10.22235/cp.v17i1.2695

Artigos Originais

Efeitos do programa Promove-Casais para a conjugalidade, parentalidade, saúde mental e comportamentos infantis

The effects of the Promove-Casais program on conjugality, parenting, mental health, and child behavior

Efectos del programa Promove-Casais para la conyugalidad, la paternidad, la salud mental y el comportamiento de los niños

 

Flaviane Izidro Alves de Lima Ferraz1, ORCID 0000-0002-2899-6466

Alessandra Turini Bolsoni-Silva2, ORCID 0000-0001-8091-9583

 

1 Psicologia Lima e Ferraz LTDA, Brasil, [email protected]

2 Universidade Estadual Paulista, Brasil

 

Resumo:

Este estudo teve por objetivo descrever os efeitos do Promove-Casais, para o relacionamento conjugal, parentalidade, comportamentos infantis e saúde mental. Participaram do estudo cinco casais no grupo experimental (GE) e quatro no grupo controle (GC), que foram aleatoriamente distribuídos. Os participantes responderam a instrumentos sobre as variáveis de interesse do estudo. Os resultados permitiram afirmar sobre a efetividade da intervenção pois o relacionamento positivo (comunicação, afeto, autocontrole), a satisfação conjugal, as interações positivas pais-filhos e as habilidades sociais infantis melhoraram após a intervenção no GE, bem como o relacionamento conjugal negativo, as interações negativas pais-filhos e os problemas de comportamento reduziram após a intervenção. Estes resultados se mantiveram nas avaliações de seguimento. No GC não se verificaram alterações. Conclui-se que o Promove-Casais é um programa que pode ser aplicado na prevenção e na remediação de problemas interacionais no âmbito familiar, promovendo melhor qualidade de vida e saúde mental.

Palavras-chave: relacionamento conjugal; relacionamento parental; saúde mental; habilidades sociais; problemas de comportamento; terapia analítico comportamental.

 

Abstract:

This study describes the effects of the Promove-Casais program on marital relationships, parenting, child behavior, and mental health. Nine couples were randomly assigned to two groups: five to the experimental group (EG) and four to the control group (CG). The participants completed the instruments measuring this study’s variables of interest. The results indicate the intervention was effective because, after the intervention, the experimental group more frequently experienced positive relationships (improved communication, affection, and self-control), positive parent-child interactions, and improved marital satisfaction and children’s social skills, while negative marital relationships, negative parent-child interactions, and problem behaviors subsided; these results remained in the follow-up. On the other hand, the CG experienced no such changes. The conclusion is that Promove-Casais can be implemented to prevent and remediate interactional problems within the family, promoting improved quality of life and mental health.

Keywords: marital relationship; parent-child relationships; mental health; social skills; behavior problems; Behavioral Analytic Therapy.

 

Resumen:

Este estudio tuvo como objetivo describir los efectos del programa Promove-Casais para la relación matrimonial, la paternidad, el comportamiento de los niños y la salud mental. Cinco parejas participaron en el estudio en el grupo experimental (EG) y cuatro en el grupo de control (CG), los que fueron distribuidos aleatoriamente. Los participantes respondieron a los instrumentos sobre las variables de interés en el estudio. Los resultados permiten afirmar la efectividad de la intervención al encontrarse que la relación positiva (comunicación, afecto, autocontrol), la satisfacción conyugal, las interacciones positivas entre padres e hijos y las habilidades sociales de los niños mejoraron después de la intervención en el EG. Además, la relación conyugal negativa, las interacciones negativas entre padres e hijos y los problemas de comportamiento se redujeron después de la intervención. Estos resultados se mantuvieron en las evaluaciones de acompañamiento. No hubo cambios en el CG. Se concluyó que el Promove-Casais es un programa que mejora la calidad de vida y salud mental y que puede ser aplicado en la prevención y la reconciliación de problemas de interacción dentro de la familia.

Palabras clave: relacionamiento conyugal; relacionamiento parental; salud mental; habilidades sociales; problemas de comportamiento; terapia analítica comportamental.

 

Recebido: 6/10/2021

Aceito: 18/5/2023

 

 

O estudo da conjugalidade é relevante porque as relações conjugais são complexas e conflitos conjugais podem prejudicar a saúde mental do casal (Durães et al., 2020) e de filhos (Mark & Pike, 2017). São múltiplos os fatores que podem interferir na conjugalidade e na satisfação conjugal, incluindo variáveis sociodemográficas (Durães et al., 2020; Rady et al., 2021), vida financeira (Wagner et al., 2019), parentalidade (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Hosokawa & Katsura, 2017), comportamentos infantis (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Mark & Pike, 2017) e saúde mental (Choi & Jung, 2021; Hsiao, 2017). Há evidências quanto à qualidade da comunicação positiva, da baixa ocorrência de comunicação negativa, do afeto positivo e de estratégias de resolução de problemas para a qualidade e satisfação conjugal (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Kazim & Rafique, 2021). Apresentam-se algumas investigações que exemplificam tais relações.

Em estudo de revisão, para avaliar preditores de satisfação conjugal em relacionamentos individuais e coletivos, Kazim e Rafique (2021) verificaram que é universal para a satisfação conjugal o amor romântico, a intimidade, a comunicação interpessoal, a inteligência emocional, a resolução de conflitos, expectativas quanto ao relacionamento, a confiança e o compromisso, a autonomia, a gratidão, compartilhar tempo de lazer, e suporte social. Wagner et al. (2019) estudaram 750 homens e 750 mulheres brasileiras quanto aos estilos de resolução de problemas para a qualidade conjugal, podendo constatar que estratégias construtivas de resolução de problemas foram preditivas de boa qualidade conjugal, bem como a presença de estratégias para lidar com questões financeiras, tarefas domésticas e tempo que o casal passa junto. A insatisfação conjugal costuma ser mais indicada por mulheres que por homens (Durães et al., 2020; Rady et al., 2021).

Adicionalmente, a chegada de filho(s) requer ajustes do casal às novas tarefas e quanto maior o número de filhos, maior podem ser os conflitos, e aumento dos indicadores de ansiedade e de insatisfação mas, por outro lado, também gera a oportunidade de desenvolver responsabilidade e trabalho em equipe (Durães et al., 2020). Adicionalmente, tais conflitos podem aumentar o risco de uso de práticas negativas, as quais influenciam na ocorrência de problemas comportamentais (Hosokawa & Katsura, 2017).

Ao analisar os relatos de 2931 mães japonesas de crianças entre 5 e 6 anos de idade, Hosokawa e Katsura (2017), tendo por foco analisar relações entre a comunicação conjugal, parentalidade e comportamentos infantis, verificaram que conflitos conjugais e práticas negativas de educação foram associadas diretamente e influenciaram em baixos escores de habilidades sociais infantis. Adicionalmente, as práticas negativas mediaram a relação entre conflito parental e comportamentos de cooperação e autocontrole infantis. Por outro lado, as relações conjugais construtivas foram associadas positivamente com as práticas positivas e comportamento de autocontrole. Os autores concluem que conflitos conjugais destrutivos e construtivos podem influenciar desenvolvimento de habilidades sociais das crianças por meio da mediação de práticas parentais.

Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de Bolsoni-Silva e Loureiro (2020a), com delineamento caso-controle, tendo por amostra 35 mães com depressão e 35 mães sem depressão de crianças pequenas brasileiras. Verificou-se que a depressão foi associada ao relacionamento conjugal e parentalidade. As práticas positivas foram diretamente associadas às habilidades sociais infantis e as práticas negativas com problemas de comportamento. Além disso, em regressão linear, verificou-se que a depressão, o déficit de relacionamento conjugal positivo e satisfação conjugal, bem como o excesso de conflitos conjugais influenciaram a ocorrência de problemas de externalização. Adicionalmente, crianças com problemas de internalização e externalização em comorbidade apresentavam menos habilidades sociais, viviam em famílias com mais problemas conjugais, práticas negativas e depressão materna, bem como menos relacionamento conjugal positivo e práticas educativas positivas.

A associação entre satisfação conjugal e sintomas depressivos de 1264 casais coreanos de crianças pequenas foi examinada por Choi e Jung (2021). Os casais relataram sobre satisfação e depressão em três momentos ao longo de quatro anos. Os resultados mostraram não haver diferenças entre gêneros, mas foram observadas relações diretas entre problemas conjugais e depressão. Os autores indicam que terapias de casais rastreiem tanto sintomas depressivos de ambos os parceiros como os problemas conjugais existentes.

Vafaeenejad et al. (2018), em revisão sistemática da literatura, identificaram que tanto a depressão quanto o estresse parental podem prejudicar o relacionamento conjugal, bem como verificaram que depressão e ansiedade parental aumentavam a chance de parentalidade negativa e de maus tratos das crianças. Portanto, há evidências de que problemas na conjugalidade podem favorecer a depressão e a parentalidade negativa, bem como que a depressão pode aumentar a probabilidade de conflitos conjugais e de práticas negativas de educação.

Bolsoni-Silva e Loureiro (2019), com uma amostra de 151 mães biológicas brasileiras, constataram que tanto déficits no uso de práticas educativas positivas, quanto o excesso no uso de práticas negativas diferenciou os grupos quanto ao relacionamento conjugal diretamente relacionado à parentalidade, mostrando baixos escores em consistência, comunicação positiva e negociação, especialmente quanto a ouvir opinião, mudar de comportamento, concordar quanto às práticas parentais e desculpar-se. Greenlee et al. (2022), ao estudarem longitudinalmente 188 pais de crianças autistas, verificaram que os casais apresentavam conflitos e insatisfação porque terem opiniões divergentes de como lidar com os comportamentos infantis.

Sumarizando, encontram-se diversas relações quanto às variáveis mencionadas: (a) relacionamento conjugal harmonioso e ocorrência de habilidades sociais infantis (Hosokawa & Katsura, 2017; Mark & Pike, 2017); (b) práticas positivas diretamente relacionadas às habilidades sociais infantis (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2019; Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Hosokawa & Katsura, 2017); (c) problemas de comportamento e excesso de práticas negativas (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2019; Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Greenlee et al., 2022; Vafaeenejad et al., 2018); (d) ocorrência de problemas de comportamento e problemas no relacionamento conjugal (Greenlee et al., 2022; Mark & Pike, 2017; Tomfohr-Madsen et al., 2020); (f) a depressão materna aumenta a probabilidade de uso de práticas negativas (Vafaeenejad et al., 2018; Zalewski et al., 2017); (g) a depressão prejudica o relacionamento conjugal (Vafaeenejad et al., 2018); (h) insatisfação conjugal influencia a saúde mental do casal (Rathgeber et al., 2019) e dos filhos (Greenlee et al., 2022; Rathgeber et al., 2019).

Tendo tais achados na literatura a proposição e avaliação de intervenções junto a casais torna-se relevante do ponto de vista social e científico, bem como a análise de seus efeitos para a parentalidade, saúde mental e comportamentos infantis.

Encontram-se documentados estudos para promover bom relacionamento conjugal. Fentz e Trillingsgaard (2016) a fim de investigar os efeitos do Relationship Checkup com orientação para casais realizaram uma revisão sistemática da literatura entre os anos de 1995 e 2015 e analisaram 12 estudos de ensaios clínicos randomizados. As intervenções tiveram como foco pontos fortes e pontos que precisavam ser melhorados, comportamentos agressivos, fatores de risco, história do relacionamento, trabalho e fé. Os autores concluíram que todas as intervenções produziram efeitos positivos no relacionamento conjugal, com manutenção no seguimento de seis meses. No entanto, apenas cinco delas informava sobre os filhos e apenas três avaliaram saúde mental do casal.

Tanto na opinião de Durães et al. (2020) como na de Doss et al. (2022) as intervenções de casais precisam reduzir o sofrimento através da promoção de aceitação, intimidade, comunicação positiva/construtiva e mudança de comportamento. É de se esperar, portanto, de que as intervenções ao ajudarem a melhorar o relacionamento conjugal podem favorecer melhores interações na parentalidade e nos comportamentos infantis (Greenlee et al., 2022; Tomfohr-Madsen et al., 2020).

Baucom et al. (2018) verificaram efeitos de uma intervenção com 63 casais ingleses, em que um deles apresentava depressão. Foi ensinado comunicação eficaz, o que tanto melhorou os indicadores de satisfação para ambos os parceiros, bem como reduziu indicadores de depressão para a pessoa que o apresentava, indicando que o relacionamento conjugal é uma das variáveis relevantes para a ocorrência da depressão. Durães et al. (2020) interviram com 34 casais brasileiros quanto ao ensino de habilidades de comunicação, resolução de problemas, expectativas quanto ao casamento e empatia; após a intervenção houve aumento de habilidades sociais conjugais e redução de indicadores de ansiedade e depressão.

Na opinião de Doss et al. (2022) ainda que se tenha avançado na terapia de casais, ainda são poucas as investigações sobre tratamentos para os problemas conjugais se comparados com outras áreas da psicoterapia. Desse modo, pelo identificado até o momento, parece relevante elaborar e aplicar intervenções com casais de forma a promover comportamentos de afeto, comunicação, controle do estresse, regulação emocional e resolução de problemas, bem como verificar os efeitos para a parentalidade, comportamentos infantis e saúde mental do casal.

 

 

Objetivo

 

 

Descrever os efeitos de uma terapia analítico-comportamental, denominada Promove-Casais, para o relacionamento conjugal positivo, negativo e satisfação conjugal, bem como para a parentalidade, comportamentos infantis e saúde mental do casal.

 

 

Método

 

 

Delineamento

 

 

Adotou-se um delineamento experimental (Cozby, 2014) que se caracteriza pela distribuição aleatória dos participantes em dois grupos: um grupo exposto a uma condição de intervenção e um grupo exposto a uma condição de não intervenção. Foi utilizada a amostragem não probabilística denominada amostragem acidental ou por conveniência (Cozby, 2014). No presente estudo, o grupo exposto a condição de intervenção foi denominado de grupo experimental (GE) e o grupo exposto a condição de não intervenção recebeu o nome de grupo controle (GC). Os participantes foram distribuídos em cada grupo por meio de um sorteio simples. Cada casal recebeu um número (de um a nove), numa caixa foram colocados pedaços de papel nos quais os números referentes aos casais foram escritos. O primeiro papel retirado resultou na alocação do primeiro casal no GE, o segundo no GC e assim sucessivamente. O GE foi constituído por cinco casais (cinco homens e cinco mulheres) e o GC por quatro casais (quatro homens e quatro mulheres). Os grupos foram comparados (Teste de Mann-Whitney) quanto ao repertório de entrada, mostrando-se equivalentes em todas as medidas de interesse do estudo (Tabela 1).

 

Tabela 1: Comparação entre grupo experimental e grupo controle quanto aos resultados de conjugalidade, parentalidade, comportamentos infantis, ansiedade e depressão, antes da intervenção (Teste Mann-Whitney)

 

 

Notas: IHSC: Inventário de Habilidades Sociais Conjugais; QRC: Questionário de Relacionamento Conjugal; BAI: Inventário de Ansiedade de Beck; BDI: Inventário de Depressão de Beck; CBCL: Child Behavior Checklist; QRSH-Pais: Questionário de Respostas Socialmente Habilidosas (versão pais); RE-HSE-P: Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas Parentais; GE: grupo experimental; GC: grupo comparação; M: média; DP: desvio padrão.

 

 

Aspectos éticos

 

 

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) na universidade em que está vinculado (CAAE: 55268216.9.0000.5398). Também foram entregues cartilhas com o conteúdo trabalhado nos encontros para todos os participantes e após seis meses de seguimento foram realizadas entrevistas devolutivas. Ao GC foi oferecida intervenção após o término com GE.

 

 

Participantes

 

 

Participaram do estudo nove casais, todos constituídos por um homem e por uma mulher, perfazendo o total de 18 participantes (cinco casais no GE e quatro casais no GC). Os critérios para a seleção da amostra foram: os participantes deveriam ser casados legalmente ou viverem em união estável por, no mínimo, dois anos; possuírem, pelo menos, um filho, do sexo masculino ou feminino, com até 11 anos de idade sem diagnóstico de deficiência física/cognitiva (conforme informação fornecida pelos pais); não poderiam realizar atendimento psicológico e/ou psiquiátrico simultaneamente ao período da coleta de dados (ambos os cônjuges e seus filhos) e deveriam ter disponibilidade para comparecer juntos a todos os atendimentos.

No GE, a idade dos homens variou entre 34 e 45 anos, com média de 38,6 anos, enquanto a idade das mulheres variou entre 27 e 37 anos, com média de 33 anos. O tempo de escolaridade variou de 11 a 16 anos, com média de 14 anos. O tempo de união dos casais variou de quatro a 19 anos, com média de 8,8 anos. A renda em salários-mínimos (SM) variou de três a seis, com média de 4,46 SM. De acordo com o Critério de Classificação Econômica Brasileira (ABEP, 2014), os participantes enquadram-se nas classes econômicas B2 e B1, denominadas como classe média. O número de filhos variou entre um e três (quatro do sexo masculino e um do sexo feminino), com média de 1,6. A idade dos filhos variou entre três e 10 anos, com média de 5,6 anos.

No GC, a média da idade dos homens variou entre 27 e 41 anos, com média de 34,75 anos, enquanto a idade das mulheres variou entre 30 e 45 anos, com média de 35,75 anos. O tempo de escolaridade variou de 11 a 18 anos, com média de 15,25 anos. O tempo de união dos casais variou de cinco a 19 anos, com média de 8,75 anos. A renda em salários-mínimos (SM) variou de 1,6 a 1,7, com média de 3,5 SM. De acordo com o Critério de Classificação Econômica Brasileira (ABEP, 2014), os participantes enquadram-se nas classes econômicas B2 e B1, denominadas como classe média. Todos os casais possuíam apenas um filho (três do sexo feminino e um do sexo masculino). A idade dos filhos vaiou entre dois e oito anos, com média de 4,5 anos.

Quanto ao local de trabalho, com exceção de um homem do GE e uma mulher do GC que faziam home office e uma mulher do grupo controle que era do lar, todos os demais participantes trabalhavam fora de casa. Durante o período de realização dos encontros, as participantes mulheres de ambos os grupos relataram serem as principais cuidadoras das crianças e principais responsáveis pelo gerenciamento da residência familiar, embora recebessem constante ajuda de seus cônjuges. A idade e o tempo de escolarização foram equivalentes entre os grupos (em ambos p = ,905 Teste Mann-Whitney) e o mesmo ocorreu entre tempo de união, renda, número de filhos e idade dos filhos (p = ,730, p = ,286; p = 0,413, p = ,730, respectivamente Teste Mann-Whitney).

 

 

Percurso amostral

 

 

Os participantes que constituíram a amostra foram selecionados a partir da divulgação, em veículos de comunicação (jornal virtual e televisivo, rádio AM/FM, redes sociais), em dois momentos diferentes. O primeiro momento ocorreu no mês de abril de 2016 e, o segundo, no mês de novembro de 2016. Com as duas divulgações houve o retorno de 33 casais interessados, dentre os quais somente nove participaram efetivamente do estudo ao aplicar os critérios de inclusão.

 

 

Materiais e programa

 

 

O programa aplicado está publicado em Bolsoni-Silva (2010) com o título “Intervenção em Grupo para casais: descrição do procedimento analítico-comportamental”, atualmente denominado de Promove-Casais. O programa faz uso de uma cartilha (Bolsoni-Silva, 2009), recentemente editada e publicada pela Editora Juruá (Bolsoni-Silva, 2019) com o título “Relacionamento conjugal: quais comportamentos são importantes?”. A intervenção foi realizada semanalmente em um laboratório de uma universidade pública, com variação entre 10 e 12 encontros para o desenvolvimento das temáticas norteadoras, com duração entre 1 h 30 min e 2 h cada. Tais encontros foram conduzidos pela própria pesquisadora. Os casais que compuseram o grupo experimental foram atendidos separadamente e, desse modo, foram conduzidas 5 intervenções simultaneamente.

O Promove-Casais foi aplicado entre 10 e 12 encontros de 1.30 a 2 h de duração, e ensinou a cada casal participante as habilidades de comunicação positiva, expressão de afeto, solução de problemas, habilidades sociais de enfrentamento, como expressar sentimento negativo, opiniões divergentes, negociar e lidar com críticas. Todos os encontros foram precedidos por entrevistas iniciais de ambos os cônjuges juntos e em separado com duração aproximada de duas horas, de forma a ter uma formulação de caso de cada participante, com objetivos específicos de intervenção. O programa é baseado na terapia comportamental que utiliza procedimentos de formulação de casos na linha de base, análise funcional como tratamento, modelagem, modelação, tarefas de casa, resolução de problemas e role-playing. A terapia comportamental é uma forma de prestação de serviço que utiliza a teoria da análise do comportamento e do conhecimento acumulado, através das pesquisas básicas e aplicadas, para resolver problemas humanos. Destaca-se que a avaliação e a intervenção têm como principal instrumento a análise funcional (Abreu & Abreu, 2017).

 

 

Instrumentos

 

 

Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC; Villa & Del-Prette, 2012) é um instrumento de autorrelato que avalia o repertório de habilidades sociais específicas no contexto conjugal do respondente. Ele é composto por 32 itens que abordam situações dos comportamentos sociais do relacionamento conjugal, apresentando um escore total (avaliação geral do repertório de habilidades sociais conjugais) e cinco fatores (F1-expressividade/empatia, F2-autoafirmação assertiva, F3-autocontrole reativo, F4- autocontrole proativo, F5-conversação assertiva). O coeficiente alpha variou de 0,85 a 0,42. Del Prette et al. (2008) demonstrou estabilidade temporal do instrumento.

Questionário de Relacionamento Conjugal (QRC; Bolsoni-Silva, 2010) é um instrumento validado (artigo submetido) e avalia, em escalas tipo Likert, seis conjuntos de informações: definição do(a) parceiro(a), expressividade de carinho entre os parceiros(as), comunicação estabelecida entre o casal, identificação de características positivas e negativas do(a) parceiro(a) e avaliação do relacionamento conjugal. A fidedignidade teste/re-teste, obtida com dados de 12 casais e um mês de intervalo entre as aplicações, foi de 0,84 para as mulheres e 0,94 para os homens (rho de Spearman, p < 0,05). O alpha foi de 0,871, o instrumento diferencia resposta de homens e de mulheres.

Inventário de Ansiedade de Beck (BAI; Beck et al., 1988, validado por Cunha, 2001). O instrumento é composto por 21 itens relativos à sintomas de ansiedade. Os escores variam entre zero e 63 e são divididos em cinco níveis: dentro do limite mínimo de ansiedade (zero a 10), ansiedade leve (11 a 19), ansiedade moderada (20 a 30) e ansiedade severa (31 a 63). Para o presente estudo, os níveis de ansiedade mínimo e leve foram considerados não clínicos, enquanto os níveis moderado e severo foram considerados clínicos. A escala apresenta boa consistência interna com alfa de Cronbach de 0,92 e correlação teste e reteste com variação entre 0,53 e 0,56 e uma faixa de correlação de cada item com variação entre 0,30 e 0,71. A validade convergente por correlação com o IDATE mostra-se significativa, com r = 0,78 na correlação com o aspecto Traço e com r = 0,76 na correlação com o aspecto Estado.

Inventário de Depressão de Beck (BDI; Beck et al., 1961, validado por Cunha, 2001). É uma escala de autorelato composta por 21 itens relativos à sintomas de depressão que possui quatro possibilidades de respostas numeradas de zero a três que descrevem os comportamentos (atitudes, pensamentos e sentimentos) considerados sintomas de depressão. Os escores variam entre zero e 63 e são divididos em cinco níveis: dentro do limite mínimo (zero a 11), depressão leve (12 a 19), depressão moderada (20 a 35) e depressão severa (36 a 63). Para o presente estudo, os níveis mínimo e leve de ansiedade foram considerados não clínicos, enquanto os níveis moderado e severo foram considerados clínicos. O instrumento tem teste-reteste com variação entre 0,48 a 0,86 e discrimina grupos com sintomas de depressão, com queixas físicas e sem queixas especificas, indicando evidências de validade discriminante.

Child Behavior Checklist (CBCL; Achenbach & Rescorla, 2001, validado por Bordin et al., 2013) possui duas versões que podem ser respondidas por pais ou cuidadores de crianças e adolescentes. A versão brasileira do CBCL apresentou uma boa sensibilidade (87 %), identificou corretamente 75 % dos casos leves de problemas de comportamento, 95 % dos moderados e 100 % dos casos graves. O CBCL tem se mostrado eficaz para a quantificação das respostas parentais sobre o comportamento dos filhos (Bordin et al., 2013). No presente estudo foi utilizada a versão para crianças com um ano e meio e cinco anos de idade que é composta por 99 itens. Também foi utilizada a versão para crianças e adolescentes de seis a 18 anos que é composta por 118 itens. O instrumento permite obter escores de problemas internalizantes, externalizantes e total. No presente estudo, esse instrumento foi respondido tanto pelos pais quanto pelas mães das crianças, tendo sido consideradas clínicas as categorias “limítrofe” e “clínica”, enquanto a categoria “normal” foi considerada não clínica, conforme instrução do próprio instrumento.

Questionário de Respostas Socialmente Habilidosas (QRSH-Pais). É um instrumento validado por Bolsoni-Silva e Loureiro (2020b) que apresenta bons resultados no tocante à validade discriminativa, de construto, discriminativa, concorrente e preditiva, com alfa de Cronbach de 0,94. É uma escala do tipo Likert de três pontos composto por uma lista de itens referentes a habilidades sociais de crianças, é de uso livre. O instrumento apresenta ponto de corte para indicador de problemas de comportamento, com base em indicadores de Curva Roc.

Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas (RE-HSE-P; Bolsoni-Silva et al., 2016). O instrumento avalia interações positivas e negativas estabelecidas entre pais e filhos. É um instrumento que apresenta bons indicadores de validade discriminante, de construto e fidedignidade teste-reteste, bem como apresenta consistência interna com alfa de Cronbach de 0,846 para os 70 itens avaliados e confiabilidade com alfa de 0,846. Possui dois fatores: Total Positivo (habilidades sociais educativas, habilidades sociais infantis e de contexto) e Total Negativo (práticas educativas negativas e problemas de comportamentos). O instrumento também investiga dados demográficos dos participantes como número e idade dos filhos, grau de escolaridade, estado civil, renda familiar, emprego e trabalho.

 

 

Procedimentos de coleta de dados

 

 

Após aprovação do comitê de ética e da divulgação do trabalho, para os participantes interessados, foi conduzida uma entrevista individualmente com cada um dos casais. Em um segundo momento, cada cônjuge foi entrevistado separadamente. Os participantes, nessa ocasião, foram informados sobre o programa e pesquisa e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Na sequência, uma nova sessão foi conduzida para a aplicação dos instrumentos previamente descritos. Todos os instrumentos foram aplicados antes da intervenção (pré-teste do GE e sonda 1 do GC), após cinco encontros (medida intermediária), após a intervenção (pós-teste do GE e sonda 2 do GC) e no seguimento após seis meses do término dos atendimentos no GE.

 

 

Tratamento e análise de dados

 

 

Os dados dos instrumentos foram tabulados conforme instruções próprias e os grupos GE e GC foram comparados nas diferentes medidas (Teste de Wilcoxon).

 

 

Resultados

 

 

Os resultados estão organizados de forma a apresentar as comparações nos Grupos experimental (GE) e controle (GC) quanto às medidas de relacionamento conjugal (Tabelas 2, 3), e indicadores de saúde mental (ansiedade, depressão), comportamentos infantis (problemas de comportamento, habilidades sociais) e relacionamento pais-filhos (Tabela 4).

De acordo com a Tabela 2, que com exceção do fator 4 (autocontrole proativo), todas as demais medidas do IHSC tiveram melhora estatisticamente significativa nas diversas medidas (intermediária e pós-teste), com manutenção na medida de seguimento, demonstrando aumento do relato quanto à expressidade/empatia, autoafirmação assertiva, autocontrole reativo e conversação assertiva, o que levou à aumento também no escore total do instrumento. No grupo controle não houve qualquer mudança.

Os resultados expressos na Tabela 3 demonstram que na medida intermediária e após a intervenção houve aumento do relato quanto à comunicação positiva, bem como redução da comunicação negativa, no grupo experimental; a frequência e a diversidade de afeto positivo também aumentaram e a diversidade de afeto negativo reduziu, considerando as medidas de pós-teste e seguimento. Adicionalmente, o escore de satisfação conjugal aumentou entre pré e pós-teste. No grupo controle não houve qualquer mudança.

De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os indicadores de ansiedade e de depressão reduziram estatisticamente nas medidas intermediárias e de pós-teste, com manutenção dos resultados nas avaliações de seguimento. De maneira complementar considerando os pontos de corte dos instrumentos BAI e BDI, quanto aos indicadores de ansiedade, apenas dois participantes do grupo experimental e dois do grupo controle apresentavam escores clínicos na medida inicial e, após a intervenção, os participantes do grupo experimental deixaram de pontuar como clínicos no instrumento e no grupo controle os indicadores permaneceram. Quanto aos indicadores de depressão no BDI, cinco participantes do grupo experimental e três do grupo controle pontuaram como clínicos na primeira avaliação e, após a intervenção, no grupo experimental todos deixaram de pontuar e no grupo controle, os três permaneceram com escores clínicos para depressão. 

A avaliação dos problemas de comportamento pelo CBCL também indicou melhora estatisticamente significativa no grupo experimental, mas não no grupo controle, indicando redução dos escores de problemas externalizantes, internalizantes e totais dos filhos. No entanto, também nessa medida apenas poucas crianças pontuavam como clínicas na primeira avaliação, sendo no grupo experimental duas externalizantes, três internalizantes e duas para problema total e, no grupo controle, apenas duas para problemas internalizantes e uma para problemas totais. De acordo com esse critério, após a intervenção, apenas uma criança, no grupo experimental, permaneceu com escores clínicos para problemas externalizantes, internalizantes e total, enquanto no grupo controle houve piora, pois na medida de Sonda 2, três crianças pontuaram em problemas internalizantes e 2 em externalizantes.

O escore de habilidades sociais infantis aumentou estatisticamente após a intervenção no grupo experimental, com manutenção na avaliação de seguimento, o que não foi verificado no grupo controle. Quanto às medidas de práticas educativas, no grupo experimental houve aumento das medidas de total positivo e redução de frequência de total negativo, com manutenção dos resultados no seguimento. No grupo controle não houve mudança.

 

Tabela 2: Resultados do Teste de Wilcoxon referente aos indicadores do IHSC dos grupos experimental e controle

 

 

Notas: Pré: pré-teste; Int: medida intermediária; Pós: pós-teste; Seg: seguimento; M: média; DP: desvio padrão.

 

Tabela 3: Resultados do Teste de Wilcoxon referente aos indicadores do Questionário de Relacionamento Conjugal dos grupos experimental e controle

 

 

Notas: Freq: frequência; Pré: pré-teste; Int: medida intermediária; Pós: pós-teste; Seg: seguimento; M: média; DP: desvio padrão.

 

Tabela 4: Resultados do Teste de Wilcoxon referente aos indicadores de saúde mental, comportamentos infantis e práticas educativas dos grupos experimental e controle

 

 

Notas: Freq: frequência; Pré: pré-teste; Int: medida intermediária; Pós: pós-teste; Seg: seguimento; M: média; DP: desvio padrão.

 

 

Discussão

 

 

O presente trabalho descreve uma terapia comportamental (Abreu & Abreu, 2017) desenvolvida para casais (Promove-Casais), com o objetivo de verificar efeitos para o relacionamento conjugal, parentalidade, comportamentos infantis e saúde mental. Os resultados demonstraram aquisição comportamental de comunicação positiva, afeto, autocontrole e resolução de problemas bem como redução de comunicação negativa e afeto negativo, os indicadores de satisfação conjugal aumentaram após a intervenção, melhoraram os indicadores de parentalidade positiva, habilidades sociais infantis e saúde mental e, adicionalmente, reduziram as interações pais-filhos negativas e os problemas de comportamento. Tais achados ocorreram apenas no grupo experimental, com manutenção nas medidas de seguimento. Os grupos controle e experimental eram equivalentes nas medidas iniciais e, então, as melhoras verificadas podem ser atribuídas ao procedimento de intervenção.

Após a intervenção os casais desenvolveram habilidades de comunicação construtiva, de afeto e resolução de problemas, o que impactou na satisfação conjugal (Durães et al., 2020; Kazim & Rafique, 2021; Wagner et al., 2019). Os resultados deste estudo concordam com outros trabalhos em terapia de casais (Doss et al., 2022; Durães et al., 2020; Fentz & Trillingsgaard, 2016), demonstrando que a melhoria da comunicação, afeto e resolução de problemas reduzem conflitos, melhorando a qualidade do relacionamento conjugal, bem como a satisfação.

Quanto aos indicadores de depressão e ansiedade parte da amostra do grupo experimental e controle pontuavam como clínicos para ansiedade (20 % e 25 % respectivamente) e depressão (50 % e 37,5 %, respectivamente) nas medidas iniciais, o que referenda autores que demonstraram a relação entre conflito conjugal e problemas de saúde mental (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Choi & Jung, 2021; Hsiao, 2017; Vafaeenejad et al., 2018). No entanto, por estes resultados não se pode afirmar que necessariamente casais com problemas conjugais que buscam por atendimento apresentam problemas de saúde mental, o que é semelhante aos achados de Baucom et al. (2018).

Por outro lado, a pesquisa demonstrou que os problemas de saúde mental, tanto depressão quanto ansiedade, após a intervenção, deixaram de ocorrer no grupo experimental e permaneceram no grupo controle, o que referenda o papel da intervenção com casais para reduzir os indicadores de problemas de saúde mental (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Baucom et al., 2018; Choi & Jung, 2021; Durães et al., 2020; Hsiao, 2017; Vafaeenejad et al., 2018). O estudo de Fentz e Trillingsgaard (2016), em revisão de literatura, verificou que poucas pesquisas de intervenção com casais incluíram medidas de saúde mental e de comportamentos infantis. Sabe-se que a depressão aumenta o risco de uso de práticas negativas (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Greenlee et al., 2022; Vafaeenejad et al.2018; Zalewski et al., 2017), bem como pode prejudicar o relacionamento conjugal (Vafaeenejad et al., 2018), indicando que pesquisas sobre interações familiares, sejam conjugais ou parentais, devem incluir a avaliação de indicadores de saúde mental.

Quanto ao comportamento das crianças, verificou-se que parcela pequena das crianças tinham escores clínicos para problemas de comportamento, demonstrando que os problemas de comportamento não são resultado exclusivamente de conflitos conjugais. Entretanto, após a intervenção, apenas o grupo experimental reduziu estatisticamente os escores de problemas externalizantes, internalizantes e total, confirmando que o relacionamento conjugal é uma variável relevante para a ocorrência deles (Bolsoni-Silva, 2010; Mark & Pike, 2017). Destaca-se que após a intervenção, no grupo experimental, uma das crianças permaneceu com escore clínico para problemas de comportamento, sugerindo a necessidade de intervenções adicionais seja com a própria criança e/ou com os casais, focando nas práticas parentais.

Adicionalmente, os comportamentos socialmente habilidosos das crianças aumentaram estatisticamente no grupo experimental, confirmando relações já demonstradas em estudos de rastreamento quanto ao relacionamento conjugal harmonioso e as habilidades sociais dos filhos (Bolsoni-Silva, 2010; Hosokawa & Katsura, 2017; Mark & Pike, 2017). Os resultados também permitem verificar a relação inversa entre a ocorrência de problemas de comportamento e de habilidades sociais infantis (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a).

No que refere à parentalidade a intervenção com os casais, favoreceu melhora do relacionamento pais-filhos, tanto no aumento das interações positivas, quanto na redução das negativas, sendo esperado pelas relações observadas em outras investigações (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Hosokawa & Katsura, 2017). Diversas pesquisas já verificaram relação entre problemas conjugais e relacionamento pais-filhos (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2019; Choi & Jung, 2021; Hosokawa & Katsura, 2017), o que foi confirmado no presente estudo, uma vez que melhorando o relacionamento conjugal, também favoreceu melhores interações pais-filhos. O uso de práticas educativas negativas para regular o comportamento infantil, aumenta o risco de problemas de comportamento (Greenlee et al., 2022; Mark & Pike, 2017; Vafaeenejad et al., 2018) e reduz a ocorrência de habilidades sociais infantis (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Hosokawa & Katsura, 2017; Mark & Pike, 2017). E, de outro lado, a parentalidade positiva está associada às habilidades sociais das crianças (Hosokawa & Katsura, 2017).

 

 

Considerações finais

 

 

O presente estudo verificou que o Promove-Casais, que é uma terapia analítico- comportamental, melhorou as relações conjugais, como um efeito direto do programa e, também melhoraram as interações pais e filhos, a saúde mental e os comportamentos infantis. Tais variáveis já são bem documentadas na literatura, mas as especificações dessas interações, considerando a realidade brasileira, ainda carece de investigações.

Como pontos fortes do estudo pode-se destacar o delineamento experimental, sendo grupos experimental e controle comparáveis e equivalentes quanto às medidas de interesse do estudo e variáveis sociodemográficas.

O estudo tem por lacuna o número reduzido de participantes de uma única cidade e uso exclusivo de medidas de relato, ainda que com instrumentos aferidos. Futuras pesquisas podem aumentar o número de participantes, em diferentes localidades e incluir medidas de observação direta. Seria interessante testar o Promove-Casais com famílias que possuem crianças necessariamente com problemas de comportamento, bem como verificar o efeito do programa sozinho e combinado com outras intervenções (para pais e/ou para crianças) quanto à conjugalidade, parentalidade, comportamentos infantis e saúde mental. Acredita-se que o programa indica relevância social na promoção de qualidade de vida e saúde na família, o que poderia ser aproveitado em políticas públicas para esta finalidade. Estudos futuros poderiam aplicar e avaliar efeitos do programa também com casais sem filhos e naqueles em que há histórico de violência doméstica.

 

 

Referencias:

Abreu, P. R. & Abreu, J. H. S. S. (2017). Ativação comportamental: Apresentando um protocolo integrador no tratamento da depressão. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 19(4), 238-259. https://doi.org/10.31505/rbtcc.v19i3.1065

Achenbach, T. M. & Rescorla, L. A. (2001). Manual for the ASEBA School-Age Forms & Profiles. University of Vermont, Research Center for Children, Youth & Families.

Baucom, D. H., Fischer, M. S., Worrell, M., Corrie, S., Belus, J. M., Molyva, E., & Boeding, S. E. (2018). Couplebased intervention for depression: An effectiveness study in the National Health Service in England. Family Process, 57(2), 275-292. https://doi.org/10.1111/famp.12332

Beck, A. T., Epstein, N., Brown, G., & Steer, R. A. (1988). An inventory for measuring clinical anxiety: psychometric properties. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 56(6), 893-897. https://doi.org/10.1037//0022-006x.56.6.893

Beck, A. T., Ward, C. H., Mendelson, M., Mock, J., & Erbaugh, J. (1961). An inventory for measuring depression. Archives of General Psychiatry, 4, 561-571. https://doi.org/10.1001/archpsyc.1961.01710120031004

Bolsoni-Silva, A. T. & Loureiro, S. R. (2019). Práticas parentais: conjugalidade, depressão materna, comportamento das crianças e variáveis demográficas. Revista Psico-USF, 24, 69-83. https://doi.org/10.1590/1413-82712019240106

Bolsoni-Silva, A. T. & Loureiro, S. R. (2020a). Behavioral problems and their relationship to maternal depression, marital relationships, social skills and parenting. Psicologia: Reflexão e Crítica, 33, 22. https://doi.org/10.1186/s41155-020-00160-x

Bolsoni-Silva, A. T. & Loureiro, S. R. (2020b). Evidence of validity for Socially Skillful Responses Questionnaires: SSRQ-Teachers and SSRQ-Parents. Psico-USF, 25(1), 155-170. https://doi.org/10.1590/1413-82712020250113

Bolsoni-Silva, A. T. (2009). Relacionamento conjugal: quais comportamentos são importantes? Suprema.

Bolsoni-Silva, A. T. (2010). Intervenção em grupo para casais: descrição de procedimento analítico-comportamental. Em M.C. Garcia; P. R. Abreu; E. N. P. Cillo; P. B. Faleiros & P. Piazzon (Eds.), Sobre Comportamento e Cognição. Terapia Comportamental e Cognitivas (pp. 151-181). ESETec.

Bolsoni-Silva, A. T. (2019). Relacionamento conjugal: quais comportamentos são importantes? Juruá.

Bolsoni-Silva, A. T., Loureiro, S., & Marturano, E. M. (2016). Roteiro de entrevista de habilidades sociais educativas parentais (RE-HSE-P). Manual Técnico. HOGREFE/Cetepp.

Bordin, I. A., Rocha, M. M., Paula, C. S., Teixeira, M. C. T. V., Achenbach, T. M., Rescorla, L. A., & Silvares, E. F. M. (2013). Child Behavior Checklist (CBCL), Youth Self-Report (YSR) and Teacher’s Report Form (TRF): an overview of the development of the original and Brazilian versions. Cadernos de Saude Publica, 29(1), 13-28. https://doi.org/10.1590/s0102-311x2013000100004

Choi, E. & Jung, S. Y. (2021). Marital satisfaction and depressive symptoms among Korean couples with young children: dyadic autoregressive cross-lagged modeling. Family Relations, 70(5), 1384-1398. https://doi.org/10.1111/fare.12570

Cozby, P. C. (2014). Métodos de pesquisa em ciências do comportamento (P. I. Cunha Gomide & E. Otta, trads.). Atlas.

Cunha, J. A. (2001). Manual da versão em português das Escalas Beck. Casa do Psicólogo.

Del Prette, Z. A. P., Villa, M. B., Freitas, M. G., & Del Prette, A. (2008). Estabilidade temporal do Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC). Avaliação Psicológica, 7(1), 67-74.

Doss, B. D., Roddy, M. K., Wiebe, S. A., & Johnson, S. M. (2022). A review of the research during 2010–2019 on evidencebased treatments for couple relationship distress. Journal of Marital and Family Therapy, 48(1), 283-306. https://doi.org/10.1111/jmft.12552

Durães, R., Khafif, T. C., Lotufo-Neto, F., & Serafim, A. de P. (2020). Effectiveness of cognitive behavioral couple therapy on reducing depression and anxiety symptoms and increasing dyadic adjustment and marital social skills: An exploratory study. The Family Journal, 28(4), 344-355. https://doi.org/10.1177/1066480720902410

Fentz, H. N & Trillingsgaaed, T. (2016). Checking up on couples: A meta-analysis of the effect of assessment and feedback on marital functioning and individual mental health in couples. Journal of Marital and Family Therapy, 43(1), 31-50. https://doi.org/10.1111/jmft.12185

Greenlee, J. L., Piro-Gambetti, B., Putney, J., Papp, L. M., & Hartley, S. L. (2022). Marital satisfaction, parenting styles, and child outcomes in families of autistic children. Family Process, 61(2), 941-961. https://doi.org/10.1111/famp.12708

Hosokawa, R. & Katsura, T. (2017). Marital relationship, parenting practices, and social skills development in preschool children. Child and Adolescent Psychiatry and Mental Health, 11(2). https://doi.org/10.1186/s13034-016-0139-y

Hsiao, Y. (2017). Longitudinal changes in marital satisfaction during middle age in Taiwan. Asian Journal of Social Psychology, 20(1), 22-32. https://doi.org/10.1111/ajsp.12161

Kazim, S. M. & Rafique, R. (2021). Predictors of marital satisfaction in individualistic and collectivist cultures: a mini review. Journal of Research in Psychology, 3(1), 55-67. https://doi.org/10.31580/jrp.v3i1.1958

Mark, K. M. & Pike, A. (2017). Links between marital quality, the mother–child relationship and child behavior: a multi-level modeling approach. International Journal of Behavioral Development, 41(2), 285-294. https://doi.org/10.1177/0165025416635281

Rady, A., Molokhia, T., Elkholy, N., & Abdelkarim, A. (2021). The effect of dialectical behavioral therapy on emotion dysregulation in couples. Clinical Practice and Epidemiology in Mental Health: CP & EMH, 17, 121. https://doi.org/10.2174/1745017902117010121

Rathgeber, M., Bürkner, P. C., Schiller, E. M., & Holling, H. (2019). The efficacy of emotionally focused couples therapy and behavioral couple’s therapy: A metaanalysis. Journal of Marital and Family Therapy, 45(3), 447-463. https://doi.org/10.1111/jmft.12336

Tomfohr-Madsen, L. M., Giesbrecht, G., Madsen, J. W., MacKinnon, A., Le, Y., & Doss B. (2020). Improved child mental health following brief relationship enhancement and co-parenting interventions during the transition to parenthood. International Journal of Environmental Research and Public Health, 17 (3), 766. https://doi.org/10.3390/ijerph17030766

Vafaeenejad, Z., Elyasi, F., Moosazadeh, M., & Shahhosseini, Z. (2018). Psychological factors contributing to parenting styles: A systematic review. F1000Research, 7, 906. https://doi.org/10.12688/f1000research.14978.1

Villa, M. B. & Del Prette, Z. A. P. (2012). Inventário de habilidades sociais conjugais: IHSC. Casa do Psicólogo.

Wagner, A., Mosmann, C. P., Scheeren, P., & Levandowski, D. C. (2019). Conflict, conflict resolution and marital quality. Paidéia (Ribeirão Preto), 29, e2919. https://doi.org/10.1590/1982-4327e2919

Zalewski, M., Thompson, S. F., & Lengua, L. J. (2017). Parenting as a moderator of the effects of maternal depressive symptoms on preadolescent adjustment. Journal of Clinical Child and Adolescent Psychology, 46(4), 563-572. https://doi.org/10.1080/15374416.2015.1030752

 

Como citar: Ferraz, F. I. A. L. & Bolsoni-Silva, A. T. (2023). Efeitos do programa Promove-Casais para a conjugalidade, parentalidade, saúde mental e comportamentos infantis Ciencias Psicológicas, 17(1), e-2695. https://doi.org/10.22235/cp.v17i1.2695

 

Participação dos autores: a) Planejamento e concepção do trabalho; b) Coleta de dados; c) Análise e interpretação de dados; d) Redação do manuscrito; e) Revisão crítica do manuscrito.

F. I. A. L. F. contribuiu em a, b, c, d, e; A. T. B-S. em a, b, c, d, e.

 

Editora científica responsável: Dra. Cecilia Cracco.

 

 

10.22235/cp.v17i1.2695

Original Articles

The effects of the Promove-Casais program on conjugality, parenting, mental health, and child behavior

Efeitos do programa Promove-Casais para a conjugalidade, parentalidade, saúde mental e comportamentos infantis

Efectos del programa Promove-Casais para la conyugalidad, la paternidad, la salud mental y el comportamiento de los niños

 

Flaviane Izidro Alves de Lima Ferraz1, ORCID 0000-0002-2899-6466

Alessandra Turini Bolsoni-Silva2, ORCID 0000-0001-8091-9583

 

1 Psicologia Lima e Ferraz LTDA, Brasil, [email protected]

2 Universidade Estadual Paulista, Brasil

 

Abstract:

This study describes the effects of the Promove-Casais program on marital relationships, parenting, child behavior, and mental health. Nine couples were randomly assigned to two groups: five to the experimental group (EG) and four to the control group (CG). The participants completed the instruments measuring this study’s variables of interest. The results indicate the intervention was effective because, after the intervention, the experimental group more frequently experienced positive relationships (improved communication, affection, and self-control), positive parent-child interactions, and improved marital satisfaction and children’s social skills, while negative marital relationships, negative parent-child interactions, and problem behaviors subsided; these results remained in the follow-up. On the other hand, the CG experienced no such changes. The conclusion is that Promove-Casais can be implemented to prevent and remediate interactional problems within the family, promoting improved quality of life and mental health.

Keywords: marital relationship; parent-child relationships; mental health; social skills; behavior problems; Behavioral Analytic Therapy.

 

Resumo:

Este estudo teve por objetivo descrever os efeitos do Promove-Casais, para o relacionamento conjugal, parentalidade, comportamentos infantis e saúde mental. Participaram do estudo cinco casais no grupo experimental (GE) e quatro no grupo controle (GC), que foram aleatoriamente distribuídos. Os participantes responderam a instrumentos sobre as variáveis de interesse do estudo. Os resultados permitiram afirmar sobre a efetividade da intervenção pois o relacionamento positivo (comunicação, afeto, autocontrole), a satisfação conjugal, as interações positivas pais-filhos e as habilidades sociais infantis melhoraram após a intervenção no GE, bem como o relacionamento conjugal negativo, as interações negativas pais-filhos e os problemas de comportamento reduziram após a intervenção. Estes resultados se mantiveram nas avaliações de seguimento. No GC não se verificaram alterações. Conclui-se que o Promove-Casais é um programa que pode ser aplicado na prevenção e na remediação de problemas interacionais no âmbito familiar, promovendo melhor qualidade de vida e saúde mental.

Palavras-chave: relacionamento conjugal; relacionamento parental; saúde mental; habilidades sociais; problemas de comportamento; terapia analítico comportamental.

 

Resumen:

Este estudio tuvo como objetivo describir los efectos del programa Promove-Casais para la relación matrimonial, la paternidad, el comportamiento de los niños y la salud mental. Cinco parejas participaron en el estudio en el grupo experimental (EG) y cuatro en el grupo de control (CG), los que fueron distribuidos aleatoriamente. Los participantes respondieron a los instrumentos sobre las variables de interés en el estudio. Los resultados permiten afirmar la efectividad de la intervención al encontrarse que la relación positiva (comunicación, afecto, autocontrol), la satisfacción conyugal, las interacciones positivas entre padres e hijos y las habilidades sociales de los niños mejoraron después de la intervención en el EG. Además, la relación conyugal negativa, las interacciones negativas entre padres e hijos y los problemas de comportamiento se redujeron después de la intervención. Estos resultados se mantuvieron en las evaluaciones de acompañamiento. No hubo cambios en el CG. Se concluyó que el Promove-Casais es un programa que mejora la calidad de vida y salud mental y que puede ser aplicado en la prevención y la reconciliación de problemas de interacción dentro de la familia.

Palabras clave: relacionamiento conyugal; relacionamiento parental; salud mental; habilidades sociales; problemas de comportamiento; terapia analítica comportamental.

 

Received: 6/10/2021

Accepted: 18/5/2023

 

 

Studying conjugality is relevant because marital relationships are complex and marital conflicts can harm the mental health of couples (Durães et al., 2020) and children (Mark & Pike, 2017). Multiple factors may interfere with a marital relationship and marital satisfaction, including sociodemographic variables (Durães et al., 2020; Rady et al., 2021), financial situation (Wagner et al., 2019), parenting (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Hosokawa & Katsura, 2017), child behavior (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Mark & Pike, 2017) and mental health (Choi & Jung, 2021; Hsiao, 2017). Evidence shows that the quality of positive communication, the low occurrence of negative communication, positive affect, and problem-solving strategies contribute to the quality of marital relationships and marital satisfaction (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Kazim & Rafique, 2021). Some studies exemplifying such relationships are presented here.

In a study review assessing the predictors of marital satisfaction in individualistic and collectivistic cultures, Kazim and Rafique (2021) found that romantic love, intimacy, interpersonal communication, emotional intelligence, conflict resolution, expectations regarding the relationship, trust, commitment, autonomy, gratitude, shared leisure time, and social support are elements universally required for marital satisfaction. Wagner et al. (2019) addressed 750 Brazilian men and 750 women to identify how problem-solving styles influenced the quality of marital relationships. They found that constructive ways to solve problems and strategies to deal with financial problems and house chores, in addition to the time couples spend together, predicted good quality of marital relationships. Women tend to report marital dissatisfaction more frequently than men (Durães et al., 2020; Rady et al., 2021).

Additionally, the arrival of a child demands couples to adapt to new tasks. Hence, the higher the number of children, the more conflicts and the greater the level of anxiety and dissatisfaction; though, it is also an opportunity to develop responsibility and teamwork (Durães et al., 2020). Furthermore, such conflicts may increase the risk of negative practices, which influence the occurrence of problem behavior (Hosokawa & Katsura, 2017).

Hosokawa and Katsura (2017) analyzed the reports of 2,931 Japanese mothers of 5 and 6-year-old children, focusing on the relationships between marital communication, parenting, and child behavior. They verified that marital conflicts and negative parenting practices were directly associated, resulting in children’s low scores on social skills. Moreover, negative practices mediated the relationship between parental conflict, cooperation behavior, and children’s self-control. On the other hand, constructive marital relationships were positively associated with positive practices and self-control. The authors above concluded that destructive and constructive marital conflicts influence children’s social skills development by mediating parental practices.

Similar results are reported by Bolsoni-Silva and Loureiro (2020a), in which a case-control design was adopted to address a sample of mothers (35 mothers with depression and 35 without depression) of young Brazilian children. Depression was found to be associated with marital relationship and parenting. Positive practices were directly associated with children’s social skills, while negative practices were associated with problem behavior. Additionally, linear regression showed that depression, a deficit in positive marital relationships and marital satisfaction, and excessive marital conflicts influenced externalizing problems. Furthermore, children with internalizing and externalizing problems presented fewer social skills, lived in families with more marital problems, negative practices, and maternal depression, and with fewer positive marital relationships and less frequent positive parenting.

Choi and Jung (2021) found an association between marital satisfaction and depressive symptoms among 1,264 Korean couples with young children. The couples reported satisfaction and depression at three points in time over four years. No differences were found between genders, but the results showed direct relationships between marital problems and depression. The authors above suggest couple counseling to screen depressive symptoms in both partners along with existing marital problems.

Vafaeenejad et al. (2018) conducted a systematic literature review and found that depression and parental stress might harm a marital relationship, while depression and parental anxiety increased the likelihood of negative parenting and child maltreatment. Hence, evidence shows that marital conflicts might favor depression and negative parenting, whereas depression may increase the likelihood of marital conflicts and negative parenting styles.

Bolsoni-Silva and Loureiro (2019) addressed a sample of 151 Brazilian biological mothers and verified that positive parenting and an excess of negative practices differentiated the groups in terms of marital relationship directly related to parenting; low scores were obtained in consistency, positive communication, and negotiation, specifically listening to others’ opinions, changing behavior, agreeing with parental practices, and apologizing. Greenlee et al. (2022) conducted a longitudinal study with 188 parents of children with autism. They verified that the couples experienced conflicts and dissatisfaction because they disagreed on how to deal with their children’s behaviors.

In summary, there are various relationships between the variables previously mentioned: (a) harmonious marital relationship and children’s social skills (Hosokawa & Katsura, 2017; Mark & Pike, 2017); (b) positive practices directly related to children’s social skills (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2019; Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Hosokawa & Katsura, 2017); (c) problem behavior and an excess of negative practices (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2019; Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Greenlee et al., 2022; Vafaeenejad et al., 2018); (d) problem behavior and marital problems (Greenlee et al., 2022; Mark & Pike, 2017; Tomfohr-Madsen et al., 2020); (f) maternal depression and increased likelihood of negative practices (Vafaeenejad et al., 2018; Zalewski et al., 2017); (g) depression affecting marital relationships (Vafaeenejad et al., 2018); and (h) marital dissatisfaction influencing couples’ (Rathgeber et al., 2019) and children’s mental health (Greenlee et al., 2022; Rathgeber et al., 2019).

From a social and scientific point of view, these findings reinforce the importance of proposing and assessing interventions directed to couples and analyzing the effects of such interventions on parenting, mental health, and children’s behavior.

There are studies intended to promote good marital relationships. Aiming to investigate the effects of Relationship Checkup guided to couples, Fentz and Trillingsgaard (2016) performed a systematic literature review between 1995 and 2015, analyzing 12 randomized clinical trials. The interventions focused on strengths and weaknesses, aggressive behavior, risk factors, relationship history, occupation, and faith. The authors concluded that all the interventions positively affected marital relationships, and such effects remained in a 6-month follow-up. However, only five studies provided information on the children, and only three assessed the couples’ mental health.

Durães et al. (2020) and Doss et al. (2022) agree that couple interventions should alleviate distress by promoting acceptance, positive/constructive communication, and behavioral change. Hence, by improving marital relationships, interventions are expected to promote positive parenting and, consequently, improve children’s behaviors (Greenlee et al., 2022; Tomfohr-Madsen et al., 2020).

Baucom et al. (2018) verified the effects of an intervention teaching effective communication to 63 English couples in which one partner presented depression. The intervention improved satisfaction indicators for both partners, and the partner with depression experienced decreased depression indicators, showing that marital relationship is a relevant variable for the occurrence of depression. Durães et al. (2020) worked with 34 Brazilian couples, teaching communication skills, problem-solving strategies, dealing with expectations regarding marriage, and empathy. As a result, increased marital social skills were found along with fewer anxiety and depression indicators.

Doss et al. (2022) note that despite the advancements achieved in couple therapy, compared to other psychotherapy fields; few studies address the treatments proposed for marital problems. Hence, the previous discussion indicates the need to develop and apply couple interventions to promote affection, communication, stress control, emotional regulation, and problem-solving while verifying such interventions’ effects on parenting, children’s behavior, and couples’ mental health.

 

 

Objective

 

 

To describe the effects of a behavioral analytic therapy called Promove-Casais [Promote Couples] on positive/negative marital relationships, marital satisfaction, in addition to parenting, children’s behaviors, and couples’ mental health.

 

 

Method

 

 

Design

 

 

An experimental design was adopted (Cozby, 2014). It is characterized by randomly allocating participants to two groups: one group is exposed to an intervention condition, and the other is exposed to a non-intervention condition. A non-probability sampling, called convenience or accidental sampling, was used to recruit the participants (Cozby, 2014). In this study, the group exposed to the intervention condition was named the Experimental Group (EG), and the group exposed to the non-intervention condition was named the Control Group (CG). The participants were randomly assigned to each group (simple draw). Each couple was assigned a number (from one to nine), and the numbers were randomly drawn. The first number drawn was allocated to the EG, the second to the CG, and so on. Hence, the EG comprised five couples (four men and four women), and the CG comprised four couples (four men and four women). The groups’ baseline repertoire was compared using the Mann-Whitney Test, and equivalent results were found in all the study’s measures of interest (Table 1).

 

Table 1: Comparisons between the experimental and control groups regarding conjugality, parenting, child behavior, anxiety, and depression before the intervention (Mann-Whitney Test)

 

 

Notes: IHSC: Inventário de Habilidades Sociais Conjugais [Marital Social Skills Inventory]; QRC: Questionário de Relacionamento Conjugal [Marital Relationship Questionnaire]; BAI: Beck Anxiety Inventory; BDI: Beck Depression Inventory; CBCL: Child Behavior Checklist; QRSH-Parents: Questionário de Respostas Socialmente Habilidosas versão pais [Questionnaire for Socially Skillful Responses-Parents’ version]; RE-HSE-P: Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas Parentais [Parenting Social Skills Interview Guide]; EG: experimental group; CG: control group; M: mean; SD: standard deviation.

 

 

Ethical Aspects

 

 

The study project was approved by the Institutional Review Board at the hosting institution (CAAE: 55268216.9.0000.5398). Additionally, all the participants received booklets presenting the content addressed in the meetings. The participants’ feedback was collected after a 6-month follow-up, and the CG received the intervention after the study addressing the EG ceased.

 

 

Participants

 

 

Nine couples composed of a man and a woman participated in the study; hence, there were 18 participants (five couples in the EG and four in the CG). The criteria to select the sample were: being legally married or having a stable relationship for at least two years; having at least one child (a girl or a boy) aged up to 11, presenting no physical or cognitive impairment diagnosis (based on the parents’ reports); not receiving psychological or psychiatric assistance simultaneously to data collection (neither parents nor children); and being available to attend all the meetings together.

The men in the EG were aged from 34 to 45 years old (38.6 on average), women were aged between 27 and 37 (33 on average), while years of schooling ranged from 11 to 16 years (14 on average). The duration of the couples’ union ranged between four and 19 years (8.8 on average). Income ranged between three and six times the minimum wage (4.46 times the MW on average). According to the Brazilian Economic Classification Criteria (ABEP, 2014), the participants belong to B2 and B1 economic classes, i.e., the middle class. The number of children ranged from one to three (four were boys and one was a girl), with an average of 1.6 children. The children’s age ranged between three and 10 (5.6 on average).

The men in the CG were aged between 27 and 41 years old (34.75 on average), the women were aged between 30 and 45 (35.75 on average), and years of schooling ranged from 11 to 18 years (15.25 on average). The duration of the couples’ union ranged between five and 19 years (8.75 on average). Income ranged between 1.6 and 1.7 times the minimum wage (3.35 times the MW on average). According to the Brazilian Economic Classification Criteria (ABEP, 2014), the participants belong to B2 and B1 economic classes, i.e., the middle class. All the couples had only one child (three girls and one boy). The children were aged between two and eight (4.5 on average).

Regarding the participants’ workplace, most participants worked outside the home, except one man in the EG and one woman in the CG, who worked remotely from home, and one woman who was a homemaker. During the meetings, the women in both groups reported being the primary caregivers of children and responsible for managing the home, even though their partners helped them constantly. In addition, the groups were equivalent in terms of age and educational level (both presented a p = .905 –Mann-Whitney), and the same was true for the length of marriage/stable union, income, number of children, and children’s age (p = .730, p = .286; p = .413, p = .730, respectively –Mann-Whitney).

 

 

Sampling

 

 

The participants were recruited by disseminating the study in communication media (i.e., virtual newspapers, TV, AM/FM radio, and social media) at two points in time: April and November 2016. Thirty-three couples manifested interest, but only nine couples met the inclusion criteria.

 

 

Material and program

 

 

The program implemented here was published in Bolsoni-Silva (2010). It was initially named “Intervenção em Grupo para casais: descrição do procedimento analítico-comportamental” [Group intervention for couples: description of the behavior-analytic procedure], but it is currently named “Promove-Casais” [Promote Couples]. In addition, the program adopts a booklet (Bolsoni-Silva, 2009), which was recently edited and published by Editora Juruá (Bolsoni-Silva, 2019) under the title “Relacionamento conjugal: quais comportamentos são importantes?” [Marital Relationships: what behaviors matter?]. The intervention was implemented weekly in the laboratory of a public university. Ten to 12 meetings, lasting from 1 hour and 30 minutes to 2 hours, were held to develop the guiding topics; the author conducted the meetings. The couples in the Experimental Group were assisted separately; hence, five co-occurring interventions occurred.

The intervention, implemented in 10 and 12 meetings lasting from 1 hour and 30 minutes to 2 hours, taught positive communication, expression of affection, problem-solving, and social coping skills such as expressing negative feelings, divergent opinions, negotiating, and dealing with criticism. All the meetings were preceded by interviews with both partners, first simultaneously and then separated, for approximately two hours. The objective was to understand each participant’s case and establish specific objectives. The program is based on behavioral therapy using baseline case formulation procedures and functional analysis such as treatment, modeling, homework, problem-solving, and role-playing. Behavioral therapy uses behavior analysis theory and knowledge accumulated through basic and applied research to solve human problems. The functional analysis is the primary objective of assessment and intervention (Abreu & Abreu, 2017).

 

 

Instruments

 

 

Inventário de Habilidades Sociais Conjugais [IHSC; Marital Social Skills Inventory] (Villa & Del-Prette, 2012) is a self-report instrument that assesses an individual’s repertoire of specific social skills in a marital context. It is composed of 32 items addressing social behavior in a marital relationship, presenting a total score (general assessment of marital social skills) and five factors (F1-expressiveness/empathy, F2-self-assertiveness, F3-reactive self-control, F4- proactive self-control, and F5-assertive conversation). The Alpha coefficient ranged from .85 to .42. Del Prette et al. (2008) reported the instrument’s temporal stability.

Questionário de Relacionamento Conjugal [QRC; Marital Relationship Questionnaire] (Bolsoni-Silva, 2010) is a validated instrument (paper submitted) in which six sets of information are rated on a Likert scale: identifying the partner’s characteristics, expression of affection between partners, couple’s communication, identification of the partner’s positive and negative characteristics, and assessment of the marital relationship. The test-retest reliability used data from 12 couples and had a one-month interval between the applications: reliability was .84 for women and .94 for men (Spearman rho, p < .05); alpha was .871. The instrument differentiates the answers of men and women.

Beck Anxiety Inventory (BAI; Beck et al., 1988, validated by Cunha, 2001). The instrument is composed of 21 items addressing anxiety symptoms. The scores range between zero and 63 and are divided into four levels: minimal anxiety level (zero to 10), mild anxiety (11 to 19), moderate anxiety (20 to 30), and severe anxiety (31 to 63). In this study, minimal and mild anxiety was considered non-clinical, while moderate and severe anxiety levels were considered clinical. The scale presents good internal consistency (Cronbach’s alpha = .92); the test-retest correlation ranged from .53 to .56; each item’s correlation ranged from .30 to .71. Convergent validity by correlation with IDATE was significant, with r = .78 in the correlation with Trait anxiety and r = .76 in the correlation with State anxiety.

Beck Depression Inventory (BDI; Beck et al., 1961, validated by Cunha, 2001). It is a self-report scale composed of 21 items addressing depression symptoms. Four alternatives for answers (0 to 3) describe behaviors (attitudes, thoughts, and feelings) considered depressive symptoms. The scores range from zero to 63 and are divided into four levels: minimal (zero to 11), mild depression (12 to 19), moderate depression (20 to 35), and severe depression (36 to 63). In this study, minimal and mild depression was considered non-clinical, while moderate and severe depression levels were considered clinical. Test-retest ranged from .48 to .86 and discriminates groups with depression symptoms, with physical complaints, or without specific complaints, indicating evidence of discriminating validity.

Child Behavior Checklist (CBCL; Achenbach & Rescorla, 2001, validated by Bordin et al., 2013) has two versions that parents or caregivers of children and adolescents can answer. Its Brazilian version presented good sensitivity (87 %) and correctly identified 75% of the mild cases of problem behavior, 95 % of moderate, and 100 % of severe cases. In addition, CBCL has efficiently quantified parents’ answers regarding their children’s behaviors (Bordin et al., 2013). In this study, we adopted the version for children aged between 1.5 and 5, composed of 99 items. The version for children and adolescents aged six to 18 comprises 118 items. The instrument assesses internalizing, externalizing, and total problems. In this study, the fathers and mothers of children completed this instrument. Scores in the borderline and clinical ranges were found. According to the instrument’s manual, scores in the normal range were considered non-clinical.

Questionário de Respostas Socialmente Habilidosas [QRSH-Pais; Questionnaire for Socially Skillful Responses-Parents’ version]. This instrument was validated by Bolsoni-Silva and Loureiro (2020b) and presented good results concerning discriminative, construct, concurrent, and predictive validity; Cronbach’s alpha was equal to .94. A list of items addressing children’s social skills is rated on a 3-point Likert scale, and the cut-off point indicates problem behavior based on the ROC curve. This questionnaire is free to use.

Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas [RE-HSE-P; Parenting Social Skills Interview Guide] (Bolsoni-Silva et al., 2016). It assesses positive and negative interactions established between parents and children and presents good discriminating and construct valid indicators and test-retest reliability. Internal consistency for the 70 items obtained a Cronbach’s alpha equal to .846. It has two factors: Total Positive (parenting social skills, children’s social skills, and context) and Total negative (negative parenting practices and problem behavior). The instrument also investigates the participants’ sociodemographic data, such as the number of children and children’s age, educational level, marital status, family income, employment, and occupation.

 

 

Data Collection

 

 

After the ethics committee approved the study and it was disseminated to potential participants, each of the couples selected was individually interviewed, and later, each individual was interviewed separately. Then, the participants received clarification regarding the program and study and signed free and informed consent forms. Next, a new interview was held to apply the instruments previously described, and all the instruments were applied before the intervention (EG pre-test and CG probe 1), after five meetings (intermediate measure), after the intervention (EG post-test and CG probe 2), and after a six-month follow-up.

 

 

Data treatment and analysis

 

 

Data were collected with the instruments and tabulated according to the instruments’ manuals. The groups’ different measures were compared (Wilcoxon test).

 

 

Results

 

 

The results are organized to present the comparisons between the Experimental (EG) and Control (CG) groups concerning the marital relationship measures (Tables 2 and 3), mental health indicators (anxiety and depression), children’s behaviors (problem behavior and social skills), and parent-child relationships (Table 4).

Table 2 shows that, except for Factor 4 (proactive self-control), all IHSC measures presented statistically significant improvement in the intermediary measurement and post-test. Furthermore, the improvements remained in the follow-up, with reports of increased expressiveness/empathy, self-assertiveness, reactive self-control, and assertive conversation, leading to higher total scores. The control group showed no changes.

The results in Table 3 show that the experimental group more frequently reported positive communication and fewer instances of negative communication in the intermediate measurement (after the intervention). The frequency and diversity of positive affect between the post-test and follow-up also increased while the diversity of negative affect decreased. Moreover, the marital satisfaction score obtained by the EG increased between the pre- and post-test, while no changes were found in the CG.

Table 4 shows a statistically significant decrease in the anxiety and depression indicators collected on the intermediate measurement and post-test, which remained in the follow-up. Additionally, considering the cutoff points of BAI for anxiety indicators, only two participants in the experimental group and two in the control group presented clinical scores in the baseline; the EG participants no longer obtained clinical scores after the intervention, while the CG participants continued presenting clinical scores. Regarding depression indicators obtained with BDI, five participants in the EG and three in the CG obtained clinical scores in the baseline. All the participants in the EG no longer obtained such scores after the intervention, but the three participants in the CG continued to present clinical scores for depression.

The assessment of problem behaviors using CBCL also indicated statistically significant improvement in the EG regarding their children’s externalizing and total problems. However, the same did not occur in the CG. Few children obtained clinical scores in this measure in the first assessment: two children in the EG presented externalizing problems, three internalizing problems, and one total problems; only two children in the CG presented internalizing problems and one total problems. According to this criterion, only one child in the EG continued obtaining clinical scores for externalizing, internalizing, and total problems after the intervention. Nonetheless, the CG obtained worse scores in Probe 2, i.e., three children presented internalizing problems and two externalizing problems.

The children’s social skills scores improved significantly after the intervention in the EG and remained in the follow-up. Such an outcome was not observed in the CG. Regarding child rearing practices, the EG showed an increase in total positive practices and a decrease in the frequency of total negative practices, results that remained in the follow-up. No changes were found in the CG.

 

Table 2: Results of the Wilcoxon Test concerning the IHSC indicators of the experimental and control groups

 

 

Note: Pre: pretest; Int: intermediate measure; Post: posttest; M: mean; SD: standard deviation.

 

Table 3: Results of the Wilcoxon test concerning the Marital Relationship Questionnaire applied to the experimental and control groups

 

 

Notes: Freq: Frequency; Pre: pretest; Int: intermediate measure; Post: posttest; M: mean; SD: standard deviation.

 

Table 4: Results of the Wilcoxon Test concerning mental health indicators, children’s behaviors, and child rearing practices of the experimental and control groups

 

 

Notes: Freq: Frequency; Pre: pretest; Int: intermediate measure; Post: posttest; M: mean; SD: standard deviation.

 

 

Discussion

 

 

This study describes a behavioral therapy (Abreu & Abreu, 2017) intervention designed for couples (Promove-Casais) and presents the effects on marital relationship, parenting, child behavior, and mental health. The results show the behavioral acquisition of positive communication, affect, self-control, and problem-solving capacity in addition to a decrease in negative communication and negative affect. Moreover, marital satisfaction increased after the intervention, as did positive parenting indicators and children’s social skills and mental health. At the same time, the frequency of negative parent-child interactions and problem behaviors fell. However, only the EG presented such outcomes that remained in the follow-up. Considering that the control and experimental groups were equivalent in the baseline measures, such an improvement can be attributed to the intervention.

After the intervention, the couples developed constructive communication skills, expression of affection, and problem-solving strategies, which favored marital satisfaction (Durães et al., 2020; Kazim & Rafique, 2021; Wagner et al., 2019). This study’s findings corroborate other studies addressing couple counseling (Doss et al., 2022; Durães et al., 2020; Fentz & Trillingsgaard, 2016), showing that improved communication, affection, and problem-solving capacity decrease the frequency of conflicts and improve the quality of marital relationships and satisfaction.

Regarding depression and anxiety indicators, some individuals in the experimental and control groups obtained clinical scores for anxiety (20 % and 25 %, respectively) and depression (50 % and 37.5 %, respectively) in the baseline. These results corroborate the findings of authors reporting a relationship between marital conflicts and mental health problems (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Choi & Jung, 2021; Hsiao, 2017; Vafaeenejad et al., 2018). However, similarly to Baucom et al. (2018) findings, this study’s results do not allow us to state that couples with marital problems and seeking assistance necessarily present mental health problems.

On the other hand, the study showed that mental health problems, i.e., anxiety and depression, improved in the experimental group after the intervention. In contrast, the control group continued to experience symptoms, corroborating the role of the intervention implemented among couples to decrease mental health problems indicators (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Baucom et al., 2018; Choi & Jung, 2021; Durães et al., 2020; Hsiao, 2017; Vafaeenejad et al., 2018). In their literature review, Fentz and Trillingsgaard (2016) found that few intervention studies addressing couples included mental health and child behavior measures. Depression is known to increase the risk of parents using negative practices (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Greenlee et al., 2022; Vafaeenejad et al., 2018; Zalewski et al., 2017) and harm marital relationships (Vafaeenejad et al., 2018). Therefore, studies on family interactions (marital or parental interactions) should include the assessment of mental health indicators.

Regarding the children’s behavior, a small portion obtained scores in the clinical range for problem behavior, showing that problem behaviors do not exclusively result from marital conflicts. However, only the experimental group statistically decreased scores for externalizing, internalizing, and total problems, confirming that marital relationship is relevant for the occurrence of such problems (Bolsoni-Silva, 2010; Mark & Pike, 2017). After the intervention, one of the children in the experimental group continued to obtain a clinical score for problem behavior, suggesting the need for additional interventions, whether addressing the child and parents, or the parents focusing on parental practices.

Furthermore, the socially skillful behaviors of the children in the experimental group presented a statistically significant increase, confirming the relationships reported by screening studies between harmonious marital relationships and children’s social skills (Bolsoni-Silva, 2010; Hosokawa & Katsura, 2017; Mark & Pike, 2017). The results also enable verifying the inverse relationship between problem behavior and social skills among children (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a).

Regarding parenting, the intervention improved parent-child relationships through increased positive interactions and decreased negative interactions. Based on other studies’ results, this was an expected outcome (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Hosokawa & Katsura, 2017), as various studies report the relationship between marital problems and parent-child relationship (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2019; Choi & Jung, 2021; Hosokawa & Katsura, 2017). This study corroborated this finding, considering that improved marital relationships favored improved parent-child interactions. The use of negative child-rearing practices to regulate child behavior increases the risk of problem behavior (Greenlee et al., 2022; Mark & Pike, 2017; Vafaeenejad et al., 2018) and decreases the occurrence of social skills among children (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2020a; Hosokawa & Katsura, 2017; Mark & Pike, 2017). On the contrary, positive parenting is associated with children’s social skills (Hosokawa & Katsura, 2017).

 

 

Final Considerations

 

 

This study verified that a direct effect of Promove-Casais, a behavioral analytic therapy program, was improved marital relationships, which consequently resulted in improved parent-child interactions, parents’ mental health, and children’s behaviors. These variables are well documented in the literature, but the specificities of such interactions in the Brazilian context still require further research.

This study’s strengths include its experimental design, in which experimental and control groups, comparable and equivalent regarding the study’s measures of interest and sociodemographic variables, are addressed.

Limitations include the small number of participants originated from a single city and the exclusive use of self-reporting measures, even though all were validated measures. Future studies are suggested to increase the number of participants from other locations, and include direct observation measures. Testing the Promove-Casais program among families with children presenting problem behaviors would be interesting to verify the effect of the program by itself and when combined with other interventions (directed to parents and/or children) on conjugality, parenting, children’s behaviors and mental health. The program is believed to be socially relevant in promoting families’ quality of life and health; hence, it could be adopted in public policies with this purpose. Future studies could apply and verify the effects of the program among couples without children and those with a history of domestic violence.

 

 

References:

Abreu, P. R. & Abreu, J. H. S. S. (2017). Ativação comportamental: Apresentando um protocolo integrador no tratamento da depressão. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 19(4), 238-259. https://doi.org/10.31505/rbtcc.v19i3.1065

Achenbach, T. M. & Rescorla, L. A. (2001). Manual for the ASEBA School-Age Forms & Profiles. University of Vermont, Research Center for Children, Youth & Families.

Baucom, D. H., Fischer, M. S., Worrell, M., Corrie, S., Belus, J. M., Molyva, E., & Boeding, S. E. (2018). Couplebased intervention for depression: An effectiveness study in the National Health Service in England. Family Process, 57(2), 275-292. https://doi.org/10.1111/famp.12332

Beck, A. T., Epstein, N., Brown, G., & Steer, R. A. (1988). An inventory for measuring clinical anxiety: psychometric properties. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 56(6), 893-897. https://doi.org/10.1037//0022-006x.56.6.893

Beck, A. T., Ward, C. H., Mendelson, M., Mock, J., & Erbaugh, J. (1961). An inventory for measuring depression. Archives of General Psychiatry, 4, 561-571. https://doi.org/10.1001/archpsyc.1961.01710120031004

Bolsoni-Silva, A. T. & Loureiro, S. R. (2019). Práticas parentais: conjugalidade, depressão materna, comportamento das crianças e variáveis demográficas. Revista Psico-USF, 24, 69-83. https://doi.org/10.1590/1413-82712019240106

Bolsoni-Silva, A. T. & Loureiro, S. R. (2020a). Behavioral problems and their relationship to maternal depression, marital relationships, social skills and parenting. Psicologia: Reflexão e Crítica, 33, 22. https://doi.org/10.1186/s41155-020-00160-x

Bolsoni-Silva, A. T. & Loureiro, S. R. (2020b). Evidence of validity for Socially Skillful Responses Questionnaires: SSRQ-Teachers and SSRQ-Parents. Psico-USF, 25(1), 155-170. https://doi.org/10.1590/1413-82712020250113

Bolsoni-Silva, A. T. (2009). Relacionamento conjugal: quais comportamentos são importantes? Suprema.

Bolsoni-Silva, A. T. (2010). Intervenção em grupo para casais: descrição de procedimento analítico-comportamental. In M.C. Garcia; P. R. Abreu; E. N. P. Cillo; P. B. Faleiros & P. Piazzon (Eds.), Sobre Comportamento e Cognição. Terapia Comportamental e Cognitivas (pp. 151-181). ESETec.

Bolsoni-Silva, A. T. (2019). Relacionamento conjugal: quais comportamentos são importantes? Juruá.

Bolsoni-Silva, A. T., Loureiro, S., & Marturano, E. M. (2016). Roteiro de entrevista de habilidades sociais educativas parentais (RE-HSE-P). Manual Técnico. HOGREFE/Cetepp.

Bordin, I. A., Rocha, M. M., Paula, C. S., Teixeira, M. C. T. V., Achenbach, T. M., Rescorla, L. A., & Silvares, E. F. M. (2013). Child Behavior Checklist (CBCL), Youth Self-Report (YSR) and Teacher’s Report Form (TRF): an overview of the development of the original and Brazilian versions. Cadernos de Saude Publica, 29(1), 13-28. https://doi.org/10.1590/s0102-311x2013000100004

Choi, E. & Jung, S. Y. (2021). Marital satisfaction and depressive symptoms among Korean couples with young children: dyadic autoregressive cross-lagged modeling. Family Relations, 70(5), 1384-1398. https://doi.org/10.1111/fare.12570

Cozby, P. C. (2014). Métodos de pesquisa em ciências do comportamento (P. I. Cunha Gomide & E. Otta, trads.). Atlas.

Cunha, J. A. (2001). Manual da versão em português das Escalas Beck. Casa do Psicólogo.

Del Prette, Z. A. P., Villa, M. B., Freitas, M. G., & Del Prette, A. (2008). Estabilidade temporal do Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC). Avaliação Psicológica, 7(1), 67-74.

Doss, B. D., Roddy, M. K., Wiebe, S. A., & Johnson, S. M. (2022). A review of the research during 2010–2019 on evidencebased treatments for couple relationship distress. Journal of Marital and Family Therapy, 48(1), 283-306. https://doi.org/10.1111/jmft.12552

Durães, R., Khafif, T. C., Lotufo-Neto, F., & Serafim, A. de P. (2020). Effectiveness of cognitive behavioral couple therapy on reducing depression and anxiety symptoms and increasing dyadic adjustment and marital social skills: An exploratory study. The Family Journal, 28(4), 344-355. https://doi.org/10.1177/1066480720902410

Fentz, H. N & Trillingsgaaed, T. (2016). Checking up on couples: A meta-analysis of the effect of assessment and feedback on marital functioning and individual mental health in couples. Journal of Marital and Family Therapy, 43(1), 31-50. https://doi.org/10.1111/jmft.12185

Greenlee, J. L., Piro-Gambetti, B., Putney, J., Papp, L. M., & Hartley, S. L. (2022). Marital satisfaction, parenting styles, and child outcomes in families of autistic children. Family Process, 61(2), 941-961. https://doi.org/10.1111/famp.12708

Hosokawa, R. & Katsura, T. (2017). Marital relationship, parenting practices, and social skills development in preschool children. Child and Adolescent Psychiatry and Mental Health, 11(2). https://doi.org/10.1186/s13034-016-0139-y

Hsiao, Y. (2017). Longitudinal changes in marital satisfaction during middle age in Taiwan. Asian Journal of Social Psychology, 20(1), 22-32. https://doi.org/10.1111/ajsp.12161

Kazim, S. M. & Rafique, R. (2021). Predictors of marital satisfaction in individualistic and collectivist cultures: a mini review. Journal of Research in Psychology, 3(1), 55-67. https://doi.org/10.31580/jrp.v3i1.1958

Mark, K. M. & Pike, A. (2017). Links between marital quality, the mother–child relationship and child behavior: a multi-level modeling approach. International Journal of Behavioral Development, 41(2), 285-294. https://doi.org/10.1177/0165025416635281

Rady, A., Molokhia, T., Elkholy, N., & Abdelkarim, A. (2021). The effect of dialectical behavioral therapy on emotion dysregulation in couples. Clinical Practice and Epidemiology in Mental Health: CP & EMH, 17, 121. https://doi.org/10.2174/1745017902117010121

Rathgeber, M., Bürkner, P. C., Schiller, E. M., & Holling, H. (2019). The efficacy of emotionally focused couples therapy and behavioral couple’s therapy: A metaanalysis. Journal of Marital and Family Therapy, 45(3), 447-463. https://doi.org/10.1111/jmft.12336

Tomfohr-Madsen, L. M., Giesbrecht, G., Madsen, J. W., MacKinnon, A., Le, Y., & Doss B. (2020). Improved child mental health following brief relationship enhancement and co-parenting interventions during the transition to parenthood. International Journal of Environmental Research and Public Health, 17 (3), 766. https://doi.org/10.3390/ijerph17030766

Vafaeenejad, Z., Elyasi, F., Moosazadeh, M., & Shahhosseini, Z. (2018). Psychological factors contributing to parenting styles: A systematic review. F1000Research, 7, 906. https://doi.org/10.12688/f1000research.14978.1

Villa, M. B. & Del Prette, Z. A. P. (2012). Inventário de habilidades sociais conjugais: IHSC. Casa do Psicólogo.

Wagner, A., Mosmann, C. P., Scheeren, P., & Levandowski, D. C. (2019). Conflict, conflict resolution and marital quality. Paidéia (Ribeirão Preto), 29, e2919. https://doi.org/10.1590/1982-4327e2919

Zalewski, M., Thompson, S. F., & Lengua, L. J. (2017). Parenting as a moderator of the effects of maternal depressive symptoms on preadolescent adjustment. Journal of Clinical Child and Adolescent Psychology, 46(4), 563-572. https://doi.org/10.1080/15374416.2015.1030752

 

How to cite: Ferraz, F. I. A. L. & Bolsoni-Silva, A. T. (2023). The effects of the Promove-Casais program on conjugality, parenting, mental health, and child behavior. Ciencias Psicológicas, 17(1), e-2695. https://doi.org/10.22235/cp.v17i1.2695

 

Authors’ participation: a) Conception and design of the work; b) Data acquisition; c) Analysis and interpretation of data; d) Writing of the manuscript; e) Critical review of the manuscript.

F. I. A. L. F. has contributed in a, b, c, d, e; A. T. B-S. in a, b, c, d, e.

 

Scientific editor in-charge: Dra. Cecilia Cracco.