarenhas Pereira1, ORCID 0000-0002-8012-0373

Leonardo Rodrigues Sampaio2, ORCID 0000-0003-2383-4094

Francis Natally de Almeida Anacleto3, ORCID 0000-0001-5309-1186

 

1 Fundação Universidade Federal do Vale do São Francisco, Brasil, eliasmasc12@gmail.com

2 Fundação Universidade Federal do Vale do São Francisco, Universidade Federal de Campina Grande, Brasil

3 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Brasil

 

Resumo:

O encarceramento feminino é permeado por inúmeras problemáticas estruturais e pela ineficiência na garantia de direitos fundamentais e assistência psicológica às mulheres. Neste artigo, analisam-se os efeitos de oficinas de intervenção para a promoção do autoconceito, da empatia e de valores básicos em mulheres encarceradas. Participaram do estudo 56 mulheres, em uma Cadeia Pública, com idades entre 18 e 63 anos (M = 32,23; DP = 9,25). Quinze destas mulheres participaram do programa de intervenção, enquanto que o restante da amostra compôs o grupo controle. Ambos os grupos foram avaliados no período pré e pós-intervenção, por meio da Escala de Autoconceito, o Interpersonal Reactivity Index e o Questionário de Valores Básicos. Notas de campo e a observação participante foram utilizadas para descrever experiências significativas vivenciadas durante os encontros. Não foram encontradas variações estatisticamente significativas nos escores das escalas empregadas, o que pode estar relacionado à necessidade de adequação desses instrumentos para públicos com baixa escolarização. Em contrapartida, avalia-se que o uso de oficinas possibilitou a construção de um espaço pedagógico, com contingências muito distintas do ambiente carcerário, no qual as mulheres foram estimuladas a experimentar suas emoções e sentimentos.

Palavras-chave: prisões; mulheres; educação de prisioneiros; empatia; autoimagem.

 

Abstract:

Incarceration of women is permeated by countless structural problems and inefficiency in guaranteeing fundamental rights and psychological assistance to women. In this article, the effects of intervention workshops aimed to promote self-concept, empathy, and basic values for incarcerated women are reviewed. The study comprised 56 women aged between 18 and 63 years, incarcerated in a Public Prison (M = 32.23; SD = 9.25). Fifteen of these women participated in the intervention program, while the remaining sample comprised the control group. Both groups were evaluated in the pre- and post-intervention period, using the Self-Concept Scale, the Interpersonal Reactivity Index and the Basic Values Questionnaire. During the meetings field notes and participant observations were used to describe meaningful experiences. No statistically significant variations were found in the scores of the scales used, which may be related to the need to adapt these instruments to groups with low levels of education. On the other hand, the study found that the use of workshops enabled the construction of a pedagogical space, with very different contingencies compared to the prison environment, in which women were encouraged to experience their emotions and feelings.

Keywords: prisons; women; correctional education; empathy; self concept.

 

Resumen:

El encarcelamiento femenino es permeado por muchas problemáticas estructurales y por la falta de eficacia en la garantía de los derechos fundamentales y la asistencia psicológica a las mujeres. En este artículo se analizan los efectos que tiene los talleres de intervención para la promoción del autoconcepto, de la empatía y de los valores básicos en mujeres encarceladas. Participaron del estudio 56 mujeres, en una cárcel pública, con edades entre de 18 a 63 años (M = 32.23; DE = 9.25). Quince de estas mujeres participaron del programa de intervención, las demás de la muestra compusieron el grupo control. Ambos grupos fueron evaluados en el período de pre y posintervención por medio de la Escala de Autoconcepto, el Interpersonal Reactivity Index y el Cuestionario de Valores Básicos. Las notas de campo y la observación participante fueron utilizadas para describir experiencias significativas vividas durante los encuentros. No fueron encontradas variaciones estadísticamente significativas en los resultados de las escalas empleadas, lo que puede estar relacionado a la necesidad de adecuación de esos instrumentos para públicos con baja escolarización. En cambio, se evalúa que el uso de talleres posibilitó la construcción de un espacio pedagógico con contingencias muy distintas al ambiente carcelario, en el cual las mujeres fueron estimuladas a experimentar sus emociones y sentimientos.

Palabras clave: prisión; mujeres; educación de los presos; empatía; autoconcepto.

 

Recebido: 12/02/2022

Aceito: 23/08/2023

 

 

É de conhecimento do grande público as mazelas vivenciadas pelas pessoas presas no Brasil, a exemplo da superlotação das instituições carcerárias, da falta de atividades laborais, educacionais e de lazer, além das condições estruturais, higiênicas e sanitárias precárias (Brasil, 2017). Sabe-se que essa problemática não está diretamente ligada ao gênero, pois homens e mulheres encarcerados, cisgêneros ou transgêneros, são expostos diariamente às condições supramencionadas (Conselho Nacional do Ministério Público, 2016).

Todavia, de forma geral, as instituições carcerárias brasileiras não consideram em sua organização as especificidades que deveriam ser pensadas em relação à população feminina, mesmo com o crescimento exponencial do encarceramento de mulheres ao longo dos anos. A este respeito, verificou-se no Brasil um crescimento de mais de 600 % na taxa de aprisionamento feminino, entre os anos 2000 e 2016. Atualmente, o país já se configura como a quarta maior população carcerária feminina do planeta, com aproximadamente 44.700 mulheres presas, perdendo apenas para os Estados Unidos, China e Rússia (Brasil, 2017). Dada a complexidade das questões que emergem dos crimes e do encarceramento de pessoas no mundo, torna-se necessário que variáveis psicológicas podem contribuir com o processo de reinserção social, uma vez que a falha do sistema reverbera em incalculáveis prejuízos sociais, além dos altos custos financeiros para o Estado (Barnett et al., 2011; Martinez et al., 2014; Robinson & Rogers, 2015).

O aumento progressivo do encarceramento feminino, associado à não adequação das instituições prisionais para atender às demandas relacionadas ao gênero, acentua as vulnerabilidades expressas por essa população. Além disso, faz emergir a ineficiência do Estado em garantir a essas mulheres um espaço que suporte demandas sociais (trabalho e educação), específicas (gestação e puerpério), familiares (berçários, espaço para receber a família), psicológicas (lazer e promoção da saúde mental), entre outras (Brasil, 2017).

As precariedades e deficiências supramencionadas contribuem para que o sistema de ressocialização não consiga cumprir seu objetivo principal de preparar o apenado para voltar a sociedade de forma digna, capaz de exercer seus direitos e de cumprir os deveres como qualquer cidadão. Porém, esses fatores não são os únicos responsáveis pela baixa capacidade que o país tem de promover as condições de reintegração dessas pessoas à sociedade. A esse respeito, ainda se constata ausência de políticas públicas e de programas de intervenção com foco em ações de promoção ao desenvolvimento psicossocial e moral das pessoas encarceradas, apesar de já haver um corpo robusto de evidências científicas que demonstra como esse tipo de ação contribui para a reinserção social.

Em muitos países, variáveis como a empatia, o autoconceito e os valores humanos são utilizados como parte do processo de avaliação de pessoas que cometem crimes e em programas de intervenção dentro do cárcere. Inclusive, em alguns casos, a participação nesses programas configura-se como parte da pena e condicionam a progressão do apenado para a liberdade (Barnett et al., 2011; Echeburúa & Fernández-Montalvo, 2007). Assim, treinamentos voltados para promoção da empatia e do autoconceito tem sido utilizados em programas de reabilitação de infratores como ferramentas que visam fortalecer comportamentos prosociais e diminuir os fatores que favoreceriam a criminalidade, e, por conseguinte a reincidência (Christopher & McMurran, 2009; Day et al., 2011; Roche et al., 2011).

De forma geral, a empatia pode ser compreendida como uma capacidade com componentes cognitivos e afetivos, os quais possibilitam a tomada de perspectiva e o experienciar de respostas afetivas que são congruentes com aquilo que se está observando em relação ao que outras pessoas estejam sentindo (Batson, 2009; Eisenberg et al., 2006; Hoffman, 2000). As experiências empáticas são importantes para regulação da vida em sociedade, formação da consciência social e mediação nos processos decisórios, especialmente àqueles direcionados ao cuidado, respeito e moralidade (Dutra, 2020; Pavarino et al., 2005; Sampaio et al., 2021).

Em contrapartida, a falta de empatia tem sido identificada como um mecanismo que prediz o engajamento em comportamentos agressivos e delituosos (van Zonneveld et al., 2017). Níveis menores de empatia estariam diretamente relacionados a comportamentos antissociais e lesivos (Drayton et al., 2018), crimes como estupros e homicídios (Domes et al., 2013) e à ofensa (Jolliffe & Farrington, 2004). Em pessoas encarceradas, os déficits de empatia aparecem associados à psicopatia (Gehrer et al., 2020; Korponay et al., 2017).

Ao analisar o perfil diferencial de agressores do sexo masculino na prisão com e sem psicopatia, Echeburúa e Fernández-Montalvo (2007) constaram que os agressores com psicopatia além de serem menos empáticos também apresentavam menor autoestima. Ou seja, o sentimento de satisfação que uma pessoa tem sobre si mesma, um dos componentes do autoconceito, também aparece comprometido nessa população.

O autoconceito pode ser definido como a percepção que o indivíduo tem de si próprio, de suas capacidades, dos seus recursos, em diferentes situações e fases da vida, formando um conceito a partir do qual fará leituras de si e do mundo à sua volta (Vaz-Serra & Pocinho, 2001). Segundo Veiga (2006), o autoconceito pode ser resumido em dois questionamentos: Como me vejo? E como penso que os outros me veem? Se modificando a partir das experiências do indivíduo, na mesma medida que modifica a percepção da experiência, esse movimento dialético sofre influência das relações sociais e do contexto situacional, constituindo-se como uma das variáveis que intervém no comportamento humano e na formação da identidade (Basílio et al., 2017).

Basílio et al (2017) comentam que existe certa instabilidade do autoconceito, que se modifica de forma sutil no decurso da vida. Dentro das prisões essas modificações são de caráter negativo e parecem estar ancoradas na falta de elementos essenciais para o fortalecimento do autoconceito, em decorrência da rigidez das rotinas institucionais e o excesso de regras que dificultam o desenvolvimento pessoal dos reclusos, impactando na construção de sua identidade (Antunes, 2012; Basílio et al., 2017).

Assim, o autoconceito negativo pode se configurar como um fator de risco para o desenvolvimento funcional de pessoas encarceradas, algo que foi observado num estudo com um grupo de tratamento de agressores sexuais, no qual o escore de autoestima pós-tratamento foi a única, dentre outras medidas do domínio socioafetivo, que predisse significativamente a reincidência sexual e/ou violenta (Barnett et al.,2011). Além disso, se constatou que a intervenção foi particularmente boa em encorajar os homens a identificar e reconhecer problemas com sua autoestima, o que reverberou na diminuição das taxas de cometimento de novos delitos.

Outros trabalhos indicam que indivíduos com pontuações mais baixas de autoestima também têm maiores índices de agressividade (Webster et al., 2005) e de risco de suicídio (Vaz-Serra & Pocinho, 2001). Já o fortalecimento do autoconceito (positivo e mais estável) se constituiria como uma importante ferramenta para a diminuição de comportamentos antissociais e facilitaria a compreensão de como as pessoas em situação de cárcere adequam seus pensamentos, valores, emoções e comportamentos nas mais diversas situações (Antunes, 2012; Basílio et al., 2017).

Dado que os valores representam cognitivamente as necessidades humanas, transcendem situações específicas e guiam a seleção de comportamentos e eventos (Gouveia et al., 2009), é razoável supor que estes também estejam associados, em alguma medida, ao cometimento de atos infracionais e crimes. A esse respeito, estudos demonstram que a conduta antissocial está associada negativamente a valores normativos (obediência, religiosidade e tradição), suprapessoais (beleza, conhecimento e maturidade) e a valores interativos (afetividade, suporte social e harmonia social) (Formiga & Gouveia, 2005; Medeiros et al., 2015). A conduta delitiva também estaria associada a uma maior busca por satisfação, prazer e por novas sensações, estando presente em pessoas que têm suas relações interpessoais prejudicadas e que prezam menos pelo cumprimento das normas sociais (Gouveia, 2003). Por fim, Amorim-Gaudêncio et al. (2023), ao analisar em que medida o traço de psicopatia correlaciona-se com os valores humanos em uma amostra carcerária predominantemente feminina, constatou uma relação positiva, ainda que fraca, entre o estilo de vida socialmente desviante/antissocial e a experimentação (valores ligados ao prazer, sexualidade e emoção).

Para Loinaz et al. (2018) avaliar e utilizar variáveis socioemocionais e psicossociais nas intervenções com pessoas encarceradas torna-se de suma importância, quando se pensa na ressocialização dessa população. Na mesma direção Wang et al. (2021) argumentam que não é possível pensar em um convívio social bem-sucedido quando a capacidade de estar ciente do que as outras pessoas estão sentindo e pensando é negligenciada, algo que tem sido levado em consideração nas políticas de ressocialização promovidas em outros países.

Na Inglaterra e no País de Gales, por exemplo, os programas de tratamento fazem parte da rotina das instituições carcerárias, abrangendo em média 176 h e abordando áreas como: motivação para mudança, compreender a ofensa, empatia da vítima, habilidades de autogestão e gerenciamento emocional, intimidade, compulsividade, engajamento comunitário, comportamento de cobrança e prevenção de recaídas (Barnett et al., 2011). Já nas prisões espanholas, intervenções cognitivo-comportamentais têm sido aplicadas a homens que cometem violência contra as mulheres, visando diminuir a agressividade em relação a suas vítimas. O programa dura 40 horas, que são divididas em 20 sessões e aborda, entre outras dimensões, aspectos motivacionais e a aceitação das responsabilidades do seu crime, treinamento de empatia, habilidades de autorregulação socioemocionais e prevenção de recaídas. Avaliações de eficácia apontam que esse tipo de intervenção encoraja os participantes a repensar suas atitudes em relação às mulheres e sobre utilização da violência como resposta aos conflitos (Echeburúa & Fernández-Montalvo, 2007).

Em se tratando da realidade brasileira, trabalhos anteriores buscaram promover atividades de cunho artístico e lúdico, partindo do pressuposto de que a criação de espaços que subsidiem trocas subjetivas e novas aprendizagens é crucial para a construção de ações de ressocialização no cárcere. Por exemplo, estudos de intervenção com adolescentes e adultos em situação de privação de liberdade mostram que ações voltadas à promoção e prevenção da saúde (Costa et al., 2019), à reflexão sobre questões de trabalho, esporte e cultura (Andrade & Vilas Boas, 2019), o uso da música (Silva, 2018) e de oficinas de desenho (Esteca & Andrade, 2018) contribuem para o aumento da consciência sobre o autocuidado, a percepção de si como sujeito de direito, a redução da agressividade e com um maior engajamento com atividades didático-pedagógicas. Além disso, reduzem os estereótipos e preconceitos da população em geral em direção a pessoas presas.

A realização dessas atividades evidencia a importância da arte, da educação, do lazer e dos espaços dialógicos dentro das prisões como ferramentas integradoras, ressocializadoras e de promoção da saúde mental, emergindo como possibilidade de ruptura da vida criminal, por meio da produção de novos sentidos para suas práticas e aspirações futuras. Nesse percurso, muitos aspectos do funcionamento cognitivo são importantes para que essa finalidade seja alcançada, a exemplo da competência e do ajustamento social e a diminuição dos comportamentos disruptivos e antissociais. Conforme, Spink et al. (2014), a utilização de oficinas como estratégia metodológica permite, ao mesmo tempo, produção de dados para investigação científica e criam um ambiente de negociação de sentidos e de exposição dialógica.

Apesar disso, ainda são escassos trabalhos que buscam promover, especificamente, a intervenção sobre variáveis diretamente relacionadas ao comportamento prosocial, ao desenvolvimento socioafetivo e ao funcionamento psicológico como um todo. Face ao exposto, no presente trabalho buscou-se analisar os efeitos de um programa de intervenção para promoção do autoconceito, da empatia e dos valores básicos em mulheres encarceradas em uma cidade do interior do nordeste. Para tanto, foi elaborado um programa com doze oficinas como foco nesses temas, as quais foram realizadas por um período de três meses.

 

 

Método

 

 

Participantes

 

 

As participantes da pesquisa foram 56 mulheres encarceradas em uma cidade no sertão do Estado de Pernambuco, com idades entre 18 e 63 anos (M = 32,23; DP = 9,25), que se dispuseram a participar voluntariamente do estudo. Foram excluídas da amostra as mulheres não alfabetizadas (n = 5) e as que não preencheram adequadamente os instrumentos psicométricos (n = 2). As demais participantes foram aleatoriamente alocadas em dois grupos, por meio de sorteio eletrônico: grupo intervenção (GI) (n = 15) e grupo controle (GC) (n = 41).

 

 

Instrumentos

 

 

A Escala de Autoconceito (Piers-Harris & Herzberg, 2002), em sua versão adaptada e validada para a língua portuguesa de Portugal por Veiga (2006) – PHCSCS-2, foi usada para a avaliação do autoconceito. A PHCSCS-2 é composta por 60 questões dicotômicas, que abordam fatores como comportamento, estatuto intelectual e escolar, atributos e aparência física, ansiedade, popularidade e satisfação-felicidade. Neste estudo, fizemos a adaptação da escala para o português brasileiro, com o apoio de cinco especialistas, doutores em psicologia e em linguística, que foram convidados a propor a tradução dos enunciados, de forma que ficassem fidedignos aos itens originais.

Após esse processo, o pesquisador selecionou os enunciados mais adequados e aplicou em um grupo de 15 pessoas – adultos jovens, com idades entre 18 e 27 anos, solicitando que elas respondessem à escala e marcassem os itens que não apresentavam fácil compreensão. Em seguida, os itens foram novamente revisados e aplicados em cinco mulheres privadas de liberdade, que foram questionadas sobre a sua compreensão a respeito dos enunciados dos itens. A versão adaptada mostrou-se de fácil compreensão para o público-alvo.

Destacamos que a população carcerária feminina apresenta baixa escolaridade e, portanto, questões do tipo dicotômica (sim ou não) facilitam a compreensão. Outro aspecto relevante para a escolha do instrumento foi o fato de que os fatores comportamentais e o estatuto intelectual e escolar estão intimamente ligados ao ideal de ressocialização, voltado para o trabalho e a educação (Brasil, 1984). Na mesma direção, a aparência física, a popularidade e a satisfação podem ser importantes recursos para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento às situações adversas vivenciadas no cárcere.

A empatia foi mensurada por meio do Interpersonal Reactivity Index (Davis, 1983), em sua versão adaptada no Brasil por Sampaio et al. (2011), composta por 26 sentenças que descrevem comportamentos, sentimentos e características relacionadas à empatia, ao longo de quatro dimensões: Tomada de perspectiva (TP), Fantasia (FS), Consideração empática (CE) e Angústia pessoal (AP).

A AP relaciona-se aos sentimentos de desconforto ou ansiedade diante de situações estressoras, sendo esta autodirigida (focadas no self). Por sua vez, a CE estaria voltada para um comportamento mais prosocial, motivado pela disposição em ajudar outras pessoas. Os outros dois componentes, TP e FS, são representados, respectivamente, pela capacidade de projetar-se em situações vivenciadas por outras pessoas, buscando compreender como elas se sentem e se posicionam diante daquela situação, e por uma capacidade cognitiva similar, mas em relação a personagens fictícios de filmes e livros, por exemplo (Sampaio et al., 2011).

Para a avaliação dos valores foi utilizado o Questionário de Valores Básicos (QVB), desenvolvido por Gouveia (2003), composto por 18 itens (valores) específicos, distribuídos igualmente em seis subfunções psicossociais, descritas a partir das caraterísticas das pessoas orientadas por esses valores: Experimentação, Suprapessoal, Interativa, Realização, Existência e Normativa (Gouveia, 2003; Gouveia et al., 2009).

A junção das subfunções permite a formação de dois eixos que os organizam estruturalmente em tipo de motivador e tipo de orientação, sendo eles, respectivamente: (1) valores como expressão de necessidades (necessidades idealistas ou necessidades materialistas) e (2) Valores como padrão-guia de comportamentos (metas pessoais, metas centrais ou metas sociais) (Gouveia, 2003; Gouveia et al., 2009).

Além dos instrumentos supramencionados, foi utilizado um questionário sociodemográfico contendo questões sobre idade, escolaridade, estado civil, raça/cor, tempo de prisão, tipo de pena, entre outros.

 

 

Procedimentos

 

 

As escalas e o questionário foram administrados por três pesquisadores previamente treinados para a realização dos procedimentos. As participantes foram divididas em pequenos grupos de cinco pessoas e levadas para uma sala que oferecia condições ambientais e espaço físico adequado para a aplicação dos instrumentos.

Os membros da equipe de pesquisa auxiliaram as mulheres durante todo o preenchimento das escalas e questionários, dando o suporte necessário para a execução da tarefa. Os instrumentos eram apresentados separadamente, um a um, para as participantes, visando evitar a monotonia e possíveis desconfortos psicológicos e postural. Esses procedimentos foram realizados duas vezes nos dois grupos (GI e GC), antes e após o encerramento das oficinas, seguindo uma dinâmica de pré e de pós-teste.

 

 

Programa de intervenção

 

 

As intervenções foram realizadas apenas no GI, em formato de oficinas, em uma sala cedida pela instituição, onde funcionava a escola da cadeia, com capacidade para aproximadamente 30 pessoas. Os encontros tinham duração de 2 horas e foram realizados uma vez por semana, sempre mediados por, pelo menos, um facilitador e duas auxiliares. As integrantes do GC mantiveram suas rotinas institucionais regulares e não participaram de qualquer tipo de atividade com a equipe de pesquisa durante o período de realização das oficinas, a não ser a própria testagem psicológica nos momentos pré e após intervenção.

As oficinas duraram três meses e a organização dos encontros contemplava momentos vivenciais durante os quais eram desenvolvidas atividades que buscavam promover o autoconceito, a empatia e os valores básicos das participantes, de forma que as experiências e a história de vida das mulheres eram evocadas como dispositivos de aprendizagem e de reflexão. A Tabela 1 apresenta a descrição das atividades e objetivos gerais de cada encontro.

Para o levantamento de dados qualitativos, as técnicas de coleta de dados utilizadas foram a observação participante e a construção de diário de campo, a partir das falas das mulheres colhidas durante as oficinas. A observação participante configura-se como um importante instrumento para a apreensão da dinâmica do grupo, possibilitando ao pesquisador uma visão holística e natural do cenário observado (Alferes et al., 2017).

De forma complementar, após a realização de cada encontro eram coletadas informações sobre o estado de humor das mulheres. A atividade era realizada ao final, com a intenção de saber como elas avaliavam os encontros e como elas se sentiam após a realização das atividades.

A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Vale do São Francisco (CEP-UNIVASF) e aprovada (CAAE: 68528517.2.0000.5196) antes do início de qualquer atividade. As oficinas tiveram início apenas após a obtenção da autorização institucional e da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelas participantes.

 

Tabela 1: Atividades desenvolvidas durante o programa de intervenção

 

 

 

Análise dos dados

 

 

No presente trabalho, optou-se por uma abordagem quanti-qualitativa para análise dos dados, de modo que fosse possível abarcar de forma mais a complexidade dos fenômenos estudados. Assim, os dados provenientes dos instrumentos psicométricos foram tabulados e organizados na planilha eletrônica Microsoft Excel, versão 2016, e sua análise foi feita através do Statistical Package for Social Sciences – SPSS, versão 22.0, adotando um nível de significância p < 0,05. O teste Shapiro-Wilk indicou que os dados referentes às escalas não seguiam uma distribuição normal e por isso optou-se por empregar testes não paramétricos para realizar as estatísticas inferenciais. Para fins de aplicação dos testes inferenciais, foram incluídos apenas os protocolos das participantes que tinham respondido completamente todas ases escalas. Dessa forma, foram analisados os dados de 15 integrantes do Grupo de Intervenção e 16 do Grupo Controle.

Os dados qualitativos são fruto da análise dos registros de diários de campo, notas e materiais produzidos durante as oficinas com as participantes. Trata-se da descrição e análise de aspectos subjetivos percepcionados e ancorados na literatura vigente sobre a temática, enquanto um operador analítico. Além disso, esses dados refletem o apanhado de impressões e vivências dos membros da equipe que atuou diretamente nas intervenções junto às participantes, os quais se reuniam periodicamente para avaliar o andamento do programa de intervenção.

 

 

Resultados

 

 

Análises quantitativas

 

 

A Tabela 2 apresenta um perfil sociodemográfico e histórico prisional das participantes. Conforme se observa, a maioria das mulheres são autodeclaradas pardas, com baixa escolaridade, solteiras e que recebem visitas às vezes.

O teste de Spearman foi utilizado para verificar a existência de correlações entre as variáveis dependentes e independentes deste estudo, tendo sido constatado que a subfunção normativa correlacionou-se significativamente com o tempo de prisão (= 0,410; p < 0,001). Além disso, a subfunção normativa correlacionou-se positivamente com a empatia geral (= 0,335; < 0,05).

O teste de Kruskal-Wallis indicou uma diferença significativa nos itens satisfação e felicidade (χ2 = 12,09; = 0,002) e popularidade (χ= 8,82; = 0,012), no sentido de que as mulheres que sempre recebem visitas pontuaram mais nesses componentes do autoconceito do que as que não recebem visitas e do que as que recebem apenas às vezes.

O teste de Friedman indicou que há diferença entre as seis subfunções dos valores, quando comparadas entre si. Complementarmente, o teste de Wilcoxon indicou que as subfunções existência e normativa (Z = -0,880; p = 0,37) não diferem entre si, mas diferem significativamente de todas ases outras (todos os p, comparando-se as subfunções duas a duas, são menores que 5 %).

No que se refere à testagem sobre os efeitos da intervenção, o teste de Wilcoxon indicou que não houve variações significativas entre o pré e o pós-teste em nenhum dos componentes da Empatia, do Autoconceito e dos Valores Básicos, nem no grupo intervenção (GI) nem no grupo controle (GC). Além disso, o teste de Mann-Whitney apontou que não houve diferenças entre o GI e o GC no pré e no pós-teste em nenhuma dessas variáveis. As Tabelas 3, 4 e 5 apresentam as médias das posições (Mean Ranks) da Empatia, Autoconceito e Valores Básicos, em função do grupo de participantes e do momento de testagem.

 

Tabela 2: Caracterização sociodemográfica e prisional das participantes

 

 

Tabela 3: Média das posições em cada dimensão da empatia, em função dos grupos de participantes e do momento de testagem

 

 

Tabela 4: Média das posições em cada dimensão do autoconceito, em função dos grupos de participantes e do momento de testagem

 

 

Tabela 5: Média das posições em cada dimensão dos valores básicos, em função dos grupos de participantes e do momento de testagem

 

 

 

Análises qualitativas

 

 

Referente aos encontros nas oficinas de Autoconceito, a fotografia foi o recurso mais exitoso, tanto no encontro em que utilizamos a técnica do Light Painting quanto no ensaio fotográfico. O Light Painting é uma técnica de iluminação fotográfica em que é possível, com a ajuda de uma lanterna, um ambiente escuro e uma câmera programada para uma longa exposição, pintar o que a pessoa quiser com a luz. Essa técnica causou muito interesse nas mulheres, sobretudo em manusear as câmeras, as lanternas, e, posteriormente, ver como ficaram as fotos.

Vencidas todas as etapas burocráticas e respeitando os aspectos éticos (termos de consentimento e direito de imagem), realizou-se o ensaio fotográfico, outra atividade que utilizava recursos visuais, dessa vez para uma abordagem mais centrada na autoimagem. De início, a atividade foi recebida com certa restrição por parte de algumas mulheres, mas esse impasse logo foi resolvido. Grande parte delas havia se preparado para esse dia, maquiaram-se, fizeram penteados, escolheram roupas, e as fotografias foram tiradas em vários ambientes, e, pouco a pouco, elas foram se despindo diante das câmeras. Não se trata de uma figura de linguagem, pois aos poucos elas estavam literalmente despidas, sem roupa.

Por meio das fotografias, as mulheres levantaram várias questões sobre como elas se enxergavam, falaram das mudanças físicas após o encarceramento e o quanto esse processo modificou a percepção sobre si mesmas. O foco das discussões permeou a aceitação do próprio corpo e este, visto como belo, apesar das condições adversas.

Nas oficinas de Empatia, as atividades que se destacaram foram aquelas que abordaram os direitos interpessoais e a atividade de resolver os problemas das outras. Dentre a lista de 23 direitos, que pressupõem um dever na mesma direção para com a outra, dois deles foram escolhidos por todas do grupo como os mais importantes: o direito a ser tratada com respeito e dignidade e o direito de parar e pensar antes de agir.

O direito de parar e pensar antes de agir possibilitou abordarmos os crimes que elas cometeram, a falta de empatia e, sobretudo, a possibilidade de modificar o comportamento a partir da reflexão. Pensar antes de agir significa ponderar antes de escolher, buscando a maneira mais apropriada para resolver determinada situação. Resolver o problema da outra parecia uma tarefa fácil, mas assumir a perspectiva da outra e resolver o problema da melhor maneira possível (para a outra) configurou-se em um desafio para as mulheres. Frente a frente, umas com as outras, não faltaram choros e abraços durante a realização dessa atividade. Quando o espaço foi aberto para a discussão, as mulheres relataram que ainda não tinham se atentado que o problema de uma era tão próximo do problema da outra.

Em relação aos encontros na oficina de Valores Básicos, a atividade de perdas e danos se diferenciou das outras não por causa da sua adesão, pelo contrário, foi uma das atividades na qual as mulheres mais ofereceram resistência em realizar. Não conseguíamos dar andamento à atividade em meio a tantas queixas e reclamações, de modo que tivemos que reorganizá-la várias vezes para conseguir executá-la.

A atividade inicial consistia em escrever o nome de algumas pessoas importantes na sua vida e, consecutivamente, dizer o que havia aprendido com a pessoa e ir eliminando o nome de cada uma delas até restar apenas um. Entretanto, elas não quiseram eliminar ninguém, diziam que todos os nomes escritos eram importantes. Esse ato mostrava mais sobre seus valores do que o objetivo da atividade proposta. Vimos emergir a importância da afetividade e do apoio social, sentir que não estar só no mundo e que existem pessoas com quem você pode contar, independentemente dos êxitos e/ou fracassos.

Pedir para mulheres que sofrem com o abandono sistemático dos cônjuges, da família, das instituições e de grande parte da sociedade, mesmo que imaginariamente, que abandonem as pessoas que restaram é, no mínimo, incoerente. As pessoas que restam, muitas vezes, são aquelas por quem as mulheres dizem que vale a pena abandonar o mundo do crime.

Por fim, a utilização de uma técnica para iniciar os encontros e conectar as mulheres com o ambiente das oficinas produziu resultados interessantes: tratou-se de um momento que nomeamos como “Viagem”, em que de olhos fechados, a partir da narração de um facilitador, sob o som da chuva, com as luzes apagadas, as mulheres foram convidadas a imaginar um lugar onde gostariam de estar. Ao final da dinâmica, muitas mulheres estavam deitadas no chão, em posição fetal, aos prantos. Ressalta-se que em um lugar onde a exigência da força e da não demonstração de fraqueza são leis, um espaço onde a expressão de sentimentos reprimidos é estimulada torna-se contraventor.

Duas emoções se destacaram na avaliação que as mulheres faziam ao final das oficinas, a primeira foi a alegria, que acreditamos estar ligada ao ambiente descontraído e às trocas afetivas possibilitadas nos encontros. A outra emoção foi a de estar “confusa”, pensativa ou angustiada, como elas verbalizavam, o que podemos considerar como uma abertura crítica e reflexiva da sua condição.

 

 

Discussões e Conclusão

 

 

Este trabalho teve como principal objetivo avaliar os efeitos de um programa de intervenção para a promoção da empatia, valores e autoconceito em mulheres encarceradas oriundas de uma unidade prisional no sertão de Pernambuco. A eficácia de programas de intervenção que utilizam oficinas e outras atividades reflexivas em estudos empíricos tem sido comprovada na promoção de construtos como empatia (Dutra, 2020; Rodrigues & Silva, 2012) e autoconceito (Coelho et al., 2016) em outras populações. Do mesmo modo, os estudos sobre os valores básicos sedimentam a importância desse construto na predição do comportamento (Medeiros et al., 2015; Monteiro et al., 2017).

Os dados produzidos a partir das análises estatísticas sugerem não ter havido variações significativas na empatia, valores e autoconceito após um período de intervenção. Esses resultados podem estar associados à duração da intervenção.

Outras limitações como a utilização de amostras não-probabilísticas, a não utilização da taxa de reincidência e nem a análise prévia dos níveis de psicopatia na amostra, fazem com que as evidências relatadas aqui devam ser vistas com cautela (Amorim-Gaudêncio et al., 2023; Roche et al., 2011). Ademais é necessário se atentar a própria limitação nas escalas psicométricas quando são aplicadas em participantes com baixa escolarização ou em amostras forenses (Barnett et al., 2011; Domes et al., 2013)

Ressalta-se que uma barreira significativa para a realização e potencialização dos efeitos das oficinas foi a própria conformação do ambiente carcerário, hostil, rígido, violento e promotor de vulnerabilidades. A superlotação, as estruturas inadequadas, as condições sanitárias insalubres, a reincidência, a violência policial, a ação do tráfico, a falta de apoio social, entre outros, são alguns dos problemas crônicos do sistema prisional brasileiro, velhos conhecidos da sociedade ( Conselho Nacional do Ministério Público, 2016). Inclusive, a cadeia onde esta pesquisa foi desenvolvida foi apelidada por Santos e Rios (2018) como “cortiço-prisão”, justamente pelos déficits estruturais, sanitários e humanitários presentes no estabelecimento, posicionando-a como uma “gambiarra do sistema jurídico-penal”.

É urgente a revisão de aspectos estruturais do nosso sistema de justiça e segurança pública, sobretudo aqueles que subsidiam o processo de reinserção social. Estar preso não se limita apenas à perda da liberdade, pois a prisão produz muitas vulnerabilidades. As repercussões colaterais, provenientes da privação de liberdade são, por vezes, mais graves que a própria pena (Giacóia et al., 2011).

Em uma análise qualitativa, a partir das atividades desenvolvidas nas oficinas alinhadas com a literatura vigente sobre a temática, consideramos que o espaço conjecturado é capaz de promover atividades culturais, recreativas e artísticas tão importantes para o processo de ressocialização. Além disso, espaços dialógicos como aqueles suscitados durante as intervenções podem encorajá-las a identificar e reconhecer problemas com sua autoestima e a repensar suas atitudes (Barnett et al., 2011; Echeburúa & Fernández-Montalvo, 2007), contribuindo para conscientização sobre seus direitos (Maciel, 2018; Silva, 2018) e trazendo novos significados à vivência do cumprimento da pena numa perspectiva não punitivista.

Ter a possibilidade de reler a sua história de vida através dos atravessamentos proporcionados pela condução dos encontros e afetar-se com isso, abre um grande paralelo para repensarmos pontos sensíveis em prol da reinserção social dessas mulheres. Tem-se aí um importante eixo de discussão comum e que trata sobre como dar contornos mais humanísticos à pena de privação de liberdade, transformando-a em emancipadora e não apenas punitiva (Andrade & Vilas Boas, 2019; Maciel, 2018; Silva, 2018).

A sobressalência do relato do sentimento de angústia pelas participantes ao final das oficinas, quando solicitadas a expressar suas emoções, pode sugerir que os encontros foram capazes de gerar potencial de mudanças cognitivo-afetivas e, por conseguinte, comportamentais. Esse achado vai ao encontro das considerações de Andrade e Vilas Boas (2019), que pontuam que as ações desenvolvidas nesses espaços extrapolam os contornos físicos das oficinas e se expandem nas vidas de todos os atores envolvidos, promovendo mudanças comportamentais e possibilitando que os indivíduos tenham autonomia e criticidade sobre o próprio ser. Além do mais, espaços dialógicos são capazes de fomentar a promoção de saúde mental e o cuidado (Ireland & Lucena, 2013).

Trabalhar construtos psicológicos em oficinas, no ambiente prisional, implicou em abordar aspectos da vida cotidiana, de modo que não se trata, apenas, de ensinar conceitos ou descrevê-los academicamente. Significa que a própria experiência das mulheres foi pedagógica. Inclusive, demonstrando o quanto essas temáticas são importantes para seu desenvolvimento funcional (Ireland & Lucena, 2013).

As metodologias utilizadas durante as oficinas alinham as mulheres ao seu contexto, preparando-as para a vida e suas intempéries, resgatando o sentimento de valorização de si próprias e de pertença. Dá a possiblidade a essas mulheres de se libertar de estereótipos e estigmas arraigados à sua condição histórica, bem como de construir novos conceitos mais funcionais sobre si e vivências menos dolorosas no mundo (Bagio et al., 2018; Gohn, 2006; Spink et al., 2014).

Dessa forma, acredita-se que as oficinas se configuraram como um espaço não formal de aprendizado, possível no cárcere, alicerçado na historicidade desses indivíduos. Ainda, que esses espaços foram capazes de instrumentalizar as mulheres encarceradas para se transformarem em cidadãs do mundo, no mundo, vislumbrando outras formas de ser e perceber o mundo em seu entorno e nas suas relações sociais (Gohn, 2006).

Entre as principais contribuições das oficinas, destacam-se: oferecer às mulheres encarceradas um espaço pedagógico e acolhedor, com contingências muito distintas do ambiente carcerário, por meio do qual elas foram instigadas a experimentar suas emoções e sentimentos, falar abertamente sobre suas vivências, expor suas dúvidas, medos, aspirações e angústias.

Os resultados não estatisticamente significativos podem justamente refletir que as escalas não apreenderam os componentes subjetivos da empatia, autoconceito e valores na população estudada, ressaltando a importância de integrar os dados quantitativos e os qualitativos para se apreender o fenômeno de forma mais ampla. Além do mais, é preciso utilizar estratégias metodológicas concernentes com o perfil de escolarização das participantes.

Dessa forma, considera-se que a avaliação e promoção do autoconceito, empatia e valores básicos podem orientar os processos intervenção psicológica no cárcere e subsidiar desfechos penais. Este processo dinâmico deve considerar a multidimensionalidade das variáveis, a complexidade da população carceraria, e os instrumentos devem ser capazes de mensurar essas características, refletindo adequadamente o objetivo da avaliação e das intervenções propostas (Barnett et al., 2011; Echeburúa & Fernández-Montalvo, 2007; Loinaz et al., 2018). Além disso, indica-se a necessidade de que outros pesquisadores se debrucem sobre o desenvolvimento e testagem de metodologias de avaliação e intervenção adequados à realidade dessas pessoas, trazendo contribuições empírico-teóricas e instrumentalizando outras intervenções nesse tipo de cenário.

 

 

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Disponibilidade de dados: O conjunto de dados que suporta os resultados deste estudo está disponível no Open Science Framework (https://osf.io/snw4t/files/osfstorage).

 

Financiamento: Este projeto recebeu apoio da Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

 

Como citar: Pereira, E. F. M., Sampaio, L. R., & Anacleto, F. N. A. (2023). Promoção da empatia, autoconceito e valores básicos: uma intervenção no cárcere feminino Ciencias Psicológicas, 17(2), e-2823. https://doi.org/10.22235/cp.v17i2.2823

 

Participação dos autores: a) Planejamento e concepção do trabalho; b) Coleta de dados; c) Análise e interpretação de dados; d) Redação do manuscrito; e) Revisão crítica do manuscrito.

E. F. M. P. contribuiu em a, b, c, d, e; L. R. S. em c, d, e; F. N. A. A. em c, d, e.

 

Editora científica responsável: Dra. Cecilia Cracco.

 

 

10.22235/cp.v17i2.2823

Original Articles

Promotion of empathy, self-concept and basic values: an intervention in a female prison

Promoção da empatia, autoconceito e valores básicos: uma intervenção no cárcere feminino

Promoción de la empatía, el autoconcepto y los valores básicos: una intervención en una cárcel femenina

 

Elias Fernandes Mascarenhas Pereira1, ORCID 0000-0002-8012-0373

Leonardo Rodrigues Sampaio2, ORCID 0000-0003-2383-4094

Francis Natally de Almeida Anacleto3, ORCID 0000-0001-5309-1186

 

1 Fundação Universidade Federal do Vale do São Francisco, Brazil, eliasmasc12@gmail.com

2 Fundação Universidade Federal do Vale do São Francisco, Universidade Federal de Campina Grande, Brazil

3 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Brazil

 

Abstract:

Incarceration of women is permeated by countless structural problems and inefficiency in guaranteeing fundamental rights and psychological assistance to women. In this article, the effects of intervention workshops aimed to promote self-concept, empathy, and basic values for incarcerated women are reviewed. The study comprised 56 women aged between 18 and 63 years, incarcerated in a Public Prison (M = 32.23; SD = 9.25). Fifteen of these women participated in the intervention program, while the remaining sample comprised the control group. Both groups were evaluated in the pre- and post-intervention period, using the Self-Concept Scale, the Interpersonal Reactivity Index and the Basic Values Questionnaire. During the meetings field notes and participant observations were used to describe meaningful experiences. No statistically significant variations were found in the scores of the scales used, which may be related to the need to adapt these instruments to groups with low levels of education. On the other hand, the study found that the use of workshops enabled the construction of a pedagogical space, with very different contingencies compared to the prison environment, in which women were encouraged to experience their emotions and feelings.

Keywords: prisons; women; correctional education; empathy; self concept.

 

Resumo:

O encarceramento feminino é permeado por inúmeras problemáticas estruturais e pela ineficiência na garantia de direitos fundamentais e assistência psicológica às mulheres. Neste artigo, analisam-se os efeitos de oficinas de intervenção para a promoção do autoconceito, da empatia e de valores básicos em mulheres encarceradas. Participaram do estudo 56 mulheres, em uma Cadeia Pública, com idades entre 18 e 63 anos (M = 32,23; DP = 9,25). Quinze destas mulheres participaram do programa de intervenção, enquanto que o restante da amostra compôs o grupo controle. Ambos os grupos foram avaliados no período pré e pós-intervenção, por meio da Escala de Autoconceito, o Interpersonal Reactivity Index e o Questionário de Valores Básicos. Notas de campo e a observação participante foram utilizadas para descrever experiências significativas vivenciadas durante os encontros. Não foram encontradas variações estatisticamente significativas nos escores das escalas empregadas, o que pode estar relacionado à necessidade de adequação desses instrumentos para públicos com baixa escolarização. Em contrapartida, avalia-se que o uso de oficinas possibilitou a construção de um espaço pedagógico, com contingências muito distintas do ambiente carcerário, no qual as mulheres foram estimuladas a experimentar suas emoções e sentimentos.

Palavras-chave: prisões; mulheres; educação de prisioneiros; empatia; autoimagem.

 

Resumen:

El encarcelamiento femenino es permeado por muchas problemáticas estructurales y por la falta de eficacia en la garantía de los derechos fundamentales y la asistencia psicológica a las mujeres. En este artículo se analizan los efectos que tiene los talleres de intervención para la promoción del autoconcepto, de la empatía y de los valores básicos en mujeres encarceladas. Participaron del estudio 56 mujeres, en una cárcel pública, con edades entre de 18 a 63 años (M = 32.23; DE = 9.25). Quince de estas mujeres participaron del programa de intervención, las demás de la muestra compusieron el grupo control. Ambos grupos fueron evaluados en el período de pre y posintervención por medio de la Escala de Autoconcepto, el Interpersonal Reactivity Index y el Cuestionario de Valores Básicos. Las notas de campo y la observación participante fueron utilizadas para describir experiencias significativas vividas durante los encuentros. No fueron encontradas variaciones estadísticamente significativas en los resultados de las escalas empleadas, lo que puede estar relacionado a la necesidad de adecuación de esos instrumentos para públicos con baja escolarización. En cambio, se evalúa que el uso de talleres posibilitó la construcción de un espacio pedagógico con contingencias muy distintas al ambiente carcelario, en el cual las mujeres fueron estimuladas a experimentar sus emociones y sentimientos.

Palabras clave: prisión; mujeres; educación de los presos; empatía; autoconcepto.

 

Received: 12/02/2022

Accepted: 23/08/2023

 

 

The problems experienced by prisoners in Brazil, such as the overcrowding of prisons, the lack of work, educational and leisure activities, as well as poor structural, hygienic and sanitary conditions (Brazil, 2017) is widely known. This problem is not directly related to gender, as incarcerated men and women, whether cisgender or transgender, are exposed to the aforementioned conditions on a daily basis (Brazil, 2016).

The organization of the Brazilian prison institutions usually disregards the peculiarities that should be considered when dealing with the female population, despite the exponential growth in the incarceration of women over the years. In this sense, Brazil has seen an increase of more than 600% in the imprisonment of women rate between 2000 and 2016. Currently, Brazil houses the fourth largest female prison population on Earth, with approximately 44,700 women in prison, second only to the United States, China and Russia (Brazil, 2017). Given the complexity of the issues that emerge from crimes and the incarceration of people around the world, psychological variables should contribute to the process of social reintegration, since the failure of the system is reflected in incalculable social damage, in addition to the high financial costs for the state(Barnett et al., 2011; Martinez et al., 2014; Robinson & Rogers, 2015).

The progressive increase in incarceration of women coupled with the prison institutions’ inability to meet gender-related demands sharpens the vulnerabilities expressed by this population. The inefficiency of the state in securing these women a space supportive to social demands (work and education), specific demands (pregnancy and puerperium), family demands (daycare nurseries, space to receive family), psychological demands (leisure and mental health promotion), among others (Brazil, 2017), is then emphasized.

The aforementioned precariousness and deficiencies contribute to resocialization system inability to meet its main objective of preparing the inmate to return to society in a dignified way, empowered to exercise their rights and fulfill their duties like any other citizen. However, these factors are not the only ones responsible for the low capacity of Brazil to provide proper conditions for the reintegration of these people into society. This added with a shortage of public policies and intervention programs focused on actions to promote the psychosocial and moral development of incarcerated people, despite the existing robust body of scientific evidence that demonstrates how this type of action contributes to social reintegration.

In many countries, variables such as empathy, self-concept and human values are used as part of the process of assessing people who have committed crimes and attending intervention programs in prisons. In some cases, participation in these programs is even considered part of the sentence and are a condition for the prisoner’s progression to freedom (Barnett et al., 2011; Echeburúa & Fernández-Montalvo, 2007). Training aimed at promoting empathy and self-concept has been used in offender rehabilitation programs as tools targeted to strengthening prosocial behaviors and reducing the factors that favor criminality and, consequently, recidivism(Christopher & McMurran, 2009; Day et al., 2011; Roche et al., 2011).

Empathy may be generally understood as a capacity made of cognitive and affective components that enable it to take a perspective and experience affective responses that are congruent with what one is observing in relation to what other people are feeling (Batson, 2009; Eisenberg et al., 2006; Hoffman, 2000). Empathic experiences are important for regulating life in society, raising social awareness and mediating decision-making processes, especially those aimed at care, respect and morality (Dutra, 2020; Pavarino et al., 2005; Sampaio et al., 2021).

In opposition, lack of empathy has been identified as a mechanism that predicts engagement in aggressive and criminal behaviors (van Zonneveld et al., 2017). Lower levels of empathy would be directly related to antisocial and harmful behaviors (Drayton et al., 2018), crimes such as rape and homicide (Domes et al., 2013) and offending (Jolliffe & Farrington, 2004). Empathy deficits appear to be associated with psychopathy (Gehrer et al., 2020; Korponay et al., 2017) in incarcerated people.

When analyzing the differential profile of male offenders in prison with and without psychopathy, Echeburúa and Fernández-Montalvo (2007) found that offenders with psychopathy were not only less empathetic but also had lower self-esteem. In other words, the feeling of satisfaction that a person has about his/herself, one of the components of self-concept, also appears to be compromised in this population.

Self-concept can be defined as the individuals’ perception of themselves, their abilities and their resources, in different situations and stages of life, that build up a concept that will ground the way they read themselves and the world around them (Vaz-Serra & Pocinho, 2001). According to Veiga (2006), self-concept can be summed up in two questions: How do I see myself? And how do I think others see me? When modified by the individual’s experience to the same extent as it modifies the way this experience is perceived, this dialectical movement is influenced by social relationships and the situational context, constituting one of the variables that intervene in human behavior and identity formation (Basílio et al., 2017).

Basílio et al (2017) refer to a certain instability in the self-concept, which is subtly changed over life. Within prisons, these changes are negative and seem to be anchored in the lack of essential elements needed to strengthen the self-concept due to the rigidity of institutional routines and the excess of rules that hinder the personal development of prisoners, impacting on the constructing of their identity (Antunes, 2012; Basílio et al., 2017).

Negative self-concept may be a risk factor for the functional development of incarcerated individuals. This was observed in a study with a sex offender treatment group, in which the post-treatment self-esteem score was the only measure that significantly predicted sexual and/or violent recidivism, among other measures in the socio-affective domain (Barnett et al., 2011). It was also found that the intervention was particularly successful at encouraging men to identify and recognize problems with their self-esteem, which led to a reduction in the rate of new offenses.

Other studies suggest that individuals with lower self-esteem scores also have higher rates of aggression (Webster et al., 2005) and risk of suicide (Vaz-Serra & Pocinho, 2001). Strengthening the self-concept (positive and more stable) would be an important tool toward reducing antisocial behavior, and would make it easier to understand how people in prison adapt their thoughts, values, emotions and behaviors in the most diverse situations (Antunes, 2012; Basílio et al., 2017).

Considering that values represent human needs at cognitive level, transcend specific situations and drive the selection of behaviors and events (Gouveia et al., 2009), one could reasonably assume that values are also, to some extent, associated with the commission of crimes. In this regard, studies show that antisocial behavior is negatively associated with normative values (obedience, religiosity and tradition), suprapersonal values (beauty, knowledge and maturity) and interactive values (affectivity, social support and social harmony) (Formiga & Gouveia, 2005; Medeiros et al., 2015). Criminal behavior is also associated with a strung hunt for satisfaction, pleasure and new sensations, and is present in individuals whose interpersonal relationships are damaged and who value less the compliance with social norms (Gouveia, 2003). Finally, Amorim-Gaudêncio et al. (2023), when reviewing the extent to which the psychopathy trait correlates with human values in a predominantly female prison sample, found a positive relationship, although weak, between the socially deviant/antisocial lifestyle and experimentation (values linked to pleasure, sexuality and emotion).

For Loinaz et al. (2018), evaluating and using socioemotional and psychosocial variables in interventions with incarcerated people is of paramount importance when targeting the resocialization of this population. In the same vein, Wang et al. (2021) argue that successful social interaction is unfeasible when the ability of being aware of what other people are feeling and thinking is neglected, something that has been considered in the policies on resocialization promoted in other countries.

In England and Wales, for example, treatment programs are part of the routine in prisons, covering an average of 176 hours and addressing areas such as: motivation for change, understanding the offense, victim empathy, self-management and emotional management skills, intimacy, compulsivity, community engagement, charging behavior and relapse prevention (Barnett et al., 2011). In Spanish prisons, cognitive-behavioral interventions have been applied to men who commit violence against women, with the aim of reducing their aggression toward their victims. The 40-hour program is divided into 20 sessions. Among other dimensions, the program addresses motivational aspects and acceptance of responsibility for their crime, empathy training, socio-emotional self-regulation skills and prevention of relapse. Efficacy evaluations show that this type of intervention encourages participants to rethink their attitudes toward women and the use of violence as a response to conflicts (Echeburúa & Fernández-Montalvo, 2007).

When it comes to the Brazilian reality, previous studies sought to promote artistic and playful activities, based on the assumption that creating spaces that support subjective exchanges and new learning is crucial to developing resocialization actions in prison. For example, intervention studies in adolescents and adults in situations of deprivation of liberty show that actions aimed at health promotion and prevention (Costa et al., 2019), reflection on issues of work, sport and culture (Andrade & Vilas Boas, 2019), the use of music (Silva, 2018) and drawing workshops (Esteca & Andrade, 2018) contribute to increased awareness of self-care, the perception of oneself as a subject of law, reduction in aggression and greater engagement with didactic-pedagogical activities. They also reduce the stereotypes and prejudices of the general population toward prisoners.

These activities highlight the importance of art, education, leisure and dialogical spaces in prisons as tools for integration and re-socialization, as well as the promotion of mental health, emerging as a possibility to break away from criminal life by producing new meanings for their practices and future aspirations. Many aspects of cognitive functioning are important in this path to achieve this goal, such as social competence and adjustment, and a reduction in disruptive and antisocial behavior. According to Spink et al. (2014), the use of workshops as a methodological strategy produces data for scientific research and creates a favorable environment for negotiating meanings and dialogic exposure.

Despite this, few studies specifically seek to promote intervention in variables directly related to prosocial behavior, socioaffective development and psychological functioning as a whole. In view of the above, this study sought to review the effects of an intervention program aimed at promoting self-concept, empathy and basic values in incarcerated women in a city in the northeast of Brazil. To that, a program was designed with 12 workshops focusing on these themes and delivered over a period of three months.

 

 

Method

 

 

Participants

 

 

The participants in the study were 56 women imprisoned in a city in the hinterland of the state of Pernambuco, aged between 18 and 63 (M = 32.23, SD = 9.25), who were willing to take part in the study voluntarily. Women who were not literate (n = 5) and those who did not fill in the psychometric instruments properly (n = 2) were excluded from the sample. The remaining participants were randomly allocated into two groups by electronic raffle: Intervention Group (IG) (n = 15) and Control Group (CG) (n = 41).

 

 

Instruments

 

 

The Self-Concept Scale (Piers-Harris & Herzberg, 2002), in its version adapted and validated for Portuguese by Veiga (2006) - PHCSCS-2, was used to assess self-concept. The PHCSCS-2 is made up of 60 dichotomous questions that address factors such as behavior, intellectual and educational status, physical attributes and appearance, anxiety, popularity and satisfaction-happiness. In this study, the scale was adapted into Brazilian Portuguese with the support of five specialists, PhD in psychology and linguistics, who were invited to propose a translation for the statements faithful to the original items.

After that process, the researcher selected the most appropriate statements and applied them to a group of 15 people - young adults aged between 18 and 27, asking them to answer the scale and mark the items that were not easy to understand. The items were then revisited and applied to five women deprived of their liberty, who were asked about their understanding of the wording of the items. The adapted version proved to be easy to understand for the target audience.

It should be pointed out that the female prison population has a low level of education and, therefore, dichotomous questions (yes or no) facilitate the understanding. Another relevant aspect for choosing the instrument was the fact that behavioral factors and intellectual and educational status are closely linked to the ideal of resocialization, focused on work and education (Brazil, 1984). In the same vein, physical appearance, popularity and satisfaction may be important resources to develop coping strategies to deal with the adverse situations experienced in prison.

Empathy was measured using the Interpersonal Reactivity Index (Davis, 1983), in its version adapted for Brazil by Sampaio et al. (2011), composed of 26 statements describing behaviors, feelings and characteristics related to empathy, along four dimensions: Perspective-Taking (PT), Fantasy (FS), Empathic Consideration (EC) and Personal Distress (PD).

PD is related to feelings of discomfort or anxiety in face of stressful situations, and is self-directed (focused on the self). EC, on the other hand, is focused on more prosocial behavior, motivated by a willingness to help other people. The other two components, PT and FS, are represented respectively by the ability to stand into situations experienced by other people, seeking to understand how they feel and stand in that situation, and by a similar cognitive ability related to fictional characters in films and books, for example (Sampaio et al., 2011).

The Basic Values Questionnaire (BVQ), developed by Gouveia (2003), was used to assess values. It consists of 18 specific items (values), distributed equally in six psychosocial subfunctions, described based on the characteristics of individuals guided by the following values: Experimentation, Suprapersonal, Interactive, Satisfaction, Existence and Normative (Gouveia, 2003; Gouveia et al., 2009).

The combination of the subfunctions allows for building up two axes that structurally organize them into type of motivator and type of orientation, which are, respectively: (1) Values as an expression of needs (idealistic needs or materialistic needs), and (2) Values as a guiding pattern for behavior (personal goals, central goals or social goals) (Gouveia, 2003; Gouveia et al., 2009).

In addition to the aforementioned instruments, a sociodemographic questionnaire was used containing questions about age, education, marital status, race/color, length of imprisonment, type of sentence, among others.

 

 

Procedures

 

 

The scales and questionnaire were administered by three researchers who had been previously trained to perform the procedures. Participants were divided into small groups of five individuals and taken to a room that offered suitable environmental conditions and physical space for the application of the instruments.

The research team members helped the women throughout the process of completing the scales and questionnaires, providing the necessary support to carry out the task. Instruments were presented separately, one by one, to the participants in order to avoid monotony and possible psychological and postural discomfort. These procedures were carried out twice in both groups (IG and CG) before and after the end of the workshops, following a pre- and post-test dynamic.

 

 

Intervention program

 

 

Only the IG was subjected to the interventions in the form of workshops in a room provided by the institution, where the prison school used to work, with a capacity for approximately 30 individuals. Meetings lasted 2 hours and were held once a week, always mediated by at least one facilitator and two assistants. The CG members maintained their regular institutional routines and did not take part in any kind of activity with the research team during the period of the workshops, apart from the psychological testing before and after the intervention.

The workshops lasted three months. The meetings included experiential moments during which activities were developed intending to promote the participants’ self-concept, empathy and basic values, so that the women’s experiences and life history arouse as learning and reflection devices. Table 1 shows a description of the activities and general objectives of each meeting.

In order to gather qualitative data, participant observation and the construction of a field diary based on the women’s speeches during the workshops were the data collection techniques used. Participant observation is an important tool for understanding the dynamics of the group, giving the researcher a holistic and natural view of the scenario being observed (Alferes et al., 2017).

Information on the women’s mood was collected after each meeting. The activity was carried out at the end, intending to find out their feelings regarding the meetings and after carrying out the activities.

The research was submitted to the Research Ethics Committee of the Federal University of the São Francisco Valley (CEP-UNIVASF), and approved (CAAE: 68528517.2.0000.5196) before any activities began. Workshops began only after the institutional authorization had been granted and participants had signed the Informed Consent Form.

 

Table 1: Activities carried out during the intervention program

 

 

 

Data Analysis

 

 

In this study, a quantitative-qualitative approach was elected to review data in order to allow encompassing more of the complexity of the phenomena studied. Thus, data from the psychometric instruments was tabulated and organized in the Microsoft Excel spreadsheet, version 2016, and analyzed using the Statistical Package for Social Sciences (SPSS), version 22.0, adopting a significance level of p < .05. The Shapiro-Wilk test pointed out that data relating to the scales did not follow a normal distribution and so it was decided to use non-parametric tests to carry out the inferential statistics. In order to apply the inferential tests, only the protocols of the participants who had completely answered all the scales were included. Data from 15 members of the intervention group and 16 of the control group were reviewed.

The qualitative data is the result of the analysis of field diary records, notes and materials produced during the workshops with the participants. It is a description and analysis of subjective aspects perceived and anchored in the current literature on the subject, as an analytical operator. These data reflect the impressions and experiences of the team members who worked directly on the interventions with the participants, and who met periodically to assess the progress of the intervention program.

 

 

Results

 

 

Quantitative analysis

 

 

Table 2 shows the sociodemographic profile and prison history of participants. The majority of the women is self-declared brown, with low levels of schooling, single and sometimes receive visits.

Spearman’s test was used to check for correlations between the dependent and independent variables in this study. It was found that the normative subfunction significantly correlated with prison length (p = .410; p < .001). The normative subfunction correlated positively with general empathy (p = .335; p < .05).

The Kruskal-Wallis test suggested a significant difference in the items satisfaction and happiness (χ2 =12.09; p = .002) and popularity (χ2= 8.82; p = .012), in the sense that women who always receive visits scored higher on these components of the self-concept than those who do not receive visits and those who receive them only sometimes.

The Friedman test showed a difference between the six subfunctions of values when compared to each other. The Wilcoxon test indicated that the existence and normative subfunctions (Z = -0.880; p = .37) do not differ from each other but differ significantly from all the others (all p-values, when comparing the subfunctions two by two, are less than 5%).

With regard to testing the effects of the intervention, the Wilcoxon test did not find any significant variation between the pre- and post-test in any of the components of Empathy, Self-Concept and Basic Values, neither in the intervention group (IG) nor in the control group (CG). In addition, the Mann-Whitney test showed no differences between the IG and CG in the pre- and post-test in any of these variables. Tables 3, 4 and 5 show the mean ranks for Empathy, Self-Concept and Basic Values, depending on the group of participants and the moment of testing.

 

Table 2: Sociodemographic and prison characterization of the participants

 

 

Table 3: Average scores in each dimension of empathy, according to the groups of participants and the moment of testing

 

 

Table 4: Average scores in each dimension of self-concept, according to the groups of participants and the moment of testing

 

 

Table 5: Average scores in each dimension of basic values, according to the groups of participants and the moment of testing

 

 

 

Qualitative analysis

 

 

With regard to the meetings in the Self-concept workshops, photography was the most successful resource, both in the meeting that used the Light Painting technique and in the photography shoot. Light Painting is a photographic lighting technique in which, with the aid of a flashlight, a dark environment and a camera set to long exposure, one can paint whatever they want with the light. This technique raised a lot of interest among the women, especially when it comes to handling the cameras and flashlights and then seeing how the photos turned out.

Once all the bureaucratic steps had been completed and the ethical aspects respected (terms of consent and image rights), the photo shoot was conducted. This was yet another activity that used visual resources, this time for an approach more focused on self-image. At first, participants were reticent about the activity, but this impasse was soon resolved. Most of them had prepared for the day, put on make-up, done their hair, chosen clothes, and the photographs were taken in different environments, and little by little they undressed in front of the cameras. This is not a figure of speech, because little by little they got literally undressed.

Through the photographs, the women raised several questions about how they saw themselves, they talked about the physical changes after imprisonment and how much this process changed their perception of themselves. The discussions focused on accepting one’s own body and seeing it as beautiful, despite the adverse conditions.

In the Empathy workshops, the activities that stood out were those dealing with interpersonal rights and the activity of solving other people’s problems. Among the list of 23 rights that assume a duty in the same direction toward the other, the group chose two as the most important: the right to be treated with respect and dignity, and the right to stopping and thinking before acting.

The right to stopping and thinking before acting facilitated approaching the crimes they had committed, the lack of empathy and, above all, the possibility of changing behavior through reflection. Thinking before acting means pondering before choosing, looking for the most appropriate way to resolve a given situation. Solving the other’s problem seemed like an easy task, but taking on the other’s perspective and solving the problem in the best possible way (for the other) was a challenge for the participating women. Face to face with each other, tears and hugs abounded during this activity. When space was opened for discussion, the women said that they had not yet realized that one woman’s problem was so close to the other’s problem.

In relation to the meetings in the Basic Values workshop, the loss and damage activity differed from the others not because of its adherence, but because it was one of the activities in which women were most resistant. The activity could not advance with so many complaints, so the team had to reorganize it several times to get it done.

The initial activity consisted of writing down the names of some important people in their lives, then saying what they had learned from the person and removing the name of each of them until only one remained. However, they did not want to remove anyone as for them all the names written down mattered. This act showed more about their values than the aim of the proposed activity. The importance of affection and social support emerges, feeling that they are not alone in the world and that there are people they can count on, regardless of successes and/or failures.

Asking women who suffer from the systematic abandonment of their spouses, family, institutions and a large part of society, even if imaginary, to abandon the people who remain with them is, to say the least, incoherent. The persons who remain are often the ones for whom the women say it is worth abandoning the world of crime.

Finally, the use of a technique to start the meetings and connect the women with the workshop environment produced interesting results: it was a moment we called “Journey” in which, with their eyes closed, following a facilitator’s narration, listening to the sound of rain, with the lights dimmed, the women were invited to imagine a place where they would like to be. At the end of the dynamic, many women were lying on the floor in a fetal position, crying. It should be noted that it happened in a place where people are demanded to be strong, never show weakness, a space where the expression of repressed feelings becomes contravening.

Two emotions stood out in the women’s evaluations at the end of the workshops: the first was happiness, which is believed to be linked to the relaxed atmosphere and the emotional exchanges made possible at the meetings. The other emotion was that of being “confused”, thoughtful or distressed, as they verbalized it, which can be considered to be a critical and reflective opening up of their condition.

 

 

Discussions and Conclusion

 

 

The main objective of this study was to evaluate the effects of an intervention program to promote empathy, values and self-concept in incarcerated women from a prison unit in the hinterland of Pernambuco. The efficacy of intervention programs using workshops and other contemplative activities in empirical studies has been proven to promote constructs such as empathy (Dutra, 2020; Rodrigues & Silva, 2012) and self-concept (Coelho et al., 2016) in other populations. Similarly, studies on basic values have confirmed the importance of this construct in predicting behavior (Medeiros et al., 2015; Monteiro et al., 2017).

The data produced from the statistical analyses suggest that there were no significant variations in Empathy, Values and Self-Concept after a period of intervention. These results may be associated with the intervention duration.

Other limitations, such as the use of non-probabilistic samples, the non-use of the recidivism rate and no prior analysis of the levels of psychopathy in the sample, mean that the evidence reported here should be viewed with caution (Amorim-Gaudêncio et al., 2023; Roche et al., 2011). The limitations of psychometric scales when they are applied to participants with low levels of education or in forensic samples (Barnett et al., 2011; Domes et al., 2013) deserve attention.

It should be noted that a considerable barrier to the implementation and enhancement of workshops outcomes was the configuration of the prison environment, which is hostile, rigid, violent and promotes vulnerabilities. Overcrowding, unsuitable structures, unsanitary conditions, recidivism, police violence, drug trafficking, lack of social support are some of the chronic problems of the Brazilian prison system, well known to society(Brazil, 2016). The prison where this research was carried out was even nicknamed by Santos and Rios (2018) as a “cortiço-prisão” (hovel-prison) precisely because of the structural, sanitary and humanitarian deficits found in the establishment, positioning it as a “jerry-rigged of the (Brazilian) legal-criminal system”.

There is a pressing need to review structural aspects of our justice and public security system, especially those supportive to the process of social reintegration. Being imprisoned is far more than losing freedom, as imprisonment engenders many vulnerabilities. The collateral repercussions of deprivation of liberty are sometimes more serious than the sentence (Giacóia et al., 2011).

A qualitative analysis - based on the activities developed in the workshops in line with the current literature on the subject - suggests that the space designed is in a position to promote cultural, recreational and artistic activities that are so important for the resocialization process. Dialogical spaces such as those created during the interventions are capable of encouraging the inmates to identify and recognize problems with their self-esteem and to rethink their attitudes (Barnett et al., 2011; Echeburúa & Fernández-Montalvo, 2007), contributing toward raising awareness about their rights (Maciel, 2018; Silva, 2018) and bringing new meanings to the experience of serving their sentence from a non-punitive perspective.

Having the chance to re-read their life story through the crossings provided by the meetings and being affected by this opens up a great parallel to rethink sensitive points aiming at promoting the social reintegration of these women. This is an important axis of discussion that deals with how to endow the sentence of deprivation of liberty with more humanistic configuration, transforming it into an emancipatory rather than just punitive sentence (Andrade & Vilas Boas, 2019; Maciel, 2018; Silva, 2018).

By the end of the workshops, the prominence of feelings of distress reported by participants when asked to express their emotions may suggest that the meetings succeeded in bringing about potential cognitive-affective and, consequently, behavioral changes. This finding is in agreement with the considerations by Andrade and Vilas Boas (2019), who point out that the actions developed in these spaces go beyond the physical contours of the workshops, expanding into the lives of all the actors involved, promoting behavioral changes and enabling individuals to have autonomy and criticality over their own being. Likewise, dialogical spaces are capable of promoting mental health and care (Ireland & Lucena, 2013).

Working with psychological constructs in workshops in the prison environment implied addressing aspects of everyday life. As such, it is not just a matter of teaching concepts or describing them academically. It means that the very experience of these women was pedagogical, evidencing how important these themes are for their functional development (Ireland & Lucena, 2013).

The methodologies used in the workshops align the participating women with their context, preparing them for life and its hardships, rescuing their sense of self-worth and belonging. It gives these women the chance to get rid of stereotypes and stigmas rooted in their historical condition, and to build new and more functional concepts about themselves and less painful experiences in the world (Bagio et al., 2018; Gohn, 2006; Spink et al., 2014).

The workshops were configured as a non-formal learning space enabled in prison, based on the historicity of these individuals. These spaces were also able to empower incarcerated women to become citizens of the world, in the world, envisioning other ways of being and perceiving the world around them and in their social relationships (Gohn, 2006).

The main contributions of the workshops include: offering incarcerated women a pedagogical and welcoming space, with contingencies very different from the prison environment, through which they were encouraged to experience their emotions and feelings, talk openly about their experiences, expose their doubts, fears, aspirations and anxieties.

The non-statistically significant results may well reflect the fact that the scales did not capture the subjective components of empathy, self-concept and values in the population studied, emphasizing the importance of integrating quantitative and qualitative data in order to understand the phenomenon in a more comprehensive way. Methodological strategies relevant to the participants’ schooling profile should be used.

The assessment and promotion of self-concept, empathy and basic values can potentially drive the processes of psychological intervention in prison, and subsidize penal outcomes. This dynamic process should consider the multidimensionality of variables and the complexity of the prison population. The instruments should be able to measure these traits, properly reflecting the objective of the assessment and the proposed interventions (Barnett et al., 2011; Echeburúa & Fernández-Montalvo, 2007; Loinaz et al., 2018). There is also a need for other researchers to look into the development and testing of assessment and intervention methodologies that fit into the reality of these people, bringing empirical-theoretical contributions and subsidizing other interventions in this type of scenario.

 

 

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Data availability: The dataset that supports the results of this study is available on the Open Science Framework (https://osf.io/snw4t/files/osfstorage).

 

Funding: This project received support from the Foundation for the Support of Science and Technology of the State of Pernambuco (Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco, FACEPE) and the Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES).

 

How to cite: Pereira, E. F. M., Sampaio, L. R., & Anacleto, F. N. A. (2023). Promotion of empathy, self-concept and basic values: an intervention in a female prison. Ciencias Psicológicas, 17(2), e-2823. https://doi.org/10.22235/cp.v17i2.2823

 

Authors’ participation: a) Conception and design of the work; b) Data acquisition; c) Analysis and interpretation of data; d) Writing of the manuscript; e) Critical review of the manuscript.

P. P. C. has contributed in a, b, c, d, e; L. R. in a, b, c, d, e; F. S.-C. in a, c, d, e.

 

Scientific editor in-charge: Dra. Cecilia Cracco.